The Only Exception - Paramore

— E é com grande pesar que anuncio que Afrodite tem um bom ponto. — Zeus informa, para desagrado dos olimpianos presentes. — Precisamos aprender á conviver. E infelizmente já perdemos muitos séculos de briga para não tomarmos medidas drásticas, então, eu, Zeus, senhor dos deuses, dou permissão para que Afrodite faça sua “gincana”, durante uma semana — ele olha serio para a deusa dos olhos multicolores. — Nem um dia a mais. E somente se ela jurar que manterá o Olimpo em funcionamento.

Afrodite fez a festa. Literalmente, aquela deusa só faltava explodir em piruetas, tamanha que era sua felicidade.

— Ah, eu prometo, prometo e prometo!! — Cantarolou ela, dançando pelos tronos enquanto os demais Olimpianos suspiravam, cansados e derrotados. — Todo mundo para fora, vejo vocês amanhã de manhã, ás nove em ponto para explicar outras regras e contar os grupos, agora vão! Preciso terminar de organizar o evento do ano!

E assim, mais um trágico conselho olimpiano acabava.

How To Win Your Heart

Athena estava saindo de seu quarto irritada. Ela mal conseguia acreditar que Zeus realmente aceitara aquela loucura. Seu ódio estava tão grande que ela mal percebeu quando esbarrou em sua irmã.

— Ártemis! — Pestanejou a loira. — Não olhas mais por onde andas, irmã?

Porém logo que suas palavras escaparam por seus lábios, Athena arrependeu-se ao ver o estado da ruiva em questão. Seus olhos, com aquela intrigante coloração prata, estavam caoticamente apagados. Suas feições expressavam uma dor mais profunda do que Athena poderia compreender no momento.

— Oh, céus, irmã! — Athena amparou a mesma, levando-a até um dos bancos lindamente esculpidos dos corredores do Olimpo. — O que lhe aflige de tal maneira que mal consegues esconder?

Ártemis apenas balançou a cabeça tristemente, finas e delicadas lágrimas escorrendo por sua bochecha. Aquilo era mais que o coração de Athena poderia agüentar no momento. Sua raiva sumiu como fumaça diante da imagem tão fragilizada de sua irmã.

— Eu temo por esses dias, Thena! — Queixou-se Ártemis. — O que nos espera na cabeça de Afrodite? Você sabe quem serás minha dupla... Acha que eu conseguiria ignorá-lo por todo este espaço de tempo? Ah, irmã, é impossível!

Ártemis chorou no ombro de Athena enquanto a mesma lhe acariciava os cabelos, pensando em algo sábio para dizer. Mas não estavam as duas no mesmo barco? As duas com os mesmos tipos de problemas? Seu juramente, ou o mistério dele, seria o suficiente para afastar aqueles deuses que eram mais que donos de seus corações?

Não, Athena não gostava nem de admitir isto em pensamentos.

Mas um coração frio como a neve não é útil para ninguém, então porque não dá-lo?

— Ah, Artie, não sei o que lhe dizer, irmã. — Athena sorriu levemente, melancólica. — Apenas tente fingir que é apenas mais um de nossos irmãos e trateu como trataria Hefesto ou Ares.

Ártemis fez uma careta engraçada, repuxando a lateral da boca.

— Bom, há uma enorme diferente de como eu trataria Hefesto para como eu trataria Ares. — Athena riu da face da irmã, pois a mesma pensava de igual maneira. — Mas eu entendo seu ponto, quer que eu finja que ele não é, bem, ele!

— “Duro coração, por que faz-me sofrer?” — cantarolou como resposta a deusa dos olhos tempestuosos. — A vida não nos favorece em nada, Artie. A imortalidade tem um preço que as vezes parece alto demais à se pagar.

— Só às vezes? — Devolveu a irmã.

— Bom, eu acho que sei como posso ajudá-las a aliviarem-se. — Respondeu uma voz feminina e alegre das sombras. — Afinal, eu também estou nessa viagem com vocês.

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Poseidon nunca gostou de Zeus, depois dessa, ele queria matá-lo.

— Ora vamos, Posei! — Insistiu Hades, tentando atormentá-lo ou animá-lo. Nunca se sabe quando se trata de Hades. — Não vai ser o fim do mundo ficar perto de Athena por uma semana. Ela sabe ser muito... Intrigante, quando quer.

— Ela me odeia, Hades. Odeia. — Poseidon devolveu, frustrado. — Não importa o quanto “intrigante” — ele fez aspas no ar. —, ela nunca vai ser nem ao menos gentil comigo. Quer dirá intrigante. Vai ser como passar uma semana com um árvore. Ela não vai me olhar — ele maneou um “um” de encontro à outra palma. —, exceto se for para me lançar um daqueles olhares de reprovação, não vai falar comigo — ele fez um “dois” com o dedos, batendo na palma novamente. —, exceto se for para me xingar, e não vai ser intrigante!

