A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 10
It's Alive


Notas iniciais do capítulo

Happy B-Day para a minha pessoa. (ATRASADO)
Dia 28 foi o meu aniversário meus amores, fiquei mais velha :/
Passsei bem rápido só para postar a Pov do Dimitri e prometo que até o fim de semana vão ter seu capitulo extra, narrado pela Rose novamente.
Essas povs vão acontecer de vez em quando.
Segue a tradução da música citada na fic:
http://www.vagalume.com.br/a-fine-frenzy/its-alive-traducao.html

Então, muitos beijos e boa leitura.
Sábado vcs terão o cap bonus


It’s Alive – A Fine Frenzy



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POV Dimitri

Se tinha algo que eu tinha certeza, era que eu nunca ia deixar Rose sair da minha vida novamente. Quando ela saiu da minha casa pela primeira vez, há um ano, eu fiquei petrificado. Parado no começo das escadas tentando buscar algum jeito de fazer meu corpo ir atrás dela, e quando finalmente consegui, era tarde demais. Ela estava quase morta em uma cama de hospital.

Agora, pela segunda vez, ela tinha escapado dos meus braços pelo mesmo motivo. Tasha Ozera. Alguém que nem mesmo me enxia mais os olhos. Eu admito que quando Natasha me agarrou e me levou até a minha cama, me beijando e dizendo que me amava, eu esqueci por um momento da noite da cabana.

Eu queria jogar ela e correr até Rose, mas aquele maldito feitiço que ela tinha sobre mim, me impedia. Isso até Rose descer as escadas da minha casa e me mandar para o Inferno.

Eu sou completamente apaixonado pelo jeito rebelde e impulsivo. Pelas caretas e sorriso que ela me lança. Pelas malcriações e pelo coração enorme. Eu a queria tanto que tive que me afastar para não magoa-la. Quando o médico disse que ela ficaria bem, eu fui embora. Lutei contra os meus sentimentos e contra tudo que me obrigava a ficar perto dela e fui embora.

Mas ai, quando a minha mãe me ligou e falou sobre a competição de Tatiana, eu sabia que a Rose não queria aquilo e voltei para assumir as empresas da minha mãe e para ajuda-la. Quando eu a vi descendo aquelas escadas, atenta a cada detalhe e revirando os olhos para Cristian e Lissa, eu não pude evitar o sorriso bobo. Só ai eu me dei conta do quanto eu precisava dela ao meu lado. Ela salvava a minha alma de mim mesmo.

Então, quando ela colocou a aliança em cima da minha escrivaninha eu senti a pior dor da minha vida. Pior até do que eu senti quando parei o carro e me deparei com Vikka segurando Rose desmaiada no meio da estrada.

Eu corri atrás dela como nunca corri atrás de ninguém. Gritei seu nome até a minha garganta doer. Enquanto o carro dela saía pelo meu portão, eu corri até o meu carro e fui atrás dela.

O carro de Rose não estava rápido, o que me aliviou. Ela era impulsiva e fazia as coisas sempre ao seu modo.

Do jeito que ela gritou e jogou as coisas em mim, eu percebi o quanto ela estava com raiva. Durante todo o percurso eu me peguei pensando naquele maldito beijo que Natasha me dera...

– Dimka. – gritou Natasha ao entrar no Romeu’s. Eu a encarei ainda longe o suficiente para bufar.

Eu esperei que ela viesse até mim, e como eu estava sentado na mesa do fundo, deu tempo de fechar meus livros. Ela sentou na cadeira à minha frente e algo me fez ficar com raiva.

Talvez o fato de eu não a ter convidado a sentar ali.

– Oi Natasha. – falei. Ela fez carranca.

– Ah Dimka. Não me trate formalmente. Somos amigos e nos conhecemos bem demais para você me chamar de Natasha. – quando dei por mim ela já estava próxima o suficiente para passar os dedos no meu rosto. Seu toque me enojou.

– O que quer? – perguntei ríspido enquanto tirava seus dedos de cima de mim.

