Well Away From Us escrita por Carol Dantas


Capítulo 2
Parte 2 - Peeta Mellark


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Voltei rapidinho com capítulo novo para vocês. Quero agradecer os comentários e a Anyh Everllak por ter mandado a primeira recomendação para WAFU. Obrigada linda.
Sem falar muito, aproveitem o capítulo.



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As seis da manhã o toque da alvorada me coloca de pé. Depois de uma longa noite de serviço e péssimos minutos de sono, Parker e eu, temos apenas vinte minutos para tomarmos nosso café da manhã na caserna e seguir para os dormitórios para nos aprontar.

Parker não era meu amigo, apenas companheiro de vigia. Revezávamos, durante a noite, o tempo nas torres de guarda e nas rondas.

Algumas regras são vitais no quartel. Não podemos quebrá-las ou desobedece-las. Nossas fardas têm de estar impecáveis. Limpas, bem passadas e sem nenhum tipo de rasgão ou furo. Nossos coturnos, limpos e engraxados. O fuzil deve estar bem preso ao corpo nos treinamentos que o requerem. Não podemos matar aula alguma. O que torna as de etiqueta um completo desânimo por não querer fazê-la e ainda assim estar lá.

— Essa aula é para mulherzinhas. — diz o soldado com o número 42 em seu boné camuflado.

— Isto é o que, soldado? — indaga o sargento de cara fechada. — Não é só mulher que deve saber se portar. Faça aula e não insulte os ensinamentos!

Este sargento, em particular, tem uma cara fodida de mal humorado. Voz grossa, alto, pele escura, forte e amedrontador. Acho que se realmente pudéssemos pedir para sair, a maioria pediria por medo. Ouvi-lo gritar em seu ouvido mandamentos é aterrorizante.

Não podemos chegar atrasados. Oito da manhã é um horário facílimo de obedecer, segundo os superiores. Além da barba devidamente raspada, o cabelo tem de estar cortado. Meus fios loiros antes grandes, tornaram-se nada mais que fios pontiagudos que não devem ter mais do que dois centímetros de altura.

Isso em geral lembra-me Katniss.

O quanto ela gostava de passar seus dedos por entre os fios grossos e grandes. O quanto ela gostava de sentir seu cheiro e dizer que amava o perfume de meu shampoo, quando na verdade o seu era muito melhor que o meu.

— Eu gosto muito de te abraçar. — digo agarrando suas pernas. Sentado, observo de baixo para cima Katniss sorrir. Seu short preto e floral junta-se a uma blusa cinza como os seus olhos. Cabelos soltos e lisos tornam-na toda especial.

— Eu sei. — ela responde passando o braço por minhas costas e, em pé, inclina o corpo para beijar meus cabelos. — Eu amo o seu cheiro.

— Vou te emprestar meu perfume. — aviso.

— Não. Quero seu shampoo. — ela brinca e ri.

Tenho evitado saber sobre ela. Tenho evitado procurar qualquer informação que cite seu nome.

Meus pais alugaram uma pequena casa próxima ao quartel. Um quarto, cozinha, banheiro e uma sala minúscula. Eu não precisava de algo gigantesco. Uso meu espaço apenas para dormir, quando não preciso estar de vigia, e ver televisão durante os fins de semana. Cozinho o suficiente para ter o que comer e evito redes sociais. Fico longe da internet e longe de telefonemas.

Tenho medo das fotos que encontrarei de Katniss e de ouvir sua voz enquanto falo com meus pais e irmã.

Como Katniss pode fazer isso comigo? Como pode jogar tudo que tínhamos para o alto e declarar-se para outro homem?

Madge mandou-me cartas durante esses meses longe de casa, mas confesso não ter lido todas. Às vezes ela me xinga, diz que me ama, conta algumas poucas novidades e manda fotos. Polaroides. Pequenas e quadradas. Adoráveis como minha irmã.

Confesso ser dela de quem mais sinto falta. Seu sorriso genuíno, suas ideias malucas, suas brincadeiras bobas, sua alma pura e seus olhos perfeitos.

— Soldados! — grita o Subtenente Alvarez atraindo a atenção dos recrutas no refeitório. — Hora da marcha.

Batendo continência todos levantam-se ao mesmo tempo e, juntos, marchamos pelo quartel para, uma hora depois, fazermos uma corrida de dezoito quilômetros com mochila de equipamentos pesados nas costas. Dezoito... Quando tudo começou a dar errado.

Mantenho-me na frente de todos os demais, atrás apenas do supervisor que, com um apito, grita frases já treinadas para darmos as respostas.

O suor pinga como torneira aberta, mas concentro-me. De cara fechada e cabeça erguida como se o cansaço e a dor nas costas não fosse nada.

Durante algumas semanas tento me destacar de todos no grupo. Acatando ordens sem dar um pio, mostrando-me eficiente e oferecendo-me para fazer rondas e limpar o refeitório no fim do expediente com a esperança de que seja bem falado e a Prefeitura Municipal manifeste interesse ao Comando da Região Militar para tornar-me integrante do grupo Tiro de Guerra.

