The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 75
Capítulo 23 - O Retrato de Dorian Gray


Notas iniciais do capítulo

OKAY, MENINAS!! PRECISO DEFENDER O DORIAN AQUI...
NÃO FIQUEM BRAVAS COM DORIAN, ELE É TÃO LINDINHO, TÃ SOFRIDO COITADO! ME SENTI TÃO CULPADA POR TER FEITO ELE SE COMPORTAR DAQUELE JEITO COM A IVY QUE RESOLVI ESCREVER ESTE CAPÍTULO EM SUA DEFESA... RSRSS
ENTÃO VAMOS VER SE DORIAN GRAY CONSEGUE SE REDIMIR? BEM, É CLARO QUE VOU PRECISAR DE ALGUNS REVIEWS PARA SABER SE DORIAN FOI PERDOADO OU NÃO... ENTÃO, POR FAVOR, MENINAS COMENTEM, TÁ? RRSSSRSSS



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_ Foi mais rápido que imaginei. - ele me olhou e sorriu. Notei seus caninos alongados. Lembro que não acreditei no que vi – Pensei que você levaria mais tempo... - ele falou e entrou na minha mente. Lembro da sensação; meus pensamentos se tornaram absortos, perdi a concentração olhando para o nada sem me importar com mais nada, todas as preocupações, toda a dor e confusão foram embora.

Ele pulou e chegou ao meu lado, senti um puxão e de repente estava sentada do outro lado do que parecia ser uma caverna, minhas costas apoiadas na parede de pedra que subia até o teto alto, uma clarabóia deixava que os raios do sol chegassem até o chão e um pequeno lago saía da parede de rochas avermelhadas na outra margem e acabava bem no lugar onde eu estava.  Achei lindo e exótico, mas minha mente ainda não era capaz de processar o que estava acontecendo. Primeiro achei uma loucura alguém pular mais de seis metros daquele jeito, mas eu estava tão desorientada pelos últimos acontecimentos que nem me importei. Achei que talvez fosse mais uma alucinação que passava pela minha cabeça.

Damon se aproximou devagar e então senti sua língua encostando em minha carótida. Ela aqueceu minha pele. Ele era muito delicado quando queria e eu me sentia hipnotizada por ele. Ele respirou no meu ouvido, continuei parada enquanto ele me circulava e me olhava curioso, analisando minha expressão. Ele encostou seu corpo no meu, fiquei paralisada de medo e surpresa, não entendia o que Damon estava fazendo e também não conseguia juntar as palavras para perguntar. Havia uma energia muito maligna saindo dele, mas era também irresistível. Talvez ele estivesse absorvendo a luz ao seu redor, talvez sua beleza fosse excessiva; tudo que eu conseguia fazer era olhá-lo abismada e boquiaberta. Lembro que o terror que sentia enfraquecia minha vontade. Eu não conseguia me mexer.

_ Sem pressa. - ele me olhou e sorriu. Seus caninos pareciam maiores. Seus cabelos pretos e lisos estavam molhados e respingavam gotas de água em sua roupa. Ele não tinha cheiro, apenas uma fragrância de capim fresco nos cabelos. Usava um terno escuro, de um pano macio - Você é... é realmente.... muito b... ora! Não é tão feia assim, acho que não vai ser tão difícil, afinal. - ele falou, quase espantado.

_ Como? – perguntei confusa.

_ Não vai doer, Ivy... - ele riu e se afastou - Você vai até gostar! Acredite em mim... - olhou nos meus olhos e sorriu. Não vi caninos salientes dessa vez, apenas afiados – E depois, é isso o que você quer, não é? - fez uma pausa, em seguida olhou para o teto e virou de costas – Qualquer coisa para conseguir o coração do seu Dorianzinho... – ele se virou se num pulo – E então, como você vai querer?

_ Q... q... querer o que? – Damon sorriu – Como vou querer o que?

