A Hard Love 2 escrita por Raiane C Soares, Isa Lopes


Capítulo 23
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Os passos dela me faziam bufar, seus cabelos loiros estavam soltos, voavam conforme seus passos aumentavam a velocidade, ela estava nervosa, eu também.

— Então ela voltou para Ohio? Como ela poderia voltar para Ohio, sozinha? Quero dizer…

— Eu não sei, Millicent. Eu esperava que você pudesse me responder essa pergunta.

— Eu não sei o que dizer, Santana. - ela parou bruscamente, me assustando. - Ela estava indo tão bem, as terapias estavam lhe ajudando bastante, e de repente…

— Ela volta a brincar com seus bichos de pelúcias e a fazer chá. - completei. - Ela estava falando sozinha, Millicent. Quero dizer, não era sozinha, era…

— Isso não pode acontecer. - ela pegou seu celular, suas mãos tremiam. - Como poderia?

Millicent se sentou no sofá de minha antiga casa, mamãe estava trabalhando e papai havia viajado, tínhamos paz naquele momento. De repente ouvimos passos, Quinn entrou rapidamente com Brittany logo atrás, as duas pareciam pálidas.

— O que você fez com ela? - Quinn gritou, seus olhos verdes pareciam castanhos enquanto me encarava. - O que diabos você fez?

— Quinn! - Brittany gritou, parecia querer lhe acalmar. - Quinn, pare!

— Você a destruiu! - Quinn continuava a gritar, me assustando. - Você a destruiu!

Em um rompante estranho, Quinn passou a chorar, Brittany a abraçou por trás tentando lhe acalmar, porém ela continuava murmurando coisas, sempre me culpando.

— Ela não fez isso, Quinn. - Millicent disse, depois de guardar o celular. - O autismo fez isso. - nós a encaramos confusas. - Eu liguei para minha terapeuta, ela disse que isso é raro, mas pode acontecer.

— O que isso quer dizer? - Brittany perguntou, o que eu queria saber.

— Estranhamente, Rachel está regredindo, e não há nada que possamos fazer. Nem mesmo os médicos podem explicar isso. - escondi meu rosto em minhas mãos, frustrada. - Santana não tem culpa disso, nem mesmo Rachel tem.

— E… o que acontece agora? - Brittany continuou. Quinn e eu não queríamos dizer mais nada.

— Eu não sei… - Millicent suspirou. - Podemos tentar conviver com isso, tentar ajudar ela, ou simplesmente nos afastarmos de vez. Cada uma tem sua escolha.

— Não me afastei de Rachel desde que éramos crianças, não vai ser agora que irei me afastar. - Quinn resmungou, encarando o chão.

Me levantei rapidamente, subi as escadas e entrei em meu antigo quarto. Eu não estava preparada para isso, eu não sabia o que faria para vê-la feliz, eu não sabia se conseguiria novamente. Fechei a porta rapidamente, puxei a cadeira da escrivaninha a jogando longe, as lágrimas já insistiam em descer. Chutei a perna da mesa, ignorando qualquer dor, a do coração parecia maior. Abri a porta do armário, puxei algumas roupas que sobrara ali, mamãe nunca jogava minhas roupas no lixo. Joguei alguns livros dali no chão, junto havia uma caixa de sapato com algumas coisas. De dentro saiu algumas fotos minhas. Uma delas era de quando Rachel e eu fomos à formatura. Estávamos nos beijando. Chutei a caixa com força, me joguei na cama, escondi meu rosto com o travesseiro e gritei o mais alto possível. A dor ainda estava ali.

— Sant… - a voz assustada soou do outro lado da porta. - Santie, abra a porta, por favor?

Eu não queria abrir, não queria que Rachel me visse daquele jeito, não queria assustá-la mais ainda.

— Amor, por favor… - sua voz saiu cortada, ela estava chorando. Eu também. - Me desculpe, eu não queria te magoar. Me desculpe por ser assim, me desculpe por ter feito você se apaixonar por mim, me desculpe por ter lhe feito me amar. - ela parou, tentei me controlar para não correr. - Papai ligou para um amigo, ele me contou. Isso não vai acabar, nunca. Por mais que eu queira, por mais que eu tente, por mais que eu seja eternamente feliz ao seu lado, isso não vai acabar.

Me levantei da cama, me apoiei na porta e suspirei. Imaginar vê-la chorando já me doía.

— Me desculpe… - choraminguei. - Por ter entrado em sua vida. Talvez ela teria sido melhor sem mim.

— O que há? - ela resmungou, parecia querer me fazer rir. - Querendo roubar minhas falas agora?

— Eu me aproximei, não queria que isso tudo acontecesse, não queria que você sofresse tanto.

— Não queria se apaixonar por mim…

— Esse não era o plano, mas apenas tentar uma amizade. Eu me apaixonei, eu me encantei, agora eu lhe amo tanto, a ponto de não querer vê-la sofrer.

— Abra a porta, amor. - ela pediu novamente, eu toquei na maçaneta. - Cala a boca…

— Rachel. - eu ouvia sua voz, mas não conseguia distinguir o que ela falava. - Rae.

Abri a porta rapidamente e a vi de olhos fechados, parecia querer afastar algo.

— Por favor, diga que me ama. - ela pediu, ainda de olhos fechados. - Diga que eu serei sua eternamente.

— Eu disse isso antes e continuarei dizendo quantas vezes for preciso. - segurei seu rosto, a beijando em seguida. - Eu te amo, Rachel Berry. Eu te amo mais qualquer um, mais que a mim mesma. Eu nunca a deixarei, nunca desistirei de você.

— Promete para mim… - ela se afastou, seus olhos encaravam os meus. - Promete que amanhã, quando eu acordar, você estará lá por mim. Promete que, mesmo se eu gritar com você, mesmo se eu não querer lhe ver, você estará lá por mim.

— É claro que eu prometo, querida. Eu estarei lá mesmo que você diga que me odeia.

Eu a beijei novamente, Rachel sorriu e correspondeu, para em seguida se afastar rapidamente. Seus olhos piscavam rapidamente.

— Eu te levo para casa. - murmurei, a guiando até as escadas. - Todas nós precisamos descansar, foi um dia muito agitado.


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