A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 8
Place For Us


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas.
Perdoem-me pela demora. Eu estava em uma semana complicada de provas. Último ano da escola não é o mar de rosas que eu pensei. Não aguento mais ver “seno, tangente e cosseno” na minha frente. – desabafos à parte. :/
Aqui está um capitulo para vocês se deliciarem e como vocês já devem ter reparado, ou não, eu consegui fazer uma capa para a minha fic e eu queria muito a opnião de vocês porque eu sou nova nisso e é a primeira capa que eu faço assim como a fic.
E tomando a liberdade de citar um pedido de comentários... As POV’S do Dimitri já estão prontas, mas como eu disse vão ser postadas logo. Todas as vezes que eu postar um do Dimitri posto mais outro como bônus para vocês, meus lindos.
Estou amando os comentários, vocês são demais. Porém peço encarecidamente pelos leitores fantasmas que Please apareçam. Eu ia gostar muito da opnião de vocês. Sendo crítica ou elogio, eu aceito super de boa, o importante é saber se vocês estão realmente satisfeitos.
Boa leitura, meu amores!


Place For Us – Mikky Ekko



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– Vocês só podem estar malucos! – gritou meu pai.

– Na verdade, não estamos. – disse Dimitri ainda segurando minha mão.

– Estão. – gritou novamente. Ele andava de um lado para o outro no escritório. – Não vou deixa-los sozinhos na casa do lago.

Baba... – intervi. – Eu preciso me afastar. Estou em choque. – menti. – Eu preciso. – repeti. Ele me encarou por um tempo com uma expressão pensativa, mas logo depois essa se foi.

– Não. – disse por fim. Eu olhei para a minha mãe sentada atrás da mesa, enquanto Dimitri se mexia desconfortável ao meu lado no sofá de couro.

Anne. – chamei pela minha mãe, suplicante. Ela entendeu o recado.

– Acho que é uma boa ideia. – meu pai a encarou incrédulo. – Aqueles tiros foram estressantes para mim e o Joshua. – ela alisou a barriga por alguns instantes. – E eu vi que a Rose foi a que mais sofreu.

Baba, são só alguns dias. – ele me encarou com a mão no queixo, pensativo. – Eu prometo que voltarei outra e pronta para o casamento. Só precisamos sair daqui um pouco.

– Eu, Olena e Tatiana, cuidaremos da maior parte do casamento para a Rose. – falou minha mãe levantando-se. – E vai ser bom para eles. Quem sabe desistem dessa ideia insana. – eu bufei. Dimitri sorriu, desafiador.

– Acho que não, Sra. Mazur. – falou Dimitri. Eu tentei não sorrir com a cara de decepcionada que minha mãe fez.

– Pai. – eu implorei novamente. Ele me encarou e pareceu pensativo.

Estávamos há uma hora naquela sala tentando convencê-lo a nos deixar dar um tempo de tudo e só conseguimos Não. Dimitri e eu tínhamos feito um acordo. Eu era a caça. Então, eu teria que ficar segura até conseguirmos provas o suficiente para eu voltar a andar na rua sem tentarem me dar um tiro ou me deixar em coma. Eles não queriam a Lissa, nem a minha mãe e só achamos essa solução.

Lissa e Cristian estavam no quarto e mal sabiam da nossa ideia brilhante de me isolar em uma casa do lago. Tasha não sabia o caminho da própria e o pai de Jesse nunca deixava que ele fosse conosco, o que deixava meu pai furioso por sua falta de confiança.

– Tudo bem. – disse. – Mas com uma condição. – falou.

– Qual? – perguntou Dimitri.

– Que Alberta vá junto. Assim como Lissa e o menino Ozera.

Eu e Dimitri ficamos tensos. Era para somente nós dois corrermos riscos. Coloca-los conosco resultaria em consequências e possíveis vítimas.

Eu mordi a boca.

– Pai... – comecei. Ele me interrompeu com um gesto.

– É largar ou pegar, Rose. – falou. Eu o encarei. Minha mãe estava prestando atenção à todas as minhas expressões.

– Nós pegamos. – respondeu Dimitri. Eu fitei-o.

– Ótimo. – falou meu pai. – Vocês partem hoje à noite. Vou mandar preparem tudo. – ele voltou-se para a minha mãe. – Jane, pode avisar para a Vasilisa? – perguntou colocando a mão na barriga na minha mãe. Ela sorriu.

– Claro. – sussurrou.

Alguns segundos depois, eu estava sozinha com Dimitri. Os dois ainda parados e sem dizer nada. Eu não queria arriscar a Lissa. Mas esse era o único jeito.

Eu não podia matar mais gente que eu amo, por capricho. Porém meu pai não vai me deixar ir antes do casamento a qualquer lugar, sozinha com Dimitri. Mal sabe ele que não tem mais o que temer.

Ele já sabe até demais sobre meu lindo corpinho.

– Não temos que ter medo. – falou alisando meus cabelos, enquanto eu ainda encarava o nada. – Não vamos deixar nada acontecer com eles. Eu não vou deixar nada acontecer com você.

Eu virei-me para ele. Seus olhos me davam tanto calor, que eu poderia olhá-los a todo instante.

– Espero que sim, camarada. – falei. Ele sorriu com o apelido e então, me abraçou. Eu me deixei ser abraçada.

Após quase meia hora de atraso, Dimitri e Cristian tinham chegado. Eu já estava de malas prontas, jeans e um coque frouxo. Estava mais preocupada com o nosso bem estar do que com a minha aparência, mas Dimitri não deixou de sorrir quando me viu, o que fez algo em mim pular.

Lissa estava com sono e dormiu a viagem toda. Meu pai tinha contratado seguranças para nós, eles nos seguiram com outro carro até um lugar seguro da estrada, depois que perceberam que estávamos fora de ameaça, somente o carro de Alberta permaneceu.

Chegamos depois de muito tempo. Lissa e eu subimos para nossos quartos e nem exploramos a casa, já que chegamos pelo anoitecer. Dimitri e Cristian tinham os seus mesmos quartos de hóspedes, da última vez que vieram, então não esperaram uma desculpa para descansar.

Lissa preferiu dormir no quarto de Cristian depois de pronta para uma boa noite de sono. Eu assenti fingindo não estar ressentida com aquilo e deixei-a ir. Tomei um banho quente e logo coloquei uma calça jeans e uma blusa preta de manga comprida. Eu ainda me lembrava de quão frio poderia ser aqui durante a noite.

Quando eu desci, percebi que a ideia de que todos estavam tomando banho ou dormindo estava certa e aproveitei para caminhar até o lago. Até o meu refúgio particular.

Os seguranças que estavam na casa não me viram sair. Quanta responsabilidade. – pensei.

Está tudo maravilhoso quando se tem o silencio que o lago proporciona. Sentei na grama enquanto observava o calmo lago à minha frente. Eu podia ver a casa ao longe, com as luzes apagadas. Todos estavam dormindo, enquanto eu estava ali, sozinha.

Era assim que eu deveria ficar até tudo isso acabar. Até você morrer. – pensei. Era o que deveria acontecer pela ordem natural das coisas. É difícil tentar proteger as pessoas que você ama, quando você é a ameaça. Na verdade é difícil ser a ameaça.

Dimitri queria me proteger, mas de pensar, que se viessem apenas nós dois, ele poderia morrer por qualquer ameaça durante a minha estadia aqui, era pavoroso. Pensar em perdê-lo pela segunda vez me doía de dentro para fora e ia parando o que restava de mim.