_ Ora, você sabe do que estou falando... – Damon então me ofereceu sua mão e fechou os olhos.

Lembro da explosão em meu cérebro. Primeiro senti o terror de ser uma caçadora e depois o prazer de caçar. Vi imagens de lugares durante a noite e tive sensações aprofundadas de cheiros e gostos. Mas eram gostos estranhos, azedos e açucarados ao mesmo tempo. Ouvi vozes em diferentes partes da minha cabeça. Fiquei atordoada com tantas informações. Eu não sabia de nada ainda.

_ Gostou? - perguntou, com o rosto no meu pescoço e ronronou – É isso que eu te ofereço e muito mais... você só tem a ganhar... - esticou sua imensa mão branca de novo e eu vi uma gota de sangue brotar de sua pele, ofereceu-me e eu aceitei sem pensar. Eu não tinha idéia do que estava fazendo, mas comecei a sugar. O sangue surgia cada vez mais intenso e eu sugava com cada vez mais vontade.

A sensação de poder foi a primeira coisa que me veio, o prazer de me sentir inteira e totalmente desperta. Depois imagens aleatórias invadiram minha mente. Vi Josh sorrindo para mim, vestindo um beca escura e um diploma na mão. Paul ao seu lado posava para uma foto com Ian, Eli, o velho Quill e os outros da tribo. As duas “eu” se aproximaram e me senti sendo abraçada e depois uma coisinha quente se mexeu em meus braços; olhei para baixo e havia um bebê aninhado ali, senti lágrimas escorrendo de meus olhos e mãos macias secaram-nas e então eu o vi. Era Dorian, meu Dorian também sorria para mim e seu sorriso chegou até minha alma, seus olhos úmidos de emoção alternavam entre eu e o bebê em meus braços. Depois vi o rosto de tia Maggie, ela se aproximou e pegou o bebê, embalando-o ela chorava enquanto cantarolava as canções de ninar que costumava cantar para mim. Então, senti uma leve pressão na minha testa, o calor foi descendo até chegar à minha boca e depois cessou de repente. Abri os olhos e olhei para cima, quando vi Damon de novo entendi que aquilo tinha sido apenas uma visão; uma visão do futuro, meu futuro. Então era isso que ele estava me oferecendo, o futuro que sempre sonhei.

_ Quanto? - eu toparia qualquer coisa para ter aquele futuro, qualquer coisa – O que você quer?

_ Nada. - ele continuou sério e seus olhos brilharam como a luz de faróis de um carro.

Gargalhei. Afastei-me e me abaixei, tossindo.

_ Fala sério. O que?

_ Nada, já disse. – Damon se aproximou de novo e apertou os dedos nos meus cabelos – Por enquanto...

_ Damon... – tive que juntar todas as minhas forças e concentração só para pronunciar seu nome.

_ Negócios primeiro, então... – disse se afastando novamente, encostou o corpo contra a parede cruzando os braços sobre o peito e suspirou – Bem, eu te ensino a ser a mulher que seu Dorianzinho tanto quer; te ensino a controlar as habilidades que você nem sabe que tem e de quebra ainda você ainda ganha uma noite inteira em minha companhia... – ele riu sarcástico como de costume e continuou – e você... você só precisa me apresentar ao Clã e... e... apresentar meu caso... é claro...

_ Caso? Que caso?

_ Ahnn... nada de mais... vou precisar de uma mãozinha de suas... suas... do Clã, mas não se preocupe com isso agora, Nosferatus. A sua situação é mais urgente, seu Dorianzinho está andando por aí, tão sozinho... carente... nunca se sabe o que pode acontecer ou quem ele pode conhecer, não é?

Senti meu corpo tenso só de imaginá-lo com outra, o buraco em meu peito pareceu se alargar só com a ameaça da imagem. Ver Dorian com outra, e não importava quem fosse me mataria! Morreria só de saber...