Nada aconteceu. Continuei dedicando-me ao máximo, mas nada mudou. As semanas continuaram passando, porém eu só fazia o mesmo todos os dias.

Meu supervisor levou-nos para um centro ao ar livre para praticarmos tiro ao alvo. Treinamos com duas armas diferente, perto e longe do alvo de papelão branco e vermelho e, até mesmo, com bonecos muito reais.

Como se fosse destinado, levei um tiro de raspão de um dos caras que esqueceu-se da trava de segurança da arma e me acertou. Lembro de Katniss dizendo-me que tinha medo de que algo assim acontecesse. Medo de que eu me machucasse.

Tivemos que correr para o médico mais próximo quando reclamei de queimação e dormência. Um pouco de sangue escorria e marcava meu uniforme.

Uma das enfermeiras do posto do meu quartel enfaixou meu braço depois de limpar o ferimento e garantir que nada de grave aconteceria. Rejeitei seu mandato de que eu tirasse dois dias em casa para não piorar o ferimento com as várias flexões obrigatórias pela manhã e os esforços extras de empunhar armas e limpar o refeitório no fim do expediente. Meu supervisor, ao saber da notícia, fez questão e quase me enxotou do quartel para que eu fosse para casa e só voltasse dois dias depois.

O problema não era eu ser teimoso, o problema é o que acontece quando se está sozinho. O que acontece quando se está sozinho e de coração partido. Ao contrário do que muitos dizem o tempo não cura a dor, faz apenas com que você se acostume a viver com ela. Não cura, nem destrói. Te mostra que ela sempre estará ali, presente, cabe à você aceitar a convivência ou piorá-la ainda mais.

Me lembro da primeira vez em que vi Katniss chorar. Foi numa briga de escola, estávamos no primeiro ano e com cinco meses de namoro. Vi seu rosto assustado e as lágrimas escorrerem por seu lindo rosto. Foi o dia em que jurei nunca mais deixa-la chorar.

— Peeta, o que será que está acontecendo ali? — indaga Madge quando um grande círculo se forma no canto direito do pátio.

— Mad, eu não faço ideia. — respondo sincero achando graça de sua animação ao ver muvuca. Minha irmã ama assistir pessoas gritando e brigando uma com a outra. É como imã. Onde quer que tenha briga, ela está lá para assistir e me contar depois.

— Vamos lá ver. — pede segurando meu braço e já puxando-me para perto da movimentação cada vez mais intensa. Se existe briga, porque ninguém faz nada para acabar com ela? Preferem ser espectadores a impedir que algo grave aconteça.

— Você é uma puta! — grita o cara no centro da roda quando Mad e eu estamos chegando perto do círculo. Todos de uniforme e celulares em mãos gravam a briga que parece acontecer apenas de um lado da situação. — Eu disse que gostava de você e o que é que você fez, han? Ficou se agarrando com o seu namorado na minha frente.

Nossa.

Pude ver Marcus, o aluno do segundo ano, segurar os braços não muito magros de uma garota. Não sei o que aconteceu, mas ele não gostou mesmo. Minha mochila pesa em minhas costas enquanto Mad tenta abrir espaço entre as dezenas de pessoas.

— Solta ela, Marcus! — vejo Gale gritar no extremo oposto da roda nervoso. Ele tenta chegar perto da dupla que briga, mas o as pessoas ao redor o barram. Como se elas quisessem que a briga continuasse, como se não pudessem deixar de ver no que ia dar.

— Vadia. Isso que você é. — grita o garoto de pele escura ainda agarrado ao braço da garota. Ela não rebate suas palavras; como se estivesse com medo. Ou assustada demais para dar um pio.

— Quem é que está ali com ele? — pergunta Mad quando outra enxurrada de palavras e ofensas são proferidas pelo cara alto.

— Katniss Everdeen. — diz uma menina do ensino fundamental olhando diretamente para mim.

Oh não.

— Saiam da minha frente! — grito largando minha mochila no chão de concreto. Mad olha-me assustada, mas não é como se eu fosse parar para manda-la sair do meio das pessoas. Ela poderia se machucar, mas não atenderia meu pedido.

— Olha seu namoradinho aí, querida. — diz ele quando me jogam para dentro do círculo. Nojento, ele puxa o cabelo preto de Katniss com força para que ela me veja. Meu sangue ferve ao vê-lo maltratar minha morena e meu rosto esquenta ainda mais quando vejo seus belos olhos recheados de medo e lágrimas.

— Me soltem. — mando quando alguns pares de mãos agarram minha camisa assim que estou pronto para cair em cima de Marcus e arrebentar sua cara.

— Veio ajudar sua putinha, foi? — ele pergunta olhando-me de lado e puxando as costas de Katniss para seu peito de repente. Sua mão direita se apossa da cintura fina de minha morena e a esquerda segura seu pescoço. — Aposto que vai querer ver eu acabando com ela.

