Agilidade escrita por Diane


Capítulo 16
Capitulo 16 - Mau pressentimento




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Perspectiva de Ilithya

Ilithya se sentia muito satisfeita consigo mesma. Não há nada mais que satisfaça um professor do quer dar um belo sermão em um aluno, e isso é melhor ainda quando esse aluno é uma praguinha élfica. Desde pequena Ilithya demostrou ter talento para dar sermões, já aos seis anos de idade ela dava sermões na sua irmã mais nova.

Bons tempos aqueles, pensou, quando eu ainda tinha minha irmã.

Ela se desviou daqueles pensamentos rapidamente. Quando se tem mais de quinhentos anos você começa se sentir nostálgica. Qualquer coisa te leva a uma lembrança. Ilithya vivia se perguntando como os deuses viviam, sendo que eles tinham milhares de anos.

Então a feiticeira se voltou para a realidade e encarou o pequeno elfo na sua frente, tendo quase um ataque histérico.

— Por favor! Não conte para os meus pais que coloquei uma câmera no vestiário feminino... — ele fez uma pausa, com os olhos ameaçando chorar — Por tudo que é mais sagrado.

Ilithya se perguntou se ela era tão assustadora para fazer o menino chorar ou ele estava com medo dos pais, ou talvez fosse as duas opções. Se ela estivesse em um dia ruim, provavelmente convocaria os pais dele no mesmo instante, só por que ele a irritou. Mas não, ela estava se sentindo benevolente.

— Pode ir embora — disse a feiticeira — Temos coisas mais importantes para nos preocupar do que suas travessuras, mas se eu encontrar uma câmera...

— Você não vai achar nada, juro!

Ele parecia estar a ponto de dar pulinhos de felicidade, e saiu correndo da sala antes que ela mudasse de ideia.

— Eu gosto desse garoto — Raphael murmurou.

— Por que? — Ilithya estava curiosa, ela sempre pensou que Raphael odiava Sam por causa do acidente da barata.

Raphael sorriu.

— Ele lembra eu quando era adolescente.

Isso foi demais, ela não conseguiu manter a máscara de professora má, começou a gargalhar enquanto se lembrava Raphael mais novo.

— Lembra mesmo... igualmente louco e cafeinado — falou entre as gargalhadas — mas felizmente naquela época não existia câmera para você colocar nos vestiários.

— Uma pena, não é?

Ilithya pegou o jornal que estava enrolado na mesa e bateu no braço dele.

— Tarado.

— Chata.

— Maluco.

— Entediante.

— Imbecil.

Su hermosa caliente

Ilithya parou subitamente e franziu as sobrancelhas.

— O que é... — ela começou a falar mas foi interrompida.

— Melhor você não ficar sabendo — Raphael disse maliciosamente.

A feiticeira se lamentou de nunca ter aprendido espanhol, mas mesmo assim, ela tinha uma leve impressão sobre o que eram aquelas palavras.

Eles ficaram lá, parados olhando a mesa por um tempo. Ilithya balançou a cabeça, deuses, estou voltando a agir como uma adolescente idiota, pensou. Ela se concentrou em olhar os desenhos intricados na mesa de vidro por um tempo. Por algum motivo estranho, ela sempre gostou de observar padrões decorativos de objetos.

— Hum... Ily, acho que você esqueceu de uma coisa no seu plano.

Ilithya parou de observar os desenhos da mesa.

— O que?

— Se você vai buscar Rowena... hã, quem vai assumir a direção do Campo de Treinamento?

A loira praguejou em voz alta e em bom som. Ops, ela sinceramente esperava que os alunos nos corredores não tivessem ouvido. Então, logo depois teve uma ideia.

— Oh, Raphael, você pode assumir a direção — Ela sorriu maliciosamente.

Ele se engasgou.

— Não! Eu nunca quis assumir a direção, anos atrás, quando o Sir. Laurent deixou o cargo eu sugeri que fosse você. Sempre detestei isso, lidar com documentos e principalmente, lidar com essas praguinhas. Lembre como isso deu errado certa vez — Muitos anos atrás, Ilithya não sabe informar ao certo, pois quando se é quase imortal você perde a conta, ela tinha ido visitar sua tia por um mês e deixou Raphael no comando. Bem, não deu certo. Ocorreram... desastres.

A feiticeira revirou os olhos.

— Você se acostuma. Mas dessa vez, evite jogar alunos pela janela. É um prejuízo lascado ter que comprar outra janela de cristal. Cristal é caro! — Ela reprendeu ele, só para garantir que ela não chegaria lá, e encontraria uma janela quebrada e um aluno chorando.