_ Não! – gritei com todas as minhas forças, meu pulso se fechou involuntariamente. Isso não pode acontecer! Dorian é meu! E só meu!

E como se pudesse ouvir meus pensamentos, Damon riu satisfeito.

_ Isso foi um sim? Temos um acordo, então? – perguntou sôfrego e eu me senti ainda mais indecisa.

_ E... e... eu ainda não sei... – a forma como Damon me olhava, o tom de voz que ele usava, me fazia acreditar que havia alguma coisa a mais nesse negócio; havia algo estranho nesse trato, Damon estava escondendo alguma coisa e eu sabia disso, e ainda assim, me sentia ridiculamente atraída para sua proposta, isso eu não podia negar. O sentimento era de estar negociando minha própria alma com o Diabo, no fundo eu sabia que haveria conseqüências - eu... eu... eu preciso pensar.

Ele suspirou, parecia irritado e caminhou até a margem do pequeno lago a nossa frente, suspirou mais uma vez, e ergueu seu rosto encarando o teto.

_ O tempo está se esgotando, Ivy... – disse e riu sutilmente. Ainda de costas, Damon virou o rosto o suficiente para que eu deslumbrasse seu perfil e então me dei conta de quão charmoso ele era. Estranho como eu não havia notado sua beleza ainda, seu corpo perfeitamente torneado e esguio – Assim como minha paciência. – sua indiferença habitual retornou antes que pudesse terminar de admirar sua imagem – Agora, você sabe onde me encontrar... – ele então, gesticulou para a saída da caverna. Entendi na hora e me levantei, caminhei para fora.

A caverna era grande, a saída distante, mas aos poucos a luz do dia se fez presente eu cheguei até praia. Não reconheci o lugar, mas instintivamente, sabia que ainda estava dentro dos limites de La Push. A caminhada de volta para casa de Paul seria longa, mas eu precisava pensar; pôr alguma ordem nos pensamentos e me decidir...

O dia estava cinza, não porque sua cor era cinza, mas sua essência era cinzenta. Olhando para a chuva que se aproximava, notei que sentia falta de algo. Não a falta de coisas, pessoas, de música ou mesmo comida, já que eu havia passado o dia todo com Damon sem me alimentar, de comida de verdade, pelo menos. Era uma falta estranha, que eu não podia identificar. Falta de dias em que mesmo o dia estando cinza, ele não estava cinza. Eu sei o quanto isso soou sem sentido, mas tanto faz. Falta dos dias que eu não falava “Ah, tanto faz”, ou “Não me importo mais...”. Falta de não ter tardes douradas todos os dias, de não ter sonhos dourados todas as noites. Como se faltasse um motivo para continuar, levantar e continuar andando.

O dia estava terminando, eu sabia que Paul e os outros estariam preocupados com minha ausência, mas naquela hora nada mais me importava. Eu só queria ficar sozinha.  

Caminhei por horas e cada passo minha confusão parecia aumentar. Eu estava ansiosa, insegura e me sentia perdida. O arrependimento batia e eu me lembrava de tudo que havia acontecido desde o início dessa grande aventura que tinha se tornado minha vida. O futuro parecia ainda mais incerto a cada dia que passava, eu não sabia o que esperar dos Quileuttes, dos Cullens, de Damon e de Dorian... as imagens do futuro que Damon havia me mostrado pareciam tão reais e ao mesmo tempo tão improváveis. A única certeza que eu tinha era o amor que eu sentia por Dorian. No entanto, Dorian não me amava, eu sabia disso. Eu não era o tipo de mulher por quem ele se apaixonaria, não era forte nem experiente como ele queria. “Posso te ensinar a ser a mulher que seu Dorianzinho tanto quer...” as palavras de Damon voltaram trazendo a tentação de aceitar esse trato de vez. Mas o que Damon exigiria em troca? Neste ponto estava claro que ele cobraria seu preço e a grande questão era: eu teria condições de lhe pagar? E se não tivesse, o que faria então?

