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Depois de algum tempo eles me deixaram respirar, e quando enfim me recompus, fui até a mesa onde todos estavam parados inicialmente. Derek foi em algum lugar e depois chegou com uma pasta bege, jogou ela na mesa sem nenhuma delicadeza, causando um estrondo.

— O que é isso? — Perguntei fitando a pasta que identifiquei como um arquivo da delegacia. Nem precisei perguntar como ele conseguiu isso.

Derek abriu a pasta, e logo de cara vi uma foto de um homem com uniforme de paramédico, vi a próxima imagem e tinha outro. Os dois tinham marcas de garras por todo o corpo, e os uniformes que eram brancos estavam totalmente vermelhos por causa do sangue dele. Coloquei a mão na boca e balancei a cabeça em negação, irritada com Kate.

— Ela matou os médicos, e depois matou os caçadores — ele mostrou a foto que mostrava aproximadamente 12 caçadores mortos, os mesmos de ontem. Todos encaravam aquilo perplexos, pelo visto Derek não havia contado para eles antes.

— Por que ela fez isso? — Perguntou Isaac.

— Eu não sei — respondeu Derek. — O mais interessante é essa foto aqui — Derek avançou para próxima foto, não prestei atenção até Stiles ler o que estava escrito.

— “Você não sabe o que é ter amigos”. O que isso quer dizer? — Inquiriu Stiles confuso.

Olhei para a foto e fitei os dizeres, e era a mesma coisa que Stiles leu, porém estava escrito com sangue, na parede. Fitei todos imediatamente, mesmo sabendo que não estavam entendendo minha reação. Apoiei minhas mãos na mesa, e minhas garras a arranharam, eu não me importei, estava com medo de cair, uma tontura me preencheu no momento que Stiles leu aquela frase que significava algo, mas só pra mim. Era uma mensagem. Respirei profundamente, tentando recuperar meus sentidos, estava enxergando tudo borrado e minhas pernas não se firmavam no chão.

— Não é Kate quem está por trás disso — falei quando me recuperei.

— Como você sabe? Isso é a cara dela, a mulher é louca! — Exclamou Stiles.

Derek me olhou atentamente e Liam pela primeira vez direcionou seu olhar até mim sem nenhuma confusão, Kira e Malia também esperavam minha resposta, enquanto Scott, Lydia, Isaac e Stiles se negavam e pensavam que eu estava alucinando.

— “Você não sabe o que é ter amigos”, era isso que minha mãe sempre falava pra mim quando eu criticava as amizades dela.

Derek não sabia à que ponto eu queria chegar, Liam bufou, achando que aquilo não era importante. Mal sabia ele que eu estava prestes a falar quem era o assassino.

— É ela... é minha mãe — revelei desconcertada. — Ela que está matando toda essa gente.

— Mas ela não estava morta? — Perguntou Kira.

— É possível alguém virar lobisomem através de um arranhão? — Interroguei para todos, eu só queria a resposta. Estava assustada demais.

— Depende da profundidade — disse Derek aéreo, fitei ele e arqueei as sobrancelhas, e ele entendeu o que eu queria dizer. — É impossível um lobisomem que não é alfa transformar alguém. Não tem como, a pessoa apenas morre.

— É impossível, eu sei. Mas ela está aqui, matando todo mundo pra nada! — Gritei sobressaltada, o meu pior pesadelo estava acontecendo. — Eu vi ela morta, eu matei ela! Mas ela está aqui — choraminguei.

Peguei a foto da frase de novo e analisei-a, sem saber o que estava procurando.

— É uma mensagem — eu disse. — Ela quer se vingar de mim.

— Faz sentido... quer dizer, você matou ela — falou Isaac pensativo, coçando sua nuca, um sinal de que estava nervoso.

— Obrigada por me lembrar disso — o repreendi.

— De algum jeito, ela se aliou aos caçadores, convencendo-os a me caçar — falei minha teoria. — Por isso vocês sabiam aonde ela iria “estar” ontem — bati a minha mão na mesa, era isso. Ela queria me matar por transforma-la na coisa que ela caçou por anos. — É ISSO! — Dei um sorriso imenso, desvendando a charada que parecia tão difícil antes. Não era Kate, não tinha mais como ser. Por que eu não pensei nisso antes? Oh, sim, minha mãe estava morta, não tinha como ela ser um possível suspeito. Que filha da mãe.

— Ela é genial — disse Scott olhando para todo lugar, menos pra mim.

— É, ela é — concordei.

— Nós vamos te vigiar, um dia para cada um, tudo bem? Não queremos ninguém morto, muito menos você, Miriana. É tudo que ela quer — falou Derek. Olhei para ele incrédula, eu não precisava de um segurança na minha própria casa, já bastava o meu tio — que era um policial.

— Eu sei me cuidar! Se ela aparecer eu a mato... de novo — dei um sorriso nervoso, nem sei por quê.

— Ela é um lobisomem que foi caçadora por anos, e você descobriu que é um lobisomem há um ano atrás. Quem você acha que mata quem? — Perguntou ele de sobrancelhas arqueadas, desafiando-me.

— Então você me treina — disse cruzando meus braços, esperando a resposta dele, que parecia que não iria sair tão facilmente. — Pelo menos eu sei me controlar na lua cheia, não vai ser tão difícil assim.

— Tudo bem, mas até você saber como se proteger, alguém te vigia.

Assenti em contragosto, esse era o acordo agora. E faria o necessário para aprender o mais rápido possível e me livrar do vigia.

— Você fica hoje, Liam — falou Derek, e eu me virei instantaneamente para ver a reação do garoto, e para minha surpresa, não fez nada demais, apenas assentiu, sem nenhuma hesitação. Encarei ele pasma. — Dois lobisomens são melhores do que um — Derek abriu um sorriso muito raro de ser ver, foi mínimo, mas me pegou de surpresa também.

Ok, um beta recém transformado iria cuidar de mim. Estou muito segura.

— Eu vou indo, então — disse já saindo da volta da mesa.

— Quer que eu te acompanhe? — Perguntou Liam, o que fez eu encara-lo pasma pela segunda vez, mas depois abri um sorriso sincero.

— Não, obrigado — disse. — Preciso ficar um tempo sozinha.

Liam entendeu, e não se ofereceu para mais nada. Despedi-me dos outros, e dei um abraço apertado em Malia e Kira, eu precisava.

Entrei na caminhonete velha do meu tio, e no momento que eu sentei naquele banco surrado, meus olhos começaram a arder, loucos para submeter-se as lágrimas. Ignorei o quanto podia, mas não aguentava mais. Parei sem nenhuma delicadeza no meio do caminho, segurei o volante firmemente até meus dedos ficarem brancos. Apoiei minha cabeça sobre o volante, tentando me acalmar, e não me transformar ali mesmo.

— Maldita — murmurei.