A Million Faces escrita por Vingadora


Capítulo 3
Back to the past


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi :)

Antes do capítulo, gostaria de dizer que estou muito contente, porque com nem um dia de fanfic direito e já tenho 5 pessoinhas fofas que acompanham.

Gostaria de agradecer, também, a meu irmão que sempre foi uma fonte de inspiração quando se trata de veículos e informações sobre qualquer tipo de transporte. Graças a ele, eu pude escolher (entre tantas opções) o carros sitados no capítulo.

Sem mais delongas, porque sei que vocês querem mesmo é ler "Back to the past".



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606491/chapter/3

Respirei fundo algumas vezes enquanto olhava nos olhos do Coulson.

─ Desculpe, senhor? ─ disse em russo, contradizendo seu idioma americano irritante.

─ Ellizabeth, por favor, eu sei quem você é. Não faça esse joguinho comigo. ─ Phil pressionou ainda mais meu braço e continuou a falar em inglês.

Eu precisava escapar dessa.

─ Senhor guarda, por favor! Este homem está me machucando! ─ gritei para o guarda que já estava se aproximando, descansando a mão na arma da cintura.

Coulson revirou os olhos e largou meu braço. Obviamente ele sabia que teria problemas ali.

O guarda parou de frente ao meu empecilho e proferiu as palavras em tom ameaçador:

─ Algum problema aqui, senhor?

Fui para trás do guarda, como quem busca proteção e coloquei a mão em cima do ombro dele.

─ Es-este homem... ele estava me ameaçando. Queria me obrigar a entrar no banheiro com ele. ─ sussurrei as palavras de forma amedrontada e baixa o suficiente para parecer uma mulher em pânico. Foi então que resolvi completar: ─ Ele disse estar armado.

Dito isso demorou mais que um segundo para o guarda pedir reforços e três para o Phil estar rodeado de guardas apontando armas para ele. O corpo do meu empecilho retesou e sua mandíbula travou, percebendo o problema que eu havia o colocado.

Um sorriso involuntário cresceu em meus lábios e eu tive de transformá-lo rapidamente em um sorriso de alívio antes que alguém o percebesse. Acomodei-me nos braços do guarda que me quase teve de me carregar nos braços para longe do Coulson. Certamente ele não foi rápido o suficiente para evitar que eu assistisse a revista e a retirada da arma de Phil.

Phil me encarava, lançando-me seu pior olhar raivoso possível. Assenti levemente com a cabeça e dei-lhe uma piscadela rápida. Não era a primeira vez que eu havia feito isso. Um ponto para mim, zero para S.H.I.E.L.D.

✥✥✥

─ A senhorita deseja mais alguma coisa? ─ a comissaria de bordo passou por mim, mais uma vez, com seu carrinho repleto de bebidas, frutas e salgadinhos.

─ Ah, não, querida. Muito obrigada. ─ sorri para ela e beberiquei um pouco da minha champanhe. Voltei-me para a janela e podia ver um imenso pasto logo abaixo. Já fazia umas duas horas desde que eu saíra do aeroporto Sheremetyevo. De lá a Mônaco eu teria longas 10 horas de voo.

O guarda me assegurou que o meu assediador seria preso e condenado por ter tentado algo contra uma mulher tão linda como eu. Certamente arrecadei esse elogio por piscar inúmeras vezes ao homem e agradecer várias e várias vezes pelo socorro e atenção prestadas a mim. Meredith Fell ─ ou Meri, como pedi que ele me chamasse ─ uma viúva estilista britânica que acaba de perder uma titia russa e está de viagem à Mônaco para entrar em um processo de três meses de luto. O coitado do segurança caiu direitinho na minha história e me acompanhou em por precaução até o avião. Finalmente eu estava dando adeus ao inverno constante de Moscou e seguindo para a Costa refrescante de Mônaco.

Eu precisava descobrir ─ e rápido ─ como Coulson havia me encontrado e até onde ele estava envolvido nessa busca por mim. Havia se passado nove anos desde a ultima vez que usei aquele nome. O nome que ele me dera.

 

─ Onde você ousa pensar que vai, Ellizabeth? ─ ele caminhava apressado atrás de mim e usava aquele tom irritado que sempre aparecia quando eu não me saia bem em alguma missão.

Era um dia chuvoso e eu estava correndo na chuva, carregando uma mochila leve e me desfazendo do uniforme pelo caminho, ficando apenas de calça e uma fina camiseta, exposta a toda aquela chuva no térreo do prédio principal da minha casa.