Uma garota idiota, que não estava pronta para morrer.

Encolhi-me. Rodei meus braços por meus joelhos e puxei-os para perto do meu peito. Eu não poderia deixa-lo me proteger... Eu tinha me proteger. Eu tinha que viver para eles.

Dois anos antes...

– Sabe, já disseram o quão idiota você é? – perguntei. Ele estava me seguindo desde a casa e agora estávamos na margem do lago. Eu só queria fugir da presença dele. Mas ele insistia em se manter atrás de mim.

– Não. – disse. – Você pode me fazer um grande favor, Rose? – Dimitri tinha a voz debochada. Eu o odiava tanto que gritar para o mundo inteiro ouvir era pouco.

– O que você quer que eu faça? – gritei. Parei abruptamente e me virei para ele. Acho que Dimitri não percebeu que eu tinha parado até tropeçar em cima de mim e logo em seguida se afastar.

– Que você pare de ser a mimada de sempre! – gritou. – Por sua causa a mamãe e o seu pai não vão nos levar na viagem para Rússia. Eu queria ver a minha avó, Rose.

– Ficou com a consciência pesada por abandonar aquela velha bruxa? – ele me fuzilou. Eu detestava ir a sua casa na Rússia. Sua avó também não ia com a minha cara, já que não falava comigo direito. Velha bruxa é pouco para xingá-la.

– É claro. – falou. Eu sorri cruzando os braços na frente do peito.

Você tem consciência? – perguntei. – Eu não sabia.

– Você é uma idiota. – cuspiu. – Uma estúpida mimada idiota. – algo subiu pelo meu corpo. E eu tinha certeza do que era... Era raiva.

– Eu não sou mimada. – gritei apontando-lhe meu dedo. – Eu só não consigo voar. Eu passo mal e você já testemunhou isso das outras vezes. – ele me olhou espantado por alguns segundos, mas logo depois seu olhar voltou à raiva.

Se você pudesse aprender a fazer o bem para as pessoas além de você. – eu abri a boca para contestar, mas logo fui cortada. – Se você soubesse o que é ajudar as pessoas a sua volta, seria uma pessoa melhor, Hathaway. Eu queria que você fosse menos imprudente e visse pelo menos uma vez amor nas pessoas. Essas pessoas não são um brinquedo, Rose. Você não pode usá-las e jogar fora. Você não pode fingir que é uma boneca de porcelana. – ele hesitou por alguns segundos. – Porcelana quebra.

Eu parei por alguns instantes e senti lágrimas nos meus olhos. O olhar reprovador da minha mãe quando eu saí da sala de estar decidida a não acompanha-los na viagem de férias, não tinha me abalado. Mas agora veio como uma faca no meu estomago.

Eu pisquei algumas vezes atônita e voltei a encará-lo.

– Não é verdade. Eu não faço isso, eu... – comecei. Ele me interrompeu com uma gargalhada.

– Você faz isso o tempo todo. – falou. Eu o encarei. – Você engana seus pais. Engana a si mesma. Você é irresponsável. Fica com todos os garotos daquela escola. Ama o fato de ser desejada, quer estar com todos e que todos desejem o mesmo, Hathaway. Vamos te convencer de algo? Você não é desejável, você não é responsável. Você é mimada, ridícula e com tudo para destruir com a vida de qualquer pessoa que te ame. Você é mesmo a herdeira dos Mazur ou um projeto de garota infantil que só pensa em si? – ele parou para dar para umas risadinhas. – Você não é nada. – ele disse as últimas palavras com desdém. Eu deixei algumas lágrimas escorrerem de puro ódio.

– Como se diz babaca em russo? – gritei. Ele gargalhou.

– Como se diz nada em turco? – perguntou cheio de ironia.

Ele começou a gargalhar novamente, mas sua risada foi abafada pelo som de seu corpo caindo no lago. Eu nunca tinha entrado lá. Então não sabia sua profundidade. Eu sabia nadar e imaginei que alguém com o porte de Dimitri também soubesse.

Virei-me para ir embora. Eu ia pedir para Alberta ou minha mãe, voltar comigo para casa, mas antes de dar mais passos eu escutei um grito agonizante com meu nome. Olhei para o lago e Dimitri lutava contra a água tentando chegar à margem. Eu engoli em seco. A raiva dentro de mim me mandava deixa-lo ali. Mas a maldita consciência de que ele poderia ter razão em suas palavras era a pior coisa de todas.

Então, eu corri para o lago.

Tirei meu casaco e minhas botas rasteiras que Lissa me dera de presente no meu aniversário do verão passado e pulei no lago. Foi fácil chegar até ele bem rápido. O difícil foi trazê-lo até a margem. Ele era pesado demais para somente eu carrega-lo. Mas estávamos sozinhos e ninguém nem ao menos imaginava o que tinha acontecido.

Assim que chegamos à margem, ele já tinha conseguido recuperar um pouco de ar e se arrastar para a grama, enquanto eu fazia o mesmo. Ele se jogou na grama encarando o céu, mas com o olhar vazio. E por incrível que pareça eu cai ao seu lado.

– É para te agradecer? – perguntou ainda recuperando o folego. Eu virei minha cabeça para o lado, ainda olhando-o.

– Não. – falei. – Mas aprenda a nadar. Não vou fazer isso de novo. – ele gargalhou. Eu olhei para o céu como ele estava fazendo.

– Desculpa. – disse ele, depois que cessou suas risadas. Eu o encarei.

– Pelo que? Fui eu que joguei você no lago. – falei. Ele me encarou e eu fiz o mesmo com ele.

– Me desculpa por subestimar sua humanidade. – murmurou. Ele estava olhando para mim daquele jeito que olhava para a Tasha. – E pelas coisas que eu disse. Eu nunca imaginaria que você fosse voltar. – eu recuperei o folego de seu olhar quente.

– Se alguém tiver que matar você, será eu e não um lago idiota. – eu virei-me para o céu estrelado. Ele ainda me encarava.

– Você poderia ter me deixado. – murmurou ao meu lado. Ele parecia espantado.

Eu pensei em uma resposta malcriada, mas apenas o encarei novamente.

Eu nunca faria tal coisa. – murmurei. Ele sorriu. E eu por incrível eu pareça, também sorri.

Eu me apertei ainda mais depois daquela memória. Aquele foi o momento em que me apaixonei por Dimitri. Aquelas palavras foram a melhor coisa que alguém já me disse. Foram a deixa para eu me sentir humana e ajudar alguém.

Porcelana quebra.

Realmente a porcelana tinha ido embora no acidente e agora que eu não tinha mais a minha proteção particular eu estava exposta. Meus sentimentos também. As pessoas que eu amava eram a minha missão. Eu ia protegê-los com a minha vida e a Natasha nunca ia machuca-los e nunca ela irá conseguir o que quer.

Prendi-me aos meus pensamentos não sei por quanto tempo, mas depois que deixei meu corpo cair na grama e finalmente encarei o céu com estrelas, eu me permiti fechar os olhos. Demorou pouco para eu sentir um corpo caindo ao meu lado. Pelo cheiro de pós barba eu me permiti identificar quem era. Mordi minha boca tentando não tremer com as palavras que eu ia deixar sair.

– Hiçbir şey. – murmurei. Abri meus olhos só para encarar o céu estrelado novamente. Senti seu olhar em mim. Queimando-me.

– O que? – perguntou cheio de dúvida.

Nada em Turco. – falei. Dessa vez eu tinha encontrado a minha voz, mas ainda não tinha coragem para encará-lo.