Ele sussurra e, olhando para mim, passa a língua pelo pescoço de Katniss enquanto sua mão podre sobe por sua barriga e agarra seus seios.

É como um pico de luz que já estou por cima dele. Jogo-o no chão e agarro o colarinho da blusa de seu uniforme. É com um foda-se para as regras que todos ovacionam no momento do meu primeiro soco. Marcus sorri quando preparo meu punho para dar-lhe mais um. O filho da puta continua cínico e sem revidar ele deixa-me marcar seu rosto mais uma vez quando puxam-me para longe dele.

— Me larguem! Ele merece apanhar mais. — digo ofegante pela adrenalina. Posso sentir meu rosto quente e o suor em meu pescoço pelos fortes três murros que desferi em sua cara, mas Gale segura meus braços quando tento avançar mais uma vez em Marcus que se levanta e passa os dedos por seu nariz sem se importar com o sangue presente.

— Vem, Mellark. Fez muito pouco, não acha? — provoca.

Solto-me dos braços de Gale, e de qualquer outro que esteja me segurando, e vou em sua direção tendo, antes, um corpo jogado contra o meu.

— Para. — sussurra Katniss abraçando-me com força. Outros caras empurram Marcus para longe, mas ninguém sai do lugar. — Por favor. Peeta, para.

Ela soluça encaixando seu rosto em meu pescoço quando passo meus braços por volta de seus ombros. Posso sentir seus braços tremerem em minha cintura e seus dedos entrelaçarem-se no pano branco de minha camisa.

— Katniss...

— Ele quer que você seja expulso para poder ficar comigo. — explica me alertando sobre a principal regra da escola. Briga, expulsão. — Para, por favor.

Eu não deveria, segundo as regras, ter partido para cima de Marcus, mas foi tão certo dar-lhe o máximo de murros possíveis ao ver ele chamando minha morena de puta e colocando suas mãos nojentas sobre ela que minha única reação foi, literalmente, reagir. Por isso ele não revidou os socos, por isso que tantos alunos estavam gravando a briga em seus celulares. O filho da puta estava tramando para mim.

— Eu juro — agarro a gola da camisa de Gale que encara-me assustado. — que se nenhum desses vídeos for parar na polícia, eu vou acabar com todo mundo aqui.

— Eu vou fazer isso agora. — promete ele.

Repetente do inferno! Marcus é maior de idade, tem de ser preso por abusar de Katniss.

— Vou cuidar de você. — digo para Katniss que continua agarrada a mim. Fecho os olhos e acaricio seus cabelos negros. Agacho meu corpo e, segurando sua bunda com meus antebraços, levanto-a do chão. Suas pernas rodeiam minha cintura, seus braços meu pescoço e ela ergue sua cabeça para conectar seus olhos aos meus.

— Você não devia ter batido nele, Peeta. Foi errado. — diz ainda em lágrimas.

Claro que eu devia ter batido nele. Foi muito certo.

— Ele encostou em você, morena. — digo levando sua cabeça de volta para meu pescoço quando começo a sair do pátio. Os alunos nos encaram, mas ignoro todos. — Ninguém mais vai tocar em você, nunca deixarei alguém chegar com a intenção de te machucar e eu prometo jamais fazê-la chorar novamente, Katniss.

Ela concorda com a cabeça rapidamente e beijo seu ombro abaixo de meu queixo. Saio do pátio e passo pelos portões da escola. Aulas hoje não.

Mad aparece ao meu lado carregando as três mochilas nas costas e nos braços.

Fomos para minha casa e minha irmã explicou rapidamente para nossos pais o que havia acontecido. Deixaram Katniss e eu irmos para meu quarto entendendo que tinha sido um momento difícil para nós dois e que não foi só uma briguinha de escola. Abusaram de Katniss e defendi minha namorada com meu próprio corpo.

Ver Katniss chorar é como ter a pele cortada. Sangra, dói, agonia, mas mesmo quando o curativo é aplicado, sua cabeça lembra toda hora que o machucado ainda está ali, presente.

Peeta, por favor. — pede Madge pela quarta vez quando finalmente atendo o telefone de casa. O barulho já me irritava e nada de útil passa na televisão para me entreter.

— Madge, eu já disse não! — repito para ela.

Já havia conversado com meus pais e os dois pediram-me para ir para casa no feriado. Falta pouco mais de dois meses para o Natal e meu aniversário é neste feriado. Eu passaria o Natal em casa, mas meu aniversário não.

Você precisa vir para cá. Precisa concertar toda a merda que você fez. — explica.

— Do que você está falando?

Da Katniss. — sussurra.

— Eu não fiz merda nenhuma. Se ficar longe de casa para poder ficar na minha e me isolar dela, é isso mesmo que eu vou fazer. — digo. — É o que estou fazendo agora, irmã. É o que está me mantendo são.

Nunca pensei que você seria o homem que se esconde dos problemas. — diz com a voz baixa.

