O Cristal e o Diamante escrita por AlessaVerona


Capítulo 29
As desconfianças




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Taiga e Saphyre retornam discretamente para a sede. Estavam inconformadas com o que havia acontecido. Mariana recebeu a ordem, para encontrar o diamante perdido o mais rápido possível.

– Tá vendo, Sah? Eu sabia que ela é do lado negro da força! – Dizia rugindo de raiva.

– Sim... Eu também sabia! E agora? O que vamos fazer? – Questionou a dalafa.

– Eu não sei. Como se comunica com os Eldaryanos? – Taiga questionava.

– Sempre há solução pra tudo! – Disse um Seryphon, pousando em um galho. Era uma espécie de coruja, mas com quatro patas.

– Quem é você? Você é engraçado, tem asas e... – Saphyre dizia para o jovem Seryphon enquanto ele pousava no solo firme. Ele era pequeno e delicado.

– Sou Pichi. Pode me chamar de Pichichinho. Sou um Seryphon. – Respondeu.

– Pichitinho! – Gritou um Valuret. Ele estava acompanhado com o outro igual.

– Vincent, Hagi... – Clamou o Pichi, olhando para os dois.

– Mas o que é isso? Reunião da bicharada? – Saphyre questionava.

– Eu também percebi a conversa estranha com aquela garota. Ela não é uma Eldaryana fiel. – Disse Pichi.

– Estávamos também investigando ela. Toda noite ela encontra com alguém muito estranho. Falam muito do grande diamante. – Disse Vincent, aproximando de Pichi, Saphyre e Taiga.

– Legal! Então não estamos delirando. – Saphyre olhava para todos eles com o rabo abanando. – Ei, Taiga... Esses dois são um bom partido. O que sairia num cruzamento de Dalafa com Valuret? – Ela cochichava para a sabali Taiga, enquanto Vincent ficava tímido ao escutar a conversa.

– Eu gosto muito de ler. Eu tenho encontrado páginas envelhecidas, deve ser de algum livro que alguém censurou ou descartou. – Disse o Pichi, subindo no tronco da árvore, onde havia um buraco. Era a sua casa. Ele estava procurando páginas de livro para mostrar para a Taiga e Saphyre.

– O Pichichinho é muito esperto! Dizem que ele é um prodígio. Tem QI elevado e gosta muito de ler. – Explicou Vincent.

– Uma pena é ele ser pequeno, se não eu cruzava com ele também. – Saphyre sussurrou para Taiga.

– Ei! Eu ouvi isso também! Sua promíscua! – Disse Vincent, deixando a dalafa irritada.

– Me chamou do quê? Olha aqui seu... – Saphyre desafiava-o, porém Pichi voltou com páginas de livro e aterrizou para o solo novamente.

– Desculpe a demora. Está aqui... Isso deve ser de um livro que relata sobre o Grande Diamante... – Pichi mostrava. Taiga tentava ler atentamente.

– Fique quieto, Vincent. Temos uma missão! Eldarya corre perigo! – Disse Hagi, enquanto Vincent acalmava os ânimos.

– Gostei de você. Pelo menos é sensato. – Disse a dalafa Saphyre, enquanto encarava Vincent para intimidá-lo.

– Aqui mostra a teoria de que o Grande Diamante tem um ponto fraco. Precisamos compartilhar isto para Eldarya inteira! – Disse Pichi.

– Temos que mostrar para os Eldaryanos, Saphyre. Isto é muito útil para todos. Pichichinho, quando começou pela busca destas páginas? Ainda falta muita página, creio eu... Mas e se tiver mais por aí perdido? – Disse Taiga, muito interessada no assunto.

– Eu fui achando, sem intenção alguma. Eu gosto daqui, e sempre quando dou uma voltinha para pegar minha comida eu encontro uma página desta. – Explicou Pichi.

– As pessoas deveriam saber disto! Pichi, você pode salvar Eldarya. Ezarel anda encontrando maneiras para destruir esta pedra. É uma grande chance de realmente isto acontecer. Aí... Tchau Mariana. Precisamos falar isto para Ezarel, e explicar para Saphyre que Mariana é uma farsa. Precisamos muito! – Disse Taiga, dando iniciativa para salvar seu mundo.

– Isto não é problema algum! Eu estou dentro. – Pichi concordava.

[...]

– Cadê? – Mariana se questionava ao entrar na sala de Alquimia, a procura da peça do Grande Diamante. Ela tentava ser discreta e deixar nada fora do lugar. – Onde deve estar esta porcaria? Eu preciso disto para ter tudo o que eu preciso! – Disse para si mesma, desesperada e muito nervosa, com receio de que Ezarel chegue e a flagre procurando pela peça. Saphyre chegava em silêncio a procura do líder da guarda Absinto. Prestes a clamar pelo nome dele, ela se segura ao ver Mariana embaixo de uma das mesas de alquimia.

