Espelhos escrita por AriDamascena


Capítulo 4
Terceira Camada


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muita certeza de quem está acompanhando ou não a fanfic. Juro que ainda não entendo como funciona o site HAHAH Enfim, quem está acompanhando, espero que goste do capítulo!
Aliás, se alguém de bom coração quiser me tirar umas dúvidas sobre o nyah!, vou erguer as mãos e glorificar a Deus!



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"Nós somos apenas jovens e ingênuos ainda, precisamos adquirir certas habilidades. O humor muda como o vento, é difícil de controlar quando começa. O agridoce entre meus dentes, tentando encontrar o meio-termo. Se apaixonar eventualmente." BIRDY - Young blood


* * *

Não houve confrontos visuais ou verbais, a vida prosseguiu sem que eu ou Malfoy dirigíssemos uma palavra sequer ao outro. Passaram-se dias desde nosso encontro na biblioteca. Infelizmente, boa parte de meus sonhos ainda eram sobre o loiro, mas eu estava começando a aprender a controlar esses pensamentos. Algo que ajudou no processo de superação foi parar de segui-lo pela escola. Tanto eu quanto ele, gastávamos um bom tempo na biblioteca, porém com Harry pegando detenção e sendo torturado pela horrorosa Dolores Umbridge, tornou-se mais fácil ter meus pensamentos dirigidos a outra pessoa.

Rony e eu também havíamos voltado a conversar. Era muito difícil evita-lo quando tínhamos que fazer monitorias, então nós estávamos fingindo que aquela conversa jamais havia acontecido, e, portanto se tornou fácil ignorar o constrangimento e humilhação que sentia toda vez que olhava para ele. O único que sabia a verdade sobre meus sentimentos em relação a Ron era Harry. Não havia sido eu quem confessou a situação, foi o ruivo que lhe pediu conselhos e ajuda para nos reaproximar – aparentemente, Ron achava que eu estava o evitando por estar com raiva dele, o que obviamente não era verdade. Como poderia eu culpar Ronald por não gostar de mim da mesma maneira que eu gostava dele? Talvez eu apenas fosse inamável. Relacionamentos nunca foi meu forte, mesmo. Pelo menos, ainda podia contar com a minha amizade com Ron e Harry, isso era o suficiente, por ora.

Quando entrei na Sala Comunal ouvi a voz de Harry, pensei que ele estava conversando com alguém, porém ele estava completamente sozinho, encarando a lareira e o corpo relaxando no sofá.

— Estava conversando com alguém? – perguntei curiosa. Harry negou com a cabeça e eu dei de ombros, provavelmente era culpa da noite mal dormida após ter outro sonho com determinado sonserino – Como foi a detenção?

— Você pergunta como se houvesse outra resposta além de “Horrível”. – respondeu-me ele, seu humor amargo. Me sentei ao seu lado, olhando preocupada para ele – Vou ficar bem, Mi.

— Deveríamos fazer algo a respeito disso! Aquela mulher desprezível!

— Ron passou em seu teste para entrar no time de quadril. Você sabia? – a mudança repentina de assunto me fez ainda mais desconfortável.

— Gina comentou comigo. Vou parabeniza-lo mais tarde. – respondi polidamente.

— Até quando você vai agir dessa maneira, Hermione? Não gosto de ver meus melhores amigos brigados, já existem problemas o suficiente vindo pela frente, você não acha?

— Eu sei disso Harry! – bufei, afundando as costas no sofá – Mas não é fácil olhar para pele e ignorar o que sinto. – continuei, ficando aborrecida com o rumo da conversa – Antes era simples, ele não sabia. Agora ele sabe! Você pode imaginar o quão mortificante é conversar com ele e saber exatamente o que se passa na cabeça dele?! – exclamei chateada – “Oh coitadinha da Mione! Ela gosta de mim e eu não posso retribuir seus sentimentos” – fiz uma imitação pobre do que deveria ser Ronald –, isso é humilhante!

— Tenho certeza de que Ron não pensa... – interrompi Harry.

— Você diz isso, pois não viu o olhar de pena que ele dirigiu a mim.

A sala caiu em silêncio desconfortável. Eu estava segurando as lágrimas, fitando os labaredas na lareira, sabia que Harry estava olhando para mim e isso era extremamente desconfortável.

— Odeio ver você triste assim, Mione. – confessou – Tenho certeza que em breve Rony vai cair na real e perceber o quanto você é maravilhosa!