Ele permaneceu em silencio por alguns segundos. O silencio mais longo da minha vida. Até finalmente soltar uma respiração pesada.

– Eu não falei por mal. – disse. Ele virou seu corpo todo para me olhar por inteira deitada ao seu lado. Eu preferi não encará-lo.

– Dimitri você falou o suficiente. – falei. – Eu nunca fui capaz de fazer sacrifícios, que não fossem somente para mim. Isso até minha mãe me contar que vai ter um bebê e eu quase morrer duas vezes por uma droga de competição. – dessa vez eu o encarei. – Eu preciso proteger vocês com a única coisa que vale no momento Dimitri.

Eu me sentei em uma velocidade incrível, ele hesitou por um tempo, mas sentou-se também. Ele tinha seu olhar sobre mim, enquanto eu tentava evitar fazer o mesmo com ele.

– E o que eu seria? – perguntou aos sussurros. Eu finalmente reuni minhas forças para olhá-lo. Aquele olhar quente e que destruía a parte dentro de mim que o odiava.

– Minha vida. – sussurrei. Ele encarou o lado. Seu olhar vazio.

– Acha que eu vou conseguir ficar aqui sem você? – perguntou. Ele parecia chateado. Isso me irritou um pouco.

– Você conseguiu ficar durante um ano. – cuspi. Ele fitou-me.

– Não se trata do antes, Rose. – falou. Sua voz estava mais fria que sua expressão. – Se trata do agora. Temos todas as chances. As chances que não tivemos há um ano. Eu não vou perder você. – eu me assustei com suas ultimas palavras, mas logo deixei minha expressão suavizar.

Eu voltei-me para o lago à nossa frente e sorri. Ele me olhou curioso.

– Eu pensei que um homem do seu tamanho soubesse nadar. – brinquei. Ele gargalhou, voltando-se para o lago.

– Rose, eu sei nadar. – eu fitei-o assustada. Ele sorriu ainda mais. – Foi um teste. E você passou.

– Um o que? – perguntei ainda confusa.

– Eu me senti culpado pela forma que tratei você. – falou. Sua expressão ficou séria. – Queria saber se voltaria por mim.

Eu assimilei tudo àquilo por algum tempo e sorri ainda o encarando. Era tudo confuso e engraçado. Eu me senti culpada por tê-lo feito cair no lago e quase morrer, quando na verdade era um teste. Eu me sentia feliz comigo mesma por ter passado.

– Então, eu passei. – afirmei, quase sorrindo. Ele sorriu também.

– Passou.

– Mas você estava tão nervoso e espantado e... – eu hesitei para respirar pesadamente. – Não sei. – ele gargalhou novamente pegando as minhas mãos.

– Eu estava espantado por você ter voltado e nervoso pelo que eu senti quando você tocou em mim de um modo diferente. Você não estava com raiva, estava com a esperança de desfazer o erro de me jogar na água.

Eu o encarei e não evitei sorri.

Eu queria Dimitri na minha vida e tinha três meses para tê-lo da forma que eu quisesse. Mas essa parte de mim era a mais fraca. A parte mais forte, o queria longe. E no momento eu não me renderia à parte mais fraca. Eu pensaria melhor sem o amor enlouquecedor de Dimitri. Mas não tinha certeza de até que ponto eu conseguiria me controlar.

Eu suspirei e levantei-me, puxando Dimitri para cima. Ele relutou por um tempo, mas logo ficou de pé. Eu sorri para sua carranca e observei melhor seu rosto. Ele tinha cortado os cabelos. Aqueles cabelos que eu tanto amava, agora estavam curtos.

Permiti-me ficar triste por alguns segundos, mas aí eu percebi o quão lindo ele tinha ficado. Eu sorri maliciosamente para ele e o próprio percebeu. O senti corar, mas não me importei. Eu causava esse tipo de reação nos homens. E com ele não seria diferente.

– Vem camarada. Quero te mostrar uma coisa. – seu olhar se iluminou. Eu rolei os olhos. – Não fica animadinho não. – ele sorriu. – É um lugar. – murmurei entrelaçando nossos dedos e guiando-o para a ponte do lago.

Andamos em silencio e ainda de mãos dadas. Eu conhecia aquele caminho de olhos fechados. Estava escuro, mas nada que lâmpadas não resolvessem. Dimitri pareceu nervoso por eu andar tão tranquilamente sobre a ponte, mas a ideia que minha mãe teve foi maravilhosa.

Meu pai fez aquela ponte quando soube que ela estava gravida novamente. Ela sempre disse que queria ficar o mais perto possível do lago, fazer parte dele e meu pai teve a ideia de fazer uma ponte. Mas essa ponte era interligada à um galpão que ele odiava e mantinha fechado. Era abandonado, mas o lago passava por debaixo dele e eu me apaixonei.

Há alguns meses eu tinha vindo passar um tempo longe de tudo e por curiosidade arrombei a porta do galpão. Era cheio de poeira e teias de aranha, mas era lindo aos meus olhos. Pedi ao meu pai para que me ajudasse a reforma-lo e relutante ele aceitou. Eu reformei cada pedacinho.

Abri a enorme porta de madeira e deixei que Dimitri entrasse. Quando as luzes se ascenderam ele deixou seus olhos brilharem. Eu sorri.

Deixei que ele caminhasse à minha frente para que seus olhos ficassem atentos a cada detalhe. Eu tinha que admitir que aquele galpão velho era enorme. Eu tinha pedido para colocar as paredes em vidro para que pudesse se ter visão do lago para aonde você olhasse e para colocar um piso de madeira. Tinha luzes de natal pelo telhado. Dimitri ainda estava admirado com a vista que tinha do lado e virou-se para mim, boquiaberto.

– Eu sei. – falei. Ele ainda sorria abobado. – É lindo.

– É perfeito. – admirou-se. – Eu não me lembro dele assim.

– Eu pedi para que reformassem. Eu arrombei a porta e vi a beleza desse lugar. – ele me encarou.

– É um dos motivos de eu ter me apaixonado por você. – falou. Eu o encarei. – Você vê a beleza, que ninguém mais consegue ver. – eu corei.

– Eu quero aqui. – falei. Ele trocou sua expressão de admiração, para dúvida. – Eu quero me casar aqui. – falei. Dimitri sorriu orgulhoso.

– Eu também. – falou. – É enorme e lindo.

– Eu quero à tarde. – murmurei entre pensamentos. Dimitri me encarava de um jeito bobo. – A luz do entardecer invadindo esse lugar. Deve ser maravilhoso. – algo em mim se entristeceu.

Talvez eu não chegasse a ver isso. – pensei.

– Então será aqui. – falou. Eu o encarei e lhe forcei um sorriso.

– Obrigada. – falei. Ele assentiu. – Se é para me casar, eu tenho direito. – retruquei.

Então ele se moveu. Eu não me importei até ele estar na minha frente com as mãos no meu rosto, me fazendo olhá-lo. Eu me permiti tremer e ele percebeu isso.

Dimitri mexia comigo de uma forma ameaçadora. E eu gostava disso. Eu amava isso. Sempre quis que aquela noite na cabana fosse diferente. Que acordássemos e que tudo ficasse bem. Mas depois que descobri sobre o acidente, não tenho mais certeza se ficaria bem mesmo. E se ele estivesse no carro? E se ele morresse? Eu não aguentaria. E voltar no lago para resgatá-lo, não foi nada do que eu imaginava sobre sacrifício, vê-lo ali, na minha frente, com seu coração batendo era a minha recompensa por dois meses de coma.

