Werewolf Fever escrita por Petr0va


Capítulo 9
08 - Um Policial Em Minha Casa


Notas iniciais do capítulo

Olaaar gentes, tudo bom?
Obrigado pelos comentários do capítulo passado e boa leitura!



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.

Continuei encarando Parrish, e ele fazia o mesmo, talvez esperando eu me pronunciar ou algo do tipo. Mas não sabia o que falar, estava completamente muda. Respirei fundo pela décima vez e perguntei:

— Como assim?

— Ela morreu, depois voltou. Simples — disse ele. “Simples”, isso não era simples. Não tinha como voltar à vida, isso é uma lei da natureza, está escrita nas estrelas - mais ou menos. Só se ela era algum tipo de zumbi, o que eu duvidava muito. Lobisomens eram uma coisa, mas zumbis era algo completamente diferente, e impossível.

— Você vai estar na sua casa depois do trabalho?

Assenti levemente com a cabeça, ainda perplexa. Ler em um documento que Kate estava morta mas mesmo assim cometendo homicídios não fez eu acreditar completamente naquilo. Mas quando Parrish falou, bem, não havia como duvidar.

— Tudo bem. Depois de ir embora daqui você fica em casa, sem contar nada pra ninguém, ok? E eu arranjo uma pausa pra passar por lá.

Assenti novamente, com certeza ele estava fazendo a coisa certa em não me contar nada agora. Olhei pra ele e me perguntei por que ele estava me ajudando com aquilo. Arrependeu-se por uma coisa que fez no passado, talvez?

Já era hora d’eu ir embora, e o que eu fiz no primeiro dia de trabalho? Servi cafezinhos, invadi a sala de arquivos, e depois fiquei no tédio enquanto estava sentada com Parrish, a conversa acabou depois dele me perguntar se poderia passar na minha casa.

Meu tio foi embora junto comigo, e isso era uma coisa boa. Não estava com vontade de ficar sozinha, fazer comida e ficar atirada no sofá.

Entrei na caminhonete velha, acompanhada do meu tio. Ele entrou e ligou o rádio baixinho, como sempre fazia.

— Como foi seu primeiro dia? — Perguntou ele depois de ligar o motor, já indo em direção a nossa casa.

— Sério?! Você está me perguntando logo isso? — Exclamei, indignada. Ele arqueou as sobrancelhas em dúvida e eu bufei - minha marca registrada.

— A primeira coisa que você falou quando me viu foi: “Me traz um cafezinho” — respondi a sua pergunta não pronunciada.

— Desculpe, é que eu estava... com sono, eu acho.

Olhei para o meu tio, avaliando a sua desculpa que talvez seja esfarrapada. Bem, ele ficou a noite inteira trabalhando, talvez mal piscando os olhos por medo de dormir. Me senti culpada instantaneamente após me lembrar disso.

— Tudo bem, é só muito trabalho — menti. Eu não estava fazendo nada, pelo menos por enquanto, e isso era ótimo já que me pagavam um salário mínimo, e eu ainda tinha acesso aos arquivos, sem eles saberem, é claro.

Meu tio decidiu encerrar o assunto e dirigiu atentamente até chegarmos em casa, peguei a minha bolsa velha e fui direto para o meu quarto, tentar organizar meus pensamentos e todas as minhas dúvidas, tinha muito à perguntar mais tarde.

Deitei na minha cama e acabei dormindo, só acordando dez horas da noite. É, eu dormi muito pra quem dorme mais de oito horas por noite, desci até a cozinha e encontrei meu tio fuxicando a geladeira.

— Não acredito que vou ter que sair essa hora pra comprar alguma coisa decente pra comer — resmungou ele pra si mesmo.

— Acho melhor ir logo, o único mercado que está aberto está quase fechando — alertei chamando a atenção dele.

Joguei as chaves do carro e seu casaco. Eu estava morrendo de fome, não poderia esperar mais. Se eu não estivesse com tanta preguiça, eu mesma iria buscar algo e parar de enrolar.

Meu tio foi até a porta e a abriu, mas ficou encarando a rua por um momento.

— Olá, Sr. Wilhealm, posso entrar? — Ouvi a voz de Parrish. Fui até o lado do meu tio, fazendo ele abrir ainda mais a porta, para mostrar que eu estava ali.