Raphael resmungou alguma coisa em espanhol que ela, obviamente, não entendeu.

— Você também esqueceu de uma coisa — Ah, ele adorava apontar as falhas dela. Se ele não fosse tão bonito, Ilithya já tinha jogado a mesa na cara dele. Mas sua mãe tinha ensinado a e ela que era muita falta de educação jogar moveis na cara das pessoas.

— O que eu esqueci, criatura?

— Se você sair, quem vai dar aula de magia para as praguinhas?

O-oh. Ela não tinha pensado nisso. Vampiros tem poderes mentais, tipo manipular mentes, fazer alguém enlouquecer, e também tinha bastante agilidade e força física, muito mais do que feiticeiros e elfos, mas em compensação, eles eram incapazes de terem poderes que envolviam manipulação de elemento e magia, exceto alguns que descendiam diretamente de deuses do mundo inferior, ou tinham benção fortes.

A conclusão era que Raphael não podia dar aula de magia. Seria um desastre. Por um momento Ilithya imaginou elfos fazendo crescerem árvores dentro do castelo, feiticeiros se pulverizando e a sua preciosa sala em qual lecionava sendo destruída. Tudo bem, ela não iria deixar sob hipótese alguma Raphael dar aula de magia.

Então ela lembou de alguém, que há muito tempo ela não via.

Sim, ela pensou, ele vai aceitar.

— Raphael, o que você acha da ideia de chamar Mikhail para lecionar?

Perspectiva de Christine

Sabe quando você sente que alguma coisa vai dar errado e um desastre vai acontecer? Muitas pessoas gostam de chamar isso de sexto sentido, eu apenas chamo de previsão de desastres.

Eu estava sentindo isso enquanto arrumava a minha mala. Vanessa não estava no quarto, e sei lá onde ela estava. Idia tinha se empoleirado encima do parapeito da janela e me encarava arrumando as coisas, ela iria ir comigo, é claro. Se eu vou caçar seres superpoderosos, nada mais justo que levar uma onça gigante comigo, certo?

Mingau tinha sumido. Ele cismou que queria ir junto com Sam até a floresta onde a mãe de Trivia estava aprisionada. Depois que eu neguei ele sumiu. Foi perda de tempo ir atrás dele, provavelmente se escondeu em algum canto e arranjou um jeitinho de se infiltrar no helicóptero que os levariam até a floresta.

Imaginei a cara de Ilithya se por acaso abrisse a mala e um gato pulasse de lá dentro. Bom, nem adianta avisar, eles já tinham embarcado no helicóptero ás 6:00 da manhã, Ilithya estava tão apressada que nem deu chance deles se despedirem.

Joguei uma pilha de roupas na mala e por algum motivo a mala infeliz não queria fechar.

— Idia, pode me ajudar?

— Claro.

Ela se transformou em uma onça gigante, por pouco não batendo as costas no teto e se sentou encima da mala. Ouvi o clac da mala se fechando.

— Obrigado.

— De nada — Ela falou se transformando novamente em uma gatinha.

Fiz uma careta. A mala tinha quebrado ao meio. Bom, querem saber? Não foi uma boa ideia pedir para uma onça gigante sentar em uma mala. Na verdade, foi uma péssima ideia.

[...]

— Que cara é essa?— Idia perguntou estreitando os olhos de curiosidade.

Fechei a outra mala, dessa vez, não pedi para Idia sentar encima dela já que eu não tinha outra mala disponível.

Idia pulou da janela para meu ombro. Felizmente ela estava na forma de uma gatinha pequena e não de onça, caso contrario meu ombro não existiria mais. Mesmo assim, ela estava pesada. Acho que estou dando muita sardinha para ela comer. Fiz uma nota mental de que caso eu voltasse viva, iria fazer uma dieta para Idia.

Me sentei na cama e fechei os olhos.

— Você não respondeu a minha pergunta — A gata insistiu.

— Acho que algo ruim vai acontecer — murmurei.

Era uma idiotice pensar isso. Minha mãe sempre fala que tem que pensar positivo, o que é uma hipocrisia, já que ela é uma das pessoas mais realistas e negativa que conheço. Mas eu tinha um pressentimento estranho. Lembro de uma vez, quando era bem pequena, acho que tinha uns dez anos no máximo, eu tinha visto um prato na beiradinha da mesa, e pensei : Vish, isso vai cair. Mas eu estava muito distraída lendo um livro biologia e estava com preguiça, então nem levantei para tirar o prato dali. Em menos de dez minutos esbarrei na mesa e o prato caiu. Eu me sentia assim, naquele momento, como se soubesse que algo iria cair, mas eu não tinha como fazer nada.

