Pov Kate

Assim que ouvi o toque para o intervalo saí disparada da sala. A gargalhada dele ainda me enfurecia mais.

–1,2,3 Inspira… Expira. – Fechei os olhos, tentando me acalmar.

–Kate! – Lanie gritou quase no meu ouvido.

–Você está louca? – Acariciei o meu ouvido.

–Eu estou te chamando quase à uma eternidade, Kate! – Protestou. – O que passa consigo?

–Tudo, Lanie! Tudo! Sabe que mais? Se aquele anormal pensa que me vai ficar zoando durante o trabalho está muito enganado. As coisas vão ser à minha maneira. – Olhei para o bolo de chocolate que tinha comprado e depois devorei-o num abrir e fechar de olhos.

–Pode me explicar? É que eu não faço a mínima ideia do que você está para aí falando. – Lanie olhava para mim assustada.

–É que o nosso querido professor de português mandou-nos fazer um trabalho e advinha só?

–Vai ficar com o Castle! – Concluiu a minha ideia.

–Nem mais. Dá para acreditar? – Abanei a cabeça, revoltada. Dando um último gole no meu Compal manga-laranja.

–Eu sempre soube, Kate. – Sorriu para mim, meia emocionada.

–Você está parva? Soube o quê?

–Que o destino está a tentar juntar-vos! – Respondeu, olhando o horizonte, entrando num mundo da LanieLândia, onde tudo é possível: unicórnios, arco-íris, pessoas dando saltinhos de mãos dadas. Enfim é a terra dos sonhos.

–Lamento invadir o seu mundinho, mas isso não vai acontecer. Eu nem suporto ouvi-lo falar, imagine eu fazendo um trabalho com essa criança autêntica. Alguma coisa vai correr mal, vai por mim.

–Bem pode fingir, mas você sabe que no fundo isso é amor. – Deu de ombros, sorrindo. Lanie me irrita quando começa com estas coisas.

–Podemos sentar aqui com vocês? – Ryan perguntou, comendo uma maçã sumarenta.

–Claro. – Dissemos em uníssono.

–Do que estavam falando? – Esposito dando numa de curioso é um espetáculo.

–De nada especial, acredite. – Revirei os olhos ao ver o Castle aos beijos com aquela idiota ricalhaça: Meredith. Estão bem um para o outro.

–Vou pegar um suco, alguém quer? – Esposito perguntou, já se levantando.

–Não, obrigado. – Lanie e Ryan agradeceram.

–Eu vou consigo, quero pegar mais um bolo. – Levantei-me.

–Mais outro? – Lanie encarou-me, escandalizada. – Já é o segundo.

–E daí? Tenho fome, ok?

–Não sei para onde vai toda essa comida que você come. Eu engordo só com o ar que respiro. – Lanie bufou, aborrecida.

–Você está ótima assim, Lanie. – Consegui ainda ouvir Ryan dizer. Algo me diz que esta história de Ryan e Esposito gostarem de Lanie vai dar confusão. Mas é só um palpite.

Pov Lanie

–Lanie… - Ryan olhou para mim e pude notar um pouco de vergonha. Acho ele tão fofo.

–Sim.

–O que você vai fazer hoje à tarde? Podíamos ir ao shopping assistir um filme. – Convidou e senti o meu coração aos pulos e juro que até senti algo no estômago. Borboletas ou fome? Agora fiquei confusa.

–Acho uma ótima ideia! – Disse empolgada.

–Boa, vai ser divertido. – Admitiu. Pouco depois Esposito e Beckett voltaram.

–Trouxe isto para si, Lanie. – Esposito me entregou um suco de laranja natural.

–Obrigada, Javi. – Suspirei, olhando para os meus dois amores: Ryan e Esposito. Também como é possível não gostar dos dois? Eles são lindos e adoráveis. Talvez eu tenha de sair com os dois para perceber de qual dos dois eu gosto. Ou então poderia lançar um desafio: quem conquista o coração de Lanie? Uau, isso era super cool! Apanhei-me a rir sozinha dos meus pensamentos e os três me encarando, preocupados.

–Qual é a piada? – Kate, perguntou.

–São coisas minhas, chatos! – Bufei, fingindo aborrecimento.

Pov Castle

–O que acha de a gente namorar? – Meredith interrompe o nosso beijo e me pega de surpresa.

–Na…namorar? – Arregalei os olhos.

–Sim, já que a gente se assumiu perante todos aqui na escola. – Explicou com um sorriso de louca. Confesso que ela às vezes me intimida com esse seu sorriso.

–Meredith, a gente não se assumiu. Eu não quero namoro, isso é uma coisa muito “em grande” para mim. Não estrague as coisas. – Justifiquei.

–Sabe que mais? Você é tempo perdido. – Olhou-me de alto a baixo com desdém e foi embora.

–O que foi que eu fiz? – Falei para mim mesmo.

–Então Castle… falando sozinho? Isso a longo prazo é chamado de demência. – Beckett passou por mim, troçando. Essa garota me enerva.

Fomos nos equipar, porque a próxima aula era ginástica.

