All Out War escrita por Filho de Kivi


Capítulo 12
... Man of Faith


Notas iniciais do capítulo

Hei!

Aqui está a continuação do capítulo de flashbacks do Doutor Hall... Teremos aqui o “Show das Mil Referências” hahaha... Minha homenagem definitiva a série Lost! Acho que Menta vai gostar hahaha...



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Clifton Road 1405, Atlanta – GA – Dois anos e meio antes do dia zero em Alexandria.

Estava cambaleante quando adentrei o Children’s Healthcare of Atlanta at Egleston, minha barba crescida e não-aparada tornava o meu rosto dez anos mais velho, além de meu porte físico, bem mais magro do que há um ano atrás. Passei pela recepção ignorando completamente os chamados das moças que lá trabalhavam, provavelmente tentando me impedir de prosseguir.

De jaleco branco, tentava me passar por um dos profissionais do hospital, mas meus olhos semicerrados, meu caminhar trepidante e meu rosto abatido, tornava-me muito diferente dos médicos daquele centro, todos impecavelmente bem vestidos e dispostos. Nada mais passava por minha cabeça, eu precisava chegar ao setor de obstetrícia, precisava ver Julia novamente.

Havia se passado quase um ano desde o nosso traumático rompimento, e como ela mesma desejara ao partir de meu apartamento, nunca mais havíamos nos encontrado. Restaram mensagens nunca respondidas e telefonemas nunca atendidos, e eu, inteiramente entregue ao remorso e a solidão, passei a ter como companheira diária, uma garrafa de vodka. Tornou-se comum para mim entornar um litro de álcool pela manhã, o que acabou se agravando posteriormente ao também preencher o meu período da noite.

Naquele dia em especial, eu já havia alcançado a minha cota diária de bebidas, mas os efeitos em minha coordenação motora e em meu raciocínio, ainda se mostravam presentes. Não conseguia mais ser ignorado, não conseguia aceitar o fato dela não ter me dado uma segunda oportunidade para me esclarecer, para tentar me explicar. Se bem que, não sei se palavras poderiam remediar atos tão covardes que eu cometera.

Percebi os olhares atravessados, os burburinhos e comentários maliciosos enquanto caminhava pelos corredores restritos aos funcionários. Eu já havia estado ali antes, e sabia exatamente que caminho fazer para chegar a meu objetivo. Quando se está bêbado, a sua cognição por muitas vezes torna-se falha, mas de qualquer forma, não posso usar o álcool como desculpas para meus atos, já que sabia muito bem o que estava fazendo.

Não sabia o que esperar, não fazia ideia de como seria recepcionado. Não pensava mais nas consequências, abandonei esse hábito quando percebi que viver preso a certas amarras confortáveis da vida, nem sempre se mostra como algo benéfico. Mais do que nunca eu apenas pensava no presente, e como queria ver Julia naquele exato momento, não me atentei na possibilidade real e plausível dela realmente nunca mais querer me ver.

Tombei para o lado, esbarrando em uma das paredes do corredor, em frente à sala de laudos do setor de radiodiagnóstico. Faltava apenas mais uma curva, seguido a um pequeno lance de escadas para que finalmente chegasse ao local de trabalho da doutora Alves. Minha cabeça girava, meu estômago reclamava a falta de comida, e o fígado, o excesso de álcool. Segui por mais alguns passos, ainda controlando o corpo de forma ereta, dobrei a esquina e finalmente alcancei a escada de acesso.

Olhando apenas para o solo, com medo de tropeçar em um dos degraus, senti-me ser impedido de prosseguir por uma mão espalmada, que repentinamente tocara o meu peito. Ao olhar para cima, vi que se tratava de um homem, um dos médicos do instituto, olhando-me por alto, com um misto de pena e nojo no olhar. Um pouco mais alto do que eu, o doutor possuía a pele negra, cabeça raspada reluzente e olhos pequenos e escuros. Ele, que se vestia muito bem por baixo do jaleco branco, passou a utilizar toda a sua cordialidade na tentativa de me expulsar dali, como um verdadeiro cavalheiro.

— Senhor... – Sua voz grave era emitida em um tom sereno – Essa é uma área reservada, preciso pedir que se retire...

Olhei para a mão que ainda me impedia de caminhar, e em um puxão, retirei-a de cima de mim.

— Eu... – Levei minhas mãos trêmulas até o bolso do meu jaleco, retirando de lá o meu velho crachá do Kindred – Sou cirurgião geral do Kindred, preciso ver uma paciente, eu... – Meu pensamento estava muito lento, e minha língua mais parecia ter dois metros dentro da minha boca – Tenho que prosseguir... Preciso avaliar...

Desistindo da retórica, tentei prosseguir caminhando pelo lado do homem, que ao dar um passo para a lateral, voltou a me impedir de chegar ao setor.

— Desculpe doutor... – Voltou a dizer o homem, dessa vez seriamente – Não posso deixá-lo passar daqui, preciso que se retire ou então terei que chamar a segurança!

