A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 12
Spiritual - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Passei bem rápido para agradecer os comentários e as recomendações.
Eu chorei quando li. Muito obrigada.
E quanto aos comentários? Simplesmente perfeitos. Amo vocês!

Segunda parte meus amores!



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– Vem logo. – disse Dimitri, enquanto me puxava para fora da cabana.

– Você quem é o culpado. – falei apertando a minha mão à sua enquanto ele me puxava.

– Eu?

– Sim. – falei. – É esse presente número sei-lá-o-que. – ele gargalhou.

– Está se referindo aos saltos? – perguntou.

– Sim. – murmurei. Ele me parou e quando olhei para minha frente, sorri.

Ainda estávamos próximos da cabana e a floresta ainda estava iluminada por velas, agora com uma cesta de piquenique e com um pano branco estendido no cão. Estava claro por causa das luzes à vela e eu com toda certeza já o tinha perdoado.

Ele sorriu ao meu lado, encarando a minha boca se abrindo em surpresa. Eu olhei para ele finalmente, mas ele não disse nada. Apenas me puxou, com nossas mãos entrelaças. Eu queria tanto que meu coração esquece tudo que aconteceu. Eu o queria tanto.

Quando nos sentamos no pano e ele virou-se para abrir a cesta, eu finalmente me dei conta. Olhei para o anel em meu dedo, confusa, e então senti o olhar de Dimitri.

– Cadê o número dezoito? – perguntei. Ele sorriu. – Não foi o anel.

– Não, não foi. – disse. Ele colocou a cesta em seu colo. Ele a abriu novamente e dessa vez sorriu de modo travesso, tirando uma caixa como a que Lissa me dera de manhã com a chave. Eu engasguei. Ele também tinha uma?

– Esse também não é. – falei. Ele sorriu deixando a cesta de lado, apenas tirando a chave da pequena caixa.

– Esse presente e o anel eram um conjunto. – ele me encarou. Seu rosto na luz de vela ficava ainda mais lindo. Seus olhos eram quentes e confortáveis. Eu só queria mergulhar neles e não voltar mais.

– Como assim? – perguntei.

– É a chave da nossa casa. – falou. Eu abri a boca em surpresa. – Em Nova York.

– Nova York? – perguntei. Eu não acredito... St. Vladimir. – Dimitri... – hesitei antes de concluir qualquer raciocínio, depois de seu nome.

– Você vai para a St. Vladimir, Roza.

Eu poderia beijá-lo. Mas ele falou de novo... Roza. Eu admito adorar o apelido, mas me lembra daquela noite e eu não gosto de pensar o que aconteceu depois.

– Como assim? – repeti. Ele gargalhou, estendo-me um papel.

Eu abri ainda nervosa. Era um recibo. Um recibo da St. Vladimir. Eu sabia que mesmo com bolsa, eu teria um prazo limite para fazer a matricula e eu já o tinha perdido. Eu sabia que se eu conseguiria permissão para aquilo, eu só poderia repetir no ano que vem. Mas aparentemente, Dimitri se adiantou.

– O prazo tinha acabado. – murmurei comigo mesma. Ainda analisando o papel.

– Eu sei. – falou. – Mas desde que me contou sobre a bolsa, eu corri atrás, consegui uma cópia da sua carta de admissão e fiz a matricula.

– Você teria que ter ido até Nova York para fazer isso. – falei. Encarei-o e ele me estendeu um sorriso leve. Eu o analisei mais a finco. – Você foi à Nova York. – murmurei. Ele assentiu.

– Eu fui. – eu deixei a carta cair delicadamente em meu colo, enquanto eu tentava entender. – Por isso fiquei meio desaparecido. Mandei a Vikka falar que eu estava ocupado com o trabalho, mas depois que você sofreu o acidente e quase morreu, eu vi o quão importante você era para mim, Rose. E... – ele deu um suspiro. – Eu tinha que retribuir.

– Oh meu Deus. – sussurrei. Eu tinha pensado tão mal de Dimitri durante aqueles dias. Pensava que não ligava para mim, me consolei indo com Luke, um cara que eu mal conhecia, até lugares que me agradavam, mas durante esse tempo, ele estava me fazendo essa surpresa.

– Eu conversei com o diretor e disse que era o seu noivo, que iriamos nos casar em três meses e que você já teria 18 anos.

– Dimitri eu não sabia que você... – eu hesitei. – Que nós íamos para Nova York. – ele me encarou. – Eu sabia, mas... Eu pensei que você fosse ficar Montana.

