Quando penso que as coisas não podem ficar piores, estou completamente enganado. Nem os meus mais terríveis pesadelos são tão aterrorizantes. Nunca senti tanto pânico na vida, minhas mãos não param de tremer, minha mente está uma completa bagunça; e a única coisa que desejo, no mais profundo do meu ser, é que ela não morra. Bella não pode me deixar, e se Deus ainda não desistiu de mim, a única coisa que lhe peço é isso, que salve a mulher que eu amo e em troca eu vou buscar todos os meios possíveis de acabar com esse amor pecaminoso, a tratarei como uma adorada irmã, como deve ser, caso ela também permita que esse pecador continue ao seu lado.

O tempo passa, e nada de notícias, Charlie até tenta me expulsar do hospital, mas ninguém me tiraria daqui. Estou pouco me ligando para as suas ameaças de xerife, nenhuma dor seria maior do que a que estou sentindo agora. 

A mãe da Bella faz o possível para controlá-lo, acalma-lo e impedir assim que eu acabe precisando de cuidados médicos também. Percebo, além é claro, do olhar de desespero e preocupação nos seus olhos pela sua filha, o de pesar quando me olha fixamente; então ela já sabe que Charlie havia me contado toda a verdade. Minha vontade é de lhe pedir explicações, fazer ela dizer que tudo o que seu marido disse não passou de uma brincadeira sem graça, mas não tenho forças para nada.

 – Edward!

Escuto minha mãe me chamando, e antes que eu possa me virar até onde ouvi sua voz, ela já está me abraçando bem forte.

— Está tudo bem com você meu filho? – Pergunta ela preocupada – Ligaram para mim dizendo que o encontraram desacordado na rua todo machucado. Você quer matar sua mãe do coração, Edward? O que houve? – Diz ela enquanto examina o meu rosto e corpo.

Com toda essa confusão havia até esquecido da minha briga na rua. Abraço Esme bem forte e consigo me acalmar um pouco ao sentir o seu cheiro.

— Eu estou bem mãe, mas a Bella não – Digo enquanto me permito finalmente chorar.

— O que aconteceu com ela? – Pergunta ela preocupada.

— Um acidente, ela saiu correndo na rua e um carro a atropelou, e tudo por minha culpa.

Se antes eu estava em estado de choque, agora que é me permitido finalmente chorar, não consigo mais me controlar.

— Meu Deus!

Esme tenta me acalmar, mas em vão, eu preciso colocar toda essa dor que está me consumindo para fora.

—  Esme? Edward? O que está havendo aqui?

Escuto a voz do meu pai, e um sentimento de ódio começa a surgir dentro de mim, isso é tudo culpa dele.

— SAIA DAQUI! – Grito.

— O que é isso Edward? Que modos são esses? – Repreende-me Esme.

— NÃO QUERO VER ELE NUNCA MAIS!

— OLHA COMO FALA COMIGO GAROTO! – Grita também o meu pai.

Já estava pronto para revelar toda a sujeira que ele foi capaz de fazer; quando a porta que à horas fiquei olhando fixamente, finalmente se abre; e de lá sai um homem de cabelos grisados.

— Responsáveis de Isabella Swan?

— Aqui Doutor! Está tudo bem com a minha filha? – Pergunta uma Reneé em prantos.

— Estamos precisando urgentemente de sangue, ela perdeu muito com o acidente, e nosso estoque acabou. Então Senhores Swan, quem dos dois possui o sangue compatível com o de Isabella?

Charlie e Reneé ficam se encarando por um bom tempo, sem responder nada. O que eles estavam esperando? Quanto mais tempo eles demorassem pior, e só quando vejo o olhar de pânico da Senhora Swan que entendo toda a situação, Bella deve ter o mesmo tipo de sangue do seu pai.

— Meu pai vai doar – Digo sem pensar.

Vejo os olhares de pavor dos pais da Bella, com medo de que eu revelasse tudo, mas agora não é hora de se preocupar com isso, a vida dela é o mais importante.

