The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 4
Capítulo 3 - A Viagem


Notas iniciais do capítulo

Nathan e Angel fazem uma viagem ao Canadá, como um presente para o aniversário de Angel. Lá, eles encontram um lobisomem chamado Giácomo da Loup Garou, Nathan não sabia que eles tinham feito do Canadá uma segunda casa, é assim que a fuga começa freneticamente.



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POV Angel.


Eu nunca fui uma pessoa muito exigente, mas sempre tive essa estranha sensação de vazio em minha alma. Eu sempre estudei em casa, nunca tive muitos amigos. Eu sequer conheço muitas pessoas. Meu pai e eu somos pessoas muito privadas e sempre apreciamos nosso estilo de vida tranquilo. Vivemos em Louisiana, perto de Nova Orleans. Temos uma pequena casa, nada muito luxuoso; na verdade luxo está longe de ser realidade aqui, mas eu nunca precisei de muito. Eu nunca tive um carro ou uma bicicleta, não tenho habilidade para manejar esse tipo de coisa. Mas eu tinha uma égua que nunca me decepcionou, até no inverno passado, quando de repente ela ficou doente e morreu. Sim, eu sei... eu tenho um pai que me ama profundamente e faria qualquer coisa por mim. Mas de alguma forma, eu sempre soube que havia algo faltando em mim. Talvez se meu pai finalmente concordasse em me transformar... eu seria perfeita! Perfeita como ele. E então, nós poderíamos parar de nos escondermos o tempo todo e, finalmente, poderíamos viver juntos por toda a eternidade.

Meu pai tem uma pequena fazenda e trabalha no cultivo de tomates e outros vegetais orgânicos, mas ele já foi um professor em Toronto. Temos uma camionete velha que nos ajuda na entregar a colheita que, aliás, é uma das poucas vezes que Nathan me permite algum contato com outras pessoas.

Meu pai é um pouco diferente dos outros pais. Ele é especial. Eu gosto de pensar que o destino nos uniu, porque somente ele poderia me proteger; cuidar de mim. E eu tenho que admitir que cuidar de mim, dá um bocado de trabalho. Ele, por outro lado, discorda. Nathan acredita que é amaldiçoado e sempre diz que eu sou sua única redenção. A natureza paranormal do meu pai nunca me assustou, nem mesmo sua dieta me assustava. Na verdade, o medo era exatamente o oposto do que eu sentia. Sempre fui simplesmente fascinada pelo sobrenatural – uma herança de Reneé, eu acho. Transformar-me numa She Wolf sempre foi meu grande objetivo, desde que eu me lembro pelo menos. Fato esse que sempre perturbou Nathan. Eu já tinha feito vários pedidos para Nathan, já fiz até algumas chantagens também, mas é óbvio que ele nunca cedeu. Pois, para Nathan, não há nada em mim que possa ser melhorado, porque em sua mente eu era sua "perfeita" Angel.

Fui adotada por Nathan depois que minha mãe morreu durante o meu nascimento. Embora eu não fosse o fruto desse amor, Nathan sempre me amou como tal. Quando eu era pequena, costumava perguntar sobre a minha mãe, ele sempre me disse que ela era a mulher mais bonita que ele já conhecera, o amor que Nathan ainda sentia por Renée ainda transbordava em seus olhos. Ele me contou como eles se conheceram, mas apesar de sua grande habilidade de atuar, eu sabia que essas memórias o machucavam, por isso fiz as perguntas menos freqüentes até que um dia eles cessaram. Nathan e minha mãe, Renée, se conheceram em Vancouver, quando ela viajava a procura de parentes perdidos, algo sobre habilidades paranormais e bruxaria em sua família. Minha mãe era uma pessoa muito curiosa e irritantemente inquieta, Nathan costumava dizer.