– Muitas coisas. A primeira é que largue essa história estúpida com a Rose. – murmurou tentando ser sexy. Eu joguei meus livros dentro da mochila e em segundos já estava de pé. Tasha fez o mesmo, ficando à minha frente.

– Deixa eu passar. – falei baixo. Ela sorriu de forma maliciosa.

– Não sem meu beijo. – não consegui tempo para perguntar do que ela falava, sua boca já estava na minha.

Tasha era o tipo de mulher que qualquer cara queria. Ela era gostosa, beijava bem, fazia tudo para uma boa transa. Mas quando eu imaginava alguém na cama comigo, dividindo os lenções ou com a minha blusa, era da minha Roza que estávamos falando.

Eu a empurrei para trás e encarei-a do modo mais sério que eu consegui. Vikka uma vez me disse que esse olhar sério era como um atentado à qualquer felicidade. Então, porque não usá-lo com Tasha?

– Nunca mais faça isso. – e então quando caminhei até a porta todos me encaravam e lá no balcão, Mason me olhava com duvida, pena e raiva.

Algo em mim supôs que a pena, era o sentimento pelo qual ele direcionaria para Rose.

Quando saí de meus pensamentos percebi o carro de Rose parando. Ela era tão desatenta que nem prestou atenção em mim enquanto eu a seguia. Eu desliguei meu carro e vi quando ela saltou do dela e foi até a entrada do galpão. Meu coração se apertou quando ela entrou. Continuei durante uns dois minutos no carro até ouvir um barulho, meu corpo se alarmou e eu pulei para fora do carro.

Corri até a entrada do galpão e algo atingiu a minha visão.

Fogo.

O lugar estava pegando fogo e eu não consegui nem ao menos saber aonde Rose poderia estar. Até escutar seus gritos abafados por socorro e por Lissa. O que Lissa tinha haver com isso?

Eu corri até o som de sua voz. O som que me atormentou por dois meses quando achei que ela não conseguiria passar por aquele coma. Fui até a voz de Rose desviando do fogo.

Até mesmo eu já estava incomodado com toda aquela fumaça. Olhei para um extintor no meio do caminho pendurado na parede e tirei meu casaco por causa do calor.

Eu não estava de pijamas, pois tinha acabado de chegar da empresa e de ver a repercussão que as fotos de Rose e Adrian tinham causado, e por incrível que parece e que eu odeie admitir, ficaram maravilhosas.

Peguei o extintor e segui ainda mais rápido para onde Rose estava. Quando cheguei em frente a sala os gritos tinham acabado e o pior passou pela minha mente. Roza.

Tentei abrir a maçaneta, mas estava quente. Então a minha saída foi usar o extintor. Tentei três vezes até arrombar a porta. Estava cheio de fumaça e eu demorei alguns segundos para achar Rose, apesar da sala ser pequena. Corri vendo-a desmaiada por causa da falta de ar e peguei-a em meus braços.

Foi bem mais difícil sair com ela dali, mas não impossível. Ela não se mexia nos meus braços o que me deixou ainda mais apreensivo. Eu queria ouvir sua voz me chamando de camarada ou me mandando para o inferno. Qualquer coisa já estava bom.

Quando respirei o ar puro do lado de fora do galpão eu agradeci por estar vivo e por ter Rose comigo, em meus braços. Coloquei-a devagar no chão perto do meu carro e quando ela tossiu, eu morri de alivio ajoelhando ao lado dela.

Ela estava viva. Ela estava comigo. Ela estava bem.

***

Rose estava completamente irritada com tudo aquilo. Abe gritava com ela de um lado e o paramédico tentava examiná-la de outro. Os olhos dela revirando e a carranca mais bonita que eu já vi. Eu sorri.

Lissa tinha chegado à meia hora sem Cristian e não tinha mensagem nenhuma no seu celular que comprovasse que fosse ela a ter mandado alguma coisa para Rose ir no galpão. Ao contrário do de Rose, que tinha uma mensagem de Lissa no exato momento do nosso beijo.

