A Alma de minha Vida... escrita por AoRingo


Capítulo 2
Capítulo II - O Fantasma de seu coração...


Notas iniciais do capítulo

Então gente, um novo capítulo para vocês!
Espero que gostem, que não chorem, nem que queiram me matar kk'

Boa leitura à todos!



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Quem subisse as escadas, perceberia o acúmulo de poeira nos degraus. O corrimão possuía uma aparência antiga, podendo ser observado cupins pela madeira. Os mais observadores, notariam nas pegadas deixadas na poeira. Feitas a pressa, pelo desespero de uma corrida.

Balançava as pernas livremente, observando as ondulações que o movimento provocava na água. O reflexo mostrava o jovem no qual se tornara, os cabelos negros um tanto mais comprido, dono de um olhar sem sentimentos. Estava com 12 anos já, um típico garoto que chamava a atenção por onde andava.

O rapaz ao seu lado também crescera, estando agora praticamente da sua altura. Os fios louros estavam jogados no rosto, as safiras azuis adquiriam, cada vez mais, um ar expressivo. Sasuke nunca admitiria, porém o amigo tornara-se muito bonito. Observava-o deitado na grama, os olhos fechados, apreciando os raios de sol que banhavam sua pele.

Sol. Era essa a palavra que definia Naruto para si. Ele chegara em sua vida tão silenciosamente quanto o sol nasce no horizonte, devagar, esquentando a amizade aos poucos. Tornando-se algo essencial para sua vida. O Uchiha estava dependente da presença do louro e, no fundo, sabia que apaixonado também:

– Né, Sasu... – a voz serena o despertou de seus pensamentos – Você gosta de alguém?

– Iie... – seu coração batia rápido – E você, dobe?

Um instante de silêncio se instalou. Se não fosse pelo som dos cantos dos pássaros, o moreno temeria que o amigo ouvisse seus batimentos. O Uzumaki parecia pensar na resposta, como se nunca houvesse parado para refletir sobre isso:

– Eu sempre achei a Sakura-chan muito bonita! – exclamou enquanto se sentava – Mas acho que não gosto dela como amor...

– Hm... Por que nunca falou com ela se a acha bonita?

– Eu já tentei, quando éramos crianças... – o louro coçou a cabeça envergonhado – Fui completamente ignorado!

Sasuke encarou o outro, sua expressão não demonstrava sentimento algum, porém não gostara nenhum pouco do que ouvira. Como aquele dobe conseguia achar aquela tábua rosada bonita? Além de tudo, a Haruno era irritante e enjoada, não largava de seu pé na escola por nada. Definitivamente, não entendia o gosto do amigo.

Embora estivesse fitando o lago, sentia o olhar do Uchiha em cima de si. Sabia que ele não ficara contente com sua resposta, mas o que poderia fazer? Apenas fora sincero, inclusive quando dissera que não sentia nada forte pela garota. Queria muito dizer seus verdadeiros sentimentos para o moreno. Contar em como sempre o admirara da janela do quarto, em como o achava bonito e inteligente. No entanto, do que isso adiantaria àquela altura?

Já se passara 5 anos e ainda estava ali, sem saber o porquê, estranhando seu próprio crescimento. Achava mais estranho ainda, Sasuke nunca perguntar de seus pais ou da escola, como se temesse a resposta. Sentia seu peito se comprimir toda vez que aquelas dúvidas vinham em sua mente, temendo como aquilo tudo acabaria. Embora fosse errado, não queria sair do lado do maior e não queria que ele saísse do seu lado:

– Naruto? Você está bem?

– Huh?

Sentiu o toque da mão do moreno em seu rosto, só então percebendo que chorara. Acenou positivamente com a cabeça, não querendo preocupar mais ainda o outro. Fechou as safiras quando fora abraçado, deitando a cabeça no ombro do Uchiha. As lágrimas tornavam a cair sem que pudesse conter, sentia-se fraco naquele momento:

– Hey... – um afago em sua cabeça – Já falei que sempre estarei com você...

Quis dar um de seus típicos sorrisos à Sasuke, porém não conseguia. Se ele soubesse da verdade, nunca diria aquelas palavras com tanta certeza. Segurou-se ao amigo como se sua vida dependesse daquilo, tendo certeza que essa era uma sensação irônica de ele se ter. Ficou ali, sentindo o calor que emanava do corpo do moreno, recebendo o afago que não cessara em nenhum minuto.

Por um instante, pareceu que tudo que acontecera quando criança não passara de um sonho. Que ao fim do dia, chegaria em casa e sentiria o aroma delicioso da comida de sua mãe. Por um instante, pensou que ouviria de todos o quão parecido à Minato ele era. Que voltaria a ir ao hospital, para seus exames de rotina, porém se fosse apenas isso, estaria contente.

E, no instante seguinte, lembrou-se que nada daquilo voltaria a acontecer.

Quem fosse além no corredor, hesitaria ao ver todas as portas fechadas. Algumas com a falta de maçanetas, outras com a madeira lascada. A pessoa mais decidida, aproximar-se-ia da porta com melhor aspecto, procurando por sons. O silêncio na casa, atiçaria a curiosidade para adentrar o quarto.