— Bom, eu sou uma felina muito sincera, você sabe disso — Idia disse enquanto lambia as patas — É um plano bem arriscado, todas as partes no geral, entrar em uma prisão construída por Erebo, caçar os Generais, e espionar Trivia bem ao lado dela. Sinto em dizer isso, mas tem uma grande chance disso acabar em uma morte, ou talvez mais. Sem ser pessimista.

Detesto dizer que ela podia ter razão. É claro que isso não ajudou a melhorar o meu humor.

— Não me olhe com essa cara! — Idia parecia tão indignada quanto um felino pode parecer — Se eu fosse você ia se despedir dos seus amigos, já que pode ser a última vez que vê eles.

Alguém concorda com a teoria que Idia acordou meia mórbida hoje?

— Sam, Mary e Ilithya já foram embora — falei. E por um momento imaginei se veria eles novamente.

"Christine, você e Idia estão tão dramáticas que acho que conseguiriam um emprego para atuar Hamlet", Alec falou por telepatia.

" Só aceito o emprego se você for junto. Prefere Laertes ou Hamlet?"

"Você já leu a peça?"

"Aham. Eu precisava de argumentos para dizer a Mary que Shakespeare era meio alucinado"

"Meio?"

"Talvez totalmente" Fui forçada a admitir. "Mas mudando de assunto, aonde você e Nessa estão?"

" Estamos no templo de Thanatos"

"É? Pensei que Raphael tivesse tacado fogo nele"

"Titia não deixou"

Me virei para Idia.

— Que tal tacarmos fogo no templo do deus da morte?

Idia sorriu, bom, mostrou os dentes, já que gatos tecnicamente não sorriem, mas se pareceu muito com um sorriso de gênio do mal.

— Excelente ideia.

Acabou que não pudemos tacar fogo no templo. Vanessa estava lá dentro, rezando para Thanatos ouvir ela e abrir um portal até ele. Alec estava no lado de fora segurando Presidente Au-au. Os templos ficam na parte de trás do Campo de Treinamento, perto da floresta, nesse lugar tem templos de todos os deuses. Eu jurava que depois do ataque, iriam destruir do templo de Thanatos, mas pelo que parece, ele estava intacto.

— Por que você está segurando esse capeta? — Ií falou. Idia não gosta de cachorros. Muito menos de um pinscher psicótico. Conclusão: Ela quer jogar pimenta no Presidente Au-au e comer frito. Coisa que ela já teria feito se eu não impedisse.

— Vanessa decidiu levar ele. Seria adorável se ele mordesse o nariz de Trivia — Alec respondeu infeliz. Ele também não gostava do mini-capetinha. Na verdade, ninguém gosta muito daquele cachorro. Também, só para comentar, Presidente Au-au tem o péssimo hábito de morder narizes. As pessoas que não sabem disso se aproximam dele falando coisas como "Oh, meus deuses, que cachorrinho fofinho", aí ele sorri e depois morde o nariz do pobre coitado. Certa vez, uma vizinha de Vanessa, teve que fazer plastica no nariz por causa de um pequeno acidente envolvendo um chihuahua, não, pinscher, alucinado.

Só por alguns instantes imaginei a cena. Trivia com o sem o nariz, igual o Lorde Vold ( É, eu tenho intimidade com ele, somos BFF), e seria ainda melhor se ela pegasse uma bactéria por causa da mordida e que essa bactéria fosse dos vasos sanguíneos do nariz até o cérebro. Aí ela morreria e todos nós ficaríamos felizes. E eu daria um ossinho de presente para o pinscher.

Mas isso não aconteceria, é bom demais para ser verdade, mas nunca podemos perder a esperança.

— É, seria adorável — concordei enquanto sentava na grama ao lado dele.

Presidente Au-au sorriu quando me viu e abanou o rabo igual um chicote em miniatura. Peguei o cachorrinho no colo, mas o mantive em uma distancia segura do meu rosto. Eu gosto muito do meu nariz para ter que fazer plastica.

Estávamos a uma boa distancia do templo de Thanatos, mas mesmo assim eu conseguia ver a silhueta de Vanessa ajoelhada perto do altar. Fiquei me perguntando se daria certo, talvez Thanatos estivesse ocupado demais massacrando inocentes para ouvir Vanessa.

— Então, por que você e Vanessa não se dignaram a dizer tchau para mim? — perguntei.

Alec revirou os olhos.

— Idia não deixou. Falou que não era para acordarmos a bebê gatinha dela. — Ele sorriu para Idia e depois olhou para mim e bagunçou meu cabelo — Filhotinha da Idia.

Soquei as costelas dele. Não com força, bom, talvez com só um pouquinho. Minhas costelas doeram logo depois e me arrependi. Encarei Idia que estava olhando para mim com cara de paisagem.

