Espelhos escrita por AriDamascena


Capítulo 6
Quinta Camada


Notas iniciais do capítulo

Dei um sumidinha, né? hehe Me desculpem pessoal, vou tentar não deixar isso acontecer novamente. Não tenho certeza se vou conseguir postar um capítulo novo todos os dias como antes, pois estou em processo de ~caçar emprego~ (vida de pobre não é moleza não galerinha hahah). Mas, de qualquer maneira, vou tentar postar pelo menos um por semana, ou algo do tipo.



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"Todos os meus amigos dizem que eu deveria seguir em frente. (...) Não há remédio para a lembrança, seu rosto é como uma melodia. Não sairá da minha cabeça. Sua alma está me assombrando e me dizendo que tudo está bem. Toda vez que fecho os meus olhos é como um paraíso sombrio, ninguém se compara a você." LANA DEL REY - Dark paradise

* * *

Faltavam exatamente duas horas para ver Draco. Não poderia dizer como estava conseguindo conter minha ansiedade, pois a verdade que eu não estava. Qualquer um que passasse dois minutos ao meu lado, perceberia minha agitação. Na verdade, estava parecendo meio desesperada, olhando ao redor, conferindo o relógio mesmo que não passasse um minuto inteiro desde a última vez que o fiz.

Graças ao meu estado de ansiedade nervosa, fui obrigada a me retirar da biblioteca, quando as pessoas ao redor começaram a me dirigir olhares feios devido ao som irritante dos meus dedos batucando repetidamente na mesa de madeira. Não sabia se me sentia envergonhada ou magoada por ter sido expulsa do meu lugar preferido de Hogwarts. As únicas vezes em que isso acontecera, fora quando Madame Pince dizia que era hora de fechar a biblioteca.

Prefiro nem comentar o desastre que estava meu ensaio de Poções. Parecia algo que Harry ou Rony faria. Estava completo, porém desleixado; Não era metade do que eu era capaz de fazer. Já conseguia prever a cara de deboche com que Snape iria me olhar...

Atravessei o retrato da Mulher Gorda e encarei o Salão Comunal da Grifinória. O cenário familiar me fazia sentir acolhida, mesmo agora com meu estômago revirando como se eu fosse vomitar a qualquer instante. Havia um bom número de grifinórios ali, inclusive meus dois melhores amigos, que estavam jogando xadrez bruxo no ápice da concentração.

— Espero que tenham feito o ensaio de Poções. – anunciei minha presença em tom mandão. Mesmo com toda a situação, me recusava a deixar tão evidente para Rony e Harry que havia algo errado comigo. E eu sabia que eles perderiam pontos para nossa casa caso não houvesse feito o ensaio. Snape era realmente uma víbora, esperando o menor deslize que fosse para ter a chance de tirar pontos da Grifinória! Somente perdia o posto de professor mais desagradável para a cara de sapo da Umbridge e a pirada da Trelawney, com suas inúteis previsões do futuro. Adivinhação era uma perda de tempo.

— Que ensaio?

Virei a cabeça tão rápido, que poderia ter machucado meu pescoço com o movimento brusco. Quando vi a cara brincalhona de Harry, lhe dei um tapa duro no braço.

— É claro que fizemos Mione. – assegurou-me Harry, e Ron assentiu junto – Acha que daríamos essa chance pro Snape? Nem pensar!

Sorri para o moreno e ele retribuiu. Sinceramente, não sei o que seria da minha vida sem ele. Sem os dois. Não faço ideia de como aguentaria terminar minha educação em Hogwarts sem Harry e Rony. Mesmo que eu amasse a magia e a escola, tudo seria completamente sem graça sem alguém para compartilhar.

— Xeque-mate! – ouvi a som de Ronald, alta e animada, seguida por vários resmungos do moreno.

Mandei um olhar de descrença para os dois discutindo, mas acabei rindo de toda a cena. Ron ganhava quase todas as partidas de xadrez bruxo, e era sempre a mesma coisa que acontecia. De certo modo, bem que admirava a persistência de Harry.

Eu achava que era determinada e persistente, isso até ontem à noite. Sabia que em algum ponto, Malfoy agiria como um idiota e iria voltar a usar a palavra ‘sangue-ruim’ para mim. Esperava que fosse acontecer muito antes, e deve ser por isso que fiquei tão magoada quando aconteceu. Demorou tanto para que ele agisse como um idiota, que comecei a me esquecer de que era um.

