Agilidade escrita por Diane


Capítulo 6
Capitulo 6 - A Sombra da Morte


Notas iniciais do capítulo

Nas notas finais tem um pequeno presentinho para vocês :)



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Juro que vi alguma coisa no corredor, mas quando olhei diretamente não havia nada. Nada. Absolutamente nada!

O lugar estava totalmente escuro, mas isso não era problema para mim que sou uma filha de Nyx e posso ver no escuro como se fosse dia. Examinei o local cuidadosamente. Não tinha nada fora do lugar e mesmo assim eu me sentia observada.

Senti uma súbita vontade de correr para a o quarto de Alec e ir dormir lá mesmo, mas eu tenho uma reputação a zelar.

Se alguém me atacar, pensei, Eu sou uma filha de Nyx e vou fazer a pessoa se arrepender disso. Eu não tenho medo de ninguém.

Pensando nisso atravessei o corredor até ao meu quarto.

[...]

— Polialelia ou alelos múltiplos significa que existem três ou mais tipos de alelos distintos para os mesmos locus cromossômicos. Em outras palavras, cada indivíduo tem apenas um par desses genes, mas as combinações possíveis entre elas são várias. — O professor da faculdade discursava.

Eu deveria estar prestando atenção no que o professor falava, mas não. Aquela sensação que senti ontem não saia da minha cabeça.

— Senhorita Caudermoon! — O professor reprendeu.

Há uma coisa que existem em todos os professores: O radar especializado para encontrar pessoas que não estão prestando atenção na aula.

— Do que a Polialelia resulta?

Sorri. Ele estava tentando me ferrar e passar vergonha na frente da sala inteira.

— A polialelia resulta de mutações sucessivas ocorridas nos genes de um determinado locus. — respondi.

Ele fechou a cara de desgosto quando falei a resposta certa. Os professores simplesmente me detestam, não sei por quê.

De repente a caneta começou a vazar tinta manchando a minha mão inteira. Pedi licença para ir ao banheiro antes que sujasse todos os meus livros e cadernos.

O banheiro era praticamente do lado da sala. Era perfeitamente limpo e revestido de azulejos brancos. De frente para a pia havia um espelho enorme.

Joguei sabonete na mão e comecei a esfregar, tentando com êxito tirar a tinta. Quando abri a torneira acabei olhando o espelho e me arrependo disso. Através do espelho vi um par de olhos me encarando, bem atrás de mim.

Quando me virei, não tinha ninguém.

Nem percebi que cor eram os olhos por que sai correndo dali o mais rápido que pude.

[...]

As aulas terminaram rápidas e eu agradeci por isso. Sai da faculdade correndo igual uma louca para o estacionamento, o lugar em qual encontrava minha mãe e ela me levava de carro para o Campo de Treinamento.

Justo naquele dia ela resolveu se atrasar.

— Menina?

Olhei para trás instantaneamente. Lá tinha uma velha mendiga coberta de trapos, mas não foram os trapos que me chamaram a atenção, foram os olhos dela. Os olhos daquela mulher eram cinzentos e tão claros que chegavam a ser quase brancos.

— O que? — perguntei.

— Eu vejo a sombra da morte em você.

Eu deveria xingar a mulher por me dizer algo tão idiota. Falaria que o próprio Hades era meu patrono. Mas ela começou a andar para longe de mim como se estivesse com medo.

Aquilo foi tenso. Admito.

— Que cara é essa, filhotinha?

Virei para o lado e vi minha mãe. Ela estava dentro de um carro luxuoso preto com teto aberto e me olhava inquisidoramente. Com óculos escuros e batom vermelho ela parecia moderna demais para uma deusa.

— Nada — falei enquanto abria a porta do carro e sentava do lado dela — Nada.

[...]

Mais tarde, no horário do almoço no Campo de Treinamento, me sentei na mesma mesa que sempre e contei a todos o que aconteceu. Desde os olhos no espelho até a mendiga louca.

— Vai ver era só uma mendiga louca, mesmo — opinou Ian — E os olhos fossem algum tipo de alucinação. Com os acontecimentos, quase todo mundo está tendo alucinações.

Alec riu.

— O mais novo cachorrinho de estimação da minha irmã tem opinião própria. Que curioso.

Assim que Alec e Ian calaram a boca e pararam de xingar um ao outro, contei sobre as minhas teorias e os suspeitos.

— Alaric... ele é um cara estranho — Sam falou enquanto comia um salgadinho — As vezes sai da escola e ninguém sabe onde ele vai.

Uma súbita ideia me surgiu.

— Vanessa você vai seguir Alaric e descobrir onde ele vai — disse.

Ela me encarou como se eu estivesse louca.

— Por que eu?

— Você é boa em seguir as pessoas sem que elas percebam.

Isso infelizmente era verdade. Uma vez, brincando, ela me seguiu até a casa da minha mãe sem que eu percebesse.

— Mary, você vai tentar arrancar mais informações de Ilithya, você é boa nisso e Ilithya vai com a sua cara — eu disse.

— Eu vou falar com Max o cara mora no quarto do lado meu — Damien falou.

— Vou interrogar Cassie — Resolvi começar interrogando a pessoa que teria mais motivos para matar.

— Então eu e Alec vamos falar com Tyler — Sam disse.