Passei a mão no rosto e comecei a gargalhar, atraindo diversos olhares para a nossa direção. A cena em si, era patética.

— Você vai chamar a segurança... Você... – Eu seguia rindo de forma histérica, enquanto meu corpo pendia para o lado esquerdo, totalmente sem equilíbrio – Você sabe quem eu sou? – Voltei o meu olhar para o bolso do jaleco do médico a minha frente – Doutor Colleman... Você sabe quem sou eu?!

O último questionamento saiu de forma raivosa, em um grito que reverberou pelas paredes do lugar, chamando ainda mais a atenção de pacientes e funcionários. Um deles fez menção de chamar a segurança para me retirar, mas o Doutor Colleman sinalizou com a mão esquerda, impedindo que isso fosse feito. Ele parecia ter controle da situação, e não queria criar um alarde maior, provavelmente não me considerava perigoso.

— Sim, eu sei que você é, Doutor Hall... – Respondeu Colleman, ainda calmamente – É por isso que sei que você não quer mais problemas, não é? – O homem dá um passo em minha direção, tentando me intimidar – Julia não quer mais te ver, ela não pensa mais em você... Ela está feliz! – O homem me olhou dos pés a cabeça – Achei que você já tinha chegado ao fundo do poço... – Ele balança a cabeça negativamente – Pelo que vejo, conseguiu cavar um buraco ainda maior!

— Você não pode falar por ela... Não tem esse direito... Quem é você pra falar algo por ela?!

— Sou o namorado dela!

Não acreditei nas palavras proferidas pelo médico. Julia não podia estar se relacionando com alguém, ela deveria estar destroçada assim como eu. Ela não tinha o direito de ter se recuperado tão rapidamente, ela não tinha o direito de não mais me querer por perto. Eu ainda amava aquela mulher, com todas as minhas forças, então porque diabos não podia ser correspondido? Bom, felizmente hoje já encontrei uma resposta para isso: Simplesmente porque a vida não é como desejamos que ela seja.

Um sentimento de angústia começou a reverberar em meu peito, sentimento esse que rapidamente passou a tomar conta de meus poros. Novamente tomando uma atitude impensada, lancei-me sobre o homem, tentando avançar escada acima, tentando desesperadamente chegar até onde Julia se encontrava. Fraco como estava, sem ao menos conseguir-me manter de pé totalmente, fui facilmente impedido, sendo jogado no solo de forma humilhante, caindo de costas e batendo a cabeça no chão, fazendo com que minha tontura se ampliasse ainda mais.

— Vincent?

A voz suave surgiu como um anjo enviado a me salvar, ao olhar para a frente, pude ver aquela que tanto me esforçara para encontrar, Julia, descendo os degraus até a minha direção. Ela parecia assustada e seu olhar penoso questionava para si mesma “o que aconteceu com você?”. Ela se dirigiu até Colleman e trocou algumas palavras com ele, dizeres que não consegui decifrar. Em seguida, vindo até mim, a médica me auxiliou, sem nada dizer, ajudando-me a erguer o corpo e me levando até o restaurante do Children’s Healthcare.

Pedindo dois cafés puros, lembrei-me do dia em que nos conhecemos, de como ela estava contente em me ver, e como nos sentíamos bem um ante o outro. Tudo parecia ter mudado, ela estava séria, visivelmente incomodada, e dessa vez, não me via com admiração, e sim como um fardo.

— Você está horrível! – Exclamou ela.

Sorri brevemente, dando um longo gole no líquido quase fervente.

— Julia, eu...

Ela parecia ter o objetivo de fazer daquela uma conversa definitiva, não queria rodeios.

— Eu falei pra você não me procurar, eu disso isso a você...

Levei a mão direita até a sua, que refutou o contato como quem expele um inseto perigoso.

— Eu não consegui... Não consegui mentir pra mim mesmo, não consegui viver sem você...

— Hall... – Ela balançou a cabeça negativamente – O que você fez com a sua vida? Você era um médico promissor...

— Ainda sou um médico... – Minha voz prosseguia saindo enrolada – Eu vou resolver todos os problemas, vou consertar as coisas... Mas preciso de você a meu lado Julia...

Ela respirou fundo, olhando brevemente para o teto.

— Você perdeu o seu registro no conselho... Eu sei muito bem o que aconteceu com você! Todo mundo da área sabe o que aconteceu com você! – Julia passou a falar de forma efusiva – Você perdeu uma paciente porque realizou uma cirurgia bêbado! E foi nesse mesmo estado até a sua audiência no conselho de medicina... – Ela fez uma breve pausa – Não, Vincent, a muito você deixou de ser um médico... E tem coisas que não dá pra ser concertadas...

— Julia...

Meus olhos começaram a lacrimejar, ela estava decidida, queria colocar tudo pra fora.