– Onde está você? – Ela ainda conversava consigo mesma. Saphyre notava um comportamento totalmente estranho de Mariana. Ficou pensativa por um momento, decidindo se a incomodaria para perguntar onde estava Ezarel.

– Precisa de ajuda? – Saphyre tomou uma atitude, assustando Mariana.

– Saphyre? – Mariana disse agressiva, deixando a loura cada vez mais desconfiada.

– Sim, sou eu... Eu estava procurando por Ezarel..Você sabe on... – Foi interrompida pelo desespero da garota.

– Estava aqui faz tempo? Eu juro que... – Mariana agia na defensiva.

– Parece que está... Cometendo um crime. – Disse friamente, notando a reação de Mariana.

– Eu não estou fazendo nada, eu juro... – Respondeu ela, como se fosse pega fazendo algo ilícito.

– Ninguém está te acusando. Eu só queria saber onde está o Ezarel. Preciso falar com ele sobre um assunto. – Saphyre permanecia fria e discreta. mas tentando concluir o que a Mariana estava tentando fazer.

– Ele saiu para o jardim. Talvez ele fosse para floresta para pegar algumas coisas de alquimia. – Respondeu ela, um pouco nervosa. Saphyre franziu o cenho, um pouco desconfiada.

– Tudo bem... Eu vou esperar ele então. Obrigada, Mariana. – Respondeu ainda fria e cautelosa. Ela fechou a porta e ficou por alguns segundos pensativa. Leiftan se aproximava sem ela perceber.

– Alguma coisa de errado? Está bem? – Questionou Leiftan. Saphyre voltava a realidade olhando para os olhos verdes e apaixonantes dele.

– Eu... – Saphyre puxa Leiftan até o meio do corredor.

– Eu estou achando a Mariana muito esquisita. – Respondeu.

– Mas por qual motivo? Ela é sempre assim, não ligue pra isto. Ela te ofendeu? – Respondeu o louro.

– Não, mas ela estava maluca procurando por alguma coisa, e quando o abordei ela agia na defensiva, dizendo que estava fazendo nada demais... Eu acho este comportamento muito estranho... Sei lá o que ela pensa. – Saphyre dizia baixinho para ninguém escutar.

– Talvez ela tenha medo de você. Sempre agiu fria e dura com todo mundo. Eu até cheguei comparar você com a Taiga. – Leiftan respondeu.

– Eu sou o que eu sempre fui. Há momentos e circunstâncias que nos fazem parecermos que houve mudança de personalidade. – Saphyre retrucou.

– Mas a Mariana deve te achar uma pessoa grossa. Talvez por isto que ela agiu assim... É nada demais... – Leiftan dava de ombros, mas percebeu que Saphyre não lhe acompanhava. Ele fitou para trás, e viu a sua amada lhe encarando.

– Você acha ainda que eu sou uma pessoa chata? – Saphyre questionou.

– Eu acho que... Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheci. Eu não fiz uma crítica negativa de você. Teve motivos pra se bloquear... Pra mim você sempre foi e sempre será a minha Saphyre. Eu te amo. – Leiftan tentava amenizar a situação, depositando um beijo nos lábios dela.

– Pode ser que seja isto, mas eu ainda acho estranho. – Saphyre retomava a sua desconfiança.

– E você encontrou o Ezarel? –

– Não encontrei... Ele foi para o Jardim ou... Na floresta. – Respondeu suspirando impaciente.

– Numa outra hora você o acha. Agora vamos voltar para ver a Miiko e Kero... – Pegou na mão de Saphyre carinhosamente.

– Ainda eu vou descobrir... O que anda procurando. – Pensou Saphyre, olhando para a porta da sala de Alquimia.

[...]

– Eu não sei escrever. Olha pra minhas patinhas. Não dá! – Disse Taiga, frustrada por não poder escrever.

– Tudo bem. Eu sei escrever. A minha pata da frente é boa nisso. – Disse Pichi, tranquilizando-a. Ele pega uma pena e molha em uma tinta para escrever e ilustrar o que houve para que Saphyre possa entender a mensagem.

– Tomara que a Saphyre entenda. – Disse a dalafa.

– Claro que vai entender. – Disse Hagi.

– Eu não consigo compreender como que existe alguém que quer acabar com milhões de vidas para poder dominar um grupo apenas... É muita crueldade. – Disse Taiga, muito furiosa.

– A vida é muito complicada. – Disse Pichi enquanto escrevia.

– Pinku? – Aparecia o Jipinku, correndo até a dalafa e a sabali. Parecia ter procurado por elas há tempo.

