Agilidade escrita por Diane


Capítulo 7
Capitulo 7 - Magia Negra




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Perspectiva de Christine

Acordei com um par de olhos dourados me encarando. Por um instante pensei que Cronos tinha ressuscitado do Tártaro e vinha me pegar, mas então reparei que era Ian.

— A cama de Vanessa é a do lado esquerdo — disse eu — Você acordou a garota errada. E, bem, se a ruiva não estiver na cama é sinal que você está levando chifre, rapaz.

Ele franziu a testa, provavelmente se perguntando se devia me enforcar ou não. É, eu causo esse efeito nas pessoas.

— Ele não está levando chifre — Vanessa falou enquanto caminhava até mim — E temos um problema e precisamos da sua ajuda.

Suspirei.

— Quem morreu?

— Ninguém, por enquanto — Ian falou me encarando. Os olhos dourados estavam fulminando, acho que ter sugerido que ele possa levar chifres não o fez gostar de mim — Na verdade é um papel.

Fechei as mãos em punho.

— Espero que seja um papel bem importante para vocês terem me acordado de madrugada.

Vanessa se sentou na beirada da cama e tirou um papel picotado em pedacinhos do bolso.

— Ian achou isso no quarto de Lauren.

Quando mandei Ian ir examinar as cenas do crime eu não esperava que ele encontrasse algo que a policia não tivesse encontrado antes. Para ser sincera, só mandei a criatura examinar as cenas do crime para que ele tivesse algo que fazer e Vanessa não ficasse irritadinha como sempre fica se alguém discrimina os namorados dela.

Peguei o papel da mão de Vanessa e o examinei. Era um papel preto totalmente picotado em pedacinhos e se olhasse bem poderia ser visto pequenas letras brancas impressas.

Poderia ser algo importante, ou então uma embalagem paçoquinha de halloween.

Bom, não custa verificar.

— Vanessa, me entregue uma cola e um papel.

Vanessa não questionou, apenas tirou uma cola e uma folha de caderno da gaveta dela. Oh, quem diria, Vanessa Kroell tem outra coisa na gaveta além de maquiagens.

O papel estava muito picotado e conclui que quem fez isso foi cuidadoso ao extremo para dificultar que ele fosse montado novamente. Cuidadosamente fu encaixando as “peças” desse quebra cabeça e colando-as no papel.

Dez minutos depois eu terminei e tinha uma frase impressa no papel.

“Se não calar a boca, será a próxima”

Antes de morrer Lauren foi ameaçada e aparentemente ela abriu a boca. Alguém sabia algo que foi contado pela própria Lauren.

— Isso é perturbador — Ian disse.

— Por isso ela estava tão esquisita no dia antes de... acontecer aquilo — Vanessa murmurou.

— Bom, agora sabemos o que o papel dizia, agora posso dormir? — falei.

— Vá dormir, criatura! — Vanessa grasnou.

Deitei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, mas mesmo assim não conseguia dormir.

Alguém tinha mandado aquele bilhete a Lauren antes dela morrer, era obvio que essa pessoa era seu assassino. Se fosse escrita á mão daria para analisar e descobrir quem era, mas a folha era impressa e duvido muito que o assassino tenha deixado digitais.

No recado dizia que não era para abrir a boca ou senão seria morta. Ela foi morta, isso é sinal suficiente para ter a suspeita que ela contou á alguém ou então o assassino quis se livrar dela para que não contasse.

Se ela contou, nesse momento tem alguém sabendo algo importante e temos descobrir quem é essa pessoa antes que seu cadáver apareça.

[...]

Perspectiva de Mary

Era cerca das 20h00min da noite e Mary tinha ensaiado o dia inteiro praticamente para fazer essa pergunta sem gaguejar, chorar ou parecer suspeita.

Enfim a ninfa tomou coragem e se aproximou de Ilithya. A feiticeira estava ensinando uma garota nova a controlar veneno com as mão. Ela estava bem do lugar que Lauren antes de morrer treinava o controle sobre venenos. Lauren era uma ninfa que tinha o dom de poder envenenar monstros e demônios com venenos tóxicos de plantas era um poder especial e muito valorizado para ninfas e ver outra garota fazendo isso, Mary sentiu como se sua amiga fosse substituída.

“Pare de pensar em outras coisas” ela se repreendeu mentalmente” Se foque no que tem que fazer”

A ninfa tomou ar e se aproximou de Ilithya.