— Katniss não é e nunca foi um problema. — constato jogando meu corpo na cama. O simples e grande calendário na parede contrária me informa a quantidade de dias que faltam para meu tempo de serviço acabar. Pouco menos de cinco meses. Em poucos meses voltarei para casa e terei de enfrentar tudo que tenho adiado esses meses.

Diz isso porque não sabe o que tem acontecidos nesses seus sete meses longe de casa. — diz.

— Porque você está sussurrando?

Mad? — chama a melodiosa voz de Katniss quando minha irmã vai me responder. O que ela está fazendo na casa dos meus pais? — Você pode me ajudar a levantar?

Claro que posso, querida. — responde minha irmã e eu calo minha voz. Que diabos está acontecendo para Katniss precisar de ajuda? — Não desça as escadas sozinha!

Claro. — a morena fala. — Com quem você está falando?

Com um amigo da faculdade. — mente. — Não é nada demais, não se preocupe.

Alguns minutos passam e as duas trocam algumas leves palavras antes de Madge voltar a falar comigo.

— Que merda é essa, Madge Mellark? — grito sentando-me no colchão acolchoado da cama. — Você não está falando com amigo nenhum! O que Katniss está fazendo aí?

É por isso que você tem de vir para casa. Por isso que implorei para você voltar todos esses meses nas cartas. Eu prometi não contar nada à você. Katniss exigiu isso de mim. — conta-me.

— O que?! Madge, eu não estou entendendo nada. Porque Katniss exigiria algo de você?

Por mais que você ache que não tem mais nada com ela, todos aqui temos. É obrigação nossa cuidar de algo que você deixou para trás e de algo que você não sabe que existe! — grita ela culpando-me por ter terminado o namoro com Katniss e por alguma outra razão que eu não faço ideia de qual seja.

— Eu terminei com ela porque Katniss disse que amava outro cara! — respondo. — Tenho minhas razões. Não sou uma criança.

Escute o que vou te falar. — manda. — Só não te conto tudo porque prometi, mas pode ter certeza de que quando você perceber tudo que está perdendo por ser cabeça dura, irá se culpar pelo resto da vida.

Ela desliga na minha cara. Simples assim.

Ou Madge é maluca ou há, realmente, algo subentendido.

2 Meses Depois

— Trinta e um, trinta e dois, trinta e três... — grita um dos supervisores para os vários soldados agachados ao chão numa nova rodada de flexões. É a terceira de cem além dos vinte quilômetros de corrida que fizemos durante o dia. Minhas pernas queimam e se já não estivesse acostumado com os exercícios diria que meus braços vão cair. — Última semana antes do feriado de Natal! Se quiserem ver o Papai Noel é bom completarem as cem flexões.

Minhas mãos ardem pelo contato com o asfalto quente e rio imaginando meu corpo e de meus companheiros caindo no chão depois desta última série.

Ouço grunhidos de cansaço e meu rosto se franze ao sentir o som de um apito perto de meu ouvido. Ficaria surdo se outro desse soasse.

— Soldado Mellark! — chama o Subtenente Alvarez perto do grupo e eu, rapidamente, me levanto e bato continência para ele que põe-se a minha frente.

— Sim, senhor!

— Por favor, acompanhe-me.

Sigo-o até a secretaria do quartel e a pequena mochila que uso para minhas noites de vigia está ao seu lado.

— Você se dedicou muito nesses nove meses aqui, foi um soldado incrível por todo esse tempo, mas está na hora de ir para casa. — diz ele olhando para mim. Franzo as sobrancelhas quando ele coloca a mochila no balcão a minha frente e puxa uma carta de trás da madeira.

— Como assim ir para casa? Ainda não acabou o expediente. — falo.

— Não, mas em alguns casos raríssimos nós liberamos alguns soldados antes dos doze meses de serviço. — diz. — Você não vai embora mais cedo, vai embora para sua casa e não precisa voltar mais. Reduzimos seu tempo aqui em dez semanas.

— Semanas? Porque? Eu não estou entendendo nada.

— Sua família ligou para cá hoje e explicou para a direção a situação decorrente em sua casa e, notamos, que está mesmo na hora de você sair.

— Que situação? — indago. É tudo tão confuso.

— Sua mãe disse que você não tem respondido todas as cartas, e-mails e ligações que sua família te faz e rapaz... Foi um grande erro seu. Não posso me envolver na sua vida, mas se você quer fazer algo certo, leia esta carta vá para casa. — aconselha. — Não o puxadinho que você tem aqui, mas sua casa de verdade. Com seus pais e sua irmã. É o certo a se fazer.

Ele diz e não contenho o pensamento de ligar sua fala com os recentes telefonemas que recebi esta semana. Estes os quais não atendi e que, agora, parecem ter sido um tiro no escuro. Burrice minha não ter as atendido? O que poderia ter mudado?

Eu juro que se você não vier para casa agora, eu vou aí te buscar. Peeta, você é um imbecil de merda! — grita Madge quando meu celular dentro da bolsa toca assim que saio da secretaria. Se meu tempo no quartel havia acabado, não tenho mais o que fazer aqui.

