A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 2
I'm In


Notas iniciais do capítulo

Eu amei os comentários. Foi motivador. Obrigada mesmo por eles. Foi um sinal verde para eu continuar e prometo não decepcioná-los.
Segue mais um capitulo. Espero que gostem!



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Eles não nos perceberam.

Dimitri me puxou de lá antes que eles nos vissem.

O caminho foi silencioso. O jardim estava apenas com as luzes externas. Não conseguia mais ver os seguranças. Agora era Dimitri e eu, caminhando lentamente para aquela droga de coreto. Pensamos igual, apesar de não trocarmos nenhum olhar. Acho que ambos não estavam em clima para uma festa de negócios chata.

Dimitri estava com aquela máscara séria. A máscara que eu odiava. Tasha tinha sido a sua primeira paixão, ele tinha 15 anos. Pelo o que André contou para mim e Lissa, ela tinha traído ele com um de seus amigos mais próximos. Depois disso lembro-me dele ter se fechado e aquela implicância que tínhamos um com o outro virou apenas patadas e olhares pesados. A tinta no shampoo e as armadilhas de água tinham acabado.

E em relação ao Jesse eu vi que não estava perdendo muita coisa. Confesso que tínhamos ficado algumas vezes e o meu coração batia mais forte quando estava com ele, mas nada que eu não pudesse superar. Eu era esperta o suficiente para não me apegar ao garanhão da escola.

Então, eu não estava totalmente abalada. Eu poderia estar chocada pela falta de compostura, mas não estava abalada e com vontade de chorar. Na verdade, era cômico. Lissa tinha me dito que isso poderia acontecer. Só não previ que poderia ser com Tasha Ozera envolvida. E muito menos que eu estaria agora, com uma pessoa insuportavelmente gostoso do meu lado, com sua cara mais debilitada, porém rígida, sofrendo por dor de corno.

Depois de alguns minutos em devaneios eu tropecei ao perceber que ele tinha parado. Eu observei seu rosto nas poucas luzes do enorme jardim e me aproximei mais dele. Ele não tinha mais aquela máscara séria, agora era uma mistura de surpresa e espanto.

– O que foi? – perguntei. Ele arfou.

– É claro. – falou. – Por que eu não pensei nisso antes? – murmurou para si mesmo. Eu rolei os olhos. Não era boa em lidar com pessoas falando para nada.

– Ficaria mais fácil eu responder essa pergunta se você parasse de falar sozinho. – falei. Ele olhou diretamente para mim. Eu estremeci por poucos segundos.

– Abe te falou o motivo do jantar? – perguntou. Só então eu reparei em suas roupas. Ele estava de terno e gravata. Ele ficava não tão ruim assim. – pensei.

– Não. – falei. Ele sorriu de um jeito sinistro.

– A Tatiana está aqui por causa da disputa. Pelo novo presidente da empresa. – falou. – Seria fácil para Tasha juntar a empresa dos Ozera com os Zeklos, já que nós estamos fora da competição. – disse por fim. O entendimento passou por mim.

É claro. A vadia era esperta.

Lissa e eu ainda não erámos maior de idade. Tínhamos 17. Ao contrário de André que assim como Dimitri e Tasha, tinha 19. No verão passado, quando os pais de Lissa e André sofreram um acidente de carro, e morreram, tudo que ela tinha ficou sobre responsabilidade do meu pai, que era sócio de Erick, assim como Olena Belikov, a mãe de Dimitri.

Lissa morava conosco desde então, mas eu sabia que ela não estava ansiosa pela maior idade, afinal não tinha nenhum interesse nos negócios do pai, quem iria assumir era André. Sendo assim, ela assinou um termo passando tudo para o nome do meu pai. Ele relutou um pouco, mas aceitou. Seu namorado, Cristian tinha a mesma idade que nós duas, mas estava lutando com Tasha para que conseguisse assumir os negócios da família em seu lugar. Seus pais também tinham morrido, mas a mais tempo que os de Lissa. Eles foram criados por uma governanta, mas cresceram no mesmo ambiente que eu e Lissa.