— Preciso falar com você, é sério.

Alguns dias atrás, Ilithya olharia para a cara dela e responderia “Se for alguma pegadinha de Alec ou de Christine, pode ir embora antes que fique na detenção”, mas agora, com assassinatos acontecendo, bom, qualquer coisa pode ser séria de verdade.

— O que aconteceu, Mary? — A feiticeira perguntou já se afastando da nova aprendiz e indo para um canto mais afastado com Mary.

A garota loira tentou engolir a língua para não perguntar aquilo.

— Você sabe alguma noticia que ajude a prender o assassino?

Mary se sentia mal por perguntar aquilo... aquele tipo de pergunta não fazia o perfil dela.

Ilithya suspirou quando percebeu que não era nada grave.

— Por que você quer saber isso? — A mulher estreitou os olhos.

— Por que... por que — Mary gaguejou sem saber o que falar. Então toda a frustração e tristeza que estava sentindo nos últimos dias rompeu a barreira frágil — Uma amiga minha já morreu... Eu tenho medo que algo aconteça com mais alguém.

A ninfa começou a chorar desesperadamente, nem se importando se estava em publico. Com a tensão percorrendo a escola alguém chorando histericamente não era algo muito raro.

Ilithya sem saber o que fazer abraçou a menina.

— Acalme-se, eu já chamei a Guarda, eles já estão vindo. Não vai acontecer mais nada.

[...]

Mary foi procurar Christine, mas enfim só encontrou Alec e Vanessa. Vanessa estava no quarto dela junto ao irmão que estava conversando com Tigre.

— Ilithya falou que já chamou a Guarda.

Todos sabiam o que era a Guarda, uma associação de guerreiros incríveis que só apareciam em revoluções e tentativas de assassinatos. Aparentemente, o caso da escola estava se tornando bem grave.

— Quem bom — Vanessa respondeu aliviada — Papai vai vir aqui então.

Mary sabia vagamente que o pai de Vanessa e Alec era o líder da Guarda, mas isso não era muito mencionado.

— E a sua mãe, também vai vir? — Mary perguntou alegremente.

O sorriso no rosto de Vanessa sumiu.

— Ela morreu, quando eu tinha sete anos.

Um silêncio predominou no quarto, até Tigre que estava pulando á pouco tempo, parara.

— Isso não está tão grave para precisar chamar a Guarda — disse Alec.

Ele estava sentado na beirada da outra cama encarando o teto. Não parecia feliz com a ideia de a Guarda vir para o Campo de Treinamento. Mary percebeu outra expressão no rosto dele: Uma raiva contida.

— Nem parece que você está feliz por poder ver nosso pai novamente — Vanessa alfinetou.

Alec tirou os olhos da parede e encarou a irmã. Os olhos negros pareciam ficar avermelhados de raiva.

— Não estou feliz em ver ele.

Vanessa revirou os olhos.

— Não entendo por que você nunca gostou de nosso pai.

Alec lançou um sorriso frio.

— Você não gostaria de saber, mesmo.

[...]

Perspectiva de Vanessa Kroell

Ninguém reconheceria Vanessa, nem sua mãe se estivesse viva. Muito menos Alaric.

Alaric era um feiticeiro que detestava Ethan com todas as suas forças, a ruiva tinha certeza disso por que já foi namorada de Ethan e ele lhe contou certa vez que tinha dado uns “pegas” na irmã mais nova de Alaric.

Outro fato curioso sobre a vida de Alaric era que ele saia nos horários que não tinha aula no Campo de Treinamento e ia para algum lugar desconhecido que ninguém sabia. Talvez ele fosse apenas para a faculdade e todos estivessem dramatizando isso, ou talvez não.

Então Vanessa resolveu segui-lo nas suas saídas espontâneas do Campo.

Alaric não parecia ser um feiticeiro normal para o século XXI. Usava apenas roupas escuras e parecia ser bem sombrio. Era um garoto pálido com cabelos tão claros que pareciam brancos e tinha olhos verdes, igualmente claros. Na opinião de Vanessa, ele seria bem gatinho se não usasse roupas tão escuras.

Ele poderia ser bem gatinho, mas não era nada comparado á Ian que era tão bonito quanto um deus grego.

Voltando ao ponto, ela tinha que seguir Alaric e para isso não podia ser vista.

O problema era que ela nunca foi muito furtiva, seguir Christine que é uma criatura desatenta é uma coisa, mas seguir o cauteloso Alaric é outra.