— O que está acontecendo? Praticamente me expulsaram do quartel! — digo para ela.

Finalmente! Tive quase que implorar para tirarem você daí.

— Eu não estou entendendo nada. — informo.

— Se tivesse lido e atendido todas as cartas e ligações que temos feito para você, entenderia.

— O Subtenente me deu outra carta agora. De quem é?

Eu não sei. Todas as cartas que te mandamos, você devolveu sem nem abrir. Venha para casa Peeta. — pede. — Na verdade, vá para o Hospital Central. Você precisa estar lá para concertar tudo.

— Tudo o que Madge? Quem está no Hospital? — pergunto começando a me preocupar. Será que meus pais estão doentes? — Você está no hospital?

Por enquanto ninguém. Ainda não cheguei, logo estarei lá. Só... Vai. — pede ela começando a parecer nervosa e ansiosa.

— Mad... — chamo quando entro no ônibus para ir para meu apartamento. Mesmo que pareça urgente ir para o hospital da minha cidade, preciso pegar algumas coisas. Correndo, mas pegar.

Não conteste, Peeta. Vá agora! — manda em urgência.

— Madge, a carta que me entregaram está no nome da Katniss. — conto.

Da... — ela respira fundo. — Da Katniss? O que está escrito?

Apoio o celular entre o ombro e o lado direito do rosto para abrir a carta. Suspiro antes de abrir o papel completamente e leio em voz alta a frase solitária ali no meio.

— ‘’Não importa o que aconteça, eu sempre vou amar você.’’

[...]

— Está procurando algum paciente em especial, querido? — pergunta uma senhora por trás do balcão do Hospital. Continuo com a farda no corpo. Não consegui trocar, a cada dez minutos minha irmã ligava-me desesperada e faz mais de meia hora que não recebo uma ligação sequer. Algo está acontecendo, mas o que?

— Não exatamente. — confesso. — Minha família está aqui, mas não sei quem está sendo atendido.

— Pode me informar seu sobrenome? — pergunta. — Talvez eu ache algo no sistema.

— Mellark.

— Achei Madge Mellark. É familiar? — indaga.

Madge está sendo atendida?

— Sim, é minha irmã. — informo.

— Ela está como acompanhante de Katniss Everdeen. As duas estão na sala de cirurgia. Coloque esta etiqueta de visitante na farda e pode ir para o segundo andar.

Sala de cirurgia? Katniss? Que porra é essa?!

Correndo e desviando das várias enfermeiras que brigam comigo, subo pelas escadas de emergência quando o elevador demora demais. Procuro nas várias salas de espera do andar por alguém conhecido e, na última, vejo minha mãe de pé.

— Mãe. — chamo vendo-a virar-se para mim aliviada. Algumas outras pessoas estão sentadas ao seu redor, mas não dou atenção a ninguém agora.

— Oh, meu amor. Como você está bonito. — ela diz chorosa puxando meu corpo para um abraço.

— O que está acontecendo? Onde está a Madge?! — desespero-me.

— Calma, Peeta. — pede meu pai levantando-se ao meu lado. A mochila que estava em minhas costas cai quando vejo um certo moreno sentado na poltrona bege da sala.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto e Gale nota que estou falando com ele.

— Estou esperando Madge sair da sala. — avisa sem se abalar com minha cara furiosa.

Porque ele está esperando a Madge? Não é a Katniss que está apaixonada por ele?!

— Você nem devia estar aqui. Você acabou com a minha vida! — falo num grito baixo para não chamar atenção. Passo por meus pais que estavam a minha frente e Gale levanta-se também.

— E você, Mellark, devia calar a merda da boca. O intruso da história é você. Então fica quieto antes que eu, realmente, acabe com sua vida. — manda com o peito estufado e a respiração controlada. Junto meu peito ao seu e nossos olhos cruzam-se como armas. Perigosas.

— Vamos controlar os ânimos rapazes. — pede alguém colocando-se entre nós dois.

— Senhor Everdeen? — pergunto notando que é ele quem separou-me de Gale. — Porque você está aqui? Porque todos estão aqui?

Pergunto e aponto para os que estão ao meu redor. Senhor Everdeen, Dona Clara, Gale, minha mãe e meu pai.

— Rapaz, eu juro que estou me controlando muito para não dar um soco na sua cara por ter feito minha filha sofrer tanto. — diz o pai de Katniss colocando-me contra a parede. — Então vamos começar a usar o autocontrole para não esquecermos a razão principal de estarmos aqui.

— Que seria? — indago achando pela primeira vez que realmente me contarão alguma coisa. Meu pai sorri de lado feliz e eu franzo as sobrancelhas.

— Peeta! — chama uma voz fina atrás de nós. Viramo-nos rapidamente e encontramos Madge com uma roupa azul estranha. Luvas e máscara colocada no pescoço, como quem se irritou com ela em seu rosto e tirou-a com pressa. — Pensei que não fosse chegar.

— Você está bem?! — pergunto andando até ela e abraçando seus ombros antes de colocar seu rosto de frente para o meu. — O que você estava fazendo na sala de cirurgia? O que houve?

