Serena tinha saído pensativa e preocupada da reunião que teve, um de seus pensamentos era de como deixou que tantos inimigos entrassem na Terra, imaginou como foi difícil para as meninas manter tudo em ordem em todo o tempo que ela esteve fora. Se sentiu uma egoísta por ter ficado tanto tempo fora, mas agora não adiantava se lamentar, tinha que concertar as coisas.

Estava andando no centro, e encontrou uma floricultura pelo caminho e comprou algumas flores de crisântemos, e se dirigiu para o cemitério. E quando chegou lá sua mãe já a estava aguardando na porta do mesmo e foram aos túmulos de Kenji e Sammy, um ao lado do outro, as duas se ajoelharam, colocaram as flores que trouxeram em jarros e rezaram. Ikuko terminou sua oração primeiro, e achou que Serena poderia querer ficar sozinha por algum tempo e resolveu esperá-la fora do cemitério, iria sentar em um dos bancos de uma praça que tinha em frente ao cemitério.

Serena ficou um bom tempo de olhos fechados, não estava só orando estava refletindo.

Pensou nas diversas vezes em que brigou com Sam, ele sempre tinha sido inteligente, e a mãe deles sempre dizia para que ela fosse como ele em relação aos estudos e por conta disso sempre brigavam.

Seu pai estava sempre sorrindo, principalmente quando via sua mãe. Eles se amavam muito, eram feitos perfeitamente um para o outro. Não conseguia imaginar a dor que sua mãe estava sentindo.

E ela pensou que de certa forma a culpa deles terem morrido era dela. Pois se tivesse voltado antes, quando sentiu a sensação ruim, poderia tê-los salvo. Ou melhor se desde o começo ela tivesse se empenhado em treinar como Luna sempre pedia, ela talvez não tivesse viajado e eles estariam vivos, pois poderia ter usado o Cristal de Prata para curá-los.

E ela sem perceber começou a chorar, estava com a testa quase encostada no chão e dizia em voz alta que a culpa daquilo tudo era dela, por culpa dela sua mãe tinha sofrido uma dupla perca.

De repente sentiu alguém abraçá-la pela cintura, e ergueu o rosto encharcado de lágrimas, e viu que era Rini que estava lá, não sabia de onde ela tinha surgido, mas não se importou e simplesmente se abraçaram.

Rini também sabia como era perder alguém que se ama, apesar de sua mãe estar adormecida seu desespero não diminuía, ela também se sentia culpada pelo o que tinha acontecido a sua mãe. Mas no caso de Serena não tinha o que ela pudesse fazer, ela viajou achando que era o melhor a se fazer, pensando na segurança de todos. Não poderia deixar que ela tomasse a culpa por uma coisa que não tinha culpa.

Continuaram abraçadas até a loira se acalmar, a rosada fazia carinho nos fios loiros e quando terminaram o abraço a loira sorria em agradecimento.

– Como me achou aqui? - ela perguntou quando se levantou e pegou um lencinho para enxugar o restante das lágrimas.

– Segui você, logo após ter saído da reunião - a rosada confessou corando.

Serena se surpreendeu com tal afirmação.

– E por que fez isso? - perguntou enquanto caminhavam para fora do local.

– Bem... eu vi o quanto você estava preocupada na reunião, e quando eu estava saindo pra te seguir eu escutei o Hélio falando que você iria vir aqui - a rosada respondeu olhando para baixo.

– Bem... o mínimo que posso que fazer pela sua preocupação é te pagar um sorvete que acha? - a loira perguntou sorrindo ternamente rente a preocupação da menina.

A rosada levantou o olhos surpresa e feliz, achou que Serena podia não gostar de tê-la seguido, mas ficou exultante em ver que se enganou e assentiu.

E ambas saíram do local, e encontraram Ikuko sentada em um dos bancos do parque, ela já estava preocupada pela demora da filha e se surpreendeu em ver Rini junto com a loira de mãos dadas, como se fossem mãe e filha e sorriu diante da cena.

– Mamãe, convidei a Rini para tomar um sorvete - Serena comunicou - quer vir junto?

– Obrigada minha filha, mas porque vocês duas não vão e tomam o sorvete por mim? - Ikuko respondeu, ela queria deixar as duas a sós.

A loira insistiu um pouco para que a mãe saísse um pouco de casa, sabia que a mãe só saia para fazer o básico: comprar comida, pagar contas e cuidar dos túmulos. A mãe agradeceu a insistência mas negou, queria que as duas se dessem bem, por isso não queria ir. Ela teria outras oportunidades de sair com a filha querida. E Serena disse que levaria um pouco de sorvete para ela, já que não queria sair.