Eu estava com raiva de mim. Fui boba o suficiente para deixar Jesse saber que eu não queria a empresa do meu pai e que o próprio estava esperando Joshua nascer e ter a idade certa.

Mas seria tarde. Tatiana Ivashkov não queria mais a responsabilidade de dirigir múltiplas empresas e sendo assim, ela abriu uma competição para as cinco famílias. Quem ganhasse seu respeito e lealdade, e mostrasse os herdeiros perfeitos ganhariam. Meu pai, Olena e Erick eram um só, já quem ambos eram sócios. E os Zeklos e os Ozera seria fácil de serem derrotados. Até agora.

Eu olhei para Dimitri. Ele tinha uma postura rígida. Como se estivesse prestes a socar alguém a qualquer minuto. Eu não pude resistir ao impulso de dar um passo para trás.

– Ainda temos você. – sussurrei. Ele balançou a cabeça para os lados.

– Estamos desestruturados. – falou. – Viktória é muito nova ainda, ela tem apenas 16 anos e Lissa reivindicou a qualquer direito.

Uma dor me atingiu. Viktória, a irmã mais nova de Dimitri, era um dos poucos motivos de eu frequentar a casa dos Belikov. Apesar de Olena ser como uma segunda mãe, seu filho mais velho ainda era um babaca.

– Só tem nós dois, Hathaway. – ele estava claramente nervoso. – E você não quer nada disso. – eu hesitei por alguns instantes. Ele estava confirmando. Por fim, eu assenti. Ele prendeu a respiração por alguns segundos e depois soltou pesadamente.

– O que vamos fazer? – perguntei. – Eu não sirvo para nada disso. – falei. Ele assentiu.

– Eu me preparei a minha vida toda para isso, Rose. Não vou deixar que a Natasha estrague a vida da nossa família. Ela terá poder para tirar qualquer um da empresa no momento que assumir o lugar de Tatiana. – eu engoli a seco. Odiava quando ele estava certo.

– Odeio quando você está certo. – falei. Eu pude ver uma sombra de sorriso.

– Acredite Rose. Eu odeio estar certo sobre isso também. – falou. Eu mordi os lábios e percebi quando sua máscara séria voltou. Ele encarou o nada por alguns segundos e depois se voltou para mim. Dessa vez, aquele sorriso cafajeste estava de volta. Eu arfei.

– O que está pensando? – perguntei. Ele continuava sorrindo.

– Temos um mês. – falou. – Um mês para ajudar aos nossos pais e para fazer sacrifícios. – ele olhava diretamente nos meus olhos agora.

– O que está querendo dizer com sacrifícios? – eu tremi novamente. Dessa vez ele percebeu e tirou seu paletó para dá-lo a mim. Eu aceitei. Estava realmente uma noite fria.

– Estou tendo uma ideia, Rose – ele abriu mais seu sorriso. – Não será tão ruim. – murmurou para si mesmo.

– Fala logo, Belikov. – explodi. Ele gargalhou.

– O que você acha de um namoro? – perguntou. – Se mostrarmos para Tatiana que estamos unindo nossas famílias desse jeito, ela não vai fazer nada a não ser ver o quanto três famílias, soam mais forte que duas.

Eu arregalei os olhos. Essa proposta era inusitada para mim. Ele era ultima pessoa no mundo pela qual eu não esperaria essas palavras.

– Dimitri, todos sabem que sempre nos odiamos. – eu disse. – Isso simplesmente não pode dar certo. – ele pareceu pensar por poucos segundos.

– É fácil dar um jeito nisso, Rose. – eu respirei pesadamente. E nós dois pulamos com o susto. As luzes externas estavam se apagando. O lugar estava ficando escuro, com somente as estrelas e os olhos chocolate de Dimitri. Talvez sejam problemas técnicos com as luzes. Nada de pânico, Rose. – pensei.

– Você sabe como? – perguntei já um pouco irritada.