— Relaxe, irmão. Fui só a acompanhante. — diz sorrindo.

— De quem?

— Katniss.

— Porque ela... — engulo em seco pensando o que poderia ter acontecido. — Ela se machucou?

— Muito pelo contrário, Mellark. — se intromete Gale. — Katniss estava grávida.

— Grávida? — pergunto sorrindo debochado. — De quem? Você?

— Peeta, olha como fala. — escuto meu pai dizer em tom de aviso, mas só consigo ver Gale e sentir a respiração de Mad em minhas costas.

— Você é mesmo um babaca. — Gale fala. — Não sei como uma garota tão legal como Katniss conseguiu ficar com alguém como você. Ela nunca gostou de mim além da amizade.

— Foi por sua causa que terminamos. É claro que ela gostava de você, eu vi ela dizer que te amava. — respiro. — Foi por sua causa!

— Claro que não! — grita sobressaltando todos nós e colocando o dedo indicador em meu peito. Empurrando-me levemente. — Você terminou com ela porque é burro e impulsivo. Ela te ama mais que tudo nessa vida e se você parasse de ser tão impulsivo e aprendesse a escutar as pessoas, saberia disso.

— Você não pode falar como se a conhecesse melhor do que eu.

— Talvez não, mas sou eu que estou namorando com a sua irmã por causa da sua ex, fui eu quem soube da gravidez quando você se recusava a ler uma única frase que a Katniss escrevia, fui eu quem acompanhou toda a gestação de um bebê seu e dela e sou eu quem fui escolhido para ser padrinho quando a criança não escutou a voz do pai uma única vez! — grita ele.

— Peeta, para! — berram quando parto para cima do cara que já foi meu amigo.

Tento acerta-lhe o rosto, mas ele é incrivelmente mais rápido que eu. Sua mão agarra o colarinho de minha farda e seu punho esquerdo desce em meu rosto com uma força incrível. Primeiro em meu nariz e depois em meu maxilar.

— Gale, solta. — Madge manda segurando o braço do namorado.

Minha irmã tem a porra de um namorado.

— Só não bato mais porquê... — ele solta minha roupa com força. — Porque a bebê nasceu hoje. É um dia feliz apesar de você só saber disso agora e porque minha melhor amiga te ama, pra caralho.

A sala de espera parece parar. Apenas as respirações são ouvidas.

— O bebê... — respiro. — É mesmo meu?

— Sim. — respondem calmamente. Não chateados com minha pergunta, mas realmente dispostos a esclarecer tudo.

— Sente-se, querido. — aconselha Dona Clara. — Você está muito nervoso.

Buco a primeira poltrona que vejo e caio nela. É tudo muito louco. Katniss estava esperando um filho meu, nosso. E eu perdi isso.

— Precisa de um pouco d’água? — pergunta Madge a minha frente quando todos sentam-se esperando notícias da morena.

— Não... Eu não preciso de nada além dela, Mad. — abraço sua cintura deixando minha cabeça recair sobre sua cintura quando ela envolve meus ombros com os braços. — É tudo culpa minha. Katniss nunca mais vai querer olhar pra mim.

— Não fale besteira. De um jeito ou de outro, o bebê também é seu. Você vai ter todo o direito de ver sua filha.

— É uma menina? — pergunto sentindo meus olhos marejarem. Minha princesinha. Minha irmã concorda com a cabeça sorrindo, seus olhos brilhando. — Katniss escolheu o nome?

— Hope Everdeen Mellark. Significa Esperança. — conta-me.

— Porque Esperança?

— Katniss tinha esperança de que você voltasse para ela. Voltasse antes de do bebê nascer, para que você pudesse vê-la grávida e acompanhar o máximo possível.

— O que não aconteceu. — digo encolhendo-me. Mad aperta com seus dedos meus ombros em sinal de apoio e força.

— Não, mas você está aqui agora. — fala levantando meu rosto para que eu encare o seus. Nossos olhos iguais e da mesma cor. Ela seca a primeira lágrima que escorre por minha bochecha e sorri para mim.

— Não fiz o suficiente. — digo vendo-a suspirar.

— Você pode concertar tudo quando liberarem a entrada para visitar Katniss e Hope. A cesariana foi muito tranquila, mas ainda assim ela ficou sonolenta e acharam melhor deixar Katniss dormir um pouco enquanto fazem os exames na sua pequena.

Sorrio.

— Como ela é? — refiro-me ao bebê.

— Perfeita. — ela suspira feliz.

— Como foram esses meses de gravidez? Me conte o máximo que conseguir. — peço fazendo-a sentar-se ao meu lado.

Em menos de cinco minutos Madge me fala como descobriram que Katniss estava grávida, como ela chorou por estar esperando um bebê com dezoito anos e sem ter sequer começado a faculdade direito. Minha irmã mostra-me fotos de ultrassom que fizeram e sorrio imaginando minha filha em meus braços. Além das fotos num celular. Um bebê que posso tocar, segurar e abraçar.