Eu senti um pouco de raiva por aquilo. Se não fosse aquela mensagem, ainda estaríamos nos beijando, quem sabe, até mais. Eu balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos.

– Eu já disse. – gritou Rose ainda sentada no carro. Ela tinha uma manta em seus ombros e eu a encarava assim como Abe e Lissa.

– Sim Rose. – disse Lissa. – Mas, eu não te mandei mensagem nenhuma.

– Talvez não tenha sido você. – murmurei. Ganhei a atenção de todos. Tomei coragem e comecei. – Você deixou seu celular sozinho?

Lissa estava pronta para negar, mas algo a fez parar e repensar. Ela encarou o chão por alguns instantes e depois seu olhar se iluminou e ela pareceu lembrar de algo, então seus olhos foram para Abe.

– Eu e o Cristian fomos jantar e eu esqueci o celular na cama dele. – ela olhou para Rose. – Depois quando subimos, ele não estava mais em cima da cama, ele tinha ido parar na escrivaninha e estava aceso. Cristian não estranhou, falou que eu poderia ter deixado ele assim, mas eu sabia que tinha algo errado.

– Eu disse. – falou Rose. Ela tirou a manta de cima de si e levantou do carro indo para o lado de Abe que ainda estava com sua expressão cismada.

– Se esses atentados continuarem eu vou acabar perdendo você. – murmurou Abe. Eu o encarei. Nunca tinha visto ele tão simples. Calça jeans e blusa de manga comprida vermelha. Mas quem não estaria simples, sendo tirado de sua cama àquela hora para buscar a filha que quase morreu queimada?

– O que quer dizer? – perguntou Rose. Ainda com a aparência cansada e os cabelos emaranhados, ela ficava linda. Linda ao seu modo selvagem. – pensei.

– Que se não fosse por Dimitri você estaria morta. E só descobririam amanhã. Isso é uma afronta para com a minha família. Eu vou descobrir quem está fazendo isso com você, Rose. E quando eu descobrir, tenham pena dessa pessoa.

Enquanto Abe formava sua pior cara de mau, Lissa e Rose se entreolharem e por fim ela me encarou. Lissa abriu um sorriso irônico que captei com meus reflexos, mas não me deixei ficar sério ou me incomodar com o que ela pensava. Eu só queria que Rose continuasse me olhando daquele jeito.

– Obrigada. – disse por fim. Eu assenti. A minha vontade era abraça-la e não deixar que ela saísse dos meus braços, mas ela tinha razão em todas as palavras que me disse. Eu não era o cara certo. Eu nunca fui.

– Eu sinto muito. – murmurou Lissa. Sua expressão já não era mais irônica. Ela tinha culpa.

– Não foi sua culpa. – disse Rose colocando a mão em seu ombro.

– Claro que não foi Vasilisa. – disse Abe. – Foi da pessoa que quer desestruturar minha família e acredite quando eu digo que ela não vai conseguir. – eu e Rose nos olhamos novamente e dessa vez nós sabíamos exatamente o pensamento um do outro... Natasha.

– Acho melhor levarmos a Rose para casa. – intervi, recebendo os olhares de Lissa, Abe e da minha Roza. Ela estava aparentemente cansada e Lissa estava louca para coloca-la em segurança, assim como eu.

– Concordo. – falou Abe. – Pode leva-la? Quero resolver o conserto do galpão, faço questão desse item. – eu assenti e percebi uma Rose pensativa. Eu amava o jeito impulsivo dela, mas quando ela resolvia pensar, eu costumava ficar apavorado.

– Eu vou com o Abe mais tarde, não quero que ele dirija sozinho. – ela sorriu docemente para Abe e o abraçou. Rose sorriu com aquilo.

– Eu agradeço, minha querida. – ele encarou a mim e a Rose. – Podem ir no carro do Dimitri, vou pedir para que um dos meus seguranças leve o seu Rose.