Então, eu o beijei.

Foi faminto. Como se o mundo estivesse acabando. Como se eu e ele só tivéssemos aquele momento. Mas ambos sabiam que não tínhamos só aquele momento. Ambos sabiam que tínhamos três meses para beijos roubados ou fingidos. Ao decorrer do tempo que estávamos um nos braços do outro o beijo se tornou mais calmo.

Eu encerrei nosso momento insano e fitei-o, ainda com pouco espaço de sua boca, me corroendo por não poder puxá-lo para mim de novo e ter outro beijo daquele. Eu sorri, quando percebi seu sorriso satisfeito. Ele estava tentando me reconquistar. Se ele continuasse assim, ele ia conseguir.

– Acho melhor nós irmos dormir. – sussurrei. Ele sorriu.

– Acho melhor eu ir com você. – eu sorri ainda envolvida por seus braços.

– Acho melhor você tomar um banho. – falei. – Um bem frio.

– Se você tomar comigo não vai ser tão frio. – eu me permiti gargalhar com seu comentário. Ele também tinha um olhar divertido. Então, deixou que eu me afastasse.

– Vamos dormir. – ele deixou seus olhos brilharem. – Vamos dormir nos nossos quartos. Você no seu e eu no meu. – ele fez uma carranca. Mas não deixei que ele falasse nada. Apenas peguei sua mão e o puxei para fora dali.

No dia seguinte eu estava com olheiras, com toda certeza. Eu não tinha dormido depois do beijo que eu tinha dado em Dimitri e eu não ia dormir enquanto não terminasse aquele beijo. Eu tomei um banho rápido e troquei minha roupa para uma calça jeans e uma blusa de manga comprida azul.

Desci as escadas em busca do cheiro de pão caseiro que só Alberta sabia fazer e me deparei com uma Lissa irritada. Tinha lápis e folhas amassadas por toda a mesa e eu me vi franzino o cenho para tentar entender a situação.

Aproximei-me da mesa de madeira e sentei à frente de Lissa, ela desviou o seu olhara para me encarar e por alguns segundos me estendeu um sorriso doce, para só então voltar ao desenho. Eu peguei uma das folhas intactas na mesa e me deparei com um vestido. Um vestido de casamento. O meu vestido de casamento.

Eu abri a boca para tentar contestar que era tudo fingimento e que eu poderia escolher mais um vestido qualquer, mas ela estava tão concentrada em um desenho perfeito que não me atrevi à tal ato. Apenas voltei minha total atenção para o desenho. O vestido era branco com alguns detalhes vermelhos. A cintura da boneca desenhada por Lissa estava marcada com uma faixa vermelha. Eu gostei apesar de ser somente um esboço que Lissa claramente detestou. Era simples. Era o que eu queria.

– Gostei desse. – Lissa me encarou parando de contornar o outro desenho. Ela largou o lápis em cima da folha e pegou o esboço da minha mão, já sorridente.

– Eu sabia! – falou. – Esse é mais o seu estilo, Rose. – ela sorriu e eu fiz o mesmo.

– Quando começou a fazer os esboços do meu vestido de casamento falso? – perguntei. Ela sorriu, travessa.

– No dia que você me contou.

– Você foi rápida.

– Eu só tenho três vestidos prontos para serem escolhidos por você. Esse é só uma coisinha que eu quis fazer para você ir para a lua de mel.

Eu mudei meu sorriso para uma carranca e puxei para mim a folha branca com os riscos de um vestido vermelho. Eu arfei.

Lissa pensava em tudo? – pensei.

Eu encarei mais o vestido e pensei não ser tão ruim. Se eu sobrevivesse ao aceito e tivesse que compartilhar de alguns meses ou até quem sabe, anos com Dimitri, não seria de todo ruim ter um vestido desse porte no guarda roupa. Ela continuava me encarando com um sorriso.

– Não é tão ruim! – eu disse por fim.

– Isso porque você não viu as costas. – disse. Ela me estendeu outra folha e eu arregalei os olhos. Era... Sexy. Wow.

– Nossa. – falei ainda observando cada detalhe. Não dava para ver muito, mas o suficiente. – É lindo. – murmurei.

– É. – disse orgulhosa. – Rose Hathaway, esse é o seu vestido.

Eu observei ainda mais o esboço e coloquei frente e verso do vestido lado a lado. Já sorrindo.

– Esse é o meu vestido. – Lissa gargalhou.

Ela deixou seus olhos brilharem. E pegou mais uma folha.

– De quem é esse? – perguntei ainda pegando o próximo esboço de sua mão.

– Meu. – falou. Ela ainda sorria com suas obras.

– É lindo.

Fiquei fixa nos pontilhos que Lissa tinha desenhado em um vestido verde esmeralda, até o joelho. No desenho ele não parecia ser largo. Sinal que ela vestiria algo que marcaria o seu corpo magro. Eu estava louca para ver isso.

Tinha uma grande possibilidade de chover no dia do meu casamento.

– Você é demais. – alguém falou atrás dela.

Eu encarei Cristian atrás dela e logo atrás dele vinha um Dimitri sorridente. Eu tratei de colocar os desenhos juntos e devolver a Lissa antes que ele sentasse ao meu lado na mesa.

Lissa levantou-se em um pulo pegando a mão de Cristian e me encarando com medo que Dimitri visse. Lissa sempre foi à religiosa, seguidora de histórias inventadas pelas pessoas. Como se fosse dar algum azar em alguma coisa falsa. Se isso impedisse meu casamento, eu ficaria feliz em mostrar os detalhes do vestido para Dimitri.

– O que vocês estavam fazendo? – perguntou Cristian assustado com a reação de Lissa.

– Nada da sua conta. – cuspi. Ele bufou.

– Hathaway, você de manha é pior do que durante o dia. Como você vai aguentar Dimitri? Ela vai acabar com a sua sanidade. – disse Cristian, virando-se para Dimitri.

– Eu prometo acabar com a dela primeiro. – respondeu Dimitri.

– A Rose tem sanidade? – perguntou Lissa, divertida. Eu arfei.

– Tem razão Vasilisa, se eu estivesse no meu juízo perfeito não me casaria com o ogro do Belikov para salvar o seu namorado de um possível atentado, como o que eu sofri no shopping. – eu fingi pensar por alguns segundos. – Levando por esse lado, vou repensar meus planos.

– Cala boca, Hathaway. – disse furioso.

Eu dei de ombros. Lissa gargalhou junto a Dimitri e arrastou um Cristian resmungão dali, me deixando sozinha com Dimitri. Eu me mexi desconfortável e me levantei para ir até a sala. Senti Dimitri fazer o mesmo atrás de mim, mas não me importei.

Por sorte Alberta já tinha ascendido à lareira e eu agradeci mentalmente por ela ter feito isso. Fui até a lareira e esfreguei minhas mãos umas nas outras, enquanto Dimitri se sentava no braço do sofá e me observava. Eu o encarei me aproximando dele.

– Você dormiu bem? – perguntou. Eu assenti. Ele tentou sorrir, mas não conseguiu. Algo em mim se alertou.

– O que houve? – perguntei.

– Nós vamos nos casar. – falou. Ele tinha um tom assustado, surpreso e feliz. Eu gargalhei ainda de frente a ele.

– Ah camarada. Eu sou contra essa situação e estou conformada. – brinquei. Ele me estendeu um sorriso. – Aceita que dói menos.