— Claro, Jordan. O que está fazendo aqui, filho?

Parrish - que eu agora sabia que se chamava Jordan - entrou e me olhou por um instante, provavelmente tentando achar em mim a resposta para a pergunta do meu tio, dei de ombros.

— Eu vim ajudar minha nova assistente — ele disse depois de pensar muito, olhando para mim com um sorriso cúmplice.

— Pois é, tio. Me esqueci de te contar, sinto muito — fiz uma falsa expressão de lamentação e abri um sorriso mínimo depois. Por favor, tio, vá logo.

— A gente fala sobre isso depois — disse ele olhando para mim. — Agora eu vou pegar a nossa comida, comportem-se crianças.

Abri o sorriso para o meu tio, aliviada por ele sair, e depois fechei a porta em um estrondo, chamando a atenção do policial na minha frente.

— Assistente? Sério?!

— Sim, foi a única coisa normal para justificar o que eu vim fazer aqui — explicou-se.

Abri um sorriso com as palavras, e era agora mesmo que eu iria ser promovida, querendo ele ou não.

— Então, você sabe... Você vai ter que me promover como sua assistente de verdade. Meu tio trabalha lá, ele iria suspeitar depois de um tempo — disse simplesmente.

Parrish suspirou e me olhou com um pouco de raiva depois, provavelmente se arrependeu da sua justificativa. Ele olhou para a casa toda, e quando localizou a mesa de jantar, sentou-se lá. Suspirei que nem ele e fiz o mesmo, sentando na sua frente. Cruzei minhas mãos sobre a mesa.

— Tudo bem, por onde começamos? — Falei em um tom de formalidade.

Jesus, Argent vai me matar... — disse ele pra si mesmo.

— Argent, parente da Kate? — Inquiri já interessada no assunto que ele iniciou acidentalmente. Ele revirou os olhos com a minha pressa de descobrir as coisas.

Um silêncio horrível começou.

— Você deve estar se perguntando o porquê de estar te ajudando, certo? — Perguntou ele depois de minutos de silêncio.

— Sim — respondi, ansiosa para descobrir mais sobre.

— Eu nunca soube sobre esse mundo, então acho certo contar pra você, para que esteja sempre preparada, e não viver rodeada de segredos pela cidade que você mora.

Abri um sorriso sincero para Parrish, grata novamente por se preocupar com isso. Eu tinha o conhecido há pouco tempo, e aqui estava ele, me contando a verdade, como se fosse a sua obrigação.

— Eu descobri tudo isso recentemente, não me culpe se não explicar direito — ele começou, e eu assenti. Vamos logo, meu subconsciente implorava. — Kate era pra estar morta, já que recebeu um “arranhão” na garganta. Mas então, depois de anos ela volta e começa a matar várias pessoas por aí.

— Disse eu sei — disse, mas depois repensei novamente. — Menos a parte do arranhão.

— O arranhão foi tão profundo que a transformou em uma werejaguar, mas foi escondida durante todo esse tempo por caçadores do Novo México, até que ela fugiu, simples assim.

— Então werejaguar não é apenas o apelido dela? — Perguntei. — Pela agressividade?

Ele riu por um momento, e eu já estava corada. Provavelmente ele estava me achando uma doida agora, que criava soluções idiotas na cabeça.

— Esperto, mas não — ele elogiou, mas então ele me fitou por um momento, franzindo o cenho. — Como você sabe que ela tinha alguma coisa relacionada com a palavra “werejaguar”?

Engoli em seco, agora era a minha vez de me explicar. Precisava arranjar desculpas rapidamente.

— Eu estava perto da sala do xerife quando ouvi Lydia falando isso.

— Certo — ele assentiu. — Não ficou muito confuso para você? Sabe o que são caçadores?

Fiquei pensando por um momento, me perguntando se eu admitia que sabia o que era ou não. Se eu falasse a verdade, ele iria saber que eu estava conectada a isso de alguma forma. Tudo bem que ele estava me ajudando com Kate, mas contar a verdade seria o certo à se fazer? E se ele acabar compartilhando isso para outras pessoas, e se não achar meu tio confiável? Ele poderia achar que tio Thomas havia matado alguém.

Pude ouvir as batidas do meu coração, o sangue correndo em minhas veias, sentia que minha cabeça iria estourar, alguma coisa estava errada.

