Olhos de Cobra escrita por Laura Salmon


Capítulo 32
Capítulo 31 - Karina


Notas iniciais do capítulo

Bom dia! Sejam bem vindos leitores novos! E obrigada aos meus leitores de todo o sempre por todo esse suporte. Estou tão feliz com esses comentários que comecei a planejar uma segunda temporada. Mas isso só iremos decidir juntos, quando essa daqui terminar. Sobre o capítulo de hoje, ele acontece basicamente no mesmo período de tempo que o anterior, só que narrado pela Karina. E ela, mesmo em perigo, consegue ser durona o suficiente para não se intimidar! Espero que continuem gostando e estejam tão ansiosos por esse desfecho quanto eu! Obrigada mais uma vez! (Estou ficando redundante).



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Quando finalmente arrancaram a venda dos meus olhos, rosnei para o cara mais próximo. Ele sorriu, apesar do olho roxo que eu havia deixado e fechou novamente a porta do furgão. Virei-me para ver Pedro encolhido no canto. Ao menos ele havia parado de choramingar. Mas seus olhos estavam tão arregalados que dava pena. Por um breve instante lembrei de quando ele me sequestrou e senti vontade de rir.

Parece que o jogo virou, não é mesmo?

Mas quem dera ser apenas um sequestro maluco orquestrado por pessoas amigas. Aquilo ali era muito perigoso. Fechei os olhos, engolindo o medo. Tínhamos que sair dali antes que Cobra se encrencasse. Chutei o pé de Pedro e ele ergueu a cabeça.

Suas mãos, apesar de estarem amarradas junto aos seus tornozelos, ao menos estavam para frente, diferente das minhas. Dei um impulso. Pedro me olhou com curiosidade quando quase caí sobre suas pernas. Tentei me arrastar um pouco mais. Mas os caras reabriram a porta.

― Temos que deixar uma pista falsa. ― Ele agarrou meu cabelo. Gritei pelas vias respiratórias. Minhas narinas inflando. Pedro tentou se mexer, mas voltou a chorar. ― Temos que fazer ele achar que ela tá de um lado da ilha e levar ela pro outro lado. Atraímos o cara para uma armadilha e ainda nos livramos dela com a maré.

― E o garotão aí?

― Leva junto. Afoga também.

Ele me soltou com força.

Engoli em seco tentando ver Pedro com o canto dos olhos. Me debati, mas eu estava muito bem amarrada e amordaçada. Eles não eram amadores. A porta do furgão se fechou novamente. Colei meu ouvido acompanhando enquanto eles se afastavam.

Finalmente voltei-me para Pedro, empurrando seus pés. Um cheiro ácido e desagradável invadiu meu nariz. As calças dele estavam molhadas e ele continuava chorando. Bati novamente em suas pernas. Ele ergueu os olhos. Rocei a fita da minha boca em seus dedos e ele entendeu, puxando-a até a metade.

― Pedro. Não chora. Não vamos morrer afogados. ― Eu não entendia o que ele dizia por causa da fita em sua boca. ― Ouça-me. Eles já avisaram o Cobra. Com certeza ele está vindo agora. Mas precisamos fazer com que ele não siga a pista errada. ― Fiquei em silêncio, ouvindo um barulho. Eles estavam discutindo ao longe. ― Eu tive uma ideia. Mas preciso da sua ajuda. Preciso que pare de fazer xixi e se concentre. Você é um cavaleiro do rock agora. Força e honra.

Pedro resmungou. Os olhos dele pareciam determinados. Ouvimos a aproximação. Seus dedos imediatamente empurraram a fita para os meus lábios e eu me joguei para longe dos vestígios de urina. Mas ninguém abriu a porta. Ficamos ali, jogados em silêncio na escuridão e no cheiro desagradável por minutos que não pude contar.

Apertei os olhos quando a porta finalmente se abriu.

― Que graça. ― Alguém disse. A luz que batia contra meus olhos não me deixava ver sua fisionomia. ― Parece um anjo. Pena que vai voltar pro céu mais cedo. ― Ele se virou de costas. ― Vamos dar continuidade ao plano.

Fui arrastada para fora. Pedro logo em seguida. Eles fizeram piadas sobre o estado dele. Joguei meus ombros contra o homem que me segurava e o empurrei. Bati minha cabeça com força contra a dele e ele caiu com um gemido. Líquido quente e espesso escorreu do meu nariz, distraindo-me. Fui contida por outro dois caras. Quantos eles eram?

― Linha dura, a mocinha. ― O homem usava óculos. Tinha cabelos bem curtos e uma pele branca que chegava a ficar vermelha e enrugada. ― Liga para o nosso rapaz.

Ele estava falando com Cobra. Tentei ouvir o que ele dizia. Pisei com força no pé de um dos caras que me seguravam, mas ele revidou com um tapa em meu rosto. Cambaleei com a pressão. O sangue que jorrava do meu nariz pareceu se dividir, espalhando por cada pontinho da minha cara. Meu coração pulsava nas pontas dos meus dedos. Soltei um grito involuntariamente quando ele puxou a fita com força.

― Ah! ― O homem de óculos escuros sorriu para mim. ― Ele ouviu a sua voz! Não é fofo? O tempo tá correndo, Ricardo. É melhor correr mais que ele.

E desligou.

Dei uma olhada em Pedro. Apenas um homem grande o segurava pelo braço e pelo cabelo. Ele me devolveu o olhar apreensivo que dizia que estava tentando entender o que eu iria fazer.

― Tirem a blusa e o shorts dela. ― Ele ordenou. ― Rasguem os pedaços e espalhem por um caminho até o Presídio da Ilha Grande. Do cabeludo ali pode deixar ele mijado. Mas arranque a camiseta dele, esfregue na cara dela. Deixe o sangue espalhar ali também.

Eles fizeram tudo aquilo rapidamente. Por mais que eu tentasse me debater eu era incapaz. Fiquei seminua vendo minhas roupas serem espalhadas. Eles arrancaram a camisa de Pedro e limparam o sangue do meu rosto. Tentei mordê-los, mas foi impossível.

― Levem-nos para o Lazareto. Amarra bem naquele local interno perto da areia. Quando a maré subir eles se afogarão. E voltem para cá. Precisamos acertar as contas com o nosso menino antes de mandá-lo para o inferno.

Analisei o caminho pelo qual eles estavam seguindo com nossas roupas. Da praia para o presídio. Íamos continuar de barco e dar a volta na ilha. Tinha que haver uma maneira do Cobra saber que estávamos indo para o local contrário. Olhei para Pedro e tive uma ideia. Ele semicerrou os olhos percebendo a iluminação no meu rosto.

Internamente, rezei para dar certo.


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