Virei meu rosto para fita-lo, seus olhos verdes estavam cheios de simpatia e bondade. Não resisti à vontade de abraça-lo, as lágrimas molhando seu suéter de lã. Isso me trouxe de volta ao dia em que fui consolada por Malfoy, era a mesma posição, mas o calor era diferente, assim como o cheiro. Isso me incomodou.

— Preciso te contar algo – disse baixinho, com o rosto ainda enterrado em seu peito.

— Diga. – pediu. Levantei meu rosto, voltando a encarar o rosto gentil de meu amigo – Aconteceu algo?

— Sim. Quer dizer, não... Uhm, é confuso! – gaguejei – Aconteceu uma coisa. Duas, na verdade. – comecei a divagar, tentando encontrar a melhor maneira de contar a Harry sobre a mudança de coração repentina de Malfoy.

— Não estou entendendo, Mione. – murmurou Harry com as sobrancelhas franzidas.

— No dia que eu e Rony brigamos, – comecei com a voz mais macia possível, parar tornar a situação mais agradável para Harry, aliás, ele ainda odiava Draco – quando eu fui chorar – disse a palavra baixinho, meio envergonhada – encontrei com Malfoy no corredor.

— O que aquele idiota imprestável fez para você? – o moreno me interrompeu, a voz agora alta e irritada.

— Nada! Ele não fez nada de ruim! – apressei a defender Malfoy – Ele não foi desagradável, pelo contrário. – nessa parte da história, Harry estava dividido entre confuso e surpresa – Malfoy me consolou aquele dia.

— O que você quer dizer com “consolou”? – Harry tinha os olhos estreitos de suspeitas.

— Ele me deixou chorar no ombro dele. – admiti, a frase escapou tão rápido de meus lábios, que fiquei preocupada que ele pudesse não ter entendido – Foi esquisito. Na hora, estava tão triste que nem liguei. Mas nós conversamos depois...

Permanecemos em silêncio por algum tempo, meu melhor amigo digerindo as palavras. Ele tinha posto os cotovelos nos joelhos e apoiado o queixo nas mãos, refletindo sobre a novidade de que eu e Draco Malfoy, seu inimigo da escola – e meu, também –, estávamos tendo conversinhas secretas.

— Você tinha certeza que era mesmo ele? Talvez fosse polissuco, você sabe que já fomos enganados antes...

— Era ele, Harry. – cortei-o – Nós conversamos dias depois e tenho certeza de que era Draco Malfoy.

— Você sabe que isso não faz sentido, né? – olhei para o rosto de Harry, assentindo com a cabeça.

— Nem me diga! Estou sendo atormentada por isso desde então. – confessei, soltando um suspiro cansado.

— Sobre o que vocês conversaram?

— Perguntei por que ele havia feito aquilo.

— E o que ele respondeu? – perguntou-me cheio de curiosidade.

— Primeiro ele insistiu que eu esquecesse, quando eu me recusei a isso, ele... – fiz uma pausa, começando a corar com a lembrança de Draco Malfoy piscando maliciosamente para mim. Harry ergueu as sobrancelhas, esperando cheio de expectativas que eu continuasse. Endireitei minha postura e continuei: – Ele disse que não tínhamos intimidade suficiente para isso.

As sobrancelhas de Harry se ergueram ainda mais, os olhos arregalados de maneira cômica. Sua expressão logo mudou e um sorriso de zombaria preencheu seus lábios.

— Será que o Malfoy está apaixonado por você? – brincou Harry.

Minhas bochechas ficaram ainda mais coradas, desviei meu rosto tentando esconder meu constrangimento.

— Não penso assim, – disse – para mim, ele apenas cresceu.

— Bem, ele não anda consolando eu ou Ron nos corredores... – acusou, virei meu rosto rapidamente para brigar com Harry, mas quando percebi seu sorriso brincalhão, relaxei.

— Idiota. – rimos.

— Eu não faço ideia do que está acontecendo com Malfoy, mas fico contente que ele não esteja mais pegando no nosso pé, portanto continue fazendo o que está fazendo para deixa-lo apaixonado.

Dei um tapa forte no braço de Harry e ele riu ainda mais. Em seguida, despediu-se para ir dormir. Fiquei mais algum tempo na sala, pensando sobre o que poderia ter feito Malfoy mudar tanto de um ano para o outro. Teria Harry razão e o sonserino estava apaixonado por mim? Parecia muito improvável. Apesar de seu comportamento gentil, ele não tinha mostrado qualquer interesse ou avanço amoroso em minha direção. Ele foi gentil, e isso era tudo... Talvez...