Ele me encarou com um sorriso cafajeste agora. Como se eu tivesse dito algo que possa ter lhe deixado curioso de um modo sedutor que só ele tinha.

Então, ele me puxou para ele. Suas mãos estavam em minha cintura e seus olhos fixos nos meus. Ele estava sentado no braço do sofá e eu me xinguei por deixar minhas pernas bombearem por seu toque.

– Se casar comigo dói? – perguntou aos sussurros. Eu me vi maluca com o seu cheiro e a proximidade entre a gente.

Eu abaixei a cabeça para não lhe dar a resposta que meu coração estava formando. Mas uma de suas mãos subiu até meu queixo e levantou minha cabeça para encara-lo. Senti-me tão quente com aquela proximidade que ele também percebeu. Seu rosto estava sereno agora.

– Se você me responder que sim, eu prometo me afastar. Mas depois de ontem, eu acho que a minha resposta para você sempre vai ser eu te amo. – eu o encarei sem a ajuda de sua mão no meu queixo.

Ele não está mentindo. – alertou meu subconsciente.

Eu lhe estendi um sorriso, ainda pensando em não lhe dar uma resposta imediata e me arrepender. Então ele abriu um sorriso também. Aquele sorriso que tirava meu ar.

– Oh, Roza... – eu estava pronta para beijá-lo novamente e esquecer aquela voz idiota dizendo que ele era perigoso para o meu coração, mas outra voz nos interrompeu.

– Dimitri. – eu engoli a seco. Vikka? O que ela estava fazendo aqui. Eu e Dimitri estávamos prontos para perguntar, quando mais alguém entrou na sala.

– Dimka. – eu me afastei das mãos de Dimitri.

– Tasha? – perguntei atônita. Olhei para Dimitri em busca de alguma resposta, mas só consegui um rosto pálido e a boca aberta procurando uma explicação assim como eu.

O olhar de Dimitri se desviou e eu encarei também. Era Jesse que vinha pelo corredor. Ele me estendeu um sorriso cafajeste como fazia quando tinha namorada e tentava me levar para a cama. Eu revirei os olhos para só escutar a voz de Dimitri.

– Jesse? – rosnou.

– Olá Belikov. – disse Jesse. Sarcástico.

– O que fazem aqui? – perguntei fria. Meu olhar não era para Vikka e ela pareceu perceber o motivo da minha cara feia.

– Eles me seguiram. – falou Vikka. Eu encarei Jesse com ódio. Ele se encolheu.

– Nós não seguimos. – disse Tasha. Ela sorria. – Nós te fizemos companhia.

Eu rolei os olhos.

– O que você quer aqui? – perguntei o mais fria possível. Virei-me para Jesse. Ele me encarou com medo no olhar.

– Viemos te fazer companhia. – respondeu Tasha. Ela encarou Dimitri. – Mas acho que vocês estavam ocupados.

– Pode voltar para o seu pasto Tasha, eu não quero a companhia de uma vaca. – cuspi. Ela estreitou seu olhar para mim. Eu dei de ombros.

– Parem. – a voz de Dimitri ecoou na sala e eu o fuzilei.

Ele estava defendendo ela agora? – perguntei a mim mesma aos berros.

Ele estava fazendo a mesma coisa que fez há um ano. Seduzindo-me e me magoando. É claro que ele não me amava. Ele só estava se divertindo com a situação existente entre nós dois no momento. E eu não ia deixar isso acontecer novamente.

– Divirtam-se. – falei antes de sair dali. Não deixei de esbarrar em Jesse antes de atravessar o corredor até a escada.

Não tomei café e também não pedi para ninguém trazer para mim. Não pretendia morrer de fome, seria uma morte terrível para mim, mas também não correria o risco de olhar o lindo casal feliz, Tasha e Dimitri.

Lissa bateu na porta algumas vezes, mas eu não atendi. Eu fiquei com meus fones o dia todo, não abri nem mesmo para Alberta. Dimitri nem ao menos tentou falar comigo. Devia estar se divertindo bastante com Tasha.

Depois que percebi que tinha dormido a tarde toda, tomei um banho e coloquei um vestido branco de renda até os joelhos. Peguei minha jaqueta preta e desci para o jantar. Já chega dessa greve de fome. Eu precisava de comida.

Dei de cara com Jesse assim que desci os degraus. Ele estava na janela, no fim das escadas, encarando o lago ao longe. Eu não deixei de admirar sua beleza. Jaqueta e calça jeans, dois botões da blusa desabotoados, cabelos louros e o sorriso mais cafajeste do mundo. Eu amava aquela boca.

Não mais que a boca de Dimitri, mas amava o suficiente para pedir ajuda ao meu alto controle quando ele me viu descer as escadas e sorriu. Eu levantei cenho. Ouvi vozes vindas da sala de jantar, o que provava que todos estavam na própria, enquanto ele estava esperando por alguém. Esperando por mim.

– O que você quer? – perguntei do jeito mais grosso possível. Ele sorriu. Aproximei-me, ficando de frente à Jesse.

– Conversar. – falou de um modo inocente. Eu rolei os olhos.

– O que você quer? – perguntei novamente. Ele fez uma cara de ofendido que não enganaria nem mesmo à Lissa.

– Por que não acredita que eu possa estar arrependido da decisão de ter te abandonado? – perguntou. Ele levou os dedos até minha bochecha, mas eu os retirei dali jogando sua mão para longe de mim.

– Porque você é um cretino mentiroso, Zeklos. – disse. – Sempre foi. Só eu cair na sua lábia.

Ele sorriu maliciosamente e então se aproximou ainda mais.

– Me diz que você ainda não gosta desse cretino mentiroso e eu te deixo em paz. – eu bufei.

– Mas que saco! Será que vocês podem parar de me dar opções? – explodi.

Jesse estava pronto para expressar suas dúvidas sobre minha explosão, quando alguém pigarreou atrás dele. Eu procurei um rosto e reconheci uma carranca muito feia de Dimitri. Jesse pulou quando viu a expressão que Dimitri fazia. Eu continuei com o meu rosto neutro, mesmo que também tenha me assustado.

– O jantar está na mesa. – disse. Seus olhos ainda fixos em Jesse. Como se ele fosse ataca-lo a qualquer minuto.

– Virou garçonete, Belikov? – perguntou Jesse, cheio de sarcasmo. Dimitri semicerrou os dentes.

– A única coisa que vou virar são seus dentes. – rosnou. Ele começou a se aproximar. Meu coração disparou.

– E o alto controle acabou. – falei antes de pular na frente dos dois e empurrar Dimitri até a mesa de jantar.

Não me virei para saber se Jesse estava vindo atrás de nós, mas quando cheguei à mesa de jantar, eu pude vê-lo dar à volta para se sentar ao lado de Tasha, mas claro, ele precisava lhe dar um beijo antes de se sentar. Deixando todos na mesa desconfortáveis, inclusive eu.

Eu sentei ao lado de Lissa, que sorriu para mim. Vikka ainda parecia envergonhada, mas acabei com isso quando lhe estendi meu melhor sorriso. Alberta ainda sentada pediu para que uma das cozinheiras servisse-nos o cozido que ela própria tinha preparado.

Nós comemos com Vikka e Lissa conversando sobre o casamento, com Alberta feliz pela conversa, com Cristian entediado, com Dimitri louco para avançar em Jesse e eu louca para avançar em Tasha. Ela estava exclusivamente provocante hoje. Vestido vermelho colado no corpo, até o meio das coxas e os peitos pulando.