– Eu sempre quis que você fosse comigo. – falou. – A St. Vladimir tem regras para convivência. Você deveria ter que ficar lá e só voltar nas férias da faculdade ou em feriados, mas como vai estar casada, então consegui que saísse todo fim de semana.

– Você o que...? – ele sorriu com o meu entusiasmo. – Dimitri... – eu perdi as palavras. Ele sorriu novamente.

– Você não precisa ir para casa ficar comigo, pode vir para Montana no jatinho do Abe ou da minha mãe, mas se quiser ir para o apartamento e ficar sozinha, eu dou meu jeito. Só achei que você ia querer ir para casa.

Eu sorri.

– E quanto ao apartamento? – eu disse apontando para a chave em suas mãos.

– Eu comprei. – falou. – É nosso. Fica perto do Central Park. Você vai adorar. – assenti. Eu não precisava de um apartamento, só precisava dele. – A St. Vladimir é o seu presente número dezoito.

Eu parei para pensar alguns instantes e ele me analisou.

– Não quero que saia do apartamento. – sussurrei. Seus olhos brilharam. – Eu quero você nele. – aproximei meu rosto do dele e senti uma tensão crescer entre nós. – Afinal, você sabe cozinhar. – ele gargalhou, jogando sua cabeça para trás.

– É. – concordou. – Eu sei.

– Obrigada. – murmurei quando ficamos em silencio novamente. – Mas, você é tudo que eu preciso.

Ele me encarou por alguns instantes e aproximou seu rosto novamente do meu, me deixando totalmente alerta. Cada sentido do meu corpo se ligou. Foi como ascender uma lareira.

– Somos dois então. – murmurou.

Ele me analisou por mais alguns minutos, intercalando seu olhar entre a minha boca e meus olhos e então, ele me beijou.

Ah meu Deus!

Não era um beijo faminto.

Era o beijo.

Era tão calmo e sereno, como no dia da cabana. Suas mãos na minha cintura me puxando levemente para ele, minhas mãos em seus cabelos sedosos e somente nós dois, com todo o amor que eu sentia por ele.

Pera... Eu sentia?

Então como uma criança leva um susto quando cai em seus primeiros passinhos, eu me afastei de Dimitri. Ele me olhou assustado, mas logo entendimento passou por seu rosto e eu me afastei um pouco, procurando não tremer.

– Desculpa. – murmurei.

– Eu quis te beijar, Rose. – falou. Eu o encarei.

– Não. – gaguejei. – Não vai mais acontecer. Pelo menos, não sem você cumprir a sua promessa.

Ele sorriu, levando as mãos até meu rosto.

– E eu vou, Roza.

***

Desembrulhei mais um presente e nesse não tinha um cartão. Coloquei o porta-retrato em cima da minha penteadeira, ainda sem foto. Dimitri e seu sorriso vieram a minha mente, mas era demais para mim. Aquele beijo de ontem foi mais que o suficiente para provar para mim mesma que eu ainda o amo.

Olhei para o anel em meu dedo e o admirei ainda lembrando dos detalhes daquela noite. Eu o queria do meu lado. Ele ia me dar a St. Vladimir. Porque meu coração agia daquele jeito? Porque eu tinha tanto medo?

E se eu deixasse ele me reconquistar? pensei.

E se eu deixasse que ele entrasse novamente no meu coração, do jeito que só ele sabia fazer? E se eu deixasse ele me provar que ainda me ama do jeito que eu nunca deixei de amá-lo?

Era isso. Eu ia deixar que ele tentasse. Eu ia deixa-lo me reconquistar.

Eu sorri, com aquela decisão, mas algo me fez pular de susto. Corri até a minha escrivaninha e fiz uma nota mental de trocar aquele toque horrível que fazia qualquer um ter um ataque cardíaco.

Olhei para o visor e suspirei. Não o suspiro de antes. Mas o que previa uma bela e longa conversa. E com uma respiração tremula eu cliquei na tela e levei o telefone ao ouvido.

– Luke. Oi.

Oi. Você está fazendo alguma coisa? – perguntou. – Eu ganhei um turno na hora do jantar, o que vai me impedir de te chamar para sair, mas ai, eu ainda posso te chamar para almoçar.

– Ah, claro. – gaguejei. Ele ficou mudo por um tempo.

Está tudo bem? – perguntou. Eu não prendi o suspiro.

– Na verdade precisamos conversar mesmo. – falei. – Vou te passar o endereço por mensagem. Pode ser?

– Claro. Te encontro em uma hora. – falou.