Fui dormir com esses pensamentos flutuando pela minha mente. Quando acordei, na manhã seguinte, pela primeira vez desde que meus sonhos com Malfoy haviam começado, eu não me sentia irritada. Meu humor estava impecável, na verdade!

Talvez Harry tivesse razão, e eu, Hermione Jean Granger, rejeitada por meu melhor amigo, tinha conquistado o coração do sonserino mais cobiçado de Hogwarts. Caramba! Como não me sentir orgulhosa com a ideia de ter tornado o garoto mais idiota e mimado que já conhecera na minha vida em um rapaz gentil?! No final das contas – mesmo não estando apaixonada por Malfoy e ainda tendo sentimentos por Rony – Draco era bonito e muito inteligente. Era um ótimo pretendente, agora que não passava todos os minutos de seu dia fazendo da minha vida e de meus melhores amigos em um inferno completo.

A última vez que havia sentido minha autoestima tão elevada, havia sido no Baile de Inverno, antes de Rony arruinar tudo e eu passar o resto da noite chorando em meu travesseiro.

Quando reconheci os cabelos loiro platinado de Draco, fui puxada para fora de meus pensamentos. Avancei alguns passos em sua direção, porém mudei de ideia ao reconhecer a cabeça de cabelos escuros de Theodore Nott caminhando ao seu lado.

Soltei um suspiro de decepção e um resmungo irritado, que saiu muito mais alto do que eu pretendia, pois logo reparei que havia chamado à atenção de Nott. Os olhos escuros do rapaz encararam meu rosto por um par de segundos, antes de voltar à atenção para frente. Draco, que tinha seguido os olhos do amigo, ainda permanecia olhando para mim.

Minha respiração ficou engatada.

Malfoy murmurou algo para Nott e depois se afastou, virando em um corredor.

Era um sinal? Eu deveria segui-lo? E se não fosse...? Ah, que se dane!

Discretamente, olhei ao redor e quando constatei que ninguém estava dando a mínima atenção a mim ou a Malfoy, segui pelo mesmo corredor que ele havia desaparecido. Há três metros de distância, reconheci a silhueta esguia do loiro, despojadamente encostado na parede e me esperando.

Caminhei até ele em passos controlados e meticulosamente medidos, não queria parecer desesperada ou ansiosa.

— Qual sua cor preferida? – perguntei assim que parei cara a cara com ele.

A cara com que Malfoy me encarou era impagável! Não pude reprimir uma risada.

Depois de mais alguns segundos, ele pareceu entender do que eu me referia. Ele sorriu também, e era aquele mesmo sorriso bonito que me perseguia de vez em quando nos sonhos.

— Marrom. – respondeu finalmente – E a sua?

Dessa vez, era minha vez de ficar confusa. Nunca, em um milhão de anos, poderia passar pela minha cabeça que ele gostava de marrom.

— Como isso é possível? – perguntei surpresa – Eu pensei em verde ou preto, mas marrom?!

Percebi então que o som da risada de Draco era bastante agradável. Combinava com ele.

— Não sou tão previsível assim, Granger.

— Percebi isso. – resmunguei, cruzando os braços. Meus olhos deslizaram para o relógio e ao perceber as horas, arregalei os olhos – Temos que ir para a aula! – anunciei, começando a andar apressada. Draco não havia se movido, por isso voltei a encarar ele – Você não vem? – pedi, cheia de confusão.

— Você ainda não me respondeu qual sua cor preferida.

— Oh. – um sorriso tímido deslizou por meus lábios – É azul.

— Bom saber disso. Agora, estamos mais próximos da intimidade, você não acha, Granger? – perguntou ele com humor, começando a andar em direção a sua classe.

— Com certeza, Malfoy. Somos amigos agora.

O sorriso não queria desaparecer dos meus lábios, mesmo quando ele se afastou e seguiu em uma direção diferente da minha. Passei o resto do dia com aquela sensação gostosa de autoestima alta.

Dessa vez, quando a noite caiu, eu não estava chorando em meu travesseiro. Dessa vez eu ainda estava sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Não tive tempo de revisar o capítulo, então peço, antecipadamente, desculpa por qualquer erro que vocês possam encontrar no capítulo.
Não se acanhem em compartilhar suas opiniões comigo. Críticas são sempre bem-vindas, desde que feitas com educação