— Seus olhos... — sussurrou Parrish assustado.

Olhei através do policial, encarando meu reflexo que estava no vidro da cristaleira, meus olhos estavam azuis, e não um azul humano. Deixei meus olhos fechados por um momento, esperando a situação se normalizar. Não estava acreditando que a pergunta de Parrish me deixou tão nervosa ao ponto de me descontrolar por um momento. Não acredito que vou ter que explicar toda a verdade agora. Pelo menos era melhor do que deixar ele sair sem saber de nada, e contar para o seu amigo Argent.

— Esses olhos... são olhos de um ômega — eu comecei. — Sabe, não tem alcateia alguma, totalmente solitários, sem nada...

— Eu sei o que um ômega é — disse ele simplesmente. Simplesmente. Ele falou como se não fosse nada demais, tudo bem que ele conhecia a história de Kate, conhecia histórias sobre caçadores, mas deparar-se com um lobisomem bem na sua frente não é normal. Ele provavelmente nunca viu um, eu que sou uma, nunca vi.

— Por que está tão tranquilo?

— Porque eu já vi muitos de vocês.

Olhei para ele mais atentamente, incrédula. Por que logo ele já vira um lobisomem, por que não eu, que precisava de uma alcateia para me tornar mais resistente?

— Aonde? Aqui em Beacon Hills? — Perguntei para ele, querendo saber mais, muito mais.

— Fique quieta, não posso falar demais. Não quero trair a confiança deles.

Eu não acredito que Parrish tem algum tipo de relação com eles. Eu estava prestes a pular em cima da mesa para ele me dar nomes, mas então me lembrei de tudo que ele estava fazendo, e me acalmei. Não deixando meu lobisomem interior me dominar. Concordei com a cabeça, de olhos fechados, mantendo a calma. Ainda era muito difícil me controlar, não sabia como conseguia na lua cheia.

— Bom isso tornou tudo ainda mais difícil — falou ele.

Jordan parou por ali e ficou me encarando, enquanto eu fazia o mesmo. Isso estava se tornando tão chato, quando acabava as palavras, a gente ficava assim, se olhando num silêncio desconfortável. E só tinha ficado um dia com ele.

— Então você sabe sobre os caçadores? — Interrogou ele.

— Sim, conheço um.

Arregalei os olhos e calei a minha boca, eu tinha falado demais.

— Quem?

Permaneci quieta, ele não poderia saber sobre o meu tio. Thomas fez eu jurar guardar segredo, mesmo não tendo ninguém para falar. Não podia falar agora só por que tinha alguém para compartilhar. O segredo não era meu para contar.

Pelo jeito, Parrish entendeu o meu silêncio, e não perguntou mais nada a respeito.

— Como você ficou sabendo o que você é? Foi mordida ou é genético?

Eu sabia o que ele estava querendo dizer, mas eu não sabia a resposta. Eu nunca fui mordida, e era óbvio que meus país não foram lobisomens, e muito menos um parente meu, já que a família toda é de caçadores. Tanto que a minha mãe até converteu meu pai para isso. Balancei a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos.

— Eu fiquei sabendo há um ano atrás, quando o lobo se manifestou do nada — disse eu, sem entrar em detalhes.

— Eu posso te mostrar uma coisa? — Perguntou ele em um sussurro, maneei a cabeça em concordância.

Parrish moveu sua cabeça um pouco mais para frente, me dando uma visão melhor da sua face. Fez um pouco de força nas suas feições, então seu olho verde transformou-se em laranja, parecia que dentro dele chamas se movimentavam. Encarei seus olhos maravilhada, até eles voltarem ao normal.

— O que você é? — Perguntei fascinada.

— Eu não sei — falou ele. — Um dia tentaram me incendiar dentro do carro, e eu não me queimei, apenas fiquei todo cheio de fuligem, sem roupas.

Guardei aquelas palavras na minha mente, para lembrar delas depois.

— Eu vou tentar achar algo, é o mínimo que posso fazer — disse abrindo um sorriso e procurando sua mão em cima da mesa, apertando-a em consolo. Eu sabia o quão ruim era não saber o que você era.

— Cheguei, crianças! — Disse meu tio abrindo a porta com o quadril, cheio de sacolas nas mãos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui :D
Não se esqueça de comentar o que achou do capítulo.
Até a próxima atualização o/