— A culpa disso tudo é exclusivamente sua! – Ela nunca havia me olhado daquela forma, um olhar raivoso, transtornado – Você fez uma coisa horrível com aquela garota... Você mentiu pra mim! Talvez pudéssemos ter encarado aquilo juntos... – Julia tomou fôlego, acalmando-se e diminuindo o tom de voz – Eu te amava Vincent... Mas assim como uma doença o amor também pode ser curado, e é o que estou fazendo! O Sean... Doutor Colleman... Tem me ajudado bastante. Ele gosta de mim e não mente para mim! Você devia tentar o mesmo, ainda há tempo para se reerguer...

— Você precisa voltar pra mim... – Sussurrei, esticando a mão na direção de Julia.

A médica levantou-se da cadeira, dando as costas e caminhando de volta ao interior do hospital.

— Julia, você precisa voltar pra mim! Nós temos que voltar, Julia! Nós temos que voltar!

Apartamento trezentos e três do Marietta and Sandy, Atlanta – GA – Dois anos antes do dia zero em Alexandria.

As notícias começaram a surgir vagamente, as informações eram escassas a princípio e pareceram estar sempre sendo abafadas pelos órgãos governamentais. Quando o primeiro aviso de quarentena chegou, quarenta por cento da população de Atlanta já havia sido afetada e não haviam mais forças conjuntas para impedir que aquele mal se alastrasse.

Um centro de refugiados tentou ser formado no centro, mas assim como todas as outras medidas do exército, essa também acabou sendo frustrada. Como medida desesperada, bombardeios passaram a ser executados nos centros mais populosos, como se aquilo pudesse impedir que o mal se espalhasse pelo mundo. Nada adiantou, o apocalipse chegara.

Basicamente trancado em casa durante todo o período que precedeu ao retorno dos mortos, consegui juntar alguns suprimentos quando percebi que a coisa poderia ficar realmente feia. Com alguns galões de água, alimentos em conserva e bastante álcool, consegui sobreviver no período mais crítico, o início de tudo, onde sabíamos quase nada sobre aquele mal que levara tantas vidas.

Depois da conversa definitiva com Julia, acabei tornando-me ainda mais recluso do que comumente já era. Sem poder exercer a medicina, passei a viver para a bebida, gastando até o último centavo de minha conta bancária na tentativa de sanar o ferimento em meu peito que parecia só se expandir. Arrependia-me por abandonado Annette, arrependia-me por ter perdido o registro no conselho, e principalmente arrependia-me por ter deixado uma pessoa tão amável como Julia escapar. Foi fácil não atender aos chamados de evacuação, foi fácil evitar as multidões, basicamente foi fácil sobreviver. Se é que aquilo poderia ser chamado de sobrevivência.

Passava os dias jogado no sofá, agarrado a uma garrafa de álcool qualquer, observando atentamente o barulho que comumente vinha do corredor, onde três errante gostavam de caminhar, sempre acompanhado a seus grunhidos e gemidos aterradores. Protegia a minha porta com uma estante de livros, que arrastei para lá, só sendo retirada quando por algum motivo eu precisava deixar o lugar.

No chão, além de vidros quebrados e garrafas vazias, havia também diversas fotos de Julia, espalhadas pelo solo, local para onde eu comumente voltava o olhar, sempre lembrando-me de nossos momentos mais felizes. Eu não pensava em minha família, não me importava com os vizinhos que provavelmente, pelo menos em sua maioria, já haviam se transformado em uma daquelas criaturas. Meu pensamento central girava em torno da médica com o rosto de menina, queria saber se ela estava bem, se conseguira sobreviver.

Minhas conjecturas duravam até o próximo contato da garrafa com meus lábios. O líquido era engolido em grandes quantidades, escorria garganta abaixo enquanto o excesso deslizava por minha boca, molhando o meu pescoço e peito. O apartamento mais parecia um chiqueiro, as latas de comida vazias acumulavam-se perto da pia, atraindo moscas, além de um fedor pútrido. Minhas roupas estavam imundas, e por conta do não fornecimento de água, cortado assim que o exército começou a agir, meus excrementos também se aglomeravam no banheiro, deixando aquele lugar praticamente inabitável.

Eu não sobreviveria por muito mais, sabia muito bem disso, e por não ter coragem de cometer suicídio, torcia para que aquele momento chegasse logo. Estava decidido a não mais ir atrás de comida, e assim que o meu estoque chegasse ao fim, restariam apenas as garrafas de vodka, whisky e rum, que me acompanhariam até o último suspiro. Mas de alguma forma, sabe-se lá por que, o universo ainda parecia planejar algo para mim, nem que fosse apenas a ampliação de meu sofrimento.

Ouvi passos no corredor, bem próximo a minha porta, não liguei, já estava acostumado ao caminhar dos mortos que seguiam de um lado a outro sempre farejando em busca de carne fresca. Apesar do meu nível de embriaguês, ainda conseguia fazer silêncio, o que sempre gerava a desistência das criaturas, seguindo em frente em sua caçada. Porém, para minha surpresa, aquela era uma situação diferente, já que acompanhado aos passos, percebi também vozes, sussurrando ao caminhar daqueles que pareciam não querer ser notados.