O dia do meu aniversário de dezessete anos estava se aproximando. E embora eu nunca tivesse gostado de ganhar presentes, eu sabia que este seria um ano inesquecível. Nathan tinha prometido levar-me para o Canadá, para conhecer a cidade onde vivera por tanto tempo e conhecera minha mãe. Para ser bem sincera, o que mais me animava era a viagem em si. Eu nunca tinha deixado o estado, quanto mais o país. Eu estava em êxtase e aguardava ansiosamente por essas férias. A excitação em meus olhos realmente incomodava Nathan. Por ele, eu sequer sairia de dentro da casa. Obcecado com minha segurança, ele sempre dizia que sair ao redor do mundo era péssima idéia para aqueles que deveriam se esconder. Ele sabia que se os outros de sua espécie soubessem de minha existência e o quanto eu sabia sobre eles, eu estaria condenada. E eu sabia que era verdade:

_ Okay... Só mais um motivo para você me transformar, né pai?

_ Angelique Marie Fischer! Nós não vamos ter esta conversa de novo! Você sabe o que eu penso sobre isso e não vai mudar minha opinião - disse Nathan no caminho para o aeroporto.

_ Mas, pai... você sabe que é a única maneira de...

_ Chega, Angel! Se você começar com essa sua chantagem de novo, eu acho que é melhor ficarmos em casa, você não acha?

_ Ok, ok! Eu já parei. - eu murmurei.

Chegamos em Toronto no dia 05 de setembro. Nathan queria que estivéssemos em Montreal para o meu aniversário, mas antes ele havia planejado um tour por outras cidades do Canadá. Alugamos um carro e visitamos todas as pequenas cidades ao redor de Otawa. Quando finalmente chegamos a Quebec nos hospedamos num pequeno hotel, localizado na antiga avenida de Wilfrid Hamel. Eu estava exausta, mas meu estômago não me permitiria descansar. Então, decidimos sair e procurar por um restaurante. Fomos de ônibus desta vez. Nós estávamos em Auclair Boulevard quando Nathan parou de repente, ele pareceu surpreso com algo do outro lado da rua.

_ Hey, pai? O que há de errado? - eu perguntei. De repente, Nathan agarrou meu braço e começou a correr desesperadamente - Pai? Pai? Nathan! O que aconteceu? Por que estamos correndo?

_ Shh, Angel, apenas corra! - respondeu ele.

No momento em que chegamos ao hotel, eu estava quase desmaiando, eu não era rápida o bastante ou sequer tinha forma física para tanto esforço e velocidade. Nathan começou a arrumar nossa bagagem, ou melhor, começou a jogar tudo dentro das malas, sem dizer uma palavra.

_ Nathan, por favor? Diga-me o que está acontecendo! - Nada. Era como se eu nem estivesse ali. - Pai? - então eu gritei. Nathan parou, saindo do transe e olhou sério em minha direção. O medo era tudo que eu podia ver em seus olhos.

_ Angel, nós temos que sair daqui! Antes que...

O interfone tocou. Nathan estava congelado. O interfone tocou novamente. Quando me inclinei para atender, ele foi mais rápido.

_ Sim? - disse ele educadamente - Quem? Ahnn, sim, sim. Peça-lhe para aguardar, estarei no hall de entrada em instantes.

EPOV Nathan.

Como eu pude ser tão descuidado, tão irresponsável? Como não previ que isso aconteceria? O destino sempre me alcançou, e agora, certamente não seria diferente! Eu deveria ter tomado mais cuidado. Eu deveria ter protegido Angel! É para isso que estou aqui, para cuidar e proteger Angel. Minha Angel.

_ Angel, minha filha, eu preciso que você confie em mim novamente. Eu não mereço a sua confiança, eu sei... nem mereço ter você em minha vida, mas agora é tarde demais para se arrepender. - disse eu, tentando me recompor antes de enfrentar Giacomo.

_ Pai, eu não entendo. O que está acontecendo?

_ Querida, preciso que você me ouça com muita atenção e ao menos desta vez você deve me ouvir e fazer o que lhe peço, ok? - eu implorei.

_ Mas... - disse Angel, confusa, quase chorando.

_ Filha, um velho... conhecido (a palavra amigo não se encaixava nesse contexto, isso foi tudo que pude encontrar) está esperando por mim lá embaixo e, eu realmente preciso atendê-lo, mas antes, preciso que você me prometa que ficará aqui e esperará até que eu volte. Você faria isso por mim? - eu ainda não tinha idéia do que eu faria, mas Angel deveria permanecer fora do alcance de seus olhos (e as garras) de Giácomo. - Prometa-me que fará o que eu estou lhe pedindo, Angel! Eu preciso que você me prometa e em troca eu prometo que vou explicar tudo quando eu voltar.