Como sempre nossa classe era uma das piores da escola: assim que entrei no pavilhão só via bolas voando de todos os lados, gritos, gargalhadas histéricas, um professor autoritário tentando se fazer ouvir. Aquilo mais parecia um zoo, mas eu adoro as aulas de ginástica.

Como sempre até em ginástica eu e Kate brigamos.

Antes de irmos para os balneários, fui ter com ela.

–Sabe uma coisa? Vai ser o trabalho mais interessante de todos. – Sorri, piscando para ela.

–Você não faz ideia… - Aproximou-se junto do meu ouvido e o seu hálito fresco roçando na minha orelha me provocou um arrepio.

Voltou a olhar-me nos olhos, confiante e trincou o lábio inferior levemente. Apesar de todas as nossas brigas, essa garota mexe comigo.

–Mal posso esperar. Hoje em minha casa? Às 15h, o que acha?

–Está perfeito assim. – Virou-me as costas e fiquei admirando-a por um bocado. A simples maneira que ela andava me atraía-me. Só que Kate não é igual às outras e é isso que me fascina. Para além do mais, ela me ignora completamente, o que me deixa desorientado.

Tenho que me preparar para logo à tarde, afinal tenho um trabalho para fazer.

Pov Kate

A manhã passou rápido e num instante eu, Ryan, Esposito, Lanie e o idiota nos juntamos para irmos os cinco almoçar.

Assim que nos sentámos a comer, a conversa fluía normalmente. Para meu espanto eu e Castle ainda não tínhamos brigado.

–Podíamos ir sair hoje à tarde… - Espo, sugeriu.

–Eu e Beckett já temos coisas combinadas, não é amor? – Piscou para mim e eu revirei os olhos.

–Você é mesmo um idiota, não é? – Abanei a cabeça, suspirando.

Como sempre, Lanie e os meninos já estavam acostumados às nossas brigas e ignoravam.

–E vocês? – Espo virou-se para Lanie e Ryan.

–Eu e o Ryan… - Lanie, sorriu.

–AU! Quem foi o anormal?! – Acariciei a minha perna, que tinha levado um enorme chuto por baixo da mesa. Rapidamente percebi o que alvo devia ter sido a Lanie.

–Você e o Ryan…? – Todos ignoraram a minha pergunta e suspirei.

–Não é nada, Javi. Eu e Lanie combinamos vir juntos para a escola amanhã, foi isso.

–Hum… Porquê? – Era notória a desconfiança e o ciúme agudo de Esposito.

–É. Foi isso. – Lanie confirmou, desviando o olhar de Javi. “Já anda aqui gato” pensei para mim mesma.

O almoço passou rápido e quando dei por mim já estava na hora de ir ter com o Castle.

Pov Castle

Acho que o meu quarto nunca esteve tão bem arrumado como está agora. Tocaram à campainha e ainda faltavam dez minutos para a hora combinada com Beckett. Será que ela está tão ansiosa como eu? O meu sorriso murchou ao ver Meredith.

–O que é você está aqui a fazer? – Franzi o sobrolho, vendo-a entrando pelo meu loft dentro, sem permissão.

–Vim pedir desculpa, fui uma estúpida consigo, Richard… - Deslizou o dedo pelo meu peito.

Tocaram de novo à companhia.

–Porra! – Bufei. Era Kate. O que ela vai pensar se vir Meredith aqui? Vai dar confusão. E da grande. Duas loucas à solta, não pode dar bom resultado.

–Está à espera de alguém?

Ouvi batidas fortes na porta. A pressão começou a aumentar e comecei suando. Levei as mãos à cabeça. Elas não se suportam. Elas não se podem ver.

–Sim, estou. Vai ter de se esconder debaixo da minha cama. – Comecei a empurrar Meredith.

–Vou ter de arrombar a porta, Castle?! – Ouvi a louca da Beckett gritando do lado da porta.

–EU JÁ VOU! – Gritei, arrastando a Meredith pelas escadas.

–O que é que ela está aqui a fazer? – Parou de repente e olhou-me, semicerrando os olhos.

–É uma longa história, eu depois te explico. Vá para debaixo da minha cama e quando eu disser pode sair, ok?

A campainha tocava freneticamente.

–Ok. Mas depois vamos conversar sobre isso. – Disse, chateada quase me matando com o olhar e depois se escondeu debaixo da cama como planeado.

Desci as escadas correndo e já corria água.

Abri a porta e tentei esboçar um sorriso.

–Até que enfim! Quase ganhava raízes aqui esperando que abrisse a porta! – Reclamou e depois olhou para mim. -Vim em má altura?

–Não, porquê? – Limpei a testa, que suava.

–Não sei, você está suando. Demorou a abrir a porta. Não me diga que vou encontrar alguém escondido debaixo da cama? – Gargalhou e eu gelei. A brincar, a brincar e ela quase acerta na verdade.

–Claro que não. Entre. – Algo me diz que me meti numa encrenca de difícil resolução. Porque sinceramente eu não estou vendo a Meredith aguentar debaixo daquela cama durante muito tempo. Tenho que arranjar um plano para que essas duas loucas não se cruzem.