Ergui o corpo do sofá, tentando ficar de pé. O movimento fizera minha cabeça girar, a garrafa que estava em minha mão caiu no solo, desperdiçando a última dose que ainda restava. Posicionei-me sentado, com as duas mãos no rosto, ainda tentando reorganizar os pensamentos e reposicionar o eixo de meu corpo. Estava fraco demais, completamente bêbado e sem saber ao certo se aquilo era ou não real. Talvez fosse apenas um delírio causado pela embriaguês, quem sabe eu até já não estivesse morto.

Ouvi um som estridente em minha porta, a maçaneta havia sido arrombada e a estante acabara de cair para trás, fazendo um enorme barulho e derrubando todos os livros contidos nela. Sem poder fazer mais nada, recostei o corpo lentamente sobre o sofá, esticando o braço deprimentemente na direção da garrafa que acabara de tombar, fazendo um esforço inútil na tentativa de beber uma última vez. Os passos agora estavam dentro do meu apartamento, pessoas haviam acabado de entrar.

— Amanda, precisamos ser rápidos! – Exclamou uma voz masculina.

— Porra cara, eu falei pra você não sair chutando a porta... Tinha a porra de uma estante aqui! Isso deve ter chamado à atenção de todos os bichos desse prédio! – Vociferou uma segunda voz masculina, não tão grave quanto à primeira.

As três pessoas caminhavam pela sala e cozinha, ainda sem notar minha presença.

— Tem um monte de latas vazias... Alguém juntou bastante comida, mas pelo visto já comeu tudo! – Disse uma voz feminina, revirando parte do meu lixo em busca de suprimentos.

— Vamos fazer uma última varredura e dar o fora daqui! Procurem por remédios e água, eu cubro a saída! – Falou em tom de liderança o de voz mais grave.

Cerrei os olhos, entregando-me a um destino incerto, sem ter certeza do que poderiam fazer comigo. Senti uma presença aproximando-se, o cano de um rifle tocando o meu abdome, e uma voz logo em seguida.

— Ei tem um cara aqui!

Algum lugar nos arredores de Atlanta – Horas depois...

Depois de ter apagado após ser encontrado pelo estranho trio que invadira o meu apartamento, acabei despertando tempos depois, sem ter noção alguma de quanto havia se passado. Meus olhos se abriram lentamente, piscando de forma ininterrupta, como se minhas pupilas estivessem sendo reprogramadas. Ao olhar para os lados, ainda com a visão embaçada e turva, percebi que não estava mais no prédio de outrora, e sim dentro de uma barraca de camping.

Deitado sobre um emaranhado de cobertores, amontoados de forma improvisada para servir de cama, meu corpo, ainda fraco e extasiado tentava movimentar-se para o lado, objetivando erguer-se. Após poucos segundos de um desnecessário esforço, voltei à posição original, cansado e dispneico, recuperando o fôlego para uma segunda tentativa. Fora apenas aí que notei a presença de um segundo indivíduo naquela barraca, sentado a meu lado, observando todos os meus movimentos.

— Calma aí cara...

O homem de negros cabelos curtos, pele branca e queixo alongado, tomado por uma pequena barbicha, alertava-me sobre o desperdício de energia com toda aquela movimentação inútil. Seus grandes olhos castanhos sobre o nariz pontudo, davam àquele de rapaz de vinte e poucos anos uma estranha aparência. Ele não parecia intimidador, ao mesmo tempo em que não passava total confiança.

— Como é o seu nome? – Perguntou ele.

— Vi... Vincent... Vincent Hall...

— Me chamo Mike – Disse ele de forma cordial – Não sei se está lembrado, mas invadimos o seu apartamento ontem... Eu te encontrei jogado no sofá, desmaiado. Como sua porta foi arrombada, trouxemos você prá cá... Você ia morrer lá cara, já estava sem comida!

— Que lugar é esse? – Perguntei. Ainda tentava juntar todas as peças daquele acontecimento repentino.

— Estamos em um comboio... – Mike parou brevemente para morder uma maçã que se encontrava em sua mão – Paramos por dois dias aqui perto de Atlanta, para juntar suprimentos e combustível... – O homem mastigava e falava ao mesmo tempo, fazendo com que o sulco que saía da fruta escorresse pelo canto de sua boca – Era justamente o que estávamos fazendo quando entramos no seu prédio... Pensamos que lá iria dar pra juntar uma boa quantidade de coisas!

Lembrei brevemente de meu apartamento, e de todas as coisas que ficaram para trás. Lamentei profundamente por não ter mais nenhuma foto de Julia comigo, seria difícil nunca mais olhar para o seu rosto.

— Estamos indo para Virginia! – Mike prosseguia falando, mesmo sabendo que não possuía mais a minha total atenção – Tom e Amanda acreditam que possa existir algo lá... Sei lá, alguma base do governo... – Ele fez uma breve pausa – Tem muita gente aqui esperançosa de que finalmente possamos encontrar um lugar pra ficar... Sabe como é... Que seja totalmente seguro!