– Obrigada. – eu disse antes de desligar.

Tristeza me abateu. Ele não era tão ruim assim. Se Dimitri não tivesse voltado e entrado na minha vida como um furacão desgovernado, pronto para acertar tudo novamente, eu não faria o que estava pensando em fazer hoje.

Com muita relutância digitei o endereço do bar do Mikhail para Luke e recebi a confirmação do almoço. Eu ia por um ponto final em qualquer coisa que pudesse acontecer entre nós dois e aceitaria a sua amizade caso ele quisesse.

Dimitri fazia parte dos meus planos agora e eu ia levar isso adiante.

Corri para o banho e depois de pentear meus cabelos e colocar uma calça jeans e uma blusa fresca, coloquei o anel de noivado que Dimitri me dera. Não lembro de ter usado da ultima vez que sai com Luke, na festa no hospital, mas teria que me lembrar hoje.

Peguei a pulseira que Lissa me dera e coloquei-a também, nunca me esquecendo de quanto ela era importante para a minha vida e que me daria forças mesmo não sabendo da existência de Luke. Olhei no espelho mais uma vez e vi uma garota bonita, noiva e confusa, mas que depois de pegar o casaco, logo resolveria isso.

***

Chegue ao bar do Mikhail e Luke já tinha se adiantado pedindo comida para nós dois. Comi o frango que só Mikhail sabia fazer, mas ainda sim tentei aliviar o clima deixando que ele falasse sobre as maravilhas de trabalhar em um hospital grande, porém pouco badalado.

Privilégios de viver em Montana. – pensei.

Observei-o a finco, enquanto ele continuava falando e engolindo educadamente as suas pequenas porções de frango. Eu realmente tinha gostado de Luke. Mais do que eu tinha idealizado. Mas ai Dimitri vinha na minha cabeça quando eu estava com ele. E melava com tudo.

– Rose... Rose... Rose... – eu o encarei e despertei do transe.

– Oi.

– O que aconteceu? – perguntou.

Eu me ajeitei na cadeira, evitando tremer, mas ele de alguma forma percebeu, colocando a sua mão em cima da minha. Eu o encarei por alguns segundos, petrificada.

A sensação do toque dele na minha pele, não era a mesma da pele de Dimitri. Não tinha a eletricidade. Não tinha a vontade de tocá-lo mais. Não tinha nada além de uma mão em cima da outra e isso me fez despertar.

– Nós precisa... – eu juro que ia terminar a provável frase, mas algo me fez virar para o lado. Talvez a paixão pelo pós-barba de Dimitri irradiada pelo bar, que estava mais forte ao meu lado.

– Olá. – disse Dimitri. Ai meu Deus! Meu coração.

Ele pegou a cadeira da mesa ao lado que estava vazia e virou-a ao lado contrário, sentando-se e encostando os cotovelos nas costas da cadeira, encarando a mim, Luke e depois nossas mãos. Sempre com um sorriso sínico que eu sabia exatamente no que ia dar.

– Oi. – disse Luke. Ele franziu o cenho.

– Sou Dimitri Belikov. – disse ele. Ele me encarou. Eu senti algo nos seus olhos. Raiva, indignação... Mágoa. – E você é...?

Luke piscou algumas vezes percebendo a petulância, mas logo se recuperou quando eu assenti para que ele prosseguisse aquele diálogo sem futuro.

– Luke Lorenzi. – disse. Dimitri deu uma gargalhada sem humor.

– O novo médico. – murmurou. Ele olhou novamente para as nossas mãos e eu segui seu olhar, finalmente retirando a minha mão dali com um só puxão. Luke me olhou confuso.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou Luke. – O almoço é particular, não em trio.

Dimitri sorriu novamente sem humor.

– Claro. – falou. – Vou deixar você almoçar com a minha noiva e sair por ai de mãos dadas com ela. O que você acha? – perguntou. Eu revirei os olhos.

Tinha um tom frio e eu não gostei nada.

Luke me olhou e depois, magicamente, percebeu meu anel. Dimitri empurrou a cadeira para frente e se levantou. Quando fazia aquilo parecia o garoto rebelde e galinha que já fora um dia.

– Não vou mais incomodar. Tenham um ótimo almoço. – então ele saiu.

Luke abriu a boca para perguntar ou xingar ou qualquer outra coisa que eu desconhecia, mas eu levantei em um salto e já estava correndo atrás dele.

Agora eu sentia o que ele sentiu há dois anos e na noite do galpão. Era como a nossa fonte de vida estivesse se esvaindo e a única chance que tínhamos era correr e lutar por ela.

