A Million Faces escrita por Vingadora


Capítulo 2
I can be who you want.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores (sendo você fantasma ou não).
Aqui está o 1º capítulo de A.M.F.

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Uma coisa que esqueci de dizer no prólogo:

Eu costumo criar capítulos longos, portanto a maioria dos capítulos terão mais de 2.000 caracteres. (Sim, essa é uma fic para leitores não-preguiçosos hahaha).

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Sem mais delongas, aqui está I can be who you want.



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POV. Elizabeth

─ Quem é você? ─ mais um soco.

Quantos socos foram?

Bom, seu eu contar os dois socos que deixei levar assim que entrei naquela limusine, mais os quatro socos que o primeiro segurança me deu por ter elogiado sua calça de couro, somando os três socos que esse cara vestido para uma festa infantil ─ porque não é possível que um mafioso vista-se com calça jeans laranja, terno vinho, camisa polo amarela e tênis esportivo lilas ─ temos...

Outro soco tirou-me de meu desvaneio.

─ Ei! ─ protestei ─ Estou tentando fazer umas contas aqui, camarada. Me dê um tempo. ─ bufei e revirei os olhos.

É. Foram 10 socos.

Isso sem contar os chutes, as armas de choque, a bala que estava incomodando minha coxa, os puxões de cabelo ─ há dez minutos estava achando que o cara vestido de palhaço queria arrancar meus cabelos para fazer uma peruca e esconder esse cabelo ridículo dele.

Ele recarregou sua 38 e apontou para minha cabeça.

─ Fala agora, sua mocreia. Ou eu juro que irei atirar nos seus miolos. ─ esbravejou o palhaço.

Aquela frase não surtiu o efeito desejado pelo homem. Tentei forçar-me a não fazê-lo, mas depois de longos segundos foi impossível: altas gargalhadas escaparam desenfreadas.

─ Sério?! ─ indaguei entre gargalhadas ─ Mocréia? Miolos? ─ bufei e depois voltei a rir ─ Vocês russos não conseguem algum xingamento melhor, não? Em nossa língua temos ofensas mais assustadores, sabe? Como vadia, piranha, puta, vagabunda, prostituta... se bem que puta e prostituta são a mesma coisa...

Seu comparsa de calça de couro me estapeou, interrompendo minha frase.

─ Quem. Você. É?! ─ o de couro perguntou estridentes, colocando-se face a face comigo e olhando no fundo dos meus olhos.

─ Qual é a cor dos seus olhos? ─ resolvi perguntar ─ Amêndoas, eu aposto cinco pratas. Já namorei um cara com a mesma cor que os seus.

Outro tapa. Dessa vez doeu.

Cuspi mais um pouco de sangue ─ pela quantidade de sangue que perdi hoje, já se foram quase 1/3 de litro de sangue.

─ Minha nossa, só fiz uma pergunta! ─ revirei os olhos ─ Aposto que vocês não tem mulher em casa. Afinal, não sabem lidar com uma.

─ Quem você é? ─ o calça de couro gritou e deixou escapar um pouco de saliva para meu rosto. Que nojo.

─ Eu posso ser quem você quiser, quando você quiser, como quiser. ─ sussurrei para ele, usando um tom sutil e sedutor.

─ Quem. Você. É? ─ ele, mais uma vez, investiu a pergunta com seu tom "ameaçador".

Ignorando sua investida, eu prossegui:

─ Posso ser sua secretária, acompanhante de festas, empregada, segurança particular, assassina profissional, atiradora de elite... O que você quiser, o tempo que precisar.

Ele socou meu estomago que estava parcialmente protegido por finas cordas que rodeavam meu tronco e membros, prendendo-me a uma cadeira de madeira vagabunda.

O celular do palhaço tocou e ele se afastou um pouco para atender.

─ Senhor Pottins. ─ disse em russo.

Ela já falou para quem trabalha? ─ Pottins, meu alvo, dizia em sua língua materna no outro lado da linha.

─ Nã-não senhor... Ela não diz nem mesmo o nome. ─ palhaço tremia ao proferir as palavras.

Faça ela falar. Ou então arranque a língua dela e coloque fogo nos pés. ─ Pottins bravejou irritado.

─ Deixe-me falar com ele. ─ intrometi-me na conversa do palhaço com Pottins utilizando também sua língua.

Palhaço virou-se para mim e olhou-me curioso. Aproximou-se um pouco mais e encarou-me assustado.