Conta-me também que Katniss decidiu fazer as aulas da faculdade até achar que devia parar. Aos seis meses trancou sua matrícula por recomendação médica. Ela sentia muita dor nas costas e sua obstetra achou melhor suspender essa atividade.

Vi fotos tiradas todas as semanas e acompanhei a barriga de Katniss crescer em segundos. Minha morena ficava cada vez mais linda e seu sorriso crescia mais e mais. Ela estava feliz apesar de tudo e imaginar que dentro de sua saliente barriga estava a mistura do meu amor com o dela, era perfeito.

Em pensar que a minha morena era a menininha que me pedia doces com um fofo bico em sua boca, abraçava-me e usava shampoos florais poucos meses atrás e se tornou mãe, sem a ajuda do pai da criança, foi demais. Katniss amadureceu muito e eu a enxergo como mulher a cada imagem que se passa no celular de minha irmã e peço para que ela me passe uma das fotos. Coloco-a como fundo de tela e olho para ela por alguns segundos sem piscar.

Katniss usa uma camisa minha, a camisa que diz: ‘’Tenho a melhor namorada do mundo.’’ envolve sua enorme barriga enquanto minha morena está sentada num carpete cinza com um lindo quarto lilás a sua volta. O quarto de Hope. Kat abraça um macaquinho branco e imagino ser de alguns dias atrás, quando minha morena esperava ansiosa o nascimento de sua filhota. Minha princesinha.

— Ela é o amor da sua vida. — sussurra Madge. — Não faça nenhuma besteira. Não de novo, por favor.

— Eu não conseguirei deixá-la novamente mesmo se ela pedir.

— Acompanhantes de Katniss Everdeen. — chama um médico a nossa frente fazendo-nos levantar rapidamente.

— Somos nós, Doutor. — avisa senhor Everdeen.

— Katniss já está no quarto. Deixamos ela dormir um pouco e a bebê já passou por todos os exames necessários, ela já irá para o quarto também. Podem ir para o nono andar, quarto dezesseis. Uma pessoa no ambiente por vez até Katniss se sentir confortável para ter todos ao redor, por favor. — explica.

— Obrigado. — digo vendo meu pai tomar a frente para apertar a mão do médico e sair da sala de espera. Vamos atrás e logo estamos todos juntos no elevador. Conto a quantidade de vezes que os números, em ordem crescente, aparecem até chegarmos ao nono andar.

— Família de Katniss Everdeen? — pergunta uma enfermeira saindo indo para o berçário.

— Sim. — respondemos.

— Quem vai entrar no quarto primeiro?

— Eu... Eu não... — gaguejo.

— O papai da bebê. — informa Gale empurrando-me um pouco para frente.

— Então venha, querido. Vamos lavar a mão para que você possa segurar sua menina.

A enfermeira puxa-me pela manga da farda e posso apenas agradecer Gale com o olhar. Ela me empurra para um banheiro e pede que eu erga as mangas até os cotovelos, lave as mãos com um sabonete neutro e passe um gel anticéptico. Todo cuidado é pouco com um recém-nascido.

— Pronto, papai? — pergunta fazendo-me sorrir.

— Não. — respondo.

— Fique aqui. Vou buscar sua filha. — diz.

Poucos segundos se passam até que ela volte com um pequeno embrulho em seus braços. Uma manta branca envolve o bebê e a enfermeira sorri quando estendo meus braços para segurar aquele ser tão indefeso.

— Apoie a cabeça dela no seu braço. Bem devagar. — aconselha.

Meu coração fraqueja quando vejo minha menina pela primeira vez. Meu peito se enche de amor ao vê-la. Tão diminuta e tão frágil... Pele branca, cabelos negros e o macacão da foto que salvei, seus bracinhos estão sobre sua barriga e seus pés cobertos por um sapatinho rosa de lã. Minha menina.

— Sua madrinha me disse que você é perfeita, mas ela está errada. — conto-lhe fungando. — Você é mais que perfeita, Hope. Você é tudo.

Beijo-lhe a cabeça bem devagar e inspiro seu cheiro algumas vezes antes da enfermeira conduzir-me para o quarto dezesseis. O quarto de Katniss. Assim que encontramos a porta olho bem para minha filha e sorrio.

Sou pai.

— Vai dar tudo certo, Hope. Papai promete. — sussurro.

— Pode entrar. Volto em alguns minutos. — diz a enfermeira abrindo a porta do quarto para que eu possa passar.

Seguro o bebê firmemente em meus braços quando vejo Katniss deitada. Seu rosto angelical continua o mesmo, seus cabelos lindos e negros estão bagunçados sobre o travesseiro da cama e a camisola do hospital cobre seu corpo junto de uma manta cinza.

Ando até ela e, segurando minha menina com um único braço de apoio, sento-me na cama levemente. Acaricio os cabelos pretos que tanto gosto e ela acorda aos poucos.

— Peeta? — pergunta perdida e sonolenta.

— Sim. Sou eu, morena. — sussurro e vejo-a sorrir.