Como ela consegue ficar assim nesse fio?

Meu subconsciente me respondeu no mesmo momento.

É o fogo!

O fogo com meu noivo.

Alberta levantou-se para pegar as sobremesas e todos ficaram em silencio por algum tempo, até alguém pigarrear.

– Então Rose. – começou Tasha. Eu segurei a colher de sobremesa com mais força, fitando-a. – Como vai tudo do casamento?

Eu abri minha boca para responder, mas Dimitri foi bem mais rápido.

– Ainda não vimos nada. – disse. Eu o encarei. Ele deu seu melhor risinho cafajeste para Tasha. Eu o fuzilei.

– Isso vai ser bom. – sussurrou Cristian em algum lugar da mesa. Eu o ignorei. Eu tinha que fazer alguma coisa para colocar os dois no lugar deles.

– Na verdade eu estava falando com Lissa mais cedo, nós já temos um vestido de noiva. – eu olhei para Lissa suplicante. Ela assentiu apenas com o olhar e voltou-se para uma Tasha irritada.

– Sim. Eu desenhei-os pessoalmente. Rose vai ficar linda. – falou. Eu sorri sinceramente para ela, pegando sua mão.

– Se eu fosse o noivo, ia estar ansioso para a lua de mel, com todo respeito meu amor. – disse beijando a mão de Tasha. Ela apenas sorriu. Eu corei levemente com o olhar de Dimitri sobre mim.

– Claro, meu bem. – disse ela pra Jesse. Ela voltou-se para mim. – Acho que Rose não é o tipo de mulher que fez o favor de se guardar para a lua de mel. – falou. Lissa apertou minha mão na mesa e me olhou pedindo mentalmente para que eu me acalmasse. Eu apenas sorri quando Dimitri ficou sério, encarando-a.

– Assim como você, que dormiu com todo o time de basquete no segundo ano. – eu entortei a cabeça para o lado fingindo pensar. – Ou foi o time de futebol? – consegui. Tasha estava claramente com raiva. Dimitri a encarava incrédulo. Acho que contei um dos segredos de Tasha.

Quando ela namorava Dimitri eu descobri que ela tinha um caso com a metade do time de futebol da escola e que eles faziam favores para ela em troca de sexo. Dimitri parecia não perceber os olhares dos amigos, mas André sempre percebeu e me contava os detalhes sórdidos.

Eu tenho uma leve impressão que agora ele tinha percebido.

– O que foi Tasha? – perguntei. – Perdeu o dom da fala? – ela ainda me encarava em silêncio.

Jesse encarava o vazio, enquanto Cristian ficava com olhar divertido para tudo aquilo, mesmo se tratando de sua irmã. Lissa ainda estava quieta ao meu lado. Apenas avaliando as ações de Tasha. Vikka parecia entretida com a comida, mas não deixou de perceber toda a tensão. Natasha me surpreendeu ao sorrir pra mim. Eu levantei o cenho.

– Rose não é capaz de guardar para um homem, porque uma noite inteira na cabana com Dimitri não deve ter sido resumida em dormir. Deus sabe o quanto ele pode nos convencer a ficar acordada. – eu mordi a boca com todo o ódio que eu queria descontar na cara dela. – Deus e... Eu. – Ela se debruçou sobre a mesa, tentando olhar ainda mais nos meus olhos. – Como é lidar com palavras vazias? – sussurrou. Eu demorei a entender, até Dimitri se mexer desconfortável ao meu lado. – Acho que nem todo mundo é honesto com você, Rose. – ela olhou para Dimitri e entendimento me invadiu.

Eu te amo.

Tasha podia ser uma vadia. Mas ela não falava nada sem pelo menos um fundo de verdade. Eu pisquei atônita e encarei Cristian que tinha uma expressão fria em direção à Tasha. Eu pigarreei.

– Com licença. – levantei-me rapidamente. Quando percebi já estava indo em direção ao lado.

Andei o mais rápido possível até o lago. Na verdade eu nem sabia pra onde ir. Eu só precisava sair dali e respirar um ar que fosse leve. Tasha não podia ter dito aquilo. Eu estava disposta a me casar e superar toda a raiva de Dimitri e tudo o que eu passei durante um ano.

A morte dos pais de Lissa. A morte do André que era como um irmão mais velho e que cuidava de Lissa e de mim com o mesmo amor e carinho. A noite da cabana. O dia seguinte. Meu coma. Eu ganhar um irmãozinho. Tudo isso estava pesando em mim e não sabia como sair. Nem o ar puro da casa do lago estava me ajudando.

Passei as mãos pelos meus cabelos soltos e me deixei ficar desesperada por um segundo apenas. Até eu escutar alguém atrás de mim e me virar tentando segurar as minhas lágrimas dentro do meu peito por mais algum tempo.

– Hey, você está bem? – perguntou Lissa. Eu queria mentir e manda-la voltar para o jantar mais eu precisava dela comigo. Eu a queria comigo. Eu não estava bem.

– Eu só preciso de ar fresco. Só isso. – ela assentiu se aproximando.

– Eu também. Tasha e Dimitri estavam se olhando de um modo estranho. – disse por fim. Eu a encarei.

– De que modo? – perguntei.

– Ela estava suplicante e ele parecia que ia fuzilá-la. – ela deu de ombros. – Isso você não se vê todos os dias. Ele ficou visivelmente irritado com o que ela te disse.

Eu balancei a cabeça para os lados.

– Ele só se importa com ela Lissa. Não liga para o sentimento das pessoas. – disse enquanto me sentava na grama. Lissa acompanhou meu gesto como fazíamos todas as vezes que víamos para cá.

– Sabe Rose, você não me disse tudo que eu queria saber. – murmurou. Meus olhos fixos no lago desviaram-se para seus olhos verdes.

– E o que é? – perguntei.

– Porque bebeu naquela noite? Porque não estava com Dimitri? – ela me deu o último soco no estomago da noite e as lágrimas caiaram freneticamente por meu rosto. Ela se desesperou por alguns segundos e depois me abraçou. – Eu disse algo de errado? – perguntou ainda comigo em seus braços.

Eu precisava daquele momento. Eu quase não o tinha com Lissa e precisava daquilo ou ia enlouquecer. Eu tinha que proteger a todos, mas a pressão de saber que eu era o alvo era muito grande.

– É complicado. – retruquei, já mais calma.

– Descomplique. – murmurou. Eu me desvencilhei de seus braços.

– Ele escolheu a Tasha. – falei. Ela arregalou os olhos. – Ele sempre vai escolhê-la. Ele gosta dela. – Lissa abriu a boca mais eu a interrompi. – Ele a ama.

– Rose, eu preciso te dizer uma coisa... – algo a interrompeu. Algo que vibrava vindo da minha jaqueta. Eu peguei meu celular no bolso do casaco e encarei o nome de Sonya. Depois de alguns minutos eu atendi.

– Sonya? – perguntei ainda duvidosa.

Rose? Preciso que volte agora! – eu estaquei. Eu estava começando a odiar as ligações de Sonya.

– O que houve? – perguntei. Lissa me encarava louca para saber os motivos da ligação.

Só preciso que volte. – falou. Ela parecia nervosa. – É importante. – ela respirou de um modo pesado. – E não conte a ninguém. Ninguém mesmo. Nem mesmo para Dimitri. Invente algo e saia daí.

Então algo me ocorreu.

Herdeira. Dragomir. Filho perdido.

– Aonde eu te encontro?