E aqui vamos nós de novo, com os pés no chão e a cabeças nas nuvens...

E o coração na mão, batendo fraco, sentindo dor. Por que a ausência não aumenta, nem diminui? A dor passa aos poucos, mas a saudade fica. Tento me lembrar que nada vai mudar meus sentimentos, mas é inútil, a insegurança me domina.

_ Ah, tia Maggie, onde você está quando eu mais preciso de você? - a saudade chegou avassaladora, foi amarga e cruel.

Sinto-me tão só, não tenho nada. Só tenho amor e nada mais. As horas continuam se arrastando devagar, quase parando. O medo me consome por alguns instantes, não vejo nada além da névoa. E Dorian continua sendo um sonho inalcançável, uma névoa em meus mais profundos pensamentos. O cansaço constante me faz pensar na vida, eu sempre desisto das coisas muito facilmente, e eu odeio isso!

Em certo momento, uma rajada de vento bateu forte e limpou um pouco o nevoeiro e, por alguns segundos, tive uma visão parcial de onde estava. Ainda faltavam alguns quilômetros até a aldeia, do outro lado do penhasco e então, mais uma vez, terei que encarar os Quileuttes e fingir que está tudo bem... então avistei uma árvore bem à margem da floresta e um velho tronco caído me convidando a descansar. Vi aquilo e resolvi que aquele seria meu último lamento. Vou chorar agora, então. Chorar tudo que tenho que chorar e depois me levanto e encaro o mundo!

EPDV Dorian.

Eu era um jovem de vinte anos pertencente à alta burguesia inglesa, e posso dizer até de uma beleza física inimaginável, ou pelo menos assim me era dito naquela época. Fui retratado pelo pintor Basil Hallward o qual, acredito eu, era apaixonado por mim. Pobre Basil, apaixonado por algo tão efêmero quanto a beleza física. Lorde Wotton era um homem extremamente inteligente, perspicaz, irônico e com grande vivência nos relacionamentos humanos, capaz de exercer forte influência sobre as demais pessoas. E infelizmente um grande amigo meu...

Conhecemo-nos e nossa proximidade foi inevitável. Logo de início, ele passou a instigar e a estudar minhas reações e atitudes. Não posso negar agora que aquilo me divertia, foi uma época boa e eu ainda estava descobrindo o mundo, mas quando me deparei com a obra pronta, o retrato que Basil fez com tanto carinho, não me contentei e disse:

_ Que tristeza! Que tristeza! - repeti, com os olhos cravados na efígie - Eu irei ficando velho, feio e horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!

E a partir daí, temos o desenrolar da minha história.

Me apaixonei por uma jovem artista, Sibyl Vane, que se apresentava num pequeno teatro nos subúrbios de Londres. E ingênuo, como todo jovem deve ser, logo lhe falei em casamento. Sibyl era muito humilde, ficou lisonjeada, é claro. Mas sua mãe e irmão, que estaria ingressando na Marinha, ficaram preocupados. Um dia, convidei Basil e Lorde Wotton para assistir a uma das apresentações de minha prometida. Nessa noite, Sibyl representou muito mal. Obviamente, fiquei consternado, meus amigos foram embora dando-me palavras de estímulo e enaltecendo a beleza da moça, mas eu estava decepcionado. Mais tarde, fui até o camarim. Sibyl estava feliz, radiante na verdade, mas seu encanto havia se perdido para mim. Ela me disse que, de agora em diante só viverá para mim.

Pensando agora, vejo que toda a energia vital de Sibyl estava dirigida ao ato de representar; mas quando se apaixonou, sua energia foi dirigida para o objeto amado, no caso eu, e assim apresentou-se como uma artista medíocre. E isto me levou a desapaixonar-me de imediato. Então, eu a humilhei e desprezei. Virei lhe as costas para nunca mais voltar. No entanto, para minha surpresa, ao chegar a casa, dirigi-me a meu quarto e, ao olhar para o retrato, quase ensandeci, ao perceber que o quadro havia se alterado.