─ Já estou cansada disso! Não aguento mais viver assim! Eu mereço mais que apenas responder a essas ordens! O secretário me odeia, o senador me odeia, o comandante da S.T.R.I.K.E. me odeia! Não há ninguém nesse maldito lugar que realmente se importe comigo.

─ Lilly... Eu me importo com você. ─ quase me virei, corri para o abraço dele e me desculpei por ser tão mimada e egoísta. Quase. Mas eu precisava ser forte. Precisava mostrar que eu merecia uma posição melhor do que viver feito cobaia em laboratórios e ser enviada a missões absurdas em que eu corria alto-risco de perder a vida.

─ Eu sei que não é sua culpa, mas eu preciso ir. Sei que fez o que pode, mas não pode me controlar mais. Eu preciso voar. Preciso aprender a usar minhas asas.

Ellizabeth Ellie Fury. Eu a proíbo de sair deste complexo! ─ ele gritou, ainda mais irritado, assim que me aproximei da minha motocicleta e me preparei para colocar o capacete.

─ Quem você pensa que é para me dar ordens? ─ fitei seu único olho visível e lancei-lhe o olhar mais afetado que pude.

─ Eu? Eu sou Nicholas Joseph Fury. Sou seu pai. ─ ele retribuiu com um olhar a altura, tão afetado quanto o meu.

─ Não. ─ neguei com a cabeça, para dar ênfase ─ Você não é.


✥✥✥

─ O que aconteceu com você, Snow? ─ Delon estava me esperando na saída do aeroporto, acompanhado de seus dois seguranças, seu Audi TT azul e seu sotaque ridículo francês enquanto utilizava minha língua materna. Veio em minha direção e abraçou-me.

Delon, entre todos meus mercadores, era o mais carinhoso. Talvez porque ele gostava de fingir ser casado comigo nos pubs e boates que frequentávamos juntos. Ele era um francês mimado, de trinta e poucos anos que já fora casado umas treze vezes. Era fissurado por compras ilegais de armas de grande porte. Esse tipo de compra era sempre feita pessoalmente entre os mais interessados no investimento ─ Delon e quem quer que seja o vendedor ─, e eram nessas situações que eu me tornava sua segurança particular de tempos em tempos. O que, sem meu consentimento, acabei tornando-me sua melhor amiga, concelheira, mas tudo isso muito bem paga ─ porque meus serviços não são gratuitos nem mesmo quando se trata de um melhor amigo.

Dei de ombros.

─ Um servicinho que tive de pegar na Russia. ─ fiz aquele breve comentário e Delon tremeu de cima a baixo.

O tempo em Monte Carlo estava refrescante, bem diferente do frio terrível e destruidor de Moscou. Pessoas desfilavam com roupas alegres e soltas por todo o aeroporto.

─ Minha nossa. Dessa vez pegaram pesado com você. ─ ele pegou minha mala e entregou a um dos seguranças. Ficou tagarelando enquanto abria a porta do carro para mim e corria para sentar-se no banco do motorista. ─ O que fizeram? Te drogaram e depois bateram? Porque não é possível que você esteja fora de forma. Já vi você lutar. Já apanhei de você. Sei do que você é capaz, docinho. ─ revirei os olhos pelo apelido idiota, fazendo-o sorrir alegre.

Deu a partida no carro e saiu em direção a estrada acompanhado pelo Audi q3 dos seguranças. O trânsito no aeroporto estava um caus, vários carros parados aleatórios na beira da rua, pessoas gritando em francês a todo vapor na rua.

Fitei Delon enquanto ele dirigia. Não mudara muito desde nosso ultimo encontro. Seu cabelo loiro estava bem cortado e penteado em um topete charmoso. Sua barba bem feita, deixava a mostra seu rosto que aparentava não ter nem 30 anos. Usava uma camisa polo branca do clube de golf que frequentava, uma calça social azul marinho e seus sapatos de couro de jacaré que tanto amava. Seus olhos azuis estavam escondidos por um par de óculos e sua pele mais bronzeada que de costume ─ era bem provável que ele andara frequentando a praia enquanto esteve aqui nos últimos dias.

─ Bom, enfim. Não sabe a alegria que senti quando você me ligou pedindo que eu a buscasse no aeroporto. E você chegou em um dia perfeito. Não faz ideia de quem está aqui em Mônaco para assistir a uma corrida de fórmula 1. Ninguém mais, ninguém menos que Tony Stark. O Homem de aço.