A dolorosa verdade era que eu estava começando a gostar de Draco. Era tudo muito confuso ainda, não era como o que eu sentia por Ron... Era novo, diferente. Intrigante. Meio confuso, também.

Gostar de Ronald Weasley foi meio previsível. Éramos amigos há muito tempo, passávamos todo nosso tempo juntos e tudo ocorreu de forma natural. Brigávamos algumas vezes, mas quando alguém mexia comigo – sem querer citar o nome de determinado sonserino loiro – ele sempre me defendeu. Ron sentia ciúmes, me defendia e eu o achava fisicamente atraente. Quando, ainda no segundo ano, percebi que o que sentia por Harry era apenas sentimento de irmandade, pareceu correto dirigir qualquer tipo de paixonite para Ron. Isso até por nossa amizade em risco ao confessar minha paixão de adolescente boba para ele.

Com Draco não era nada assim. Não era natural, previsível ou simples, nem um pouquinho! Éramos polos opostos, a única coisa em comum que tínhamos era o fato de gostarmos de gastar um bom tempo estudando e lendo na biblioteca. E sinceramente, se isso fosse motivo para se apaixonar por alguém, eu cairia de amores por Madame Pince desde o primeiro ano, o que obviamente não era o caso.

Eu e Draco juntos era anormal. Estar confraternizando com o herdeiro Malfoy, filho de um dos Comensais da Morte de Voldemort, queridinho de Severo Snape e príncipe da sonserina, era algo que nem em meus sonhos mais estranhos poderia ter imaginado acontecer. Nem a pirada de Trelawney teria previsto essa jogada do destino!

— Hermione, está tudo bem? – a voz preocupada de Harry me tirou de meus devaneios – Hermione?

— Han? – murmurei confusa, desviando os olhos da lareira e me virando para encara-lo sentado ao meu lado no sofá.

— Você está esquisita hoje. Primeiro, passou o dia todo com cara de tristeza e agora não para de roer as unhas. Tem algo acontecendo? – ele ergueu uma sobrancelha sugestivamente.

— Não tenho certeza, Harry. – confessei – As coisas estão confusas entre nós.

Era óbvio que não contaria a Harry que Malfoy me insultou. Conhecia muito bem meu amigo, para ter certeza de que ele atravessaria o retrato da Mulher Gorda e iria procurar o sonserino por toda a escola a fim de acertar-lhe um soco ou algo do tipo.

— Confesso Mione, essa coisa durou muito mais do que pensei.

— Não acabou ainda. – respondi automaticamente, meio sem querer, o que eu havia acabo de dizer. Harry estranhou tanto quanto eu.

— Você está gostando dele? – tinha uma pitada de afirmação na pergunta de Harry, o que me fez voltar a roer as unhas.

— Não. – sim! – Eu não sei. – sabia sim! – Talvez. – Hermione Jean Granger! Sua mãe teria vergonha de vê-la mentindo tão descaradamente para seu melhor amigo no mundo.

— Você sabe que eu a amo. Você é como uma irmã para mim, Mione. – disse o moreno, seus olhos verdes cheios de sinceridade – Você é a bruxa mais inteligente da sua idade, eu jamais iria contra uma ideia sua, mas – por que sempre tem que haver um ‘mas’? – mantenha os olhos abertos.

— Eu tenho meus olhos abertos, Harry. Prometo ser sensata. – respondi solenemente.

— Estarei sempre por perto para garantir isso.

Eu poderia retrucar dizendo que poderia cuidar de mim mesma, mas preferi não. Harry estava fazendo seu papel de irmão mais velho e eu deixaria, porque o amava com todo meu coração.

Dei a ele um sorriso carinhoso, pousando minha cabeça em seu ombro. Conversamos mais algum tempo, nada relacionado à Malfoy, somente coisas do cotidiano. Gastei boa quantidade de minutos para convencê-lo à ideia de dar aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Quando Rony apareceu ao nosso lado, nos chamando para ir ao Grande Salão, percebi que era minha deixa. Finalmente a tortuosa duvida cessaria. Chega de noites sem sono, ser expulsa da biblioteca por ter acessos de ansiedade... Era hora da verdade.

— Não estou com fome essa noite, rapazes. Vejo vocês depois.

Observei a Sala Comunal se esvaziar, até que dois ou três grifinórios sobrassem. Sabia que chegaria atrasada para me encontrar com Draco, ele bem que merecia depois de me fazer perder o jantar na noite passada. A ideia de dar uma pequena amostra do que ele me fizera passar ontem, me deixou tão contente que fiz questão de me obrigar a andar em passos lentos e curtos.