─ Senhor... E-ela quer fala-lar com o-o se-se-nhor. Está falando em russo. ─ palhaço gaguejou assustado.

Bufei.

Ainda não acredito que esse cara seja um mafioso de verdade.

Passe para a vagabunda. ─ O líder mafioso ordenou, agora ainda mais irritado.

Palhaço direcionou o telefone para perto de mim e ligou o viva-voz.

─ Ferraz manda lembranças, Pottins. ─ sorri com ironia logo após dizer a frase, mesmo sabendo que ele não veria meu sorriso.

Então é para ele que você trabalha, atrevida?

─ Oh, não! Nem pensar. ─ tornei a sorrir ─ Mas estive com ele há dois dias a sua procura. Ele estava acompanhado de um homem elegante, disposto a dar qualquer tipo de informação sobre o sócio dele.

Não acredito! Ferraz era meu melhor sócio! Nunca nos entregaria.

Dei de ombros.

─ Certamente depois de ter os um dos olhos arrancado, dedos triturados, e um passeio de moto comigo, ele resolveu falar. Falou tudinho.

Pottins soltou uma gargalhada rouca, típica de fumantes de tabaco.

Tudo, sim? ─ outra gargalhada ─ Então porque você não veio até mim, senhorita torturadora? Ou ele não lhe revelou onde eu moro? ─ pude sentir um tom de triunfo vindo dele. Coitado, mal sabe ele.

─ Ah, não... Isso ele não pode revelar, porque nem mesmo ele sabia sua localização. ─ expliquei ─ Tenho que admitir, para um mafioso de quinta categoria até que você sabe se esconder muito bem.

Ele tornou a gargalhar, triunfante.

Quinta categoria, hãn? ─ riu outra vez até suspirar e mudar o tom ─ Smitch! ─ bravejou ele a um de seus comparsas ─ Faça o que quiser com essa daí e depois joguem ela no Rio Volga. Estou cansado de conversar com esta imunda.

─ Espere! Só mais uma coisa. ─ pedi e percebi que ele esperava que eu continuasse ─ Quer saber o porquê acho você de quinta categoria? ─ ouvi ele bufar, mas eu continuei ─ Porque, hoje em dia, existe uma coisa chamada tecnologia. E, enquanto você conversava comigo, meu chefe, por assim dizer, rastreou você e adivinha só? Ele está chegando, Pottins. ─ e então eu sorri. Sorri triunfante, porque já haviam se passado mais de um minuto de conversa e a equipe já estava a postos, preparada para invadir a casa. Eu sabia disso, pois minha audição periférica trabalhava durante toda a conversa. Pude ouvir, através do fone do celular, homens correndo em volta do lugar onde ele estava, armas sendo checadas, carros em movimento, faróis sendo controlados e bombas preparadas.

Esperei que ele ou os outros homens dissessem mais alguma coisa, porém ficaram calados.

O-o-o que? ─ sussurrou Pottins antes da ligação ser interrompida.

Palhaço jogou o celular no chão, atirou nele e depois apontou a arma para mim.

─ Você já era, vagabunda. ─ ele brunhiu, ameaçador e atirou.

Joguei minha cadeira para o lado e flexionei os músculos, fazendo força para me livrar das finas cordas que me rondavam. Peguei a primeira faca da minha coleção lateral na coxa e lancei direto ao "Calça de couro", que caiu para trás no mesmo instante. Palhaço atirava e corria para longe ao mesmo tempo, mas não foi rápido o suficiente para fugir de mim. Eu já estava em cima dele, lançando sua arma para longe e prendendo seus membros com meus braços e pernas.

Aproximei-me o máximo que consegui de seu rosto e olhei no fundo dos seus olhos.

─ Que-quem é você? ─ ele sussurrou, apavorado.

─ Eu posso ser quem você quiser, quando você quiser, como quiser. Posso ser sua secretária, acompanhante de festas, empregada, segurança particular, assassina profissional, atiradora de elite... O que você quiser, o tempo que precisar. Mas só por um bom pagamento. ─ Sem esperar qualquer movimento, enviei uma faca com precisão em sua jugular.

Levantei-me e deixei-o ali se debatendo até a morte.

Menos um palhaço no mundo para assustar as criancinhas. Ponto para mim.