Bebê gatinha? — perguntei.

Idia mordeu minha orelha. Doeu, só para mencionar para aqueles que nunca levaram mordida de um gato na orelha.

— Ai — Acho que eu e Alec dissemos ao mesmo tempo.

A gata saiu do meu ombro e rolou na grama.

— Eu te chamo como quiser — Ela parecia irritada depois olhou para mim carinhosamente — Eu conheço você á tanto tempo, na outra vida e nessa te conheço desde que era uma pirralha fofa. Eu tenho o direito de chamar você de bebê quando quiser.

Deuses, ela é pior que a minha mãe.

— Idia eu tenho quase dezoito anos! — protestei.

Ela me encarou.

— E eu tenho cinco mil anos.

Okay, perdi a discussão oficialmente.

— Você só pode se considerar adulta quando tiver três mil anos. Aí sim — Ela adicionou.

Alec estava rindo ao meu lado. Considerei a ideia de chutar ele, mas eu chuto forte demais, e seria péssimo caçar psicopatas com algum osso quebrado.

— Gatinha — ele provocou — Ou é a filhotinha da Idia?

— Idia, você pode virar onça e engolir ele. Eu deixo — pedi gentilmente.

O vampiro riu mais ainda. Seria divertido quebrar os dentes dele, pena que dentes de vampiros são resistentes.

— Você está violenta hoje, Chris — Ele observou.

— Idia, por favor, esfola essa criatura — pedi.

Idia começou a se transformar em onça, mas Alec ergueu as mãos para o alto em sinal de rendição.

— Qualquer dano que você fizer em mim, acontecerá com sua filhotinha — A criatura estava se segurando para não rir, acreditam?

Idia voltou a ser uma gatinha.

— Sério que você acreditou que eu iria engolir você? — Se gatos pudessem rir, ela estaria gargalhando.

— Felinos são maníacos, nunca se sabe o que irão fazer.

— Ofendeu — Idia parecia magoada e começou a correr para longe. E ela corria rápido demais para um animal comum.

Fiquei parada olhando para o templo de Thanatos. Todos os templos são pequenos, alguns maiores que os outros, esse era de um tamanho mediano, como uma casa pequena. As paredes e colunas eram de mármore negro e eram adornadas por um material dourado que era suspeitosamente parecido com ouro. Na parede central do templo estava escrito em ouro: Sed quia omnes scientiam habemus certum est eo die morietur.

— Alec, você sabe em que língua está escrito aquilo — Apontei para as palavras incrustadas em ouro.

— É latim. Está escrito: A certeza que todos tem, é que um dia irão morrer — Ele fez uma pausa e olhou para mim — Você não sabe latim?

— Não — admiti—, só estudei linguagens modernas.

A certeza que todos tem, é que um dia irão morrer. Bem dramático, exatamente a cara do meu amado irmãozinho.

Eu adoraria estrangular Thanatos, sério.

— Você acha que magoei a Idia ?— Ele perguntou com os olhos negro fixos na grama, ele parecia pensativo.

Ri.

— Não, ela só estava fazendo graça. É tipico dela.

— Eu detesto gatos. Quando Gideon tentou me matar, a lâmina que ele pegou era um punhal de Bastet — Alec passou a mão pela cicatriz, talvez inconsciente do que estava fazendo, e também reparei que ele não falava pai, apenas Gideon — Tive alucinações de gatos me atacando por dias, mesmo depois da minha tia me curar.

Bastet é o nome egípcio de Ártemis e um dos símbolos dela era gatos, fazia sentindo que punhais dela causassem esse tipo de alucinações. Me perguntei como um punhal de Bastet iria parar na parede da casa de Alec, mas resolvi não falar nada.

De repente o templo de Thanatos começou a brilhar uma luz dourada

Droga, ele realmente está vindo, pensei.

— Alec, venha aqui logo! — Ouvi Vanessa gritar.

Levantei-me e Alec fez o mesmo. Abracei ele sem pensar. Estava preocupada com a possibilidade de Trivia fazer mal á ele ou á Vanessa. Senti ele beijar suavemente minha testa.

— Tente não morrer. E se puder, evite que matem Nessa — falei enquanto me separava dele — Se você ousar morrer, vou matar você.

Ele arqueou a sobrancelha.

— Como se mata alguém que já está morto?

— Vou descobrir.

Então ele saiu correndo na direção do templo e Presidente Au-au seguiu ele correndo. Fiquei um tempo olhando de longe, mas decidi que se Thanatos olhasse para fora e me visse, seria o fim do plano.

Então saí de lá.


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