Agilidade escrita por Diane


Capítulo 4
Capitulo 4 - Possibilidades Improváveis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603655/chapter/4

Eu estava no corredor, de camisola encarando os lustres em plena meia-noite.

Por que eu estava ali? Boa pergunta. Não me julguem, tenho boas explicações, bom, na verdade eu sempre tenho boas explicações para as idiotices que faço, mas isso não vem ao caso. Simplesmente eu não conseguia dormir e quando conseguia cochilar por uns instantes sonhava com esse lugar.

Admito que já tive sonhos bem estranhos, mas sonhar com um corredor parado? Morfeu deve estar tirando uma da minha cara.

Resolvi ir ao corredor para checar se havia algo de diferente. Nada. O corredor continuava o mesmo de sempre; lustres no teto, paredes impecáveis e o chão de mármore estava brilhando. Nem parecia que alguém tinha morrido aqui.

O lustre que tinha caído foi colocado no teto novamente, só que dessa vez com correntes bem mais fortes, embora a que se rompeu não fosse fraca.

Olhei para aquele lustre tentando analisa-lo. Se a morte de Ethan foi uma assassinato, foi uma assassinato muito bem feito, admito. O teto é alto pra caramba, tipo, uns seis metros, como palácios antigos. Não tinha nada para se apoiar caso alguém resolvesse escalas e também era ridículo imaginar alguém subindo e uma escada até o lustre na frente de todo mundo.

Embora subir em alturas não é problemas para algumas pessoas, já que existem feiticeiros que podem voar, geralmente descendentes de Éolo ou Zeus. Talvez ninguém tivesse notado que alguém voou no dia que o lustre caiu, embora eu ache improvável. Se alguma coisa cai do teto sua primeira reação é olhar para cima, e nesse caso, alguém teria visto alguém voando no teto.

Considerei várias hipóteses para o lustre cair, mas em todas elas o possível assassino não teria certeza em quem o lustre iria cair. Ou talvez fosse isso mesmo, um assassinato sem nenhuma vítima em especial.

Fiquei um tempo olhando para o teto até que vi alguém andando pelo corredor. Uma pessoa normal não conseguiria ver com esse escuro, mas eu, uma filha de Nix conseguia.

Alec. Aquela criatura estava andando pelo corredor.

Segundo Sam e Damien, ele estava conversando com a tia dele quando o viram. Nada suspeito se você ignorasse o fato que ele estava bloqueando a conversa para mim não ouvir e que ficou até á meia-noite conversando.

Ninguém conversa por tanto tempo, exceto se o assunto é muito sério.

Então eu tive um daqueles momentos em que sou impulsiva. Saltei furtivamente até a direção dele e me choquei contra ele propositalmente, fazendo bater as costas na parede. Pressionei meu braço contra o pescoço dele, o imobilizando.

— O que você está fazendo aqui á essa hora? — perguntei.

Ele me olhou abismado por uns instantes. Alec, por descender de deuses ctônicos enxerga bem no escuro, mas realmente não esperava um ataque surpresa.

— Eu que lhe pergunto — ele falou.

Pressionei meu braço com mais força. Pensei que ele iria reagir, tentar me empurrar, mas ele não fez isso, a parede mental já estava exigindo concentração o suficiente dele.

— Se eu fosse um assassino, você já estaria morto.

Ele revirou os olhos.

— Novamente a teoria de livros policiais?

— Por que você está usando uma parede mental, Alexander?

Peguei ele de surpresa. Por alguns segundos os olhos negros dele faiscaram, mas então ele me encarou seriamente e riu.

— Não posso ter privacidade?

Encarei ele.

— Não use desculpas esfarrapadas. O que você está fazendo é estranhamente suspeito — falei.

Lancei um olhar furioso á ele, desafiando-o á me responder, mas ele não fez nada, apenas me encarou.

— Você está paranoica.

— Você está estranho.

Ele abriu a boca para falar alguma resposta irônica mas não conseguiu por que foi interrompido por um grito.

O grito vinha do outro lado do corredor, na direção dos dormitórios. Ah, deuses, eu conheço essa voz. Damien.

Uma coisa é ouvir o grito de Ethan sendo esmagado, bom, quando aquilo aconteceu eu fiquei chocada, mas não senti muita coisa, afinal eu nunca fui com a cara de Ethan mesmo. Mas ouvir um dos seus poucos amigos gritar é totalmente diferente.