As duas decidiram ir ao Game Center, afinal a loira ainda não tinha visto seu amigo Andrew. Quando ela viajou ele não teve coragem de ir se despedir dela no aeroporto, se despediram um dia antes e ele deu de presente de despedida tudo por conta da casa.

Quando chegaram lá, Andrew estava de costa enxugando um copo, a lanchonete não estava muito cheia, no máximo uns sete clientes e as duas entraram de fininho e se aproximaram da bancada.

– Esperem um minuto que já vou atende-los - ele falou ainda de costas.

– Espero o tempo que for - Serena falou rindo.

Nesse momento Andrew deixou cair o copo que estava enxugando e virou com tudo, e ficou estarrecido quando viu que Serena estava lá, diferente mas estava e pulou a bancada para abraça-la o que foi devolvido pela loira.

– Por que não avisou que voltaria? - ele perguntou assim que a soltou.

– Surpresa - respondeu rindo.

– Como você tá bonita, minha irmãzinha está crescida - ele comentou assim que se afastou para vê-la melhor - e para celebrar, pra você e pra Rini é tudo por conta da casa hoje!

As meninas riram de tanta animação e ficaram lá conversando por um bom tempo até que começou a ficar muito tarde e Serena acompanhou Rini até o apartamento de Darien, não queria deixar a rosada ir embora sozinha era muito perigoso.

– Rini vai estar livre manhã depois da escola? - Serena perguntou assim que chegaram em frente ao prédio que a rosada mora.

– Estarei, por que? - a menina perguntou curiosa.

– Terei que comprar algumas coisas pro meu quarto, vou dar uma repaginada nele e gostaria de uma ajuda sua - a loira respondeu.

A rosada ficou feliz por tal convite e combinaram que Serena iria esperá-la nem frente a escola na hora da saída.

Após ter se despedido de Rini, voltou para casa, cumprimentou a mãe e deu a ela o sorvete que tinha prometido, e disse que iria ao pois ainda não tinha se acostumado com a mudança de horário, e quando chegou no recinto Luna a estava esperando sentada em sua cama.

– Serena, estava com saudades de você – a gata falou assim que a loira se sentou na cama.

– Também estava Luna – a loira falou abraçando a gata.

– Estou orgulhosa de você – falou a gata na orelha dela – se tornou a princesa que eu e sua mãe esperávamos que se tornasse.

– Fico feliz em ouvir isso Luna – a loira agradeceu colocando a gata sentada na cama de novo – mas assim sim sinto muita culpa.

– Pelo que? Serena se for pelo seu pai e irmão pode esquecer dessa culpa! São coisas que ninguém pode impedir, você não sabia que aquilo ia acontecer, você pode achar que só porque tem o Cristal de Prata pode controlar tudo – repreendeu a gata.

– É mas...

– Sem “mas”, você era só uma menina quando foi embora, e controlar o Cristal de Prata por completo leva muito tempo, você não teve culpa pelo o que aconteceu – Luna falou com veemência.

Serena fitou a gata por alguns poucos momentos, e finalmente assentiu com um sorriso singelo.

– Agora que você tirou essas ideias sem cabimento da cabeça, quero que me conte que romance é esse entre você e o seu primo – ela quis saber.

– Luna não temos um romance, eu sei dos sentimentos que ele tem por mim mas eu não os retribuo – a loira falou enquanto trocava de roupa.

– Precisa tomar cuidado com esse tipo de situação – a gata advertiu preocupada – mas porque não retribuiu? É porque ainda gosta de Darien não é?

– Não posso negar que vê-lo novamente foi um choque, mas eu não voltei para reconquistá-lo e sim para assumir minhas responsabilidades devidamente como uma princesa – ela falou firme assim que se deitou na cama.

– Serena, acho que está se precipitando, não subestime o poder dos sentimentos, muitas coisas ainda podem mudar – a gata advertiu indo para perto do rosto da loira – mas por hora apenas descanse, você voltou faz pouco tempo.

Serena assentiu, e logo adormeceu. Enquanto isso Luna ficou velando o sono de sua princesa, e pode contempla lá e viu que era tinha se tornado a mulher que a Rainha Serenity tanto quis: uma princesa forte, independente, madura e gentil. Tinha certeza que a falecida rainha ficaria orgulhosa pelo o que sua filha tinha se tornado.

A gata se deitou perto do rosto da loira e ficou vendo-a até ela mesma pegar no sono com um sorriso.