Ela assentiu e se despediu de Lissa.

Eu e ela seguimos em silencio por todo o caminho. Porém o silencio com Rose era confortável. Não era algo incomodo. Só de sentir seu perfume e o modo que ela respirava quando estava perto de mim, era maravilhoso.

Eu parei o carro em frente ao portão de sua casa, com a promessa de um dos seguranças colocarem-no no estacionamento junto aos outros. Eu e Rose caminhamos ainda em silencio até a porta de sua casa e subi as escadas com ela. Por mais que ela fosse me mandar embora, eu queria ter certeza que ela ficaria bem.

A casa parecia silenciosa demais. Janine não sabia de nada. Abe resolveu não preocupa-la para o bem do bebê e quando ele nos disse isso, eu percebi um alivio enorme da parte de Rose. Ela se preocupava tanto com todos e se esquecia de sua própria vida. Como se ela não fosse nada. Ela era alguma coisa. Ela era minha.

Chegamos até a porta do seu quarto depois de lentos passos pelo corredor escuro. Eu recuei alguns passos, pronto para me despedir, mas Rose apenas abriu a porta e voltou a me olhar, ainda parada como quem quer alguma coisa. Eu a encarei, fazendo-a tremer.

– Dormir aqui? – perguntou ainda tremula.

– Eu posso pedir o quarto de hos... – eu fui interrompido.

– Dormi comigo? – interrompeu-me. Eu suspirei ainda assimilando aquelas palavras e tentando não ter um ataque com a velocidade que meu coração batia em meu peito.

– Sempre. – murmurei. Ela estendeu sua mão e eu a agarrei, entrando em seu quarto.

Quando fechamos a porta deixei que ela fosse à primeira no banho. Ela ficou poucos minutos no banheiro, mas o perfume inundou o local. Eu fui o próximo e como minha camisa estava ensopada, só recoloquei a calça jeans e deixei a blusa em algum lugar do banheiro de Rose.

Quando voltei para o quarto, tinha apenas a luz de um abajur no lugar, ela já estava deitada de costas para mim e com o lençol cobrindo-a. Eu caminhei cuidadosamente até sua cama e me sentei nela, por fim deitando-me ao seu lado.

Senti um soluço vindo dela e eu fiquei rígido. Não. Não. Não.

Eu não suportava vê-la chorando assim, não suportava quando faziam mal para a minha Roza. Eu me odiava por fazê-la sofrer por causa da Tasha ou até mesmo por tudo isso do casamento. Então, esquecendo-me das palavras dela na casa do lago ou do nosso termino na minha casa, eu a abracei e puxei-a pela cintura até mim. Ela virou-se e acomodou-se no meu peito.

– Eu estou aqui para você, Roza. – sussurrei, passando a mão em seus cabelos. Ela passou a mão por meu peito e então olhou para mim com dificuldade por causa do meu abraço forte.

– Não me chama de Roza. – resmungou. Eu sorri e passei os meus dedos por seu rosto molhado pelas lágrimas.

– Você sabe que não vai se livrar de mim não é? – perguntei olhando-a nos olhos.

– Fazer o que? Nisso que dá fazer acordo com mão de obra barata. – brincou. Eu gargalhei, apertando-a mais para mim.

– Ah, eu te amo. – murmurei. Senti seu corpo ficar rígido. Me bati por deixar aquilo escapar.

– Obrigada. – disse depois de um silencio constrangedor. – Obrigada por não deixar eu me livrar de você.

Eu dei um leve sorriso que ela não viu. Enquanto ela se acomodava mais no meu peito e eu sentia seu calor, eu pude ver o quanto Rose era tudo que eu precisava. Era como uma droga. Uma droga que nem reabilitação ajudaria.

E assim, em poucos minutos, ela estava totalmente relaxada, o que me fez entender que ela dormira. Alivio passou por mim. Ela estava segura agora e eu não ia deixar que ela saísse de perto de mim tão cedo. Eu ia cumprir minha promessa. Eu ia lutar por ela.