Encarava os jornais à sua frente sem demonstrar expressão alguma. Não fazia a mínima ideia do porquê de seu irmão estar fazendo aquilo. Ou talvez fizesse. Itachi o havia visto se despedir de Naruto na rua, coisa que de nada agradou o mais velho.

Quando chegara em casa, fora arrastado para o seu quarto e obrigado a ver os recortes de jornal, datados de 6 anos atrás. Seus olhos passavam de uma foto à outra do acidente, reconhecendo o casal como seus antigos vizinhos. No entanto, era a foto da criança que o angustiava, embora não demonstrasse. Não queria acreditar naquilo de forma alguma:

– Eles morreram, otouto... – seu irmão falava – Não pode ser o garoto que você insiste em dizer que conhece!

– Cala a boca, Itachi!

O mais velho se calara. Nunca vira Sasuke gritando daquela forma, ainda mais consigo. Talvez tenha pegado pesado em mostrar as fotos, porém precisava mostrar que os Uzumakis estavam mortos. Estava preocupado, não iria esconder. Ele vira o menor se despedindo do nada, como se houvesse realmente alguém ali. Precisaria avisar sua mãe:

– Vou te deixar sozinho, Sasuke, mas pense no que mostrei...

Jogou todas as folhas no chão assim que se viu só. Suas mãos tremiam de nervosismo, não sabia em quem acreditar. Ele vira as fotos, aquele era o Naruto, o mesmo Naruto que conhecera há 5 anos. Deitou-se na cama, sentia sua cabeça latejar. As lágrimas vieram aos seus olhos, da mesma forma que as do amigo mais cedo, involuntariamente.

Olhou ao redor no quarto, encontrando a raposa de pelúcia na poltrona. Kurama, era dessa forma que o louro a chamava. Fora tão fácil encontrar um nome para o brinquedo, além da intensa afeição que o menor possuía por ela. Podia perceber em como as peças do quebra-cabeça se encaixavam agora.

Então, por que conseguia ver o Uzumaki, tocá-lo? Como era possível que ele tenha crescido como um garoto normal? Essas dúvidas assolavam sua mente. Todavia, nada o incomodava mais do que nunca ter visto o louro, quando crianças, mesmo sendo vizinhos. Era como se Kushina e Minato o tivessem escondido do mundo, agora para sempre:

– Você está muito pensativo, Sasuke... – a doce voz o chamou.

– Como você entrou?

Observou o garoto pegar as folhas caídas no chão, os olhos cerúleos expressavam tristeza ao ver as fotos. Fez menção de se levantar para o confortar, porém o menor pegou a raposa e se sentou ao seu lado na cama. O calor que desprendia dele, provava-o o quão vivo estava, mesmo que fosse impossível:

– Eu não lembro muito bem, sabe... – as palavras soavam dolorosas.

– Naruto...

– Nós estávamos indo para o hospital, eu estava com dificuldade respiratória... Eu tinha câncer de pulmão, por isso meus pais não me deixavam ficar fora de casa... – puxou o louro contra o seu peito – A ponte estava coberta de neve e o tou-san estava com pressa... Apenas vi as coisas ao redor girarem, Sasuke, depois a água passou a invadir o carro e então...

– Chega! – apertou-o mais.

Sentia o corpo do Uzumaki tremer contra o seu, os soluços de choro eram audíveis. Afagou os fios dourados, sentia o aroma cítrico que desprendia dele, deixando-o inebriado. Afastou-se um pouco, querendo observar o rosto do louro:

– Calma... – secava as lágrimas que insistiam em cair – Você já chorou de mais para um dia, usuratonkachi.

– Eu sei, teme!

Poderia ter rido da expressão emburrada que Naruto fez. No entanto, viu-se fascinado pelos olhos cerúleos, os cílios ainda molhados pelo choro. Os lábios carnudos estavam juntos em um bico que só o deixava mais fofo. Deslizou seus dedos pelas cicatrizes, acariciando de leve.

O olhar confuso que recebeu de volta e a boca que se abriu de leve de nada o ajudaram. Juntou seus lábios aos do menor, sentindo a textura que tanto imaginara. Apenas um selinho não lhe bastava, pediu permissão com a língua, aprofundando o ósculo. Trouxe o louro para cima de si, aproximando mais os corpos.

Não importava o que dissessem, Naruto estava vivo para si, tão vivo quanto qualquer outro. Levou suas mãos por baixo da camisa que o outro usava, a pele macia e quente se arrepiando aos toques. Interrompeu o beijo, dedicando atenção ao pescoço bronzeado, ouvindo os suspiros que escapavam do garoto:

– Sasu... – um chamado sôfrego.

Tomou os lábios de novo, com maior intensidade. Nada do que fizessem, pará-lo-ia agora, pois ter Naruto para si era um desejo antigo. Inverteu as posições, acariciava o rosto do menor, decidido a ir com calma. Não iria o perder por alguma idiotice sua.