– Se você aceitar, eu sempre vou saber o que fazer. – falou. Eu conseguia ver irritação da situação com Tasha nos seus.

– Você está querendo dizer o que? – perguntei ainda parada no meio do jardim. Eu consegui olhar seus olhos chocolate ainda que estivesse escuro. Ele parecia estar com seu pior humor.

– Estou te fazendo uma proposta, Hathaway. – disse Dimitri.

– É arriscado. Podem pegar a gente. E ai, vai tudo por água abaixo. – disse. E ele sorriu. Eu só via aquele sorriso quando ele pensava em arrancar a cabeça das minhas bonecas com a ajuda de André, o irmão de Lissa, que falecera no verão passado.

– Adoro coisas perigosas. – ele se aproximou mais de mim. – Como você. – sussurrou. Eu deixei um gemido escapar pela minha boca. Não, rose. Controle-se. Você detesta esse garoto.

E foi ai que eu realmente pensei, e se ele estivesse certo? E se a nosso futuro dependesse dessa proposta? E se nós dois pudéssemos deixar as desavenças e seguir com um plano maluco e insano para ajudar a quem amamos?

Isso poderia dar certo. Ou ser a nossa ruína.

Eu estava prestes a dizer alguma coisa, mas Dimitri mudou seu olhar para longe, eu sabia que ele encarava alguém, pois ele ficou rígido. Meu coração acelerou. E se alguém tivesse escutado?

– Tem alguém atrás de mim? – ele assentiu. Eu estaquei. Ele se aproximou ainda mais, fazendo nossos corpos ficarem a centímetros do calor um do outro. Eu nunca havia estado tão perto dele em uma vida de convivência. Ele finalmente olhou nos meus olhos.

– É a Mia Rinaldi. – sussurrou colocando as mãos em minha cintura. Eu pisquei algumas vezes com o seu toque.

– Ela nos ouviu? – perguntei aos sussurros.

– Não. – falou. – Ela está no coreto e está olhando para nós dois. – sussurrou. Ele se aproximou ainda mais de mim. Como se fosse possível.

O coreto ficava a uma boa distancia de onde estávamos. Com sorte ela conseguiria identificar quem era o casal tão próximo no meio do jardim quase totalmente escuro.

Eu respirei fundo e ainda com o paletó de Dimitri me aquecendo, passei meus braços ao redor de seu pescoço, xinguei mentalmente quando ele também passou seus braços ao redor da minha cintura e me puxou para ainda mais perto. Agora estávamos colados e entregues a sorte. Eu peguei seu olhar antes de começar a falar.

– Se você quer espalhar uma fofoca durante uma festa que Mia Rinaldi esteja, faça com estilo. – murmurei. Ele levantou as sobrancelhas. Eu preciso aprender a fazer isso.

Eu não o deixei esclarecer a duvida em seu rosto.

Eu o beijei.

Foi algo quente apesar de se tratar do Belikov que eu conhecia desde pequena e que me importunava. Dei espaço para a sua língua. Ele não parecia relutante ao me beijar, pelo contrário, o beijo ia ganhando cada vez mais intensidade ao decorrer daqueles poucos segundos. Deveria ser real, então eu fiz parecer real.

Assim que me separei dele por falta de ar, ambos estavam surpresos. Nossas bocas estavam separadas apenas por muito pouco espaço. Em um ano que eu fiquei longe de Dimitri, eu agradecia mentalmente todos os dias. Ele era chato, implicante, cafajeste e irritante. Nunca na minha vida eu pensei estar com ele numa situação dessas e acho que ele também não.

Dimitri me olhava de um jeito assustado. Mas depois deixou que seu sorriso típico suavizasse seu olhar. E aí eu me forcei para não jogar ele para longe de mim. Mia ainda poderia estar nos olhando.

– Isso que você acabou de fazer quer dizer que... – ele se interrompeu e me apertou mais a ele. Eu dei o meu melhor sorriso matador de homens e o senti tremer ainda com seus braços ao redor de mim.

– Que eu topo.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro!
Por favor, comentem!



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