Empurrei a porta do bar, deixando um Luke confuso para trás e o percebi caminhando até seu carro. Pelo seu andar, ele estava com raiva e muito nervoso. Eu tinha que fazer alguma coisa.

– Dimitri. – gritei. Mas ele deu de ombros, continuou andando pelo estacionamento até seu carro. – Dimitri, por favor... – ele parou. E eu finalmente consegui alcança-lo.

Quando ele virou para me olhar, eu me assustei. Seu olhar estava vazio. Triste.

– O que você quer explicar? – gritou. – Era isso que você queria dizer quando colocou o anel naquela droga de escrivaninha? Você queria desistir porque já tinha encontrado alguém? Ótimo, Rose. – ele virou-se para continuar andando mais eu puxei seu braço, por sobre sua jaqueta de couro preta.

– Não tire conclusões sobre mim Dimitri. Não tire conclusões sobre o que se passa no lugar que você destruiu.

– É sobre o seu coração que estávamos falando, Rose? Porque se eu o destruí, aquele almofadinha lá dentro pode consertá-lo, não é mesmo? – ele gritava e minhas lágrimas ameaçavam cair.

– Não. – gritei. – Eu... – eu hesitei. Diga Rose, diga... Diga as malditas palavras.

– Fala Rose. – ele me olhava como se fosse a última vez.

– Eu... – Eu te amo. Fala Rose.

– Você não consegue dizer nada que não seja para droga do seu bem estar. E eu cansei. – gritou. – Eu poderia aturar tudo. Suas rebeldias, nossos desentendimentos, o fato de você se casar comigo para fins profissionais, mas isso não Rose. Isso não.

Ele levou as mãos aos cabelos que já estavam um pouco crescidos e o deixou ainda mais sexy daquele jeito bagunçado que eu tinha aprendido a gostar. O silencio tomou conta de nós por algum tempo até ele finalmente se virar para mim e dar seu veredito final.

– Eu me caso com você, não te encosto um dedo, você vai para a faculdade, eu resolvo a situação da nossa família e quando eu me formar e puder assumir tudo aqui em Montana, nos divorciamos. – ele se aproximou mais de mim. – Enquanto estivermos casados, o que vai ser uns dois anos no máximo, eu vou me manter o mais longe possível, vou me dedicar a salvar nossas famílias e depois... – ele hesitou, olhando em meus olhos. – Você fica livre.

– Dimitri... – ele interrompeu-me apenas com um aceno rápido.

– Enquanto isso... – continuou. – Destrua corações alheios no privado.

E então ele saiu. Deixando-me ali. Completamente parada.

Ele entrou no carro, e por um momento fiquei com pena de quem quer que fosse entrar no caminho dele. A sua fúria era tanta que ele poderia atropelar uma vaca inteira e ainda assim sair com o carro ileso.

Depois disso entrei no bar, pedi desculpas para Luke, que não me fez perguntas e entrei no carro que eu tinha vindo. Pensando em quão estúpida eu sou. Por que não consigo dizer as palavras? Porque não consigo?

Só então eu me toquei.

Eu nunca disse as palavras para Dimitri. Mesmo que eu sinta tudo isso por ele, eu nunca disse. Eu poderia ter dito, mas eu não disse. Ele tinha total razão de estar chateado.

O carro estava no curso certo para casa, quando meu celular vibrou no banco do carona. Sei que é completamente errado, mas eu insisti em ler.

Venha para o hospital, não vou ter tempo às quatro.

Sonya.

Joguei o celular no banco do carona e com uma carranca eu refiz a curva para o hospital. Mais uma vez o hospital.

***

Cheguei lá e mesmo tentando esconder a minha cara, Sydney mudou a sua expressão quando me viu. Ela estava parada na recepção e por um momento esqueci que ela estaria ali. Eu forcei um sorriso para a ela.

– Tudo bem? – perguntou.

– Sim. – menti. – Cadê a Sonya? – perguntei.

– No consultório. – falou. – Acho que é melhor você entrar.

– Tudo bem. – falei. Ela me deu um leve sorriso. – Você não vem?

– Não. Prefiro ficar por aqui.

Eu levantei o cenho.

– Ok.

E assim eu continuei andando. Já sabia de olhos fechados ir até Sonya. Bati na porta três vezes e escutei quando ela autorizou minha entrada. Ela digitava algo em seu notebook, até subir seus olhos e me encarar.