No hospital. Vou estar de plantão, vem direto para cá. Você entendeu? Não desvie o caminho, só vem para hospital.

– Ok. – falei antes de desligar. Lissa me encarava curiosa, mas eu não podia falar nada ou ia me entregar. Eu sempre menti mal e ela sabia disso.

Eu apenas a ignorei e comecei a dar passos largos até a casa. Eu sabia que Lissa estava atrás de mim e aquilo doeu. Ignorá-la e mantê-la fora de tudo aquilo doeu, mas eu não tinha mais opções, senão esconder isso dela até ter tudo confirmado.

Por alguma infeliz coincidência do destino, Dimitri estava saindo da casa. Ele não deu mais nenhum passo quando me viu. Sua expressão séria se tornou pânico quando viu que eu ignorava Lissa que vinha logo atrás de mim. Aproximei-me dele o suficiente para consegui sussurrar:

– Eu vou embora. – e então sem esperar uma resposta eu entrei na casa e ele me seguiu.

Ótimo Rose! Agora tem duas pessoas querendo respostas no seu calcanhar! – me xinguei.

– Rose! – gritou Dimitri. A essa altura Lissa já tinha parado na porta, com certeza por ter se cansado. Eu costumava ser mais resistente que ela em corridas ou qualquer coisa física que praticássemos.

Subi as escadas pisando o mais forte possível. Eu estava com pressa, nervosa e com medo. A última vez que Sonya me ligou desse jeito eu descobri que estavam tentando matar as pessoas que eu amo e agora tinha mais coisas em risco. Como por exemplo, o irmão ou irmã de Lissa.

Escancarei a porta do meu quarto e fui à procura da minha carteira. Não me importava de deixar as minhas coisas aqui. Eu tinha muito mais roupa do que eu precisasse, eu só tinha que sair dali o mais rápido possível.

Dimitri fechou a porta atrás de si, depois que entrou no meu quarto, mas eu não me importei de olhá-lo, ou observar sua expressão séria novamente. Eu só tinha que sair dali.

– Rose o que houve para você querer ir embora? – perguntou. Ele parecia desesperado, mas eu ainda procurava minha carteira em meio a minha bagunça particular. – Rose se for por causa do que aconteceu no jantar, me desculpe. Eu nunca mais faço aquilo.

Sim, eu estava com vontade soca-lo.

Sim, se ele continuasse falando eu ia soca-lo.

Sim, ele desviaria do ataque antes mesmo que minha mão saísse de perto do meu corpo.

Finalmente eu encarei a sua face. Ele tinha uma expressão de culpa agora. Eu só tinha visto Dimitri com esse olhar uma só vez. Quando eu o flagrei com Tasha há um ano.

Eu examinei aos poucos a possibilidade de soca-lo. Oh Sim, eu ia socá-lo mesmo. E então eu lembrei que tinha que sair dali e minha mente lembrou exatamente aonde eu tinha deixado a minha carteira. Segunda gaveta da cômoda.

Fui até a cômoda e abri a segunda gaveta. Lá estava a minha carteira. Peguei-a e depois o encarei. Ele parecia examinar todas as minhas atitudes pronto para me chamar de criança ou implorar para que eu ficasse.

Eu fitei-o mais a fundo agora.

Eu queria dizer para que eu ia embora, mas o jantar com Tasha e Jesse e as provocações eram a única opção para que eu conseguisse sair dali. Por mais que eu não acreditasse no amor que ele dizia sentir, eu via o modo como ele ficava abalado quando eu lembrava do que tinha acontecido. Ou quando eu o provocava como fiz com Jesse antes do jantar. Ele perdia o controle. Era o único jeito de não fazê-lo me interrogar ou querer me levar. Era magoá-lo.

Se vingue, Rose. Pelo que ele te fez. – pensei.

Não. – me respondi.

Mais era preciso e eu ia fazer.

– Por favor, fala alguma coisa. – implorou aproximando-se. – Eu gosto do som da sua voz, nem que seja me xingando.

Eu fiz um discurso mental que poderia possivelmente magoá-lo. Mas eu tentaria resolver isso depois. Eu só precisava ir atrás de Sonya.

– Você quer saber o seu dom? – perguntei ainda calma. Ele continuou encarando-me tomando uma distancia segura. – Você magoa as pessoas. Você as usa e quebra o coração delas. – eu respirei enquanto seus olhos pareciam espantados. – Você me seduziu naquela cabana e acabou com a minha vida no dia seguinte. Eu morri por sua causa duas vezes. Duas vezes. E acredite quando eu digo, que quando você estava se agarrando com a sua ex, foi a primeira vez que eu morri. Aquele coma não foi nada comparado ao que eu sofri quando eu acordei.

Eu joguei a carteira em cima da cama aumentando a tensão no quarto, parecendo furiosa. Ele parecia acreditar e não mexia nem o peito. Parecia não respirar. Eu me senti mal por aquilo mais de algum modo eu precisava daquilo. Eu ansiava por aquelas palavras há muito tempo.

– Você acha que eu sou o que? – perguntei entre sussurros. Eu mantive minha voz serena o tempo todo, para que só nós dois escutássemos aquela discussão. – Um brinquedo? Você contou sobre a cabana pra ela. Devem ter tido algo para zuar juntos depois.

– Rose... – ele tentou me interromper, mas eu levantei o dedo para fazê-lo parar o que quer que fosse falar.

– Para. – ele calou-se quase instantaneamente. – Você quer uma resposta sobre o que eu acho de me casar com você? Eu te dou a resposta. – ele me olhou com um pouco de brilho nos olhos. – Você me fez sofrer o inferno. Você foi embora e abandonou a todos quando mais precisavam. Você perdeu um amigo, um irmão e simplesmente foi embora, porque não sabe ligar com a dor de perder alguém. Você é um covarde. Um estúpido covarde. – eu respirei, mas logo voltei ao mesmo tom severo. – Antes que eu te jogasse no lago você disse que eu só me importava comigo mesmo, mas não sabia nada sobre mim. Nunca soube o que é ser a decepção da família. Meu pai me olhava com tristeza, porque eu nasci para ser a droga da sucessora e só serve para fazê-lo pagar o balé. Ai quando eu recebo a noticia de um irmão a caminho e penso finalmente estar livre, você volta e muda tudo. Joga a minha vida de cabeça para baixo e faz aquela maldita dor voltar. – ele estava com lágrimas? Aquilo eram lágrimas? – É isso que você faz, camarada. Você trás a dor para minha vida. A dor do abandono. E quanto a me casar com você? – perguntei irônica, lhe dando um risinho sem humor. – Eu não sou a Tasha. E você não me ama como ama a ela. Você só sente remorso, por ter magoado uma estúpida mimada idiota. – repeti as mesmas palavras que ele me disse antes que eu o jogasse no lago. E finalmente uma lágrima caiu de seus olhos. Seu rosto estava inexpressível. Ele não limpou as lágrimas apenas continuou me observando pegar a carteira na cama e passar por ele.

Eu bati a porta.

Resolvido. Ele não viria atrás de mim.

Continuei andando pelo corredor até a escada e pensei que todos estavam dormindo pelo fato das luzes do quarto estarem apagadas. Passei pelo quarto de Jesse e Natasha, e constatei as luzes acesas, mas não tive curiosidade de saber o que eles estavam fazendo.

Dimitri ia avisar para Alberta com toda certeza que tinha saído e eu sabia onde ficavam as chaves do carro, sabia dirigir e sabia voltar pra casa. Eu só precisava daquele tempo para conseguir digerir a conversa com Dimitri. Eu tive a intenção de magoá-lo e me magoei também.