Não sabia o que pensar a respeito de tudo o que havia ocorrido. Por ironia do destino, acabei sendo salvo quando justamente já havia desistido de viver, de certa forma, por dentro eu já estava morto. Naquele instante, recordei-me de uma frase que havia escutado há muito tempo... “Só acaba uma vez, tudo o que viver depois disso é apenas progresso”.

O comboio do qual fazia parte agora era formado por um trailer e sete carros, sendo dois deles, picapes. Éramos um total de vinte e três pessoas, liderados por Tom Price, um corpulento homem que nos guiava dirigindo o trailer. Seguíamos lentamente pelas estradas tomadas em sua maioria por destroços de veículos e carcaças em chamas, além dos errantes que sempre eram um grande problema, principalmente pela grande quantidade de pessoas despreparadas caso houvesse algum tipo de ataque.

Andava na picape de Mike, que parecia realmente gostar muito de falar, e não se incomodava pelo fato de quase nunca eu responder a seus questionamentos, em sua maioria triviais. Acampávamos a noite, sempre que podíamos, próximos a entrada de algum vilarejo, onde Price liderava um grupo de buscas, tentando sempre nos manter totalmente supridos. Mas era uma dura missão, e estávamos em grande número.

Algum lugar da Rodovia 55, Mississipi – Um ano e onze meses antes do dia zero em Alexandria.

Tomando uma decisão em conjunto, optamos por dar a volta, seguindo pela rodovia cinquenta e cinco e alongando o percurso consideravelmente, com o objetivo de evitar a noventa e cinco que estava tomada por uma gigantesca horda. O comboio aportou próximo a Brookhaven, onde Tom organizou o seu melhor grupo de buscas para ir até a cidade, a procura de comida, água e remédios, porém, a gasolina também já começava a se mostrara um problema.

— Eu, Mike, Goodwin, Timothy e Nina iremos até lá... – Tom debruçava-se sobre um mapa em cima do capô de um dos carros, a seu lado Amanda ouvia suas palavras atentamente.

— Espera, eu também vou! – Protestou a mulher, arqueando uma das sobrancelhas.

— Não Amanda, você vai ficar... – Voltou a dizer Tom – Depois do que aconteceu, quero alguém tomando conta do acampamento constantemente, alguém que eu saiba que manterá as coisas no lugar, que saberá quais decisões tomar!

A mulher assentiu, com o olhar levemente baixo. Provavelmente relembrara das seis perdas que o grupo havia tido no último mês, quando o acampamento improvisado na beira da estrada, acabou sendo atacado por vinte mortos vivos. Tomados de assalto no meio da madrugada, um casal de idosos, duas crianças e mais dois jovens, não conseguiram fugir ou se defender. Infelizmente não pude fazer nada, minhas habilidades médicas se mostraram inúteis ante tamanha barbaridade.

Naquele período, eu estava tentando mudar alguns conceitos em minha cabeça. Já havia desistido de querer morrer, já que tivera uma segunda oportunidade, resolvi abraçá-la verdadeiramente, tentando de alguma forma tornar-me útil para o grupo. Pensava a todo tempo no que Julia havia me dito na última vez em que nos encontramos, e passei a conjecturar que talvez eu realmente pudesse consertar as coisas. Poderia ser aquela uma oportunidade de recomeço, passando uma borracha sobre os erros do passado.

Depois que o grupo de Tom saíra para buscar suprimentos, acabei recebendo uma visita em minha barraca, justamente enquanto catalogava os poucos medicamentos que ainda possuíamos.

— Olá doutor...

— Olá... – Respondi automaticamente, sem levantar o olhar na direção de minha visita.

Percebi que a pessoa aguardara estática, esperando que eu voltasse minha atenção até ela. Após observar o composto do último frasco de analgésicos, levantei a cabeça, olhando para aquela que viera até mim.

Uma jovem garota loira de marcantes olhos amendoados encontrava-se de pé a minha frente, com um breve sorriso no rosto.

— Desculpe, eu estava terminando de catalogar essas coisas... – Sorri rapidamente – Está com algum problema?

Depois que todos tomaram conhecimento de minha antiga profissão, tornou-se comum as visitas constantes em minha barraca atrás de soluções para as mais diferenciadas mazelas, fossem elas simples dores de cabeças ou profundos cortes causados ao estripar algum animal caçado por Goodwin. Achei que a garota também estivesse nessa lista.

— Eu não sei se sabe o meu nome... Sou a filha dos Fisher... Você examinou minha mãe recentemente...

Ainda não havia decorado o nome de todos do grupo, mas já conseguia ligar as fisionomias às funções exercidas. A garota era filha de um casal de cozinheiros, responsáveis obviamente por cuidar da alimentação do grupo, racionando o pouco que ainda nos restava.