_ Sim, pai, eu vou ficar aqui. Mas... mas... por favor não...

_ Eu vou ficar bem, nada vai acontecer. Espere por mim.

O velho elevador do hotel parecia lento demais para mim, resolvi descer pelas escadas. Num piscar de olhos eu já estava no saguão e encontrei Giacomo na entrada. Ele estava encostado na porta com um cigarro pendurado em sua boca evidenciando um meio-sorriso maquiavélico.

_ Ora, ora... meu velho amigo Nathan! – Giacomo me saudou maliciosamente.

_ Boa noite, Giacomo. Quanto tempo não nos vemos. É bom reencontrá-lo! – eu disse educadamente, desesperadamente tentando disfarçar meu desconforto.

_ Oh, é mesmo, Nate? Não foi a impressão que tive quando você saiu correndo daquele jeito...

_ Oh... – eu sorri – Bom, é que eu tinha companhia... aliás, tenho companhia. Eu sei que você pode me entender.

_ Ah, mas é claro! Vejo que continua discreto como sempre. – Giacomo disse, ainda suspeitando de algo.

_ Gosto de privacidade, é só isso. E prefiro saborear cada etapa do processo, você me entende... – eu blefei.

_ Ahahhh – um risada maligna reverberou da garganta de Giacomo – eu não sabia que você tinha adquirido gosto pelos joguinhos de sedução, Nate!

_ Bem, depois de todo esse tempo, descobri que um pouco de mistério sempre facilita as coisas – eu disse. 

Giacomo não se deixaria enganar facilmente. Eu precisava calá-lo de uma vez por todas. Eu precisava matá-lo, essa era a única forma de manter Angel segura. E minha mente trabalhava a mil por hora tentando arquitetar um plano para fazê-lo. 

_ Sim, sim, isso é verdade. Mas diga-me Nate, o que o traz de volta ao Canadá? Onde tem estado nos últimos anos? Jean Vicent sente “muito” a sua falta.

Nesse momento percebi que Giacomo - esse crápula - faria falta para alguém e que mais cedo ou mais tarde viriam procurar por ele. E se eles tivessem uma única suspeita de minha presença aqui, todo o esforço seria em vão.

_ Ouça Giacomo, por que não continuamos essa conversa em um local mais privado? – eu disse gesticulando em direção à recepcionista que nos observava com curiosidade.

_ Claro claro! Podemos ir até o píer... – Giacomo queria continuar a conversa.

_ Desculpe-me meu velho amigo, mas como disse antes já estou acompanhado essa noite e... terei que tomar algumas providências mais tarde. Pela discrição, você sabe.

_ Ah, Nate! É claro que sim! Sem dúvida nenhuma essa é a parte mais chata da brincadeira, não é mesmo?

_ Sim. Mas enfim, um bem necessário – eu disse cerrando meus dentes num sorrido fraco.

_ Amanhã, então? No píer, ás dez horas, está bom para você? – Giacomo perguntou.

_ Perfeito. Dez horas. – eu disse apressado – Então, boa noite, Giacomo.

_ Boa noite, amigo! Bom, eu sei que você terá uma excelente noite!

Eu esperei até que Giacomo desaparecesse na noite escura e só então subi até o quarto. Quando entrei encontrei Angel debruçada sobre os braços do sofá enquanto assistia um filme tranquilamente.

_ Angel? Por que não fez as malas? – eu perguntei intrigado.

_ Bem, pai... eu não sabia que já iríamos embora. Achei que ficaríamos mais um pouco. Talvez tivéssemos que ficar mais um pouco agora.

_ E por que você achou que ficaríamos? – eu perguntei curioso.

_ Ora, papai, agora que fomos descobertos a única solução é a transf...

_ Não, não, não! Pare já com isso Angel. Não quero nem ouvir o resto! – eu gritei realmente irritado dessa vez.