O sorriso retratado não era mais o mesmo, caracterizava-se pelo cinismo e maldade. Refleti por um tempo e percebi que o quadro refletia minha própria alma. Portanto, deveria desculpar-me com Sibyl, assim o quadro voltaria ao normal. Entretanto, era tarde demais, Sibyl havia cometido suicídio.

A partir de então, passei a viver tudo que me era ou não permitido. Passei a ter uma conduta fria e interesseira com todos à minha volta. Induzi pessoas a atos vulgares e criminosos, sempre impune.

Assassinei meu amigo Basil, à facadas, quando ele descobriu o que realmente estava acontecendo. Por conseqüência e sem escrúpulos nenhum, levei outro amigo, um químico, ao suicídio após induzi-lo a desfazer-se do cadáver de Basil.

Apenas o quadro se alterava, transformando-se numa figura monstruosa, lembro-me que das mãos da imagem gotejava sangue.

Quando já contava ter quarenta anos, pensei em curar sua alma. Pensei em levar uma vida pura, sem magoar quem quer que fosse. Tarde demais, me dei conta de que minha soberba havia me levado àquela vida de pecados. Amaldiçoei minha beleza e mocidade e ingenuamente pensei que sem elas minha vida seria pura. O que mais me doía era a morte de minha alma.

Eu havia escondido o quadro num quarto desocupado na mansão que herdei de meu avô. Um dia, subi até o quarto, olhei o quadro e gritei de terror. Depois de todos aqueles anos de arrependimento e apesar de minhas boas ações, o quadro não se alterara para melhor como supunha, continuava a gotejar sangue ainda mais vivo e estava mais horrendo. Então percebi claramente a verdade: por vaidade, a hipocrisia pôs-me no rosto a máscara da bondade. A única prova de meu mau caráter, de minha consciência, era o quadro. Então, resolvi destruí-lo. E, com a mesma faca com que matei Basil, trespassei o retrato. Ouvi um grito. Os criados acudiram. E quando recobrei a consciência percebi que a ferida sangrava em mim e não no quadro.

Fiquei horrorizado com essa nova descoberta, mas me recuperei do incidente e desde então venho procurando uma forma de acabar com esse sofrimento. Mesmo sabendo que minha vida se findará e tendo ciência de que não serei capaz de destruir o quadro sozinho, cheguei a La Push procurando pelo Clã das Irmãs Swan, na esperança de que eles pudessem me ajudar. Mas eles já haviam partido e seu paradeiro é mantido em segredo. E foi assim que conheci Paul e lhe revelei a história de minha vida, assim como o desejo de pôr um fim neste conto macabro e impossível. Mas os Quileuttes são leais, deve-se admitir e, nunca revelaram o destino do Clã. Persisti até hoje, e essa perseverança me presenteou com a notícia de que eles finalmente retornarão a La Push e eu terei minha chance.

Mas a vida é irônica e prega peças o tempo todo. Enfim, parece-me que minhas preces foram atendidas, mas a vontade esvanece a cada dia. Estava certo de que jamais machucaria outro ser como machuquei Sibyl, porém o destino me reservou uma última cilada. O motivo do retorno do Clã... Ivy...

Hoje recebi a notícia de que o Clã das Irmãs Swan retornará a La Push, após quase sessenta anos de ausência e mistério, instigado por uma criatura tão fascinante e encantadora quanto eles próprios. E que também é objeto de minha obsessão.

É estranho como nossos corpos parecem se atrair involuntariamente. Como neste exato momento em que a observo perdida em seus pensamentos, sozinha, frágil e tão bela sentada sob aquela árvore. Suas lágrimas têm um efeito tão estranho em minha alma e sua dor torna o magnetismo que sinto ainda mais forte. É praticamente impossível não sucumbir a essa atração.