Para isso ela resolveu usar artimanhas de filmes de ação. Se disfarçar.

Deuses, isso parece tão patético. Mas por algum motivo deu certo. Em vez de se fantasiar de um cachorro quente ambulante – seria muito suspeito um cachorro quente gigante seguindo Alaric – ela resolveu parecer normal.

Usou uma tintura temporária no cabelo, deixando-o preto. Passou maquiagens excelentes para deixar ela com a pele mais corada, disfarçando com êxito a palidez comum de vampiros e outros seres. Colocou lentes de contato castanhas e passou a maquiagem de forma que deixasse seus traços do rosto simples, de forma que seriam iguais a milhares de americanas espalhadas no país.

Ah, e ela também usou roupas discretas e normais. Nada de rosa.

Quando se olhou no espelho teve um choque. Ela parecia... comum?

Estava no estacionamento esperando Alaric passar. Ele passou pelo portal que levava a Nova York sem um carro. As vezes Vanessa esquecia que algumas pessoas não tinham carros e não eram tão ricas como ela e o irmão.

Ele ir sem carro foi bom, pois se ele fosse com um carro Vanessa obviamente teria que segui-lo de carro e bom, o carro dela não era muito discreto. Provavelmente nunca vai existir um século em que carros rosa com flores desenhadas com glitter serão discretos

Ela enfiou a chave dentro do bolso e seguiu ele pelo portal.

O portal a levou até uma das ruas movimentadas de Nova York. Graças ao pequeno disfarce ela estava igual á várias garotas comuns americanas.

Por alguns segundos ela observou várias garotas falando de filmes de vampiros. Qual seria a reação dessas meninas se descobrissem que tinha uma vampira ali mesmo, no meio daquela multidão?

Ela tinha que se focar e deixar para a mais tarde a sua reflexão sobre mortais. Alaric estava se misturando a multidão e ela não poderia perdê-lo de vista.

Começou a seguir ele com distancia de alguns metros, para que ele não percebesse a sua presença. Ela duvidava seriamente que Alaric percebesse que tinha uma garota “aparentemente comum” o seguindo, mas nunca é bom arriscar.

O garoto entrou em um ônibus.

“Um ônibus? Argh! Mania de pobre!” Vanessa pensou descontente, mas feliz por não ter usado seus preciosos saltos altos, senão poderia cair.

Felizmente o ônibus estava vazio. Ela certamente não aguentaria um ônibus cheio de gente.

Alaric se sentou em um dos primeiros bancos. Ela cuidadosamente passou por ele com a touca do casaco cobrindo o rosto e se sentou á cinco assentos atrás dele.

Ele não poderia vê-la de onde estava. Mas ela poderia ver ele.

Vanessa estava se sentindo uma espiã. Isso era tããão legal. Pobre bruxinho de cabelos prateados, nem deveria sonhar que estava sendo seguido.

O ônibus demorou para chegar no primeiro ponto de descida, enquanto isso ela arrumava o cabelo em um trança na janela e virava o casaco do avesso, deixando ele com outra cor. Com um espelhinho ela passou um delineador de sobrancelhas para modificar a curva da sobrancelha e com um efeito de maquiagem deixou os olhos mais grandes, os lábios mais finos e as bochechas mais coradas.

Ninguém perto dela estranhou. Era só uma garota se maquiando. Mas na verdade era uma precaução para o caso de Alaric ter visto ela.

Garotos nunca percebem detalhes, pelo menos a grande parte deles. Se fosse outra pessoa provavelmente perceberia que as calças eram as mesmas.

Finalmente o ônibus chegou no final do seu trajeto e Alaric desceu. Era uma parte mais isolada da cidade, mas mesmo assim algumas pessoas também desceram junto, já que era uma área que tinha mais hospitais.

Por um momento Vanessa achou que tinha feito tudo isso a toa. Talvez Alaric só fosse ir a uma consulta médica, mas então ele foi para uma outra direção. A mais isolada.

Ele entrou em um rua totalmente abandonada com casas do século XIX em ruínas. Era obvio que ele não ia a uma consulta médica.

Vanessa não o seguiu mais por dois motivos, o primeiro era que em um local tão silencioso ele perceberia que estava sendo seguido, e segundo: Aquele lugar cheirava á magia negra.

Sim, Alaric estava praticando magia negra em casas de covens.


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