***

Rose acordou um pouco depois de mim. Ela passou praticamente a noite toda nos meus braços. Algumas vezes ela se mexia e quando eu pensava que ia sair da minha pequena proteção, ela simplesmente me apertava ainda mais para si. E eu deixava. Só de ter contato com ela, já era um recomeço.

Eu ainda pretendia falar sobre a aliança, mas enquanto ela tomava banho e eu colocava meus tênis eu pensei em alguns outros modos melhores de me desculpar.

Amanhã era o aniversário de Rose e eu tinha exatamente ideia do que faria para manter aquele sorriso que fez acordar de bom humor hoje. Mal me importava de enfrentar Abe por ter dormido com a filha dele na mesma cama, na noite passada. Eu só queria fazê-la feliz... E brigaria com o mundo por isso.

Quando ela finalmente saiu do banheiro, com sua calça jeans e blusa de manga cumprida verde, eu sorri e me levantei de sua cama, abrindo a porta para que tomássemos café.

Lissa e Janine já estavam na mesa. Eu suspirei aliviado por Abe não estar ali. Sentamos e Rose sorriu para a mãe. Ela ainda parecia não saber tudo o que tinha acontecido e deixamos assim, era melhor não preocupa-la. A forma como aquela gravidez os fazia felizes, era contagiante. Janine estava mais bonita do que eu me lembrava quando fui embora. Rose olhava-a com o intuito de cuidar dela. Nem parece que as duas tinham brigas horríveis.

Eu suspirei e resolvi comer as torras. Sorri ao ver Rose comendo com tanta vontade aquela quantidade de bolo no seu prato. Eu gargalhei internamente com a nota mental de nunca levá-la em um Selvie Service.

– E então... – começou Lissa. – A Mia mandou uma mensagem hoje, parece que na semana que vem temos uma festa. É aniversário da Mia.

– Ah sim. – disse Janine. – Eu sempre gostei dos Rinaldi. – ela nos encarou à sua frente na mesa. – Vocês deveriam ir.

– Claro. – murmurou Rose entre as garfadas. Eu limpei a garganta.

– Nós iremos, Sra. Mazur. – falei. Ela sorriu.

– Pare com formalidades, você será meu genro, afinal. – eu tentei não mostrar tristeza enquanto ela sorria para mim. Rose parou de comer na mesma hora. Ela abriu a boca para falar algo. Talvez que vocês não estejam mais juntos. – pensei.

Mas algo em seu bolso vibrou. Ignorando os pedidos de não atender ao telefone na mesa, Rose retirou o aparelho do bolso e visualizou alguma mensagem que a fez abrir um sorriso bobo no rosto. Meu coração se apertou. Eu conhecia aquele sorriso.

Ela encarou a todos na mesa e tirou o sorriso do rosto.

– Eu preciso ir. – disse Rose, levantando-se.

– Eu levo você. – falei, fazendo o mesmo. Ela negou com a cabeça.

– Relaxa, camarada. Eu preciso resolver algumas coisas com a Sonya e além do mais, você vai ficar entediado.

Ela está mentindo. – gritou meu subconsciente.

– Tudo bem. – murmurei, sentando-me novamente.

Rose olhou para mim e se debruçou para só então pousar seus lábios no meu. Uma corrente passou por nós e eu a encarei pedindo por mais.

– Até mais, amor. – disse para que todos escutassem.

– Até mais, Roza. – falei. Janine sorriu com o apelido, enquanto ela apenas me lançou um olhar que dizia que ela queria me chutar. Ao invés disso, ela deu as costas e saiu. Me deixando curioso.

Eu permaneci naquela mesa em silencio terminando o café da manha com a conversa animada de Lissa e Janine sobre o meu casamento com a Rose. Eu já estava acostumado. Vikka e minha mãe faziam isso o tempo todo. Nunca as vi tão feliz. Eu nunca fiquei tão feliz. Por mais que aquele casamento fosse pura farsa.

