O Cristal e o Diamante escrita por AlessaVerona


Capítulo 24
Adeus




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“Who would have thought that you could hurt me

The way you've done it

So deliberate, so determined” – Illegal - Shakira

Parecia um pesadelo. Era algo que cortava o coração em pedaços. Saphyre mal conseguia dormir naquela noite. Pensava cada vez mais no que Nevra havia feito. Nunca podia imaginar que depois de uma noite romântica poderia ter virado uma tempestade imparável. Enfraquecia por dentro, tentava achar respostas... Talvez ele fosse vítima de alguma tramoia de Darkmond.

Cada resposta que era encontrava era uma maneira de aliviar... Mas ainda havia um ceticismo, a razão, a sua mente... Ela não poderia desistir daquele amor, e ao mesmo tempo não queria desistir de sua vida.

Parecia que o tempo voou. Era aquele filme rápido em sua cabeça. Não havia mais coragem de enfrentar, mas algo insistia... Algo que fazia lutar... Reviver.

Após algumas horas, ela dava as caras para o corredor dos quartos. Estava atrasada com o horário, mas não era algo que Miiko se preocuparia. A cada passo era algo torturante pra ela, como se aproximasse da verdade, de algum desafio, do que ela não queria ver. Ela agia defensivamente, reservada e muito quieta. Por outro lado, Leiftan pensava em não desistir daquele amor... Ele ficava em um canto daquele corredor, sendo despercebido por Saphyre que passou por ele cabisbaixa e muito alheia.

– Valkyon, nestes dias se tornaram torturante pra mim. Vejo a Saphyre e Nevra cada vez mais próximos. Agora estão separados, distantes... Nevra sem nexo algum com o que faz. Eu aqui sofro com o que ela está sofrendo. Por mais que... Isso não fosse da minha conta. Tentei não esquecê-la. Mas... Isto é mais forte que eu. – Desabafou, olhando para Saphyre que estava de costas pra ele.

– Eu entendo perfeitamente. A Saphyre, coitada... Eu não esperava que isto fosse acontecer. Estava tudo bem, tudo lindo, cor de rosa... É triste ver uma situação dessas. É ruim até para nós. Ele está revoltado com todos. – Disse Valkyon, muito calmo e tranquilo.

– Eu não sei o que faço, Valkyon. Minha vontade é a mandar largar tudo... – Revelou, cabisbaixo e impaciente.

– Falta é coragem. Mas vamos ver antes o que vai dar. Nevra voltando as suas origens... Vai acabar muito mal. – Disse ele, suspirando de impaciência só de voltar a pensar naquele drama que crescia cada vez mais.

– Gente... Parece que Nevra desapareceu. – Chegou Taiga, após correr desesperada com a notícia.

– Mais essa agora? – Valkyon socava a parede levemente.

– Sim. Ele enlouqueceu, né. – Taiga respondeu.

– O quê? – Disse Saphyre, que passava outra vez por ali.

– Seu namoradinho... Desapareceu. – Disse Taiga, deixando Saphyre surpresa.

– Está em nenhum lugar por aqui? Vocês olharam? – Questionou, muito preocupada.

– Zark olhou, mas ele não está no trabalho dele. – Respondeu, encostando suas costas na parede do corredor. Saphyre apenas respirou fundo e olhava para os lados, aflita. Balançou a cabeça negativa com olhar alheio ao grupo.

– Droga. – Disse ela, tomando uma atitude.

– Onde vai? – Questionou Leiftan, pegando no braço dela.

– Eu vou procurá-lo. – Respondeu.

– Vai sozinha? Está tão abatida, não acha perigoso sair por aí? – Valkyon questionou.

– Eu estou bem. – Respondeu, fria.

– Tão bem que até fica transparente! – Taiga ironizou.

– Eu vou sozinha. – Completou, deixando eles contrariados.

