The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 71
Capítulo 19 - Memórias Que Voltam




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60100/chapter/71

 

Ainda estávamos há mais de dez jardas de distância da casa e os gritos Paul já se faziam audíveis.

— Onde foi que vocês se meteram a tarde toda?

— Oh... Paul, eu... nós...

— Procuramos em todo lugar e... Josh?

— Oi, vô...

— Oh, Josh! O que aconteceu com você?

— Eu os encontrei do outro lado do pomar, Josh sofreu um acidente.

— Josh? – Paul pareceu nem ouvir a explicação do estranho – Você está bem? O que aconteceu? Como você se machucou assim?

— Calma, vô... não é nada! Nem tá doendo mais...

— Mas... mas... Oh, Josh... seu braço...

— Acredito que o menino escorregou e acabou caindo da árvore, Paul...

— É... foi aquela coruja louca! Tudo culpa dela, não foi Amy?

Ainda nos braços do estranho, Josh estendeu a mão pedindo por mim, mas antes que eu esboçasse qualquer reação Ian apareceu mais furioso do que nunca impedindo meu caminho.

— O que você fez com ele? – gritou e para minha surpresa as acusações não se dirigiam a mim, mas ao estranho sem nome até então – O que você fez com Josh?

— Eu os encontrei no pomar, Ian...

— Foi sim, tio Ian... ele chegou e até espantou a coruja!

— Coruja? Que coruja Josh? – Ian quis saber – Como uma coruja pode fazer isso com o seu braço? Olha só, você está todo ensangüentado!

— Uma fratura exposta, mas nada muito grave. – novamente o estranho tentava acalmar – As crianças se curam rápido e...

— E como você pode saber disso? Por acaso você é um médico agora, Gray?

“Gray... o estranho tinha um nome afinal. Oh, Gray!”

Ele baixou a cabeça e se calou, eu quis socar o mal educado do Ian. Paul interveio.

— Ian! Dorian tem razão, não foi nada grave, mas Josh precisa ir ao hospital.

— Vamos levá-lo até a enfermaria da aldeia para que Anne possa dar uma olhada nele.

— Para o Hospital de Forks, Ian! Esse braço vai precisar de um gesso.

— Gesso? – Josh perguntou, o desapontamento claro em seus olhos – Vou ter que engessar, vô?

— Acho que sim, meu filho...

— Travis, abra a porta do carro. Eli, você dirige! – Paul ordenou, tomando Josh dos braços do Sr. Gray e os meninos o seguiram.

Josh todo machucado, cansado e sujo ainda conseguiu esboçar um meio sorriso antes de ser colocado cuidadosamente no banco de trás da velha van de Ian e acenou com a mão boa, sibilando um “tchau Amy” pelo vidro.

Eu não sabia o que fazer, me sentia culpada pelo o que havia acontecido com Josh e tudo que queria era poder ampará-lo e confortá-lo até o Hospital, mas eu não confiava mais em mim. Eu ainda não entendia o que eu havia sentido naquela hora, não entendia porque me senti tão selvagem diante do sangue de Josh, mas eu sabia que não era nada bom. Se o estranho não tivesse aparecido naquele exato momento, sabe-se lá o que eu teria feito com Josh. Eu me senti envergonhada e não confiava mais em mim.

— Temos que conversar, menina. – Paul chamou, trazendo-me de volta a realidade – Vamos entrar. – disse passando os braços calmamente pelas minhas costas – Você está bem?

Eu só acenei que sim e bem, o que eu poderia dizer? Ah, Paul você sabe... eu estou ótima tirando o fato de quase ter sido atacada por uma coruja enraivecida, ver Josh caindo de uma árvore imensa e pensar que ele tinha morrido, isso sem mencionar o fato de que eu quase matei o menino! Sim, eu quase ataquei Josh! Oh, Meu Deus! O que está acontecendo comigo?

— Amy? – Paul chamou de novo – Ou melhor, Ivy...

— O... o... do que você me chamou, Paul?

— Venha, menina... temos muito que conversar. – ele disse trocando um olhar rápido com os anciões do conselho que de imediato seguiram porta à dentro – Obrigado, Dorian, obrigado. – Paul se despediu e me conduziu gentilmente até a casa.

— Espere! – gritei antes de dar as costas para o lindo estranho – O... o... ob... eu só queria agradecer...

— Não há nada para agradecer, senhorita... desde que... você esteja bem...