– Bom, eu marquei com a Tatiana para conversar sobre algumas coisas da nova coleção da empresa, sinta-se em sua casa Dimitri. – ela levantou-se e eu repeti o gesto, como dizia à etiqueta que Olena lutou tanto para me ensinar.

Enquanto Janine se afastava, eu encarei Lissa, que tinha um olhar curioso dirigido a mim. Assim como o André via a Rose como a irmãzinha encrenqueira, eu via Lissa como uma irmã doce e gentil. Antes de o meu pai morrer, eu era mandado todas as férias para a Rússia, para ficar com a minha avó Yeva, por motivos de convivência.

Eu e meu pai brigávamos muito e me lembro de Vikka muito nova assistindo a todas aquelas brigas. Eu gostava de ir para Baia, mas com isso acabei não participando muito da vida da Viktória.

Já com Lissa e André foi diferente. Nós crescemos juntos, vivíamos um na casa do outro e ela representava alguém que eu tinha vontade de proteger. Alguém frágil.

– Sabe Dimitri amanhã é o aniversário da Rose e... – ela hesitou e eu sabia por que. Amanhã era o aniversário de André também.

Três anos antes...

Vira, vira, vira, vira, aê... – gritava André. Rose tentava respirar, mas estava atordoada. Ela tinha tomado uma caneca de cerveja para pagar uma aposta idiota com André que estava sorrindo.

Ela limpou a espuma da boca e colocou a caneca no balcão. Olhou para André e sorriu. Eu quis gargalhar com a raiva que ela sentia por ter perdido aquela brincadeira idiota de acertar a bolinha de ping pong nos copos com cerveja.

Mikhail e Sonya riam descompassadamente. O bar era de Mikhail e Rose tinha pedido para dormir na casa de Sonya para seus pais, então eles não teriam que se preocupar com uma Rose bêbada.

– Ainda venço você. – rosnou Rose. Eu observava tudo bem atrás de André ao lado de Lissa e Cristian.

– André não caia no jogo dela. – disse Lissa, já preocupada com Rose. André riu ainda encostado no balcão olhando para Rose.

– Aposto uma coisa diferente. – disse André, ignorando Lissa. – Você vai ter que cantar. – disse André. – E dançar. – ele levantou o dedo indicador até o palco bem no fundo bar, com um microfone bem no centro dele. Rose engoliu a seco.

– Vai amarelar, Rose? – provocou Cristian. Eu não evitei o sorriso e confesso ter ficado com medo quando os olhos dela arderam em mim.

– Eu topo. Mas eu escolho a aposta. – falou. André levantou os braços.

– Você escolhe. Se eu perder, faço um show só para você. – sussurrou André. Algo me fez fechar os punhos, quando Rose sorriu para aquela provocação.

– Fechado. – disse Rose apertando sua mão.

Lissa estremeceu e eu comecei a ficar preocupado com aquilo. Amaria ver Rose se ferrando. Com tantos anos de convivência ainda não gostávamos da companhia um do outro e eu amava deixar isso bem claro para ela, mas nem eu nem André éramos maior de idade ali e eu fiquei com muito medo de um dos dois entrar em um coma alcóolico. Porém a ideia de ver Rose dançando em cima de um palco com o bar lotado não era ruim.

– Eu vou gostar muito disso. – murmurou Cristian. Algumas pessoas viram quando Rose e André posicionaram-se e esperaram até Mikhail colocar toda a cerveja em uma caneca de vidro.

Eles não iam fazer isso. – pensei.

Eu acho melhor virar esse copo mais rápido que eu. – disse André.

Rose prendeu o cabelo em um coque e sorriu para André pegando a sua caneca. Ela estava de casaco jeans, então se deixasse bebida cair nele à roupa não estaria totalmente perdida, já que ela tinha uma regata por debaixo.