Comecei a correr o mais rápido que pude na direção dos dormitórios. Alec estava correndo ao meu lado, e o susto o fez perder toda a sua concentração na parede mental, agora eu sabia que ele estava aterrorizado.

A porta do quarto de Damien estava escancarada e aberta. Entrei no quarto esperando ver uma cena terrível que provavelmente me traumatizaria, mas não. Damien estava sentado na sua cama encarando a porta.

— O que foi isso? — perguntei.

Alec estava com as sobrancelhas franzidas, assim como eu ele não entendeu o que estava acontecendo.

— Estava tendo pesadelos, bela adormecida? — o vampiro brincou.

Damien não respondeu, ele estava em estado de choque. Analisei-o cuidadosamente, e realmente parecia ser algo bem mais sério que um pesadelo.

— Tentaram me matar — Ele articulou.

Quase dei um salto de surpresa.

— Quem? Como? Agora? — perguntei desesperadamente olhando ao redor.

O quarto parecia normal, mas então vi um ponto brilhante próximo á porta. Ela uma bola de metal coberta de lâminas afiadas.

— Jogaram essa esfera em você? — Alec perguntou.

Damien não parecia capaz de falar nada. Ele estava em estado de choque. Acho que ninguém nunca tentou matar ele deliberadamente, exceto o javali, mas o javali era irracional e quem fez isso parecia ser bastante racional.

— Não. Ela estava encima da porta, e quando abri ela caiu.

Isso era patético. Uma brincadeira infantil, colocar baldes de água sobre portas entreabertas para quando alguém abrir a porta o balde cair sobre ela. Agora isso não parecia muito infantil quando no lugar do balde era uma bola metálica cheia de lâminas.

Concluí que se Damien não tivesse se desviado á tempo ele estaria morto.

— O que eu faço? — O feiticeiro perguntou com os olhos arregalados.

Alec pegou o celular.

— Vamos ligar para minha tia.

Perspectiva de Ilithya

Naquela noite os sonhos de Ilithya estavam estranhos. Normalmente ela nem sonhava, mas aquela noite foi diferente. Por algum motivo estranho ela estava sonhando que quando abria a porta um balde cheio de água caia na sua cabeça.

E por outro motivo desconhecido, depois que ela sonhava com isso, ela acordava assustada e arfando. Medo de baldes de água? Aquilo era realmente patético, mas mesmo assim a feiticeira estava com medo.

Isso era vergonhoso, ela, uma das feiticeiras mais poderosas da atualidade, tendo medo de sonhos idiotas.

O celular começou a tocar. Que tipo de criatura liga á uma hora dessas?

Quando pegou o celular descobriu quem era. Alec.

Por que ela não podia ter sobrinhos normais?

— Sua criaturinha! — A feiticeira esbravejou no telefone — Espero que tenha um motivo bem sério para ter me ligado á uma hora dessas!

Teve um momento de silêncio na ligação, mas por fim garoto falou:

— Tentaram assassinar Damien.

Perspectiva de Christine.

A única coisa que fui capaz de dizer foi:

— Eu estava certa.

Alec me lançou um olhar furioso.

— Admita, eu estava certa.

— Sim, você estava certa.

Certa. Sim, de fato tinha um assassino naquele lugar. Mas que tipo de pessoa gostaria de matar Damien? Existem várias pessoas que gostariam de matar Ethan, como as diversas garotas que ele usou. Também existem pessoas que gostariam de me matar: Trivia, vários psicólogos e professores que se aposentaram depois de me conhecer.

Mas que gostaria de matar Damien?

Damien não era um santo, ninguém é, mas ele nunca foi o tipo de pessoa que os outros odeiam á ponto de matar. Ele é simpático, todos que o conhecem vão com a cara dele, mas aparentemente alguém não ia com a cara dele nessa escola.

A porta se abriu e Ilithya entrou. Ela vestia uma camisola com coelhinhos desenhados, eu teria rido da roupa dela se a situação não fosse tão tensa. Ah, e ela parecia furiosa.

— Alexander, se isso for uma brincadeira de mau gosto sua eu juro que... — Ela parou quando viu a bola de metal. — O que aconteceu aqui?

Demos uma breve explicação do caso bola maligna sobre a porta. Agora tenho certeza que Ilithya não achava que era uma brincadeira, bastava olhar para a cara de Damien para perceber que ele não estava mentindo.