— Ainda não aprendi o nome de todos, mas lembro-me de sua mãe... Eileen, não é?

Ela sorriu.

— Sim... – A garota parecia criar coragem para me perguntar algo importante – Bom, ela passou mal semana passada e veio aqui te procurar... Algo aconteceu doutor, eu sei disso... Meu pai tem chorado pelos cantos e evitado falar sobre o assunto! Eu preciso saber do que se trata...

Eileen Fisher apresentava sintomas típicos de minha suspeita, revelada a Harry, seu marido. Não havia como realizar um exame de imagem para precisar com certeza, mas minha experiência médica apontava para isso.

— Não é nada... – Tentava não assustá-la – Sua mãe teve uma crise de tosse, só isso... Há vários motivos plausíveis, talvez seja a chegada do inverno, ou algum vírus oportunista, não tenho como...

A garota ajoelhou-se a minha frente, segurando firmemente minhas mãos.

— Eu a vi escarrando sangue... Ela tentou esconder, mas ainda assim eu vi! Sei que não é só um vírus doutor... Por favor, você precisa me falar... Eu tenho o direito de saber!

A menina assustou-me com a maturidade em suas palavras. A sua forma decidida de falar e pensar não se assemelhava as adolescentes de sua mesma faixa etária. Na verdade, ela parecia bem mais madura do que muitos que estavam ali naquele comboio. Seus olhos me passaram uma verdade da qual não pude fugir, ela realmente estava certa, tinha o direito de saber qual o real problema de sua mãe.

— Bom... Sua mãe está com câncer nos pulmões... Provavelmente já em estado de metástase, acredito que também haja tumores em desenvolvimento na coluna, vide as dores que ela me reportara, e no estômago, por conta dos recorrentes enjoos...

A menina pareceu engolir a seco minhas palavras, suas mãos apertavam as minhas com ainda mais força.

— E quanto tempo ela tem?

— É difícil dizer... Uma semana, um mês, doze horas... Sem realizar um exame de imagem, torna-se impossível fazer qualquer precisão... Mas... – Fiz uma breve pausa, ela pediu para que eu prosseguisse – Não acredito que lhe reste muito tempo, e... Não há nada que eu possa fazer nas atuais circunstâncias.

Surpreendendo-me mais uma vez, a garota não emitiu uma só lágrima, e nem mostrou-se ofendida com as palavras utilizadas por mim. Achegando-se ainda mais próxima, abraçou-me fortemente, sussurrando um “obrigado” em meu ouvido. Após levantar-se para se retirar de minha barraca, a menina voltou a sorrir, copiando o mesmo gesto que tivera na entrada, dessa vez, modificando a frase.

— Me chamo Leah Fisher...

Não esqueci mais o seu nome, na verdade, acabamos nos tornando cada vez mais próximos depois daquele dia. Eu vi em Leah algo especial, que parecera acender uma luz dentro de mim. A jovem decidida, que não se importava em ouvir a verdade, ou dizê-la, remetia-me a uma pessoa que há muito havia saído de minha vida. A menina Fisher assemelhava-se muito a Julia, tanto fisicamente, quanto em sua personalidade. Parecia que estava ganhando uma segunda oportunidade, para dessa vez, fazer tudo da maneira certa.

Encaramos a doença de sua mãe em conjunto. Durante um mês, apoiamos Harry e Eileen da forma que podíamos, tentando amenizar a dor de ambos, que naquele momento era gigantesca. A senhora Fisher só piorava, e mesmo assim, Leah seguia firme, ou pelo menos demonstrava firmeza, sempre incentivando o seu pai a não se entregar a angústia.

Cuidei de Eileen Fisher com os poucos medicamentos aos quais tinha acesso, improvisando com analgésicos e anti-inflamatórios, sem obviamente alcançar resultados. A mulher definhou lentamente, perdendo a visão e fala, os movimentos, as funções renais e hepáticas... Fui obrigado a assistir tudo àquilo de perto, a ver todo aquele sofrimento sem poder agir, sem de nada adiantar os meus dez anos de estudos em medicina. O universo finalmente encontrara uma forma de me por frente a frente com Annette. Realmente há não como fugir de nada nesse mundo.

De certa forma eu acabei vencendo aquele desafio, me redimindo de alguma maneira. Eu não precisava mais fugir, não havia mais porque fugir, eu finalmente tinha criado ciência de que o melhor era encarar os problemas de frente, só assim o monstro tornar-se-ia mais inofensivo. Minhas mãos não tremiam mais pela falta de álcool, os pensamentos suicidas se esvaziaram completamente de minha cabeça, eu me sentia bem em fim, queria sobreviver, queria prosseguir.

Minha grande âncora acabou sendo Leah Fisher, que se aproximou ainda mais de mim após a morte de sua mãe. Eu percebia que ela sofria internamente, mas também notava que estar perto de mim a fazia bem. De alguma maneira maluca, nós acabamos nos tornando a terapia um do outro. Juntos, ajudávamos o senhor Harry a superar a perda que o deixara a beira de uma profunda depressão. Costumávamos conversar durante horas, sempre em devaneios sobre livros ou jogos de xadrez. Ele melhoraria, sentíamos que faltava pouco para que ele pudesse voltar a encarar a realidade do novo mundo em que nos encontrávamos.