─ Homem de ferro. ─ corrigi instintivamente seu erro.

─ Ah! Tanto faz. ─ respondeu desdenhoso ─ Esta tudo na tabela periódica. Ele vai assistir a corrida de sua nova aquisição. E eu estou louco para reencontrar a secretária dele, a tal da Paula. ─ ele continuou a tagarelar.

─ Na verdade é Pepper, e foi nomeada presidente não tem muito tempo. ─ corrigi novamente, alheia a tagarelice dele enquanto colocava alguma música descente para tocar no seu iPod.

─ Melhor ainda! ─ ele anunciou, ainda mais eufórico ─ Já me imaginou casado com a presidente das indústrias Stark? Porque eu, a partir de agora, sim.

─ Delon... já parou para pensar que algum dia, líderes mundiais terão de criar uma lei que proíbe casamento mais de quinze vezes? E que essa lei pode chamar-se Lei Delon Legrand Musc?

Ele soltou uma gargalhada, animado com minha suposta interação na conversa. Encarou-me brevemente transbordando curiosidade em um sorriso simbólico e então voltou-se para a estrada.

─ O que foi, Snow? Está pensando em se candidatar para ser minha esposa de número quinze? Terá de esperar mais um casamento então, minha flor dos céus. Pois eu preciso casar-me com a Pepper antes.

Revirei os olhos e soquei de leve seu braço.

─ Cale a boca, Delon.

Ele tornou a sorrir, parecendo não desistir da ideia.

O hotel que Delon escolheu para nós era o mais conhecido de Mônaco: O Hotel Paris. Não me surpreendi nem um pouco quando ele revelou que o Tony Stark também estaria hospedado ali, acompanhado de Pepper Potts. Havia pouco mais de seis meses desde que o bilionário egocêntrico Stark admitiu em rede nacional e internacional que era o Homem de ferro. Até hoje nas televisões russas o fato torna a passar, repetir e repetir na TV. Uma coisa totalmente tediosa. Delon me atualizou com a noticia de que Tony havia, recentemente, inaugurado a ExpoStark em New York com uma incrível apresentação, com direito a música do AC/DC e bailarinas com lanternas nas mãos, discurso sobre coisas que ele dizia não dizer (palavras de Delon) e ameaças a quem quer que tente bater de frente com ele. E, é claro, um vídeo do papai Stark contando sobre o sonho da vida dele. No dia seguinte houve uma audiência com o governo sobre a possibilidade de Tony Stark compartilhar seu invento que, ele conseguiu sobressair-se muito bem batendo de frente com um perito de armas do exército - Justin Hammer (cujo homem já tive um caso qualquer há alguns anos), CEO das Indústrias Hammer, maior rival ─ por assim dizer ─ das indústrias Stark. E no fim de tudo ele ainda disse que conseguiu privatizar a paz mundial. O cara era um exibido.

Delon me acompanhou até a suíte master que seria para meu uso, prometendo durante todo o percurso que me conseguiria roupas novas e sofisticadas para o evento. Ele perguntou o tempo inteiro o motivo pelo qual eu pedi que ele me buscasse no aeroporto, mas eu inventei desculpas bobas do tipo: estava com saudades de você, você sabe que não tenho paciência para dirigir em Mônaco, o táxi é muito caro, entre outras muitas desculpas que ele não aderiu a nenhuma. Curioso e desconfiado. Esse é o meu Delon.

Joguei minha mala em cima da cama king size e fui direto ao banheiro preparar um banho relaxante com os sais disponíveis do hotel.

Enquanto imergida na água e brincava com uma pétala de rosas, comecei a pensar no quanto a S.H.I.E.L.D. sabia sobre mim. Como será que me encontraram? Até que ponto eles sabem sobre minhas segunda, terceira, quartas vidas? Ah, merda. Eu não acredito que isso está acontecendo novamente.

─ Senhorita Fury? ─ uma mulher de cabelos ruivos e vestido azul celeste aproximou-se de mim, interrompendo minha conversa com o anfitrião da festa.

Meu corpo travou, mas recusei-me a virar-me para a mulher, fazendo de conta que ela não estaria falando comigo. O anfitrião encarou a ruiva brevemente, demonstrando seu desgosto por ela ter interrompido nossa conversa.

O anfitrião era meu alvo. Eu havia sido contratada por um engenhoso CEO de uma corporação romena, que estava decidido a destruir o tal Alvaru Anor, o homem que roubou o coração de sua ex-mulher.