— Oh... não... é... digo... – gaguejei corando - estou bem sim.

— Voltarei amanhã, só para me certificar disso – ele disse, esboçando um sorriso de canto, então cobriu meus lábios com um de seus longos dedos - Apenas descanse.

Sentindo-me segura e lendo nos seus olhos que ele não diria mais nada, eu murmurei:

— Obrigada!

Em resposta, ele simplesmente acenou e então partiu.

 

“Os Quileuttes têm sido poucas pessoas desde o início e ainda o são, mas nunca desapareceram. Acreditam que isso se dá pela existência de magia em seu sangue.

No começo, a tribo se assentou no porto de La Push e se transformaram em habilidosos construtores de barco e pescadores.  Por serem uma tribo pequena e por haver grande quantidade de peixes, outras tribos maiores lutaram contra eles.
Kaheleha foi o primeiro grande Espírito Chefe na nossa história. Ele e todos os seus guerreiros possuíam a habilidade de abandonar seus corpos; E “lutavam” apenas com seus espíritos. Eles não podiam tocar fisicamente a tribo inimiga, mas eles tinham outros meios. As histórias nos contam que eles podiam fazer um vento feroz soprar nos acampamentos inimigos; dizem também que os animais podiam ver os espíritos guerreiros e compreendê-los. No final, os Quileuttes venceram a batalha e fizeram acordos com outras tribos vizinhas, os Hoh e os Makah.

Gerações se passaram. Então veio o primeiro grande Espírito Chefe, Taha Aki. Ele era conhecido por sua sabedoria, e por ser um homem de paz. Mas havia um homem na tribo que não concordava com Taha Aki, ele era ganancioso e o invejava. Achava que deveriam usar sua magia pra expandir suas terras, escravizar os Hoh e os Makah e construir um império. Utlapa era seu nome e por sua ambição ele foi ordenado a deixar a tribo e nunca usar o seu espírito de novo. Utlapa era um homem poderoso, mas os guerreiros do chefe eram um número que ele. Ele não teve escolha a não ser ir embora. O furioso excluído se escondeu na floresta nas proximidades, esperando pela chance pra se vingar de Taha Aki.

Um dia, quando o Chefe Taha Aki saiu pra fazer o seu trabalho, Utlapa o seguiu. No início, Utlapa apenas planejava matar o chefe, mas outro plano ocorreu a ele.
Quando Taha Aki voltou ao local onde havia deixado seu corpo, não o encontrou mais. Utlapa já havia o levado. O corpo de Utlapa estava abandonado, mas ele havia cortado a garganta do seu próprio corpo com as mãos de Taha Aki.
Utlapa tomou o lugar de Taha Aki como chefe dos Quileuttes e proibiu que os outros guerreiros entrassem no mundo dos espíritos novamente. Para que assim ninguém soubesse a verdade.

Ele se tornou um fardo – procurando privilégios que Taha Aki nunca havia pedido, se recusando a trabalhar junto dos seus guerreiros, se casando com uma segunda jovem esposa, e depois uma terceira, apesar da esposa de Taha Aki ainda viver – em algum lugar desconhecido da tribo. Taha Aki observou furioso sem poder fazer nada.
Taha Aki tentou matar seu próprio corpo pra salvar a tribo dos desmandos de Utlapa. Ele fez um lobo feroz das montanhas, atacar Utlapa. Mas desistiu quando o lobo matou um jovem que estava protegendo seu falso chefe. O grande lobo seguiu o espírito de Taha Aki. E aí Taha Aki teve uma idéia. Ele pediu ao lobo que dividisse o espaço com ele, para compartilharem seu corpo animal. O lobo permitiu.

Taha Aki, então, entrou no corpo do lobo com alívio e gratidão. Não era o seu corpo humano, mas era melhor do que o buraco negro do mundo dos espíritos.
Ele voltou à tribo como lobo para contar-lhes a verdade. Reconhecendo o espírito de Taha Aki no corpo lupino e temendo um motim, Utlapa matou um de seus guerreiros por desobedecê-lo e foi então que em um momento de raiva uma grande mágica aconteceu.