O único problema é que o novo mundo costuma ser bastante cruel com os seus habitantes. Em mais um ataque à beira da estrada, onde trinta errantes nos encurralaram na divisa de Oxford, mais seis vidas nos foram ceifadas. Um casal de coreanos que já haviam perdido os filhos anteriormente, três jovens universitários que viajavam com o comboio desde que tudo começara e o pai de Leah, Harry Fisher, sucumbiram no ataque das criaturas, que fizeram deles um verdadeiro banquete.

Não sobrou muito de seus corpos quando a poeira baixou. A fuga do lugar precisou ser feita às pressas, tanto que Timothy, Nina e Elliot, acabaram seguindo estrada a frente, sem olhar para trás. Nunca mais os vimos novamente.

O grupo estava aos cacos, sem chão. O comboio que já tivera quase trinta pessoas e se considerava uma resistência ao mal que passara a assolar o mundo, não passava agora de um bando de crianças assustadas, sem saber que rumo tomar, sem saber para onde seguir. Tom seguiu fazendo o que sabia, guiando-nos até a próxima cidadela, onde pudemos nos estabelecer por alguns dias, esticando as pernas e respirando, enquanto ainda engolíamos a seco toda a merda que jorrava sobre nossa cabeça.

Foi aí que Leah passou a dormir comigo, ainda sem nenhuma insinuação a qualquer despertar sexual. Estávamos juntos, nos apoiando mutuamente, naquela altura ela já significava muito pra mim, a queria por perto, a queria segura. De certo modo ela tornou-se minha protegida, minha menina, aquela que não deixaria nenhum mal assolar. Encara tudo de forma inocente, e acredito que ela também enxergasse daquela forma, porém tudo se modificou em uma chuvosa noite de novembro.

Harrisonburg, West Virginia – Quatro meses antes do dia zero em Alexandria.

— Bom... Seu bebê está ótimo, Susie! O garoto ou princesa aqui já sabe o que fazer para nascer... Está na posição correta! Os incômodos são normais, afinal, você já está com sete meses... Mas não se preocupe, tudo vai dar certo!

Susie sorriu pra mim ao ouvir a notícia, só não parecia mais contente que Goodwin que impaciente, aguardava do lado de fora do quarto enquanto eu examinava sua namorada. A moça, que engravidara durante o apocalipse, estava extremamente receosa de não conseguir dar a luz em segurança, ou acabar morrendo no parto, já que não havia nenhuma possibilidade do mesmo ser realizado dentro de um hospital.

Havíamos saído de Beckley há alguns dias e por conta da falta de combustível, paramos em Harrisonburg, onde decidimos nos estabelecer por tempo indeterminado, até podermos seguir viagem novamente. A casa que arrombamos era de classe média, onde anteriormente vivera uma família com quatro integrantes, nada muito suntuosa, mas havia o bastante para passarmos algumas semanas por lá.

Depois de atestarmos que West Virginia era uma furada, e que nenhum centro de refugiados ou base governamental seguia de pé, mudamos os planos e decidimos atravessar o estado, seguindo pela rodovia 64 até Washington DC, onde imaginávamos que nossas esperanças poderiam ser renovadas. Porém, precisávamos de combustível para prosseguir e era notável o quanto isso tirava o sono de todos, principalmente de Tom e Amanda.

Eu também estava extremamente preocupado com Susie, apesar de tentar passar a ela total tranquilidade. Os exames ao toque acusavam realmente que tudo estava bem com o bebê, porém, o seu quadril pequeno e canal vaginal estreito, poderia significar que ela não alcançaria dilatação suficiente para um parto normal. Uma cesariana estava totalmente descarta, um procedimento desses sem nenhum material adequado, resultaria na morte da mãe e do bebê. Certamente seria uma difícil decisão a ser tomada quando momento o chegasse. Eu realmente torcia para tudo seguisse bem até lá.

Em meio a devaneios sem respostas, segui apoiado por muletas até o quarto que ocupava naquela casa provisória, ainda tentando me acostumar à nova condição motora. Minha perna precisara ser cortada após um recente ataque, quando havíamos acabado de chegar a Virginia. Ainda tinha pesadelos com o momento da mordida, ainda via nitidamente os dentes pútridos cravados na batata da minha perna, repuxando a pele e espirrando sangue. Ainda sentia os dedos dos pés, como pequenos fantasmas, formigando, movimentando-se mesmo sem existir.

Ao abrir a porta e adentrar o quarto, vi que Leah, jogada sobre a cama de casal, já estava dormindo. Tentando não acordá-la, sentei-me lentamente na cama, acomodando as muletas na estante lateral. Olhando pelo vidro embaçado da janela era possível ver os raios que cortavam o céu, somado aos trovões que estremeciam o chão a cada estrondo. A chuva estava muito forte.