Ela ficou pálida por alguns instantes e depois se voltou para o computador. Eu sorri para ela. Mas ela não fez o mesmo, o que me alarmou ainda mais. Sonya sempre fora tão convidativa com todos, tão destemida e louca, que quando ela agia assim, era realmente porque estava encrencada.

– Acho melhor você sentar. – eu assenti e obedeci em imediato.

– O que houve? – perguntei. Ela me encarou por algum tempo.

– Precisamos conversar. – eu assenti e ela prosseguiu. – Syd, descobriu mais algumas coisas e eu aproveitei para checar no sistema.

– Que ótimo. – falei. Ela continuava com aquela expressão.

– Não tanto.

– O que descobriu, Sonya? – perguntei.

– Me promete que não vai pirar. – falou. Ela estava realmente encrencada.

– Fala logo. – ela se assustou por algum tempo, mas então resolveu continuar.

– Eu chequei no banco de dados do hospital, alguns nomes que a Syd me deu e só o sangue da Lissa e do Erick Dragomir me ajudaram a resolver os casos. Fiquei curiosa, porque o sangue do André também poderia resolver esse problema. Mas... – ela hesitou. Eu já estava com minha respiração acelerada e estava mais nervosa que nunca.

– Continua. – exigi. Ela respirou fundo.

– Rose o nome do André não estava nos possíveis sangues compatíveis como o da Lissa, porque o sangue do André não é compatível. – eu a encarei.

– Como assim?

– O André não é filho do Erick. – eu abri a boca, já sentindo a ponta de uma adaga afiada no meu coração. Aqueles olhos...

– Então, de quem é? – ela me encarou com pesar.

– Uma semana antes de você nascer, seu pai deu uma pneumonia forte e ficou três dias aqui. Depois disso a ficha dele ficou aqui no hospital. – não, não, não. – Eu joguei a ficha de André como se ele precisasse de tipo sanguíneo que só família pode doar e apareceu três pessoas.

Não!

Para.

– Quem? – senti as lágrimas descerem e minha voz fria.

– Rhea Dragomir, Ibrahim Mazur e Rosemarie Hathaway. – meu corpo se arrepiou como se eu tivesse levado um choque. Era como se todo ar tivesse saído do meu corpo.

– E o que constatou?

– Que André Dragomir é o seu irmão Rose. Ele é filho do Abe.

Aqueles olhos...

– Não. – sussurrei balançando a cabeça como uma criança. Sonya levantou-se e se ajoelhou à minha frente.

– Sinto muito. Eu chequei muitas vezes e deram os mesmo resultados. O André era de fato o seu irmão Rose.

– Não. – gritei. Empurrando-a.

Ela se assustou mais logo ficou de pé.

E eu também não fiquei para me desculpar. Abri a porta de seu consultório e corri para fora dali. Sonya não veio atrás de mim, porque me conhecia o suficiente para saber como agir com a minha rebeldia. Mas consegui avistar Sydney ainda de pé na recepção.

Ela me avaliou e seu rosto se tornou preocupado. Por isso ela não entrou. Porque sabia o que Sonya ia me dizer. Sabia o que ia acontecer.

– Rose, se acalme... – pediu indo para a minha frente. Parei para sentir suas mãos em meu ombro, mas não escutava o que dizia depois daquela frase.

– Me tire daqui. – sussurrei. – Me tire daqui.

– Claro. – falou. – Se acalme e venha comigo.

Ela me escoltou até o carro.

Na verdade ela me carregou até o carro. Eu não sentia nada além das minhas lágrimas e me sentia doente. Será não exista nada que seja real na minha vida? Tudo tem que ser tão mentiroso e falso? Até meu pai?

Sydney me sentou no banco do carona de seu carro e fechou a porta, entrando no banco do motorista em seguida. Ela me olhou depois de colocar o cinto, mas eu fingi não perceber.

Então ela ligou o carro e eu fechei os olhos, deixando as lágrimas correrem por meu rosto. Eu queria ir para casa. E Sydney sabia exatamente aonde era. Eu queria o acampamento. E ela sabia exatamente o por que.

Aqueles olhos... Abe... André

Sydney ela me fez a pergunta mais obvia, porém essencial para que minha mente digerisse que existe algo real.

– Para onde quer ir, Rose? – eu sinto mais uma vez as lágrimas formarem piscinas frias no meu olhar e encaro o hospital pela janela do carro, mais uma vez.

– Para casa.


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Notas finais do capítulo

Obs.: Não me matem pela briga, vou recompensá-los no próximo.

Gostaram? Comentem!



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