Hades explodiu em risadas. Ainda era cedo no Olimpo, embora faltassem poucos minutos até a “reunião” de Afrodite. Hades havia chegado do mundo inferior com Perséfone, que era uma das duas deusas menores que iriam junto com eles, e Poseidon já alugava os ouvidos do seu irmão mais velho.

Era interessante como muitos esperavam que eles se odiassem, mas Poseidon só conseguia ter um carinho enorme por Hades. Talvez porque os dois estivessem em situações similares para Zeus. Sendo os dois irmãos mais velhos que poderiam possivelmente, embora isso só na cabeça de Zeus, roubar seu reino.

Sendo os dois odiados, eles acabaram criando um laço fraternal que certamente faltava para Zeus.

— Você está fazendo tempestade em um copo d’água como sempre, Poseidon. — Hades repreendeu, ele olhava para seu lado esquerdo constantemente, talvez por ter se acostumado a ter Perséfone sempre ao seu lado para concordar ou discordar dele. Os dois formam um casal terrivelmente maravilhoso, embora não parecesse ser possível sobre nenhum outro aspecto. Mas agora Perséfone havia saído e só restava o espaço vazio que ela provavelmente fazia para Hades. — E, cá entre nós — Hades voltou a olhá-lo, baixando a voz como quem conta um segredo. —, nós dois sabemos que Athena é muito mais do que “intrigante” para você.

Poseidon ficou vermelho da cabeça aos pés, o que era um evento tão raro como Cronos levantar-se do Tártaro. Só acontecia uma vez por milênio.

— Eu vou matá-lo, Hades! — Bravejou o deus dos mares enquanto assistia o outro correr na frente. — Onde estás com a cabeça para insinuar tamanha falta de respeito!

E assim, os dois deuses irmãos ficaram se perseguindo pelo Olimpo, embora os dois soubessem que Hades tinha um fundo de razão.

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— Perséfone! — Ártemis foi a primeira a abraçá-la quando a deusa da primavera saiu das sombras. — O que fazes aqui?

— Ora, Afrodite me chamou, é claro. — Perséfone riu. — Parece que não ando me comportando como o esperado. — Brincou a deusa abraçando Athena também.

— Bom, então nenhuma de nós está, Persé. — Athena lamentou-se, tentando substituir o pesar da conversa que teve com Ártemis e tentar apenas ficar feliz por ver sua outra irmã.

— Esses sorrisos falsos não me enganam, Thena. — A deusa da primavera deduziu. — Vocês duas estavam reclamando bastante da vida quando eu cheguei. E embora não seja do meu feitiu ouvir conversas alheias, acabei pegando um pedaço da de vocês antes de me anunciar. — Perséfone olhou para as duas como quem carrega a culpa.

Ártemis suspirou, triste novamente.

— Afrodite e seus planos odiosos, Persé! — Reclamou a deusa da lua. — Ela não entende que não há nenhuma maneira de convivermos melhor com eles. Tipo, nenhuma!

— Ah, Artie, vocês não estão nem se esforçando... — Brigou a deusa dos cabelos negros trançados com flores. — Vamos, vocês podem fazer mais do que parecerem duas deusas na casa dos 30 anos rabugentas.

Athena não deixou de rir disto. Realmente, ela e Ártemis estavam com aparência de trinta e poucos, levemente mais velhas do que o que os deuses gostavam. Hera e Zeus geralmente ficavam com essas idades, mas no momento estavam parecendo mais velhas do que sua madrasta até.

Não que fossem feias, longe disso. Eram as mulheres de trinta e poucos anos mais lindas do planeta, se andassem entre mortais. Mas elas andam entre deuses, e 30 anos é considerada a maior idade por aqui.

— Bom, você fala como se nossas aparências físicas interferissem em quem somos. — Reclamou Ártemis, novamente.

— Temis, entenda. Quando vestimos uma roupa, transparecemos nosso humor por ela. Acontece o mesmo com a idade que estamos. Se parecerem duas mulheres maduras como vocês estão parecendo, seus parceiros nessa gincana vão pensar que são... Ahn, chatas. — Terminou a morena, mordendo o lábio inferior.

— Que pensem o que quiserem. — Athena bradou, irritada. — Não quero que achem que mudei por isso.

— Athena, você, justo você, liga para o que eles pensam?

Foi vez da loira dos olhos cinzas morder o lábio inferior.

Ártemis olhava para os raios de sol brilhando longe no horizonte, o sol se levantando, a lua indo embora...

— O que sugere, Persé?