Mikhail colocou a mão entre o espaço que mantinha uma distancia entre Rose e André que já estavam posicionados e finalmente a sacudiu no ar, dando inicio à aposta. O que conseguisse virar toda aquela caneca de cerveja, primeiro, ganharia.

André já tinha feito isso muitas vezes, quando fugíamos, ele tinha experiência, mas Rose não era tão lenta quando eu achei. Ela já estava na metade da caneca e lutava para conseguir engolir mais. Não percebi estar tão concentrado nela, até André bater com o copo no balcão e Rose parar instantaneamente.

Só tinha um dedo para Rose vencer André e ele tinha acabado primeiro. Ganhado mais uma aposta. Desapontamento passou por Rose e Lissa beijou sua bochecha para espantar a tristeza dela. André e Cristian gargalharam, enquanto eu permaneci sério e observando tudo.

– Parece que eu ganhei, Hathaway.

– Ok. – disse Rose. – Qual música você quer? – perguntou com sua carranca.

– Vou ser bonzinho e deixar você escolher. – ele parou por um momento. – E como também é o seu aniversário, eu também vou deixar que escolha alguém para pagar esse mico com você.

Cristian ficou sério, enquanto Lissa saía nitidamente de perto de Rose. Eu permaneci no mesmo lugar que eu estava ainda em silencio. Só estava naquele bar, por que além de ser o aniversário dela, também era o de André.

– Claro. – disse Rose, iluminando seu semblante.

Ela torceu a boca encarando todo mundo a nossa volta, inclusive Sonya e Mikhail, mas seus olhos pararam em mim e como anteriormente, ardiam em fogo e alguma coisa mais... Travessura.

– Quero você camarada. – eu devo ter feito uma cara muito feia.

– De jeito nenhum. – falei, ficando em posição de defesa. André gargalhou. – Eu não vou cantar.

– Quem disse que vai? – perguntou André. – Rose que vai cantar. Você só vai ser a cobaia dela. – eu o olhei com duvida. André examinou o local e sorriu.

– Mika... – chamou a atenção de Mikhail, que automaticamente o encarou. – Quero que me faça um favor.

– Pode falar. – disse Mikhail. Sonya ria ao seu lado.

– Quero que mande tirar aquela mesa de frente para o palco, já que está vazia. Deixe as pessoas que estão por ali, e as outras mesas. Só deixe espaço o suficiente para que o Belikov fique em pé, olhando a Rose.

– André... – tentei contestar, mas ele levantou o dedo para mim e eu parei.

– Hoje é o meu aniversário. O meu presente vai ser o mico da Rose, mas como vocês se odeiam, vai ser divertido vê-la dançando para você. – ele olhou para Rose, que sorria para tudo aquilo. – Considere um presente.

Ela sorriu maldosa em minha direção.

– Claro. – falou. – Vai ser maravilhoso ver você nervoso camarada.

Eu arfei.

– Você não vai me deixar nervoso.

– Ah, Belikov... – disse André pegando a caneca de Rose. – Ela vai. – ele virou aquele resto de cerveja em segundos e depois fez um sinal para que outro garçom enchesse mais o copo.

Eu gargalhei.

– Rose não seduz nem uma mosca. – falei. Todos me olharam enquanto Cristian ria.

– O que? – perguntou Rose. Ela olhou para Mikhail. – Faz o que e o André falou. – ela virou-se para mim, esbarrando no meu ombro enquanto passava.

Depois de alguns minutos eu estava de frente para o palco, como se fosse mais uma das pessoas no bar. André estava ao meu lado, enquanto Cristian e Lissa estavam bem afastados de nós. As pessoas começaram a ficar ansiosas quando Rose subiu ao palco com sua calça jeans, seu casaco e suas botas marrons rasteiras, que a deixavam com um ar de garota simples.

Como se ela fosse. – pensei.

André tinha um sorriso no rosto ao meu lado enquanto eu tinha medo da ira de Rose, com o meu comentário. Ela não era o tipo de garota que precisava de uma ameaça em palavras, ela fazia isso com o olhar, e algo me dizia que aquele olhar que ela me estendeu enquanto passava por mim não ia ser uma ameaça vazia.