Após um dia todo sem notícias, Paul pediu que eu a procurasse e cá estou eu, pasmo diante de tamanha beleza e simplesmente obcecado com sua segurança.

“Oh, Ivy... meu amor, não chore assim! Não sabe que a cada lágrima que derramas parte meu pobre coração de pedra?”

Se eu pudesse tocá-la agora, afagaria seus cabelos de fogo, enxugaria seu rosto tão formoso e juraria servidão eterna a você. Se eu tivesse certeza de sua segurança a meu lado, a tomaria neste exato momento e lhe confessaria todo o amor que sinto por você. Se eu fosse digno e se não estivesse tão próximo do fim; se eu a merecesse, Ivy...

_ Dorian? – sua doce voz chamou quando minha presença foi revelada – O... o que... o que você está fazendo aqui? – meu amor perguntou em um soluço sofrido e cheio de dor. Meu coração ardeu e eu quase pude ouvir seus pedaços estilhaçando no chão.

_ Paul pediu que eu a procurasse. – informei-lhe calmamente, escondendo minha dor.

_ Oh... Paul... – sussurrou enxugando o rosto, olhos vermelhos de tantas lágrimas – Como sabia onde me encontrar?

“Como sempre sei... minha alma procura a sua, e mesmo sem querer a encontra, como da primeira vez em que te vi meu amor...”

_ Sorte. – menti e dei de ombros, desviando o olhar para o mar. Eu tinha que ser forte.

_ Sorte? – ela perguntou com a voz fina, sem forças; parecia suplicar minha proteção.

_ Os Quileuttes são pessoas boas e estão tentando te ajudar, Ivy. Mas não se deve abusar da hospitalidade de seus anfitriões dessa forma. – disse reprovando sua atitude, tentando desesperadamente desviar do assunto.

_ Me desculpe... – Ivy murmurou como se sussurrasse para si mesma e deixou escapar mais um longo soluço. Com dificuldade, ela tentou se levantar, mas suas pernas falharam e ela se desequilibrou.

Meu amor quase caiu, mas eu a apoiei e a segurei. Meus braços queimavam com a necessidade de tê-la junto a meu corpo e agora que esse desejo finalmente havia sido atendido, a tentação de não beijá-la era inimaginavelmente grande. Seu frágil e pequeno corpo tremia em meus braços e me instigava ainda mais. Que tortura mais doce! Ivy me abraçou abafando o choro em meu peito.

“Chega! Pare meu amor. Pare de me torturar assim, só mais um soluço e eu me renderei” estava a um passo do precipício, pronto para desistir e me render.

Como posso negar que quando a encontrei meu coração parou de funcionar por alguns segundos? Como posso negar que agora você é a pessoa mais importante da minha vida? Se quando nossos olhares se cruzam eu tenho a certeza de que você é a pessoa que estou esperando desde o dia em que nasci? Se o toque de seus lábios é tão intenso e seu beijo tão apaixonante, que fazem meus olhos se encherem d’água. Como posso lhe dizer que não te amo, quando sei que existe algo mágico entre nós? Você é o primeiro e o último pensamento do meu dia, e a vontade de ficar a seu lado é tão grande que chega a apertar o coração.

“Dorian Gray! Tu não sucumbiras a esta tentação, teu destino já está traçado e com a chegada do Clã chegará também teu fim. Não a traia dessa forma, não incentive esse amor, pois logo chegará a hora e extirpá-lo será ainda mais difícil. E lembre-se: tu és responsável por aqueles que cativas...”

Então, com os mesmos braços que gritavam para mantê-la perto e segura, eu a afastei e me virei.

_ Não faça isso, Ivy. – eu disse quando na verdade eu queria implorar para que ela parasse de me torturar – Já disse que não quero... – como a mentira queimava! – Não quero você. – menti e meu coração se partiu.


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