_ Mas, o que você tem em mente afinal? Acha mesmo que existe outra solução? Ou você nem sequer liga se eu morrer? É isso não é? Você prefere que eu morra a me transformar, não é? – Angel me disse com lágrimas em seus olhos.

Essa, definitivamente, não era a reação que eu estava esperando. Esperava encontrar Angel aflita e desesperada, mas aqui estou eu em frente dessa menina teimosa que mesmo diante do perigo eminente encontra forças para me chantagear!

_ Nós não vamos ter essa conversa, Angel. Arrume suas coisas agora!

_ Eu q...

_ Agora! Angel! – eu disse com um tom severo.

No mesmo instante, eu peguei o telefone e liguei para o aeroporto à procura do primeiro vôo para os Estados Unidos. Depois de muita insistência, eu finalmente consegui alterar o vôo de Angel. Seria bastante cansativo, com várias e longas conexões, mas ao menos ela estaria longe e a salvo. Por enquanto...

O sol ainda não havia nascido quando deixei Angel na sala de embarque do aeroporto e observei enquanto o avião decolava. Voltei ao hotel para me preparar para o encontro com Giacomo. Ás dez horas, eu estava no píer como o combinado. Eu olhava as ondas do mar que pareciam tão revoltas como minha mente estava.

_ Bom dia Nate! – Giacomo saudou me tirando do transe.

_ Giacomo... – eu respondi. - E então, como foi sua noite?

_ Boa, como de costume... – eu menti, aquela tinha sido uma das piores noites que tive em toda a minha existência.

_ Excelente, amigo! Excelente! Mas devo confessar que quando Theodore e Janet nos contaram sobre... - meu instinto já preparava meu corpo para o ataque. – Você está bem, Nate? – Giacomo me interrompeu novamente.

_ Ah, sim, sim, o que você dizia?

_ Então, em nossa última visita aos Estados Unidos, encontramos Theodore e Janet. Eles nos contaram sobre seu pequeno “acidente”! – ele riu sarcástico.

_ Acidente? - eu assenti minhas mãos em punho sob o casaco. - Sim!?

_ Eu sabia que você não resistiria por muito tempo! Eu disse a Jean que você não era tão perturbado a ponto de nos trocar por aquele seu animalzinho de estimação! Renée, esse era o nome dela, não? - senti meus músculos enrijecerem com a simples menção do nome de Renée, mas de alguma forma consegui manter a compostura.

_ Ah, Theodore contou, então?

_ Mas é obvio que sim! Ele sabe bem que não pode manter segredos entre a família! Mas devo lhe dizer Nate, Jean não ficou nada feliz em saber que depois de matar aquela humana você decidiu se auto flagelar ainda mais. Theodore nos contou como você se sentiu culpado e fugiu para tentar esconder sua vergonha. Mas culpa, Nate? E vergonha? Vergonha de que?

_ Não sou capaz de explicar porque me senti assim, Giacomo. E também não gosto de ficar relembrando aqueles dias – a dor de perder Renée ainda era muito forte para mim, o que para Giacomo parecia vergonha mesmo.

_ Entendo, meu amigo! Mas realmente acho que você precisa passar mais tempo conosco. Família sempre ajuda, sabe?

_ Sim... – eu forcei um sorriso - quando estiver pronto eu voltarei, obrigado – eu disse murmurando.

- Eu sei que sim – Giacomo respondeu realmente comovido.

Conversamos durante algum tempo. Giacomo contou algumas novidades e outras coisas sem importância e sem dúvida continuaria assim por um longo tempo. Quando eu o interrompi:

_ Giacomo, desculpe-me amigo, mas meu vôo parte em uma hora e eu devo ir agora.

Ele me olhou quase desapontado e perguntou:

_ Mas você já vai? Para onde?

_ Vou voltar para os Estados Unidos, esse lugar realmente não é para mim. – respondi sorrindo.

_ Bem... Mas deixe-me ao menos acompanhá-lo até o aeroporto.

Não queria ficar nem mais um instante perto daquele maldito bastardo. E sua presença certamente me impediria de ligar para Angel para lhe dizer que estava indo para casa. Mas tive que aceitar e suportar aquela tortura por mais um tempo.


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