– Rose? – escutei alguém sussurrar do fim do corredor. Eu já estava quase perto das escadas quando me virei e Vikka andava em passos largos até mim. – Eu vou com você.

Eu arregalei os olhos. Sonya tinha sido bem clara.

– Não. Você não vai. – falei. Ela revirou os olhos.

– Por favor. Eu não aguento mais a Tasha e o Jesse. Me deixa ir.

– Não. – disse. Ela fitou-me com carinha de cachorro pidão. – Vikka está escuro e é perigoso você vir comigo sem seu irmão deixar. Eu sou a rebelde maluca, você não tem que ser também.

– Rose, eu me resolvo com o Dimka depois, eu prometo. Agora vamos. Por favor. – suplicou. Algo em seus olhos me chamou atenção. Eram iguais aos dele. Iguais ao de Dimitri. Eu revirei os olhos.

– Vamos logo. – murmurei.

Nós chegamos à BMW de Alberta depois de cinco minutos caminhando até o lugar aonde ela tinha mandado estacionarem os carros. Eu e Vikka entramos e em meia hora estávamos na estrada, prontas para voltar para a sociedade e para a internet.

Ela já tinha o celular em mãos pronta para se conectar com qualquer mundo virtual. Eu sorri para isso e ela pareceu perceber. Apertei ainda mais o volante quando me voltei para a estrada e algo me chamou atenção. O cheiro dentro do carro estava forte.

A estrada estava escura e aquele cheiro não me era estranho.

– Rose. – Vikka me tirou dos meus devaneios.

– Sim?

– Você e meu irmão estavam brigando? – perguntou. Eu me mexi desconfortável no carro. – Eu vi quando você e a Lissa estavam voltando do lago e você disse a Dimitri que ia embora. Ele ficou bem mal quando você saiu da mesa.

– Ele vai ficar bem. – foi tudo que eu disse. Ela sorriu.

– Eu fico feliz. – murmurou. Eu a encarei, confusa. Ela estava sorrindo.

– Com o que? – perguntei. – De voltar a ter sinal de internet no celular? – brinquei. Ela gargalhou.

– Também! – falou. – E pelo fato de você estar realmente entrando para nossa família.

Eu engoli a seco.

– Vikka, eu e seu irmão... – eu me interrompi para procurar pelas palavras certas. – É complicado.

– Eu sei. – disse. – Por isso são tão perfeitos um para o outro.

Eu não pude deixar de sorrir. Eu pensei a mesma coisa que na cabana. Isso fez meu coração se apertar por aquelas palavras ditas à Dimitri.

– Talvez. – murmurei. Vikka apenas sorriu.

Depois de alguns minutos de silencio o cheiro estava ficando insuportável e eu olhei para Vikka que fazia a mesma cara que eu para o cheiro no carro. Era um cheiro forte e eu não me lembro de Alberta reclamar de algum defeito nesse carro.

– Rose para o carro. Talvez não seja um problema sério. – eu assenti. A estrada estava vazia não prejudicaria ninguém se parássemos um pouco.

Pisei no freio, só que o carro não me obedeceu, pelo contrário ele parecia acelerar mais, quando na verdade era para estar parando. O cheiro só fazia aumentar. Tentei focar na estrada, mas eu estava ficando cada vez mais tonta com aquele cheiro e Vikka também parecia atordoada.

Mordi a boca em busca de uma solução para aquilo. Tentei pisar no freio novamente, mas esse não me obedecia. Algo me bateu com força. O freio foi cortado.

– É claro que foi. – pensei alto. Vikka tossiu desesperadamente e me encarou.

– O que disse? – perguntou. Eu já estava tonta com tudo aquilo e só via uma solução antes que aquele carro explodisse a nós duas.

– Que é para você pular.

– O que? – gritou. – Eu não posso fazer isso. Ficou doida.

– Viktória, o freio não está funcionando. – aquelas palavras não saíram do modo tranquilo que imaginei dizer. Vikka me encarou espantada.

– Ah meu Deus, Rose. – gritou. – Você pegou um carro com problema? – eu a encarei distraindo-me da estrada.

– Não. – eu disse. – Colocaram o problema nele para nós.

– E o que fazemos agora? – perguntou. Pude ver as lágrimas no seu rosto. O freio não estava funcionando, e eu supus terem o cortado. Só tínhamos uma solução.

– Nós pulamos. – falei. Ela estacou.

– Nós o que? – murmurou.

– Quando eu disser nós abrimos a porta e pulamos. O carro não vai parar Vikka e o cheiro aumenta a cada segundo, quando a nossa velocidade tenta diminuir. O carro vai explodir logo e nós não temos tempo. Se quisermos fazer isso, tem que ser agora. – disse entre gritos.

– Rose... Eu não vou conseguir. – sussurrou. Eu fiquei em silêncio por alguns instantes. Eu também não sabia se ia conseguir.

– E perder meu casamento? – brinquei. Ela sorriu.

– Acho que não. – murmurou Vikka. Eu assenti. Nós respiramos juntas e sabíamos o que fazer agora. Nós íamos pular.

Olhei para Vikka novamente e ela já tinha a sua mão na porta.

– Quando eu reduzir a velocidade para saltarmos o carro vai explodir. Preciso que pule e se afaste o mais rápido que der. – ela assentiu ainda relutante. Esperamos um tempo e eu tomei coragem para reduzir a velocidade. – Vikka agora. – gritei.

Vikka demorou um tempo, mas logo o espaço ao meu lado estava vazio. Meu coração se apertou ao vê-la se atrapalhar na hora de saltar, mas o seu grito no meio da estrada escura, me fez perceber que ela estava bem.

Era a minha vez agora.

Respirei fundo e tirei uma das mãos do volante. O cheiro estava forte o que me fez perceber que o carro ia explodir a qualquer minuto e eu ainda estava lá, ou perto o suficiente. Vikka me gritou da estrada e eu abri a porta do carro, me jogando em seguida.

Rolei umas cinco vezes pelo asfalto, enquanto o carro continuou andando. Consegui me mover para vê-lo. Ainda estava tonta, mas consegui ver quando ele explodiu. Senti uma alivio por não ter ninguém nele.

Alguém tocou as minhas costas, enquanto eu estava ali, de bruços no asfalto. Era Viktória. Ela tinha sangue por seu braço. Parecia que ia ficar um machucado bem feio ali. Mas não tão feio quanto a cara que ela fez quando olhou para o meu rosto. Eu senti algo queimar e quando levei um dos dedos para a minha testa constatei que estava sangrando.

Devia ter um corte ali. Então minha mente vagou por algum momento aonde eu possa ter conseguido aquele machucado. Lembrei-me de que quando me joguei do carro e antes de rolar, fui com a cabeça direto ao asfalto.

Relaxa Rose. Se continuarem tentando matar você, um dia você aprende a saltar de carros. – pensei.

Vikka me ajudou a sentar, mas seus braços estavam em volta de mim, caso eu ficasse tonta.

– Você está bem? – perguntou Vikka. Tentei me focar nos olhos dela e achar a minha voz, mas tudo o que eu consegui foi cair nos braços dela de vez e me entregar à escuridão total.


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Notas finais do capítulo

Comentem e me digam o que acharam da capa e da fic.
Não demoro a postar o próximo já que vocês devem estar ansiosos para saber se aconteceu algo com a Rose? Será que aconteceu?



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