Direcionando o olhar para ela, vi seu rosto ser iluminado por um dos relâmpagos, que mais parecia estar dentro do quarto, tamanha sua potência. A menina estava linda, a pele delicada, os olhos cerrados, a boca avivada, não sei dizer o que ocorreu, não consigo definir pelo que fui tomado, mas pela primeira vez passei a vê-la como algo a mais do que uma criança. Toquei os seus cabelos de forma delicada, passeando com dedos pelos macios fios loiros.

Leah ainda não era uma mulher, a garota de quatorze anos ainda tinha o corpo em desenvolvimento, singelas curvas que denotavam o quão bela ela se tornaria com o passar dos anos. Ainda assim, naquele momento eu a desejava, estranhamente a desejava. Ao observá-la daquela forma, não tive como não lembrar-me de Julia, deitada sobre a cama de meu apartamento, dormindo exatamente como a menina agora fazia.

Me sentia diante da doutora Alves novamente, como se as forças que regem o universo, estivessem me dando uma segunda chance, a segunda chance que Julia me negara tempos atrás. Tocando o seu rosto de forma terna e carinhosa, percebi que a garota despertara, estranhamente sem se assustar com minha atitude. Um olhar penetrante e um sorriso cativante foram o suficiente para que eu me deixasse levar pelo momento, por aquele inominável sentimento que me preenchia. Toquei os meus lábios no dela pela primeira vez, e o beijo fora correspondido.

Trouxe o seu pequeno corpo para os meus braços, envolvendo-a, como se ainda a protegesse de algum mal. Só ali eu percebera que mesmo perdendo a perna por ela, eu nunca salvara Leah, fora ela que de inúmeras formas diferentes, acabou me salvando de mim mesmo.

Beijando-a de forma ardente, retirei sua blusa, deixando os pequenos seios à mostra, os quais admirei por alguns segundos. A menina estranhamente não parecia acanhada, não sei se estava tendo uma impressão errada, mas ela parecia querer o mesmo que eu, seus suspiros denotavam isso, assim como a resposta imediata que viera logo depois.

Leah beijou o meu pescoço, ajudando-me a retirar a camisa. Cuidadosamente deitei sobre o seu corpo, explorando-o como podia com os lábios, sentindo sua respiração se acelerar assim que chegava às partes mais sensíveis. Eu queria ir até o fim, mas antes disso, queria proporcionar o máximo de prazer àquela menina, queria que tudo fosse perfeito para nós dois.

Com muito cuidado, segui em frente, retirando sua calcinha lentamente e observando atentamente a toda aquela cena, como se fotografasse tudo com os olhos. Ela sentia confiança em mim, estava segura a meu lado, ela sabia que jamais faria algo que ela não quisesse. Após tudo estar pronto, voltei o meu olhar para ela que, apesar do nervosismo, deu-me o aval para prosseguir.

Um gemido mais alto fora o alarme para denotar o que havíamos acabado de concretizar, depois do passo dado naquele instante, não havia mais volta. Leah foi minha naquela noite tão improvável e inesperada, e eu também fui dela. Nosso momento de prazer foi único, especial, e mesmo estando ali, diante daquela menina que entregara tanto a mim, em minha mente, um nome ainda reverberava com toda a força... Julia.

*****

Vincent fechou o caderno rapidamente, lançando-o sobre o chão do quarto. As lembranças que tivera só aumentaram o seu conflito interno, fazendo com que o cirurgião se sentisse ainda mais desolado. Tom estava errado em relação ao que dissera naquela manhã, Vincent também perdera muita coisa, e estava muito preocupado em também perder a sanidade.

Depois de mais um gole na vodka, o médico decidiu levantar-se, recompondo-se para a chegada de Rosita, que logo bateria em sua porta. Ao sair do quarto, acabou sendo surpreendido por algo totalmente inesperado, que em nenhuma hipótese passava por sua cabeça naquele momento. Um barulho vindo do quarto de Carl, fizera com que Doutor Hall acelerasse o passo o quanto lhe era permitido para chegar até lá.

Ao adentrar a porta, manco e cambaleante, Hall viu que o pequeno Grimes acabara de despertar de seu coma profundo. O garoto que tremia, tentando erguer o corpo, parecia muito assustado ao perceber onde estava, e o que se passava. Vincent foi tomado por um profundo sentimento de esperança, uma felicidade imensurável que ele nunca imaginara sentir outra vez.

Ao olhar para o médico, Carl, ainda visivelmente confuso, só conseguiu pronunciar poucas palavras.

— Onde... Onde está minha mãe?


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Notas finais do capítulo


Agora já sabemos basicamente tudo sobre o cirurgião problemático! Hehe... Espero que tenham gostado dessa forma diferente que resolvi trazer para a fic...

Deem uma comentada por aqui, quero saber o que acharam!

Nos vemos no próximo...



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