Todos ficaram em silencio quando Mikhail anunciou o nome de Rose e a luz do palco deixou o bar ainda mais claro. As pessoas cochichavam com medo de ser uma música ruim ou uma cantora ruim, mas eu sabia que Rose cantava bem, por mais que eu não admitisse isso. Escutei-a uma vez com Lissa e admito ter ganhado uma música prefira naquele dia.

Uma batida lenta começou e André sorriu olhando para mim.

– É a música preferida da Rose. Claro que ela ia cantar essa.

Eu voltei minha atenção para ela. Assim como as pessoas.

Ela começou alisando o microfone olhando para mim, com um olhar diferente, algo que eu só a via fazer com outros caras. Ela começou a acompanhar o ritmo da música ainda sem letra e arriscou se balançar um pouco.

Never say never say never

Say the sunken ship

For you never know where you’re going to go

When the anchor lifts, oh, lifts

Ela começou a se animar com o ritmo da música e arriscou uma rebolada. Familiarizou-se mais com o palco e andou por ele, ganhando olhares de todos ainda cantarolando em sua própria sinfonia, enquanto a música ganhava suas melhores batidas.

Pry my fingers off

Loosen the deathly grip

You can’t be tethered to a ghost

To a memory

You’ve got to swim

He cast me adrift

Said, don’t forget

And cast me adrift

He said

Um cara que aplaudia ela na primeira fila perto do palco, pegou Rose pela cintura, tirando-a do palco, deixando-me desconfortável. A multidão se abriu ainda fissurados nela, deixando-a no meio cantando e dançando, com acesso total para chegar até mim.

There is something about you

Whole, it’s something about you

Vivid, something about you

‘Bout you, ‘bout you lives, it’s alive

Oh, it’s alive

Baby ooh, it’s alive

Rose chegou até mim e aproximou-se devagar, ainda cantando e rebolando ao ritmo da música. André se afastou e deixou que ela colasse seu corpo com o meu de costas para mim. Eu senti algo diferente. Não era repulsa e nem o que eu sentia por Tasha.

Era vontade de agarrá-la e leva-la para o banheiro mais próximo.

I don’t know anything

any much of anything about this here

It is uncharted territory

I know it’s the new frontier, it’s dear

I want you near

But you’re not these to run to

Even when you appear

Yet, there is something about you

Whole, it’s something about you

Vivid, something about you

‘bout you, ‘bout you lives, it’s alive

To know somebody like you

Exists makes it all right to

Forget what I left behind

Because I like you like you like

It’s alive.

Ela virou-se de frente para mim e sorriu com a leve pausa da música juntando mais os nossos corpos. E droga... Ela sentiu como eu estava nervoso.

Ela tirou o casaco devagar ainda aproveitando a pausa da música e jogou-o em cima de André que gargalhava. Mas eu não prestava atenção nele. Eu nem me dava ao menos o trabalho de desviar meu olhar de Rose. Ela parecia ainda mais bonita e sedutora com aquela blusa regata branca.

Ela se afastou um pouco percebendo os aplausos quando a batida acabou e me entregou o microfone, sorrindo. Essa era a minha Roza, e eu sabia... Eu sonharia com ela hoje.

Atualmente...

– Eu sinto muito, Lissa. – murmurei. Ela assentiu estendendo-me um sorriso triste.

– Eu sei, eu sei. – falou. – Mas não queria começar uma conversa triste. Na verdade quero perguntar o que vai fazer para Rose.

– Tenho um pedido de desculpas e não sei como usá-lo.

Ela me encarou totalmente por fora da situação.

– Então eu posso te ajudar.

– Eu adoraria. – falei, lhe estendendo o meu melhor sorriso. Ela também sorriu.

– Espero que não tenha planos, Dimitri. – falou levantando-se. – Temos coisas a fazer.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da primeira Pov?
Comentemm!