— Isso não faz sentindo — Ilithya falou.

Confesso que não fazia sentido. Nenhuma das tentativas de assassinato e o assassinato de Ethan tinham uma ligação. Quem gostaria de matar eu, Ethan e Damien, três pessoas totalmente diferentes.

Falamos com Ilithya sobre a teoria de uma garota largada ter tentado matar Ethan. Mas se isso aconteceu, por que essa garota iria querer matar eu e Damien.

Outra hipótese que foi levantada foi que Trivia poderia estar viva e tentando se vingar. Ok, ela poderia querer me matar, e talvez matar Damien por que ele foi tentar procurar a balança junto comigo, mas por que Trivia iria querer matar Ethan, um garoto normal que não tinha nada haver com a história?

Poderia ser um serial killer louco andando pela escola. Mas até loucos psicopatas tem um tipo de vítima especifica. Mas o ponto falho era que Damien, eu e Ethan não tínhamos nenhuma semelhança em especial.

Cheguei a pensar que o acidente com o lustre foi realmente um acidente e era só Trivia querendo matar eu e todos que foram procurar a balança. Mas seria coincidência demais um lustre cair justamente enquanto ela planejava fazer isso.

Por fim Ilithya nos mandou voltar a dormir. Ela colocou guardas nos corredores e no quarto de Damien. Também colocou guardas nos quarto de todos que foram em busca da balança.

Os guardas eram cães gigantes. Descendentes de Cérbero, o cão que guardava o mundo inferior. Bom, ninguém se atreveria a mexer com um daqueles adoráveis cachorrinhos.

No meu quarto e o de Vanessa tinha uma cachorra chamada Taty. Os pelos dela eram dourados e ela tinha dentes maravilhosamente ameaçadores.

Idia se sentiu irritada, ela se julgava capaz de me defender sozinha, mas mesmo assim deixou o cão ficar.

Quando voltei para a cama consegui dormir, mas infelizmente sonhei.

Diana observava a cena atordoada. Lúcia estava agarrando seu irmão na frente deles. Mas isso não durou muito tempo, logo as duas criaturas perceberam a presença deles no quarto.

Caspian ficou atordoado ao ver sua irmã ali. Ela era inimiga de Nárnia, mas ele não conseguia parar de sentir vergonha quando percebeu que sua irmã mais nova o viu se agarrando com uma garota seminua que antes foi amiga dela.

Lúcia entrou em choque. Tentou erguer o vestido, mas ele estava solto, revelando seu corpo nu.

Edmundo estava furioso. Claro que ele estava furioso. Ele esperava ver sua irmã presa em uma jaula e não se agarrando com Caspian.

E Dimitri... Bem, ele estava ocupado demais encarando estupefato os seios de Lúcia.

Todos naquele quarto ficaram se encarando por alguns segundos.

Edmundo quebrou aquela tensão. Foi até Lúcia e a puxou para longe de Caspian. E, bom, logo em seguida ele socou Caspian, o soco atingiu em um ponto entre os olhos da criatura. Caspian revirou os olhos e desmaiou como uma bela adormecida.

Diana queria virar um avestruz e enterrar a cabeça no chão. Deuses, por que ela não podia ter um irmão decente? Mas não, os deuses enviaram a titia Caspiana para infernizar sua vida que já era um inferno por natureza.

A feiticeira poderia ficar lá, encarando seu irmão desmaiado e refletindo como as parcas a detestavam, mas então ouviu o barulho dos soldados tentando arrombar a porta.

— Por onde vamos sair? — Dimitri perguntou.

Era uma excelente pergunta.

A sorte foi que Diana sabia uma saída subterrânea que ficava abaixo da cama de Caspian que levava até um túnel abaixo do castelo. Rapidamente empurraram a cama e entraram lá.

O complicado desse processo foi arrastar Lúcia. Isso mesmo, arrastar, por que ela não queria ir de boa vontade. Ela queria ficar com Caspian.

Enfim mergulharam na escuridão das escadas subterrâneas deixando guardas confusos e um rei desmaiado para trás.

Senti algo me sacudir. Ah? Mas eu não estava lá em um túnel subterrâneo? Espera, era mais uma daquelas lembranças loucas...

Abri os olhos e vi Ilithya me sacudindo furiosamente. O rosto dela estava mais pálido que de costume e as madeixas loiras embaraçadas. Um mal pressentimento me ocorreu.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Mais um assassinato.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!