Se um dia, alguém o perguntasse se imaginou que aquilo aconteceria, com certeza teria negado. Por onde as mãos do Uchiha passavam, sua pele queimava, desejando por mais. Observava a íris negra nublada pelo desejo, uma felicidade crescendo em seu peito ao saber que era devido a si. Tomou a iniciativa de retirar a camisa do moreno, reparando em como sua pele era branca, alguns músculos já definidos apesar da idade.

Acariciou os fios negros, puxando o rosto para próximo de si, iniciando um novo ósculo. Temia que aquilo pudesse acabar do nada, porém tratou de deixar o medo de lado, aproveitando apenas o momento.

Se um dia, alguém perguntasse se estivera com quem amara de verdade, afirmaria com toda certeza.

Quem adentrasse o cômodo nada veria além da escuridão. As pesadas cortinas encontravam-se fechadas, assim como a porta. Era possível observar o que seria o contorno de uma cama de casal, além de um guarda-roupa e a escrivaninha. No entanto, qualquer outra presença, de objetos ou pessoas, era impossível de se prever.

Abriu os ônix e os voltou a fechar, tentando se acostumar com a luz do sol que adentrava a janela. Podia sentir um peso em seu peito, direcionando o olhar para lá. Sorriu ao ver Naruto ainda adormecido, os fios dourados caídos pelo rosto. Acariciou as bochechas marcadas, encantado com a expressão angelical que ele possuía.

Levantou-se com cuidado, não querendo o acordar. Ao passar pela frente do espelho, segurou o riso ao ver as marcas que o menor deixara. Quem diria que pudesse ser tão fogoso na cama. Talvez 12 anos fosse muito cedo, mas nada do que estava acontecendo seguia o curso normal da vida.

Dirigiu-se ao banheiro, precisava tomar um banho. Também precisaria acordar o louro para um banho, porém deixaria para depois. Ainda conseguia sentir os toques quentes do seu dobe, os lábios carnudos nos seus.

Se nada houvesse acontecido há 6 anos, será que as coisas teriam sido daquela forma? O Uzumaki dissera que tinha câncer de pulmão, por quanto tempo ele teria vivido? Perguntas que não deixavam sua mente, perguntas das quais ele não queria saber a resposta:

– Não importa de qualquer forma...

Quando voltou ao quarto, deparou-se com sua mãe arrumando uma mala. Procurou pelo amigo, encontrando-o encolhido na cama:

– Okaa-san, o que está fazendo?

– Arrumando suas coisas, nós iremos nos mudar, Sasuke... – a voz feminina parecia embargada pelo choro.

Piscou confuso, mudar-se? Aproximou-se da cama, puxando Naruto contra seu peito, percebendo o quanto o mesmo parecia perdido. O olhar de Mikoto para si apenas o irritou, ela estava agindo como se o louro não estivesse ali:

– Eu não quero me mudar...

– Querido, você precisa entender...

– Entender o que?

– Essa casa, esse bairro, não está te fazendo bem, meu amor...

Olhou indignado para a matriarca. Como ela tinha coragem de dizer aquilo? Nunca se sentira tão bem em sua vida! Como era possível que decidissem se mudar de repente, sem o avisar de nada? Não deixaria o Uzumaki sozinho, fizera uma promessa e iria a cumprir.

Itachi adentrou o quarto, nas mãos carregava outras 2 malas. Sasuke suspirou, aquilo só poderia ser uma brincadeira de mau gosto. Sentiu um aperto em sua camisa, fazendo-o olhar para baixo. Naruto estava assustado, as safiras transmitiam todo o medo que sentia. Apertou-o mais, fazendo com os outros dois o olhassem confusos:

– Eu não irei deixar o Naruto sozinho aqui!

– Otouto... – seu irmão apertou os olhos – Eles morreram, por favor, entenda isso.

– Ele está aqui, Itachi, nos meus braços, com medo! – estava desesperado – Eu prometi não o deixar!

Mikoto o observava assustada, os lábios trêmulos. Parara de arrumar a mala, petrificada, encarando-o como se estivesse louco. Não acreditavam no que dizia, estava mais do que óbvio na expressão deles.

Sentiu o louro se soltar de seu abraço, levantando-se. O corpo bronzeado marcado da noite anterior, quase poderia sorrir ao lembrar que o fizera seu, quase. A situação que sua família criara estava acabando com todo o clima bom de antes:

– Querido... – sua mãe o chamou – Você nunca conheceu o Naruto-kun... Kushina sempre foi muito protetora com ele devido à saúde...

– Calem a boca! Eu conheço ele! Eu amo ele! – gritou desesperado – Eu te amo, Naruto...

Percebeu nas lágrimas que o Uzumaki derramou, embora nos seus lábios encontrava-se o sorriso que tanto amava. No entanto, não pudera dizer mais. Itachi o arrastava para fora do quarto e, por mais que se debatesse, não era capaz de se soltar. Procurou desesperado pelos olhos cerúleos e o sorriso caloroso, porém nada encontrou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço reviews? u_u'
Bom, o próximo será o último capítulo, minna!

Até lá! Beijos :3



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