Deixei meu sorriso zombeteiro brincar em meus lábios enquanto eu caminhava até a mesa prostrada ao lado da minha antiga cadeira e peguei minhas armas. Uma pistola ─ argh, nem sei porque trouxe isso ─ , minha besta, meu comunicador e minha jaqueta de couro.

Coloquei cada acessório em seu devido lugar e voltei-me para o Calça de couro ─ agora morto no chão ─, peguei a chave da minha moto que estava enfiada em seu bolso e direcionei-me para a porta de saída do depósito que me encontrava.

Enquanto eu caminhava para minha Hayabusa, recebi uma chamada pelo comunicador.

─ Sim? ─ indaguei enquanto montava na moto e ligava-a.

Senhorita Hell? ─ era meu mandante, o homem que me pagou para conseguir informações sobre o trabalho de Pottins.

─ Sr. Black, como estamos? ─ coloquei o capacete e comecei a acelerar, sem esperar sua resposta.

Muito bem, Hell. O alvo já foi neutralizado e o presente já está na árvore de natal.

Sorri, contente com a notícia. Ele já havia depositado o dinheiro na minha conta.

Avancei com minha moto pela rua e não demorei a chegar na estrada principal que me serviria como rota ao aeroporto internacional.

Todo o presente, Sr. Black?

Acha mesmo que não sou um homem de palavra, Senhorita Hell? ─ pela voz, ele parecia muito contente com o resultado da missão.

─ Não, não, sr. Black. Só estou confirmando a minha parte. ─ acelerei ainda mais a moto e ultrapassei alguns carros que se formavam na estrada principal.

Certo, certo. ─ pude sentir um sorriso de formar em sua face ─ Mantenho contato, senhorita Hell.

E a chamada foi encerrada.

O tráfego aumentou ao passo que me aproximava do aeroporto, fazendo com que eu me estressasse ainda mais com as buzinas e cortasse todos os carros com dificuldade, até porque outras motos ─ lentas motos, preciso dizer ─ também tentavam ultrapassar os carros.

Antes mesmo que eu estacionasse minha moto, recebi uma nova ligação. Pressionei o botão e indaguei:

─ Sim? ─ desliguei a moto e desci dela.

Um dos funcionários do Sr. Black usando um terno de linho preto e segurando uma mala, aproximou-se e estendeu a mão, fazendo com que eu entregasse a chave da moto e o capacete a ele.

Snow, tentei contatá-la a noite inteira. ─ era outro mandante.

─ Ah, Carlos. Quanto tempo! ─ entreguei ao homem a minha jaqueta, mas antes checando se havia alguém próximo para observar que eu enrolava a besta e a arma com ela. ─ Eu estive ocupada nesta noite. Eu estarei voltando para Mônaco amanhã, que tal nos encontrarmos no pub do centro, perto da pista de corrida. O que acha?

─ Certamente, Snow. Estarei aguardando você no... ─ a chamada foi interrompida. Estranho.

O funcionário do sr. Black entregou-me a mala que antes segurava e acenou com a cabeça enquanto se afastava de mim.

Dirigi-me para dentro do aeroporto lotado e procurei pelo banheiro público mais próximo. Algumas pessoas passavam por mim e encaravam-me um tanto quanto assustadas. Eu lançava-lhes meu melhor sorriso e desfilei em direção ao banheiro sem demora.

O banheiro do aeroporto era estranhamente limpo, organizado e estava vazio. O que me levou a pensar que não existem muitos novaiorquinos por aqui.

Entrei no primeiro compartimento que vi, abaixei a tampa do vaso e joguei a mala em cima dela. Abri-a sem perder tempo e encontrei tudo o que precisava lá. Roupas limpas, curativos e documentos falsos para a viagem.

Tirei primeiro minha bota, depois abri o zíper do macacão de couro e retirei-o bem lentamente, por conta dos ferimentos recém-ganhos. Joguei tudo dentro da mala e preparei-me para remover a bala que estava dentro da minha coxa quase cicatrizada. Mordi uma das mangas do macacão e enfiei o bisturi no ferimento. Arranquei a bala e joguei-a dentro de um bolso qualquer da mala junto do bisturi. Limpei o ferimento com álcool e enfaixei-o com gaze e ataduras. Tirei da mala um sutiã e um vestido preto e longo, junto de um par de salto alto preto com tachas prateadas. Vesti tudo com cuidado para não sujar com o sangue da minha face e saí do compartimento.

Agora ia cuidar dos ferimentos do meu rosto.