— Senti falta disso. — confessa em voz alta corando em seguida. Ela senta-se melhor na cama e vê-me com nossa filha nos braços. — Já conheceu a Hope.

— Já. — digo levantando e deitando ao lado de Katniss com Hope em nosso meio. Meus olhos se enchem d’água. — Nossa filha.

— Peeta...

— Me desculpe. — imploro abraçando nosso bebê com mais força. — É tudo culpa minha. Eu fiz algo horrível meses atrás e eu me arrependo muito agora. Eu... Eu não devia...

— Peeta... — ela suspira soltando o peso do corpo. Ela parece mais tranquila enquanto me vê chorar a sua frente segurando a filha que eu não sabia da existência horas atrás. — Não precisa se desculpar. Está tudo bem agora.

— Não, não está! Você me odeia, não é? Eu nunca, nunca, vou me perdoar por perder a gravidez da nossa menina.

— Shh... — ela agarra meu rosto com suas mãos macias e faz-me olhar em seus olhos. — Eu te mandei uma carta dizendo que não importaria o que acontecesse, eu sempre amaria você. Não sei se leu, mas mesmo que você não aparecesse aqui ou negasse nosso bebê eu ainda te amaria. Porque você me deu a coisinha mais importante do mundo.

Ela acaricia minha bochecha e derrama um par de lágrimas junto a mim.

— Sim. — respondo.

— Sim, o que?

— Eu li a carta que você mandou. — conto-lhe. — O Subtenente me entregou-a hoje.

Sorrio para ela e nossa filha se remexe em meus braços. Chora pouco, mas atrai nossa atenção. Coloco-a nos braços de Katniss e abraço minha morena.

— Veja os olhos. — pede Katniss.

— São claros. — constato. — Ela é a junção perfeita de nós dois.

— Como vamos ficar, Peeta? — pergunta passando o dedo indicador no rosto do nosso bebê. — Você está aqui, eu ainda amo você, mas não significa nada.

— Reduziram meu tempo no Quartel. Não preciso mais voltar. — conto para ela. — Podemos criar nossa família juntos agora. Eu posso... Tentar recuperar o tempo perdido.

— Nossa menina é linda. — suspira Katniss.

— Você é linda. Nossa menina é uma pedra preciosa.

Ficamos em silêncio e juntos acariciamos levemente nossa pequenina, nossa flor, nosso elo. Hope nos encara, mas ainda parece sonolenta. Fecha os dedinhos de sua mão em meu dedo e sorrio sentindo sua pele delicada.

— Eu amo você. — sussurro. — Só espero que deixe-me dividir esse amor.

— Dividir? — sussurra de volta.

— Hope já roubou meu coração.

— E você roubou o meu. — conta-me.

Katniss olha para mim e prende meus olhos aos seus. Analiso seu rosto e gravo-o com força em minha mente. Seu cheiro inebria meus sentidos, sua doce pele está próxima a minha e não posso deixar de colar meus lábios em seus ombros quase desnudos ainda olhando para ela.

Tiro uma mecha de cabelo que caia em seu rosto e o coloco atrás de sua orelha. Deixo minha mão cair por suas costas e acaricio sua coluna levemente. Ela inclina seu rosto em direção ao meu e, como imã, minha boca cai na sua. Lábios macios e gentis.

Primeiro é um leve toque e, em reconhecimento e saudades, abrimos passagem para nos fundirmos melhor. Sua língua acaricia a minha enquanto sinto seu aroma, seu amor e sua paz. Esta que emana seus poros e me acalma. Acalenta todo o medo que senti por uma possível rejeição de sua parte.

Mas nossa filha nos interrompe. Chora entre nós e exige nossa atenção.

— Oh querida. — sussurro. — Interrompendo a reconciliação do papai e da mamãe?

— Ela quer ser o centro das atenções. — Katniss diz fazendo uma voz fina. Nossa bebê continua a choramingar e minha morena puxa a filha para seu peito.

— Deve estar com fome. — digo e Katniss descobre um dos seios levando Hope em sua direção. Minha princesa logo gruda na mãe e procura por leite. — Já fez isso antes?

— Não, mas agora me sinto mãe de verdade.

— E eu me sinto o cara mais sortudo do mundo inteiro.

— Você é. — Kat diz. — Nós duas também. Por termos você.

— Obrigado. — sorrio. — Eu amo minhas meninas.

— E nós amamos você.

— Somos uma família agora? — indago.

— Sempre fomos, Peeta. Sempre. Mesmo com você longe.

— Você nunca deixou de me amar?

— Eu jamais seria capaz de algo assim. — ela diz encostando seus lábios aos meus rapidamente. — Temos o sempre agora?

— Temos tudo o que você quiser, morena.


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Notas finais do capítulo

E aí? Como ficou?
Espero que tenham gostado. Que tal um review? Que tal uma recomendação? Depois de enlouquecer o pessoal no grupo com os spoilers, acho que mereço um comentários, né?

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Um beijão! Volto logo logo.