– Pinkuzinho! – Exclamou a dalafa Saphyre, muito animada ao vê-la.

– Eu consegui achar, eu consegui achar! – Dava lambinas na fucinha da dalafa.

– Que belo animal. – Disse Hagi, encantado.

– É um Jipinku. – Disse Vincent.

– Pinku! – Gritou o Jipinku, olhando para os dois.

– Olá! – Disse Hagi, cumprimentando o Jipinku.

– Pinku!!! – Exclamou o bicho cor de rosa, praticamente pulando em cima de Hagi e enchendo-o de lambidas.

– Não ligue pra ela. Ela agora ter este contato úmido conosco. – Disse a Saphyre enquanto tirava frutos de mel para comer.

– Lá vai a Saphyre comendo seus frutos de mel... – Taiga suspirava.

– É hora do almoço! – Exclamou, retrucando.

– Almoço, almoço, almoço, almoço! – Disse o Jipinku por várias vezes, e com a sua enorme língua roubou um dos frutos de mel de Saphyre para comer.

– Ei! Você come algodão doce! – Saphyre manifestava.

– Olha, Pinkuzinho... O que eu trouxe pra você. – Taiga dava uma cesta de algodão doce para o Jipinku, que ficava muito feliz e grata.

– Hmm... Pinkuzinho gosta. Pinkuzinho adora algodão doce. É fofinho e muito gostoso. Querem um pouco? Pinkuzinho está oferecendo. – Dizia o Jipinku, muito simpático. Hagi pegou um pedacinho enquanto o resto agradecia a gentileza.

– Prontinho. Agora só falta entregar para a Eldaryana que vocês quiserem. – Pichi mostrou a folha de papel o que escreveu e desenhou.

– Uau. Você é bom mesmo, Pichichinho. – Taiga olhou maravilhada.

– É muito bom mesmo. – Disse Saphyre, enquando ele ficava sem graça.

– Acho bom que ela entenda, aí só tomarmos algumas atitudes para salvar a nossa terra. Eu tenho lido que Eldarya pode entrar em caos se não tiver todo o conhecimento necessário, e uma delas é a fórmula para destruir o grande diamante para todo o sempre. – Disse o Pichi.

– Eu acho balela isso. Não pode acabar e não vai. Somos fortes! – Taiga respondeu.

– Muito obrigada, Pichi. Agora precisamos... Entregar isto para Saphyre. – Disse a dalafa, falando de sua xará Eldaryana.

– Apenas ela? – Taiga questionou.

– Eu acho que ela é a melhor. Ela está em um patamar acima, na guarda iluminada. Poderíamos entregar para Miiko, mas quem disse que ela acredita em animais? Saphyre é a melhor opção, Taiga. – Respondeu a dalafa, convencendo a sua amiga.

– Sim... Agora... – Taiga foi interrompida.

– Quer que eu ajude? Eu vou voando até a Saphyre. – Disse Pichi.

– Temos asas também? Quer uma caroninha? – Disse Hagi, oferecendo carona.

– Só se eu for com você, por que com o seu amiguinho eu quero distância! – Exclamou Saphyre, provocando Vincent que ficava incomodado.

[...]

– Taiga, Valkyon... – Chamou Saphyre, após sair da sala da guarda iluminada.

– Saphyre... Como está? – Taiga sorriu simpática, mas tossia maliciosamente olhando para Leiftan, enfatizando como estava a relação entre os dois.

– Está tudo bem. – Saphyre sorriu.

– E aí, Saphyre... O que tá pegando aí? – Valkyon saudava a sua amiga.

– Pegando? O Leiftan que pega ela todos os dias agora. – Taiga jogava uma indireta boba para a loura.

– Igual eu e você? – Disse Valkyon, deixando Saphyre de boca aberta.

– Isto não seria novidade. – Disse Saphyre, sorrindo maliciosamente.

– Saphy!!! – Taiga dava um leve tapa no braço da loura.

– Ai! – Ela respondeu rindo.

– Agora é a hora do descanso. Vou dar um bom cochilo e daqui duas horas eu volto. Até mais, meninas... – Valkyon saiu, mas sem dar antes um leve tapa nos glúteos de Taiga, que ficava sem graça com a situação. Saphyre ria ainda mais.

– Você gosta de ver a desgraça alheia, hein? – Taiga disse, mas no fundo brincava com ela.

– É... Um dia eu ouvirei vocês dois declarando amores... Acredite: É um dos meus sonhos de minha vida. – Respondeu enquanto cruzava os braços e olhava para Valkyon saindo.

– E você não nos abordou pra isso, né? – Taiga se incomodava um pouco.