— Meu pai tem o mesmo tipo de sangue que o da Bella, lembro qual é o dela, pois tivemos que descobrir numa aula de ciências – Nunca esqueceria desse dia, pois a Bella desmaiou assim que sentiu o cheiro do seu próprio sangue e tive que carrega-la até a enfermaria – O Senhor Charlie não pode doar, pois passou recentemente por uma complicação médica – Falo a primeira coisa que me veem na cabeça, e Reneé me olha com gratidão – Então pai o Senhor precisa ser o doador.

— Eu te imploro Carlisle – Fala Reneé.

Vejo que ele fica chocado, como se só agora percebe-se que é Reneé que está na sua frente, e reparo o olhar de questionamento dele.

— Anda pai, você precisa ajudar a Bella – Digo empurrando ele – Pelo amor de Deus, não temos tempo para perder aqui – Falo com raiva para ele.

Ele me olha por um momento e sem dizer nada acompanha o médico até uma sala; e eu só posso ficar aqui esperando, rezando para que nada aconteça com ela, senão a culpa seria toda minha.

— Edward posso falar com você, em particular? – Pergunta Reneé baixo, para que minha mãe não possa escutar.

Concordo balançando a cabeça; digo a minha mãe que vou até o banheiro e me dirijo até um canto mais afastado, para que assim ninguém pudesse nos escutar. Assim que ela chega ao me encontro me abraça bem forte e eu fico sem reação.

— Muito obrigada Edward – Diz ela enquanto chora e me abraça mais forte – Muito obrigada mesmo, por tudo.

— Você não tem o que me agradecer,  a culpa é toda minha – Digo chorando também.

— Não fale isso, ninguém aqui tem culpa de nada, e se alguém tiver ela é toda minha. Charlie também não devia ter lhe revelado toda a verdade como ele fez, se eu soubesse o teria impedido. Ele estava desesperado, quando percebeu seus sentimentos pela Bella, não sabia o que fazer; ele não te odeia Edward, só está com medo de toda essa situação.

Não sei se concordo com ela; mas decido ficar calado, agora não é o momento de discutir qualquer outro assunto.

— Sei como está sendo difícil também tudo isso para você, e mesmo não tendo o direito de lhe pedir isso – Ela se ajoelha no chão, e eu fico sem reação – Eu te imploro Edward, não conte nada para ninguém, por favor.

— Mas...

— Contar a verdade não vai fazer nenhum bem para ninguém, veja o que está acontecendo agora, tudo por culpa dela. O que eu e Carlisle fizemos foi errado, conviverei para sempre com este pecado; pense na sua mãe, na sua família, na Bella.

Não sei o que dizer para ela, então com medo por toda esta situação, saiu correndo pelo hospital. Minha cabeça está uma completa bagunça; gostaria tanto de acordar agora mesmo na minha cama e perceber que tudo isso não passa de um horrível pesadelo.

Paro exausto, e quando começo a prestar atenção ao que estar a minha volta vejo o meu pai e minha mãe se abraçando. Um sentimento de ódio surge dentro de mim, e vou em direção aos dois. Independentemente de tudo preciso revelar esta sujeira, Reneé teria que me desculpar, porém acabo parando no meio do caminho quando escuto a declaração da minha mãe.

— Estou tão orgulhosa de você Carlisle, te amo tanto. Não sei o que seria de mim sem você, acho que não conseguiria mais viver – Diz ela, e vejo nos seus olhos um grande amor.

Ao escutar suas palavras consigo me acalmar um pouco, e começo a pensar mais racionalmente. Será que é justo fazer isto com a minha mãe? A verdade muitas vezes machuca, e neste caso só traria ainda mais sofrimento para todos. Nunca me perdoaria em ser um dos causadores da tristeza da minha mãe, não suportaria ver ela chorando, por culpa minha. Reneé de fato têm razão, existem certas coisas que devem ficar no escuro, para o bem de muitas pessoas; há verdades que não devem ser reveladas. Então com esta decisão em mente, decido guardar este segredo, se dependesse de mim ninguém saberia de nada.

