Abri meus olhos calmamente, a luz do sol iluminava meu quarto por completo, eu me sentia bem, sentia que podia voar a qualquer momento, sentia que podia qualquer coisa. Me virei lentamente para o lado contrário da janela e vi uma das cenas mais tristes da minha vida. Santana dormia sentada em uma das cadeiras da cozinha, seu pescoço torto parecia dolorido. Ela não deveria ter feito isso, não precisava ter feito.

Me levantei lentamente, evitando o máximo de barulho para não acordá-la, abri a porta e vi Quinn e Andy sentadas no chão do corredor, ambas encarando o nada, e ao me verem, se levantaram rapidamente.

— Rachel… - Quinn murmurou.

— Fiquem quietas. - sussurrei. - Vamos descer, antes que vocês acordem ela.

Nós descemos, eu entrei na cozinha e o notei cheio. Eu estava cansada daquilo. Era tudo tão diferente antes, mamãe e eu, Quinn e Brittany… Sou grata por ter conhecido todas essas meninas, por ter conhecido minha irmã, por ter conhecido a mulher da minha vida. Mas eu não posso mais fazer isso, não posso mais magoá-las.

— Como você está? - Lexie perguntou.

— Eu preciso de ajuda. - murmurei, me apoiando no balcão da cozinha.

— Quer suco? - Millie perguntou, erguendo um copo cheio de suco de maçã.

— Na verdade… - olhei para Quinn, ela parecia curiosa. - Eu preciso da sua ajuda, Quinn.

— O que eu posso fazer por você?

— Venha.

Eu a puxei até o quintal de trás, Quinn cruzou seus braços e me encarou.

— O que houve, Rachel?

— Eu preciso que você me ajude com Santana. - ela franziu sua testa. - Preciso que me ajude a fazê-la se apaixonar por Millie.

— O que? - ela quase gritou. - Está louca? Por que eu faria isso?

— Quinn… eu sei que minha situação não é das melhores, eu sei que tudo está piorando, eu ouvi o que Millie disse, eu ouvi. Isso não será bom para ninguém, principalmente para Santana.

— E você quer fazê-la se apaixonar por Millicent para…

— Ser feliz. Me esquecer e criar uma família de verdade. Amar uma mulher que não irá machucá-la, tanto fisicamente quanto sentimentalmente.

— Rachel…

— Você pode me ajudar, é o que eu quero e lhe peço, mas se você não quiser, farei isso sozinha.

— Como?

— Eu não sei. Talvez se eu trancá-las juntas no banheiro…

— Péssima ideia. - ela riu baixo. - Tudo bem, pensaremos em algo. Mas com uma condição. - franzi minha testa. - Me prometa que você fará todo o possível para fazê-la feliz.

— Quinn.

— Rachel, eu nunca fui fã dessa relação, você sempre soube disso, mas Santana também é minha amiga, eu não quero fazer parte de algo que vá magoá-la.

— Você acha que se eu tivesse outra escolha, faria isso?

— Você tem outra escolha, Rachel.

— Qual? Regredir mais do que estou regredindo? Fazê-la sofrer cada dia mais? Gritar com ela e vê-la chorar? Não é o que eu quero, não é o que ela merece, não é o que deveria fazer. - senti meus olhos se encherem de lágrimas. - Ela não merece isso Quinn, nenhuma de vocês merecem isso.

— Rachel? - ouvimos a voz de Santana, ela parecia ter acabado de acordar. - Você está bem?

— Sant… - eu a abracei, procurando não demonstrar muito meu medo, mas parecia não funcionar muito. - Eu só estou um pouco cansada.

— Por que não volta a dormir, amor? Eu vou estar lá com você, não precisa se preocupar.

Eu olhei para Quinn, isso pareceu tê-la feito entender. Santana não merecia viver assim, não comigo.

***

A sala estava silenciosa quando entrei, todas as meninas pareciam querer fazer presença, mas ninguém queria conversar, pareciam ter medo de mim. Me sentei no sofá ao lado de Millie, a mesma parecia cantarolar alguma música.

— Sabe quem gosta de música? - peguntei, chamando atenção de todas, principalmente de Santana. - Santana gosta. Quero dizer, ela canta às vezes.

Quinn olhou para mim séria, parecia reprovar meu ato repentino.

— Legal. - Millie murmurou, encarando Santana. - Que tipo de música você gosta?

— Hum… Eu não sei. - Santana respondeu, parecendo envergonhada. - Não tenho um tipo preferido.

As duas passaram a conversar sobre o assunto, olhei para Quinn, a mesma revirou os olhos, seria o primeiro passo de muitos.