Limpei o rosto com água da torneira e sequei-o bem com papel-toalha do banheiro. Parei para observá-los e percebi que haviam apenas cortes quase cicatrizados nos lábios, testa e nas pálpebras dos olhos. É. Os cretinos fizeram um bom trabalho.

Fiz o mesmo processo de limpeza com o rosto e guardei o kit de primeiros socorros novamente na mala.

Peguei o óculos de grau da mala e o coloquei, para tentar disfarçar os cortes. Prendi o cabelo em um coque mal-feito, deixando a longa franja cair para frente escondendo os cortes na testa. Meus lábios eram a parte mais exposta ali. O que não era o maior dos problemas.

Uma nova ligação no comunicador me aguardava.

─ Sim? ─ eu estava distraída tentando alinhar alguns fios de cabelo enquanto atendia a ligação.

Ellizabeth Fury? ─ uma voz conhecida soou do outro lado da linha.

Engasguei com meu próprio ar.

Ellizabeth? ─ a voz chamou-me novamente.

Arranquei o comunicador do ouvido e pisei em cima com a ponta do salto. Droga, droga, droga. Um zilhão de vezes: Droga!

Peguei a mala e saí em disparada do banheiro. Abri uma fresta na mala e peguei de lá meus documentos e a passagem para Mônaco. Verificando o terminal, se quer me desculpei aos russos irritados em que esbarrava. Eu preciso sair daqui. Eles me encontraram. Deixei meu óculos cair no meio do caminho, mas não me importei, pois tudo o que eu pensava era que precisava chegar até o maldito terminal. Aos tropeços e esbarrões, consegui chegar até a revista, onde fui forçada a jogar minha mala para a inspeção e passar pelo detector de metais já ciente de que iria apitar.

O segurança segurou-me pelo braço e tive que lutar contra meus instintos de quebrar a mão do pobre homem o tempo inteiro.

─ A senhora se esqueceu de remover os sapatos e todos os objetos metálicos. ─ disse o segurança em russo como se fosse uma grande autoridade.

Revirei os olhos e arranquei os sapatos às pressas.

─ Irei passar o detector em seu corpo agora, senhora. ─ alertou ele, finalmente soltando meu braço.

─ Rápido, por favor. Estou quase perdendo meu vôo. ─ pedi, usando sua língua materna, fingindo um leve sotaque com uma voz melosa. Sorri, em súplicas ao homem que, mesmo tentando evitar a exposição, relaxou a postura.

Assim que ele terminou a vistoria, calcei meus sapatos e peguei minha mala.

Quando estava quase alcançando o terminal, alguém me puxa para trás, fazendo com que, por extinto, eu proferisse um soco que deveria ser certeiro.

Meu ataque foi neutralizado por uma mão forte e ágil, como se ela estivesse ali o tempo todo.

─ Ellizabeth, não sei se ainda se lembra de mim, mas meu nome é Phil Coulson e eu estou encarregado de levá-la para casa.

Oh, merda.


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Notas finais do capítulo

Macacão e botas:
http://g02.a.alicdn.com/kf/HTB1cyHfGpXXXXciXFXXq6xXFXXXd/221422415/HTB1cyHfGpXXXXciXFXXq6xXFXXXd.jpg

http://mlb-s2-p.mlstatic.com/bota-feminina-couro-estilo-coturno-militar-metal-dark-gotico-14383-MLB2852204983_062012-F.jpg

Vestido e salto:
http://img.ph2-jpg.posthaus.com.br/Web/posthaus/foto/moda-feminina/vestidos-de-festa/vestido-longo-feminino-juliene-preto-carmim_150707_301_1.jpg

https://www.kawacki.com.br/Content/fotosProduto/130071721020442500_zoom.jpg

Moto Hayabusa:
http://www.rovcan.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/08/post_03-08foto2.jpg

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Música (não inspirada):

Radioactive - Imagine Dragons

"Estou acordando em cinzas e pó
Limpo minha testa e transpiro minha ferrugem
Estou respirando as substâncias químicas
Estou invadindo, tomando forma
E então conferindo o ônibus da prisão
É isso, o apocalipse

[...]

Estou acordando
Eu sinto isso em meus ossos
O suficiente para fazer meu sistema explodir"

link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=ktvTqknDobU

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Até o próximo capítulo õ/

p.s.:
Não deixem de comentar.

Lembrem-se deste mantra: "comentário feliz = autora feliz = leitor feliz"