— Senhor e Senhora Swan? – Chama o mesmo médico da primeira vez.

— Por favor Doutor, conte como está minha filha – Pergunta Reneé.

— Graças a Deus tudo ocorreu bem.

Ao escutar estas palavras nem ouço mais o que o médico fala, sinto-me tão aliviado que minhas pernas ficam sem forças, e caiu no chão. Obrigado Deus, muito obrigado.

Home - Gabrielle Aplin (cover) 

Eu sou uma fênix na água

Um peixe que aprendeu a voar

E eu sempre fui um filho

Mas que as penas foram feitas para o céu

Então eu estou desejando, desejando além

Pela empolgação de chegar

É apenas que eu prefiro estar causando o caos

Que vivendo na ponta afiada dessa faca

Minha mãe tenta me convencer a ir para casa descansar, mas não adianta; não saiu desse hospital até consegui vê-la, comprovar com os meus próprios olhos que de fato Bella está bem. Ela desiste e vai embora com o meu pai, mas sem antes fazer eu prometer que comeria alguma coisa.

Com cada pequeno desastre

Eu vou deixar as águas paradas

Me levando para algum lugar real

Fico esperando os pais da Bella saírem e eu conseguir ter a chance de poder entrar no quarto; não desistiria, atazanaria todos naquele hospital até conseguir vê-la.

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra

É onde você vai quando está sozinho

É onde você vai para descansar seus ossos

— Edward – Escuto Reneé me chamando.

Olho atentamente para ela, tentando encontrar alguma resposta no seu rosto; e quando vejo o seu sorriso, um pouco de tranquilidade começa a surgir no meu ser.

— Ela está mesmo bem? – Pergunto chorando.

Ela balança a cabeça concordando, e eu me permito finalmente sorrir.

Não é apenas onde você deita sua cabeça

Não é apenas onde você faz sua cama

Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?

— Você pode vê-la agora.

— Posso? – Pergunto sem acreditar.

— Claro - Diz ela.

Lar...Lar

Sem espera mais me dirijo até o quarto que vi eles entrando. Charlie ainda está lá, olhando atentamente para ela; e quando percebe que eu havia entrado no quarto dirige-me um olhar mudo de desculpas. Fico por um momento sem reação. Será que estou imaginando coisas? Mas ele não fala nada, sai do quarto e permite-me ficar um momento sozinho com ela.

Então quando eu estiver pronto para ser corajoso,

E minhas feridas curarem com o tempo

Conforto irá descansar em meus ombros

E vou enterrar meu futuro para trás

Respiro fundo e vou em direção à Bella, e sem me conter seguro as suas mãos, querendo senti-la.

—Me desculpe Bella, sei que não mereço o seu perdão; mas espero poder ainda continuar vendo o seu sorriso, estar presente na sua vida, apesar de não ser da maneira que eu sempre desejei.

Toco o seu rosto delicadamente.   

— Apesar de tudo, almejo estar ao seu lado, pois você é meu lar – Deixo com que as lágrimas saiam dos meus olhos – Irei fazer de tudo para te amar apenas como um irmão, como deve ser – Paro um momento tentando me controlar – Só me permita ficar ao seu lado, pois ficar longe de você seria o mesmo que entrar no mundo das sombras, já que você é minha luz.

Eu sempre vou guardar você comigo

Você sempre estará em minha mente

Mas há um brilho nas sombras

Eu nunca saberei se não tentar

Permito-me ficar um momento só olhando para ela, até que para a minha surpresa seus olhos se abrem aos poucos; e meu coração começa a bater descontroladamente. Vejo que ela olha ao redor confusa, e só quando lhe toco percebe a minha presença.

 – Edward? - Pergunta ela quando me ver.

Nunca me imaginei tão feliz em apenas escutar a sua voz.

— Você está bem? – Pergunto um pouco preocupado – Vou chamar o médico.

Ela impede que eu solte a sua mão, e me olha confusa.

— O que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou sentindo tanta dor?