A raiva de Taha Aki era a raiva de um homem. O amor que ele tinha pelo seu povo e o ódio que ele sentia pelo seu opressor eram vastos demais, humanos demais para o corpo do lobo. O lobo estremeceu, e diante de toda a tribo ele se transformou em homem novamente.
Mas conta a lenda que o novo homem não se parecia com o corpo de Taha Aki. Ele era muito mais glorioso. Ele era uma interpretação fresca do espírito de Taha Aki. Os guerreiros imediatamente o reconheceram, pois eles conheciam o espírito de Taha Aki.
Utlapa tentou correr, mas Taha Aki tinha a força do lobo em seu novo corpo. Ele agarrou o ladrão e arrancou o espírito dele antes que ele pudesse pular do corpo roubado.

Taha Aki rapidamente arrumou as coisas. A única mudança que ele não desfez foi a proibição das viagens espirituais. Ele sabia que isso era muito perigoso, agora que a idéia de roubar uma vida estava por ali. Os espíritos guerreiros já não existiam.
E desse ponto em diante, Taha Aki eram mais do que apenas um lobo ou um homem. Eles o chamavam de Taha Aki, o Grande Lobo. Ele liderou a tribo por muitos e muitos anos, pois ele não envelhecia. Quando o perigo ameaçava, ele reassumia seu eu lobo para lutar ou assustar o inimigo.

Taha Aki teve muitos filhos e alguns deles descobriram que, ao alcançar a maturidade também podiam se transformar em lobos e que só envelheciam quando quisessem. Taha Aki, alertado pelo perigo, juntou o seu bando e ordenou que seu filho mais novo e mais três lobos, saíssem dali e se estabelecessem em outro lugar, para que a mágica não morresse. Foi assim que alguns membros da tribo Quileutte se espalharam pelo mundo, deixando sua descendência.

E é assim que poderão vir a surgir, de diferentes partes do planeta, pessoas cujo sangue Quileutte ainda vive e os lobos poderão voltar quando o perigo dos vampiros se revelar.”

 

— Vam... vampiros?

— Vampiros... lobisomens... transformos... tudo o que você imaginar e um pouco mais! – brincou o velho Embry.

— O... o que... o que vocês...

— Transformas, ora! – o velho Quill riu.

— Como... como isso... é possível?

— Ivy! – Paul pediu a palavra novamente – Você sabe o que você é?

— Eu... eu... eu não tenho certeza. – minha recém descoberta memória voltava aos poucos e parecia me pregar peças com imagens estranhas e bizarras.

— Dorian... Dorian Gray encontrou essa mochila e acreditamos...

— Sabemos... – interveio o ancião Quill – sabemos...

— Sim, sabemos que ela lhe pertence. – Paul terminou, entregando uma velha mochila toda suja e rasgada.

— Oh! Eu... eu conheço... conheço... é minha! – eu alcancei e sem pensar fui abrindo para apanhar as cartas de seu interior – Tia Maggie! – choraminguei ao me recordar de seu doce rosto – Eu falhei... Oh, falhei com você, tia Maggie!

— Ivy...

— Falhou por que, filha?

— Não se preocupe...

Os anciões tentavam me consolar, mas eu estava inconsolável. Eu havia falhado em minha missão, decepcionado tia Maggie; depois de tudo que ela havia feito por mim, o risco que aceitou correr para me salvar... eu falhei.

— Theodore... – esbravejei entre os soluços – não consegui encontrar Theodore!

Paul, Embry e Quill se entreolharam e um silêncio se fez presente por vários minutos até que eu conseguisse me acalmar.

— Me desculpem, é que... eu deveria ter feito algo muito importante e...

— O que você quer com Theodore Leaf?

— Eu... eu precisava encontrá-lo... – falei entre os dentes, me segurando para não desmoronar enquanto as lembranças vinham à tona violentamente – só ele... só ele pode me ajudar e... eu... eu não...

E então um detalhe chamou minha atenção: eu não havia mencionado o sobrenome de Theodore ainda.

— Vocês... vocês leram a carta?

— Sim. – foi Quill quem respondeu dessa vez.

— Então, vocês sabem. Vocês sabem que eu fugi e os Leaf são minha única chance.

— Por que os Leaf, Ivy?

— Bem... porque... porque tia Maggie... tia Maggie disse que os Leaf abandonaram a Loup Garou e foram os únicos a sobreviver depois disso. Se é que ainda estão vivos... – terminei totalmente derrotada e estranhamente exausta.

— Não se preocupe, menina... não tema... você encontrará Theodore e talvez até outras pessoas que a surpreenderão. – a voz de Paul ressoou de longe enquanto minha consciência desvanecia na escuridão do cansaço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!