Foi um caminho muito mais demorado do que o necessário e quando minha própria ansiedade começou a dar as caras, apressei-me.

Para minha decepção, Malfoy não parecia nem um pouco afetado. Estava encostado na parede, o rosto em branco e aquela maldita postura desleixada que o deixava parecendo o cara mais descolado do universo. Era irritante o fato de ele parecer sempre tão bem.

O som de meus passos denunciou minha presença no local, fazendo o loiro se virar para me encarar. Meus traços aristocratas pareciam ainda mais bonitos sob a iluminação precária do corredor.

— Está atrasada. – anunciou ele apesar de não haver qualquer irritação presente em sua voz.

— Eu sei. – confirmei, cruzando os braços.

— Sabia disso, por isso não me dei importância. Vingancinha, hein? – comentou bem humorado e com uma sobrancelha arqueada – Muito previsível Granger.

Ele virou novamente o rosto para encarar a parede a sua frente. Eu estava embasbacada. Primeiro por ele prever isso primeiro do que eu, segundo pelo bastardo estar tendo essa atitude tão... Uhm, tão Malfoy!

Apertei os braços ainda com mais força, numa atitude protetora.

— Quero respostas, Malfoy. – murmurei, ficando cara a cara com ele.

— Claro. Faça sua pergunta, Granger. É para isso que estou aqui. – sua confiança e calma estavam começando a me deixar desconfortável.

— Acho que você se esqueceu de colocar a frase no plural. Eu tenho muitas perguntas para você, e espero que me responda a todas elas com clareza! – disse com firmeza, o queixo levantado em rebeldia.

— Perguntas? Isso aqui ainda é um jogo, Granger. Uma pergunta por dia. A regra é clara.

— Isso não é mais um jogo. Você sabe disso.

— Eu disse a você, isso não depende somente de mim. Há muito mais em jogo.

— Então me conte apenas o que puder! – supliquei.

— Não aqui, Granger. – ele olhou ao redor, procurando por algo invisível – Não aqui. – insistiu.

— Me diga aonde, eu vou! Tudo o que eu quero é que você seja sincero comigo.

— Conhece a Sala Precisa? – sua voz era tão baixa que mal pude ouvi, apesar de estarmos a dois pés de distância.

— Já li sobre. – dei de ombros.

— Vou anotar em um de seus livros o dia e horário. – informou com aquele mesmo tom de voz.

Assenti com a cabeça, meu rosto cheio de desanimo. Entendia seus motivos, estávamos em corredor aberto, qualquer um poderia se espreitar e ouvir nossa conversa, e o problema de Draco parecia realmente sério, no entanto toda aquela expectativa e mistério estavam acabando comigo.

Esperava que ele não demorasse para marcar o encontro. Queria saber pelo que Draco estava passando, tentaria resolver qualquer que fosse o seu problema. Eu sabia que agora ele era uma pessoa diferente, uma vez ele me ajudou, e se ele me deixasse penetrar todas as barreiras, faria o possível para retribuir o favor.

— Hermione? – chamou quando estava para virar o corredor. Ergui minha cabeça, encarando seu rosto bonito na luz fraca – Você ainda tem direito a uma pergunta.

— Já quebrou algum osso?

Era a pergunta idiota que eu faria a ele no dia anterior, antes que começássemos a brigar.

Malfoy franziu o rosto em uma careta engraçada, me segurei para não rir.

— Essa é uma pergunta estranha. – isso me fez querer rir ainda mais, eu já não era capaz de conter a gargalhada.

— Resposta a pergunta, Malfoy. – consegui dizer após conter minha risada.

— Duas vezes no quadribol e uma vez, no terceiro ano, uma garota quebrou meu nariz com um soco. Ela era bem mais forte do que aparentava.

Minha boca se abriu em um perfeito ‘O’. Não sabia que havia quebrado seu nariz. Uau, realmente, eu era bem mais forte do que aparentava.

— Eu quebrei seu nariz?

— Boa noite, Granger.

E outra vez, Draco Malfoy me deixou com curiosidade e surpresa. Tinha de admitir que o bastardo era bom nesse jogo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários novos! Espero que tenham gostado do capítulo xx
E, volto a repetir, não há motivos para ter vergonha/medo/preguiça de comentar ou coisa do tipo. Sério gente, custa nada hahaha