Com cada pequeno desastre

Eu vou deixar as águas paradas

Me levando para algum lugar real

— Espere um momento, vou chamar alguém – Digo enquanto afago a sua mão.

Saiu do quarto e quando vejo, ao que tudo indica, uma enfermeira vou correndo em sua direção.

— A paciente Isabella Swan acordou, ela disse que está sentindo muita dor.

Ela não me fala nada e vai em direção até o quarto, só depois percebo que Reneé e Charlie estão perto de mim.

— Ela acordou? Minha filha acordou? – Pergunta Reneé radiante.

— Sim – Digo sorrindo.

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra

É onde você vai quando está sozinho

É onde você vai para descansar seus ossos

Esperamos ansiosos do lado de fora, enquanto a Bella é examinada; se Charlie não houvesse impedido, Reneé já teria entrado sem permissão dentro do quarto. Até que para a nossa felicidade o médico sai.

— Ela está muito bem, agora só esperar o corpo dela se recuperar completamente, mas...

— Mas? – Pergunta um Charlie preocupado, sem esperar que o médico termine.

— Inesperadamente Isabella perdeu a memória do dia que sofreu o acidente, ela não está entendendo o porquê de estar aqui, a última coisa que ela se lembra é que estava tomando banho ontem para se encontrar com os seus amigos. Não sei informar se esta perda da memória é temporária devido ao choque do acidente, mas recomendo que caso isso persista que vocês vejam um especialista.

Não é apenas onde você deita sua cabeça

Não é apenas onde você faz sua cama

Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?

Ele indica o nome de um médico, e eu fico chocado no meu canto. Então ela não se lembra de nada? Do nosso beijo? Que somos irmãos?

— Não devemos fazer nada – Fala Reneé assim que o médico sai.

— O que? – Pergunta um Charlie confuso.

— Vamos deixar quieto Charlie, e rezar para que nossa filha não se lembre de nada, é o melhor.

— Mas...

— Não Charlie, não podemos deixar que ela veja um especialista. Não ver que a mente dela está a protegendo? Eu não sou médica, mas já li algo a respeito; na maioria dos casos a pessoa perde a memória como um meio de esconder a sua dor, de se proteger. A verdade deve tê-la machucado muito, vamos fazer isso pelo bem dela.

Lar...Lar

Então foi assim que eu, Reneé e Charlie decidimos guardar este segredo, na esperança de que a Bella nunca recobrasse a memória. Posso estar sendo egoísta, mas se isso significa que estarei ao lado dela como antes, não me importa.

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra

É onde você vai quando está sozinho

É onde você vai para descansar seus ossos

Só que não consigo esconder a raiva que começo a nutrir pelo meu pai, então para não estragar tudo, me distancio dele; percebo que minha família fica chocada com as minhas novas atitudes, já que nós dois éramos muito próximos, mas ninguém tem coragem de falar nada, para o meu alívio.

Tentando, desesperadamente, acabar com o amor proibido que nutro pela Bella, torno-me um tremendo mulherengo; às vezes quando ela pensa que não a estou olhando vejo tristeza nos seus olhos quando me ver com outras garotas. Mas é melhor assim, Bella tem que deixar de me amar, para o seu próprio bem. Então começo constantemente a lhe chamar de irmã, já que isso é o que ela é para mim.

Não é apenas onde você deita sua cabeça

Não é apenas onde você faz sua cama

Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?

O tempo passa, e eu ainda sofro por não conseguir deixar de ama-la; o pior foi descobrir que ela havia perdido sua virgindade com o idiota do Mike, minha vontade era a de bater nele até não aguentar mais, mas eu não tinha este direito, então acabei descontando minha raiva em uma parede, o que ocasionou o gesso na minha mão.

Porém o mais inesperado ocorreu quando estávamos frequentando a faculdade, em uma noite, para a surpresa de todos, Charlie e Reneé Swan acabam sofrendo um terrível acidente de trânsito, vindo os dois a morrer na hora. Só restando agora para mim, sozinho, guardar o segredo que compartilhávamos.

Lar...Lar