– Vocês iriam transar na hora do descanso? – Saphyre deixava a sua amiga cada vez mais sem graça.

– É o que você fazia com o Leiftan? E ainda faz? – Retrucou.

– É este o problema... – Respondeu para partir direto ao assunto. Saphyre e Taiga saiam para o corredor, conversando enquanto boa parte do pessoal estava disperso em outros cantos daquela sede.

– Espera... Qual é o problema? Vocês não transam? A minha dalafa diz que sim... – Taiga assobiava após dizer aquela frase.

– O problema é que o Leiftan tem medo de que eu esteja grávida. – Saphyre respondeu cabisbaixa.

– É um dos maiores sonhos da vida dele! Por que ele... Entendi... Ele tem medo de você ser ainda o alvo de Darkmond, e uma gestação é complicada... – Respondeu Taiga.

– Acertou em cheio. – Respondeu.

– Na boa, Saphyre... Você é muito nova para formar uma família. – Taiga dava uma leve bronca.

– Eu não vejo problema em estar grávida, Taiga. – Ela parou a caminhada e ambas olhavam-se. – Eu quando estou com o Leiftan... Fico aberta para qualquer coisa, e uma delas e ter um filho com ele. Não vejo problema nisto, talvez Leiftan tenha uma cobrança em si mesmo de poder casar e formar uma família por que um Eldaryano com 25 anos se torna um pai. Aqui é tudo... Precoce, é um mundo estável perto do qual eu vivi. – Saphyre discursava. Taiga entendia perfeitamente, mas ela entendia o contraponto de Leiftan.

– O problema é Darkmond... Eu também teria medo por você. A gente não sabe o que vai acontecer no dia de amanhã, está tudo indefinido... Ainda precisamos tocar aquele cara daqui, achar uma maneira de destruir o Grande Diamante... Você ainda está em um círculo periculoso, e eu entendo que ele pensa que você não está cem por cento segura. Mas vem cá... Ele deve ter tomado pouca poção para infertilidade, para chegar numa conclusão dessas... Foram quantas numa noite? – Taiga ousou em perguntar.

– Foram três vezes em menos de doze horas... – Respondeu séria.

– É... Se ele tomou apenas uma dose, realmente você tem grandes riscos de ter fecundado um óvulo. Ele tem 27 anos, o risco ainda é maior pois nesta idade um Eldaryano fica muito fértil. Pense já no casório, e tem que ser secreto para não vazar, e a gravidez também. – Taiga tocou no ombro de Saphyre.

– Você é muito boba. – Ela riu.

– Mas não se preocupe. Deixe as coisas acontecerem. Leiftan disse uma vez pra mim que o seu sonho era ter uma família, e dar tudo o que ele não teve. – Taiga dizia, sorrindo para fazer Saphyre se sentir melhor.

– Sim. Ele disse isso pra mim ontem a noite, como em todas as outras quando tínhamos tempo para ficarmos juntos. – Ela sorria radiante.

– A sua relação está indo bem... Bem melhor que a anterior com o Nevra. – Elogiou sorridente.

– É o que eu percebi. Talvez seja por que Leiftan é mais maduro, mais velho que o Nevra... Não que isso também determine o caráter... Mas a maneira de pensar é muito diferente. Nevra era explosivo para o mundo, mas comigo era extremamente romântico. Leiftan é calmo, cauteloso com as coisas... E totalmente seguro e objetivo quando está comigo. Dois perfis apaixonantes no início... Mas o Leiftan é o homem que eu mais me surpreendi. Nunca pensei que um homem tão calmo tenha tanta firmeza... – Saphyre explicava.

– Na hora da cama que você quer dizer... Seus olhos indicam isto... – Taiga riu.

– É... Mas eu acho os dois incomparáveis... Mas o Leiftan... É o homem que eu amo muito. Nossa relação é sólida, uma construção... – Respondeu.

– Procurando por mim, gost... Digo, Saphyre? – Disse Ezarel.

– Ih... Lá vem... – Taiga provocava o azulado.

– Eu estava... Mas... Já passou. – Respondeu, mas ficou pensativa.

– Ah, tudo bem então.

– Espere... Eu ainda preciso falar com você. Não é o assunto da Miiko, é um outro assunto.

– Ih... Se for o que eu estou pensando... – Taiga saia de lá. – Até mais, Saphy!

– Ainda vamos continuar a nossa conversa, hein? – Disse, enquanto Taiga virou para sorrir.

– E o que precisa dizer? – Ezarel questionou a Loura.

– Sobre o comportamento de uma das integrantes de seu grupo. A Mariana. – Respondeu ainda muito desconfiada. Ezarel sorria, dando a entender que sabia do que Saphyre se referia.


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