Bom, se as tarefas fossem distribuídas exatamente assim, em poucos dias terminaríamos todas.

— E eu? — Ian perguntou.

— Você... ahn... Sei lá, poderia dar uma olhada nos lugares onde ocorreram os assassinatos e tentar ver se acha algo.

Ele murmurou alguma coisa que não deve ter sido um elogio para mim.

[...]

Cassie Lye não era o que eu esperava.

Na minha frente tinha uma garota de mais ou menos a minha idade. Os cabelos dela eram pretos e de tão escuro que era chegava a ser quase azul. Os olhos dela eram cinzentos e rodeados por uma maquiagem escura e densa. Usava roupas pretas com correntes e estava com fone de ouvido. E acima de tudo, ela não parecia uma garota que tinha acabado de perder o ex-namorado esmagado, estava até alegre cantarolando uma música punk.

— O que quer? — Ela perguntou enquanto tirava o fone de ouvido e punha ao lado da mesa.

Talvez te interrogar? — falei com o máximo de sarcasmo.

Ela me encarou.

— Os tiras já fizeram isso.

— Eu não sou uma policial.

— Percebo.

Pois é, não havíamos começado muito bem.

— Por que você e Ethan terminaram? — perguntei.

A garota punk me lançou um olhar fulminante.

— Não era para você me perguntar onde eu estava quando ocorreu o assassinato? Ou outra pergunta normal?

Sorri levemente.

— Não, isso já sabemos, você estava no corredor como todos. Apenas responda.

Cassie ficou me encarando com um olhar assassino por alguns segundos, provavelmente tentando me intimidar. Não funcionou, eu a encarei com o meu olhar mais ameaçador. Senti meus olhos ficarem prateados.

Nada assusta mais alguém do que ameaçadores olhos prateados.

— Ok. Tudo bem, eu falo então. Ethan e eu terminamos por que ele me largou para ficar com outra garota.

— Quem era a garota?

— Lauren.

A mesma garota que morreu esfaqueada.

[...]

Perspectiva de Ian.

Ian estava irritado.

Era quase oito da noite e ele estava encarando a cama onde uma garota morrera esfaqueada. As vezes o garoto se perguntava por que estava fazendo isso. Bom, ele estava fazendo isso por que Vanessa pediu.

Ele revirou os cobertores, o guarda roupa, até as gavetas de calcinha de Lauren e não achou nada que pudesse revelar a identidade do assassino. Deuses, se Lauren estivesse viva e o visse revirando sua gaveta de calcinhas...

Ian tinha certeza que era um idiota total por estar fazendo isso. Obviamente ele não acharia nada ali, mas continuava procurando.

Com o tempo ele se cansou de procurar e se sentou na cama. Felizmente os lençóis haviam sidos trocados, afinal ninguém deixaria os ensanguentados lá e daqui uns dias uma nova garota iria ir morar nesse mesmo quarto. Por um momento ele se pegou pensando em se a garota que iria morar não iria ter medo desse quarto, onde uma pessoa morreu.

Então, subitamente e sem nenhum motivo aparente ele olhou um retrato pendurado na parede. A moldura era de madeira e com pequenos filamentos de aço desenhando flores nas extremidades. Dentro do quadro estava a foto de Lauren com suas amigar.

O retrato estava meio torto e quase caindo encima de outros retratos. O impulso de deixar tudo em ordem prevaleceu e ele arrumou o retrato, deixando reto.

Então o garoto percebeu por que o retrato estava torto. Para esconder vários papeis picotados.

Podia ser o assassino que picotou esses papeis, ou então a própria Lauren picotou esses papeis e esqueceu-se de jogar no lixo, ou talvez deixou o papel ali só que não teve tempo de se livrar dele, por que morrera.

Talvez fosse uma banalidade, mas ele pegou o papel e colocou no bolso. De manhã ele iria colar os pedacinhos e tentar ler o que estava escrito.

Ele tinha achado uma coisa que os policiais não acharam, isso já era alguma coisa. Talvez ele tivesse talento para investigador profissional, quem sabe. Dando se por satisfeito ele saiu do quarto.

No corredor ele topou com alguém. Mary. Aquela garota o assustava, aqueles enormes olhos azuis lembravam olhos de bonecas de porcelana maníacas.

Ele se desculpou e saiu correndo para o seu quarto, evitando pensar em bonecas maníacas.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu andei pesquisando no google algumas imagens da Viria PJO. Então dei um ajuste com o photscape nas imagens e fiz uma espécie de desenho digital dos personagens da sério. Espero que gostem. Para ver é só abrir o link.


Mary: http://pt-br.tinypic.com/r/9a4d4l/8
Vanessa: http://tinypic.com/r/e9wubr/8
Alec: http://tinypic.com/r/152hu2h/8
Christine:http://tinypic.com/r/5n5euv/8
Sam: http://tinypic.com/r/29vzdyf/8
Damien: http://tinypic.com/r/2ijkmde/8
Ian:http://tinypic.com/r/9hiety/8
Christine e Alec juntos : http://tinypic.com/r/2eeg2lf/8

A que eu mais gostei, sinceramente, foi a da Chris e o Alec juntos. Também adorei ver o tanquinhos dos meus personagens huashuasahusa.

É nesses momentos em que eu olho no espelho e digo: Deuses, eu sou demais.

E vocês, o que acharam?