─ Então, senhorita Vladescu, como eu estava falando... ─ o romeno Alvaru tentava continuar a conversa, mas a ruiva tornou a nos interromper.

─ Ellizabeth Fury, preciso falar com você. ─ a ruiva sabia até meu nome de batismo.

Suspirei, irritada e encarei a mulher, assim como Alvaru.

─ Querida Érika, conhece esta mulher insolente? ─ Alvaru referia-se a mim.

Desta vez eu era Érika Vladescu, filha de um importante comerciante. Nessa época eu tinha 17 anos, mas meu corpo, minha roupa e acessórios faziam com que eu aparentasse uma mulher de mais idade. Eu estava trabalhando para o CEO romeno não havia dois dias. Para conseguir o emprego, tive que me livrar de todos os contratados para assassinar o Alvaru. Fiquei sabendo do emprego através de uma antiga informante da S.H.I.E.L.D., que estava desconectada de qualquer serviço político e ligada a pessoas de baixo nível.

─ Não, senhor Anor. Se quer ouvi falar dessa Ellizabeth Fury. Será que é uma outra convidada? ─ meu sutaque romeno estava impecável. Olhei com desdém para a ruiva enquanto continuava ─ Será que ela não percebe que estamos tendo uma conversa em particular?

Ignorando nosso desdém, a ruiva continuo:

─ Nick Fury me mandou. ─ ao falar aquilo, senti meu sangue congelar.

Havia se passado dois anos desde que eu decidira ir embora de casa. Desde que eu havia olhado no fundo de seu único olho e dito friamente que não era meu pai. Desde aquela manhã chuvosa, nunca mais eu ouvira falar em S.H.I.E.L.D.. Por garantia passei a mudar de nome a cada mês e nunca ficava no mesmo lugar por mais que quinze dias.

─ Quem é Nick Fury? ─ agora, interessado no assunto, Alvaru indagou.

─ Senhorita Ellizabeth, tenho ordens extritas, onde eu devo encaminhá-la de volta para casa. ─ a ruiva, tornando a ignorar Alvaru, aproximou-se de mim e entegou-me uma folha de papel.

"Precisamos de você em casa.
— N. F."

Lendo aquele bilhete eu não sabia o que pensar. No fundo, eu sabia que sentia falta de casa, que sentia falta de algumas pessoas da S.H.I.E.L.D. ... Mas ainda não estava preparada para desistir da vida que estava construindo e voltar aos laboratórios.

─ Desculpe querida. Não sei o que isso significa. ─ entreguei o bilhete de volta a ruiva e despedi-me de Alvaru com dois beijinhos.

Naquela noite eu havia conseguido escapar por pouco, através de um tubo de ventilação com mal-funcionamento. Para conseguir escapar, acabei rasgando meu vestido perolado e utilizado meu salto alto como arma contra três agentes que conseguiram me alcançar.

Desde então, nunca mais voltei a ver a S.H.I.E.L.D.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu ouvi a música Don't you remember da Adele hoje de manhã e pensei nas lembranças da Ellizabeth que eu havia escrito. Alguns trechos encaixam-se perfeitamente na história, o que me faz pensar que essa música poderia até mesmo ser um spoiler para o futuro que Ellizabeth aguarda, então acho que ela merece ser a música do capítulo.
(Vale lembrar que, no fim da fanfic, irei criar uma playlist no site do 4shared disponibilizando as músicas da trilha sonora da 1ª temporada para download.)

"Quando foi a última vez que você pensou em mim?
Ou você me apagou completamente da sua memória?
Eu frequentemente penso sobre onde eu errei
E quanto mais eu faço, menos eu sei

[...]

Eu te dei espaço para que você pudesse respirar
Eu me afastei para que você pudesse ser livre
E espero que você encontre a peça que falta
Para trazer você de volta para mim"

link do vídeo (com legenda): https://www.youtube.com/watch?v=alBP-xtqMfA

...................................

Link dos carros sitados no capítulo:

Audi TT 2015: http://i.kinja-img.com/gawker-media/image/upload/s--DBaqo1CP--/c_fit,fl_progressive,q_80,w_636/sjkrthu9zvym6bxldrsr.jpg

Audi q3: https://adm.carclick.com.br/media/br/356920/7738_0.jpg

...................................

Eu irei postar o terceiro capítulo daqui há 1 hora. Eu só preciso conferir algumas coisas, editar alguns errinhos básicos e logo logo vocês poderão aproveitar o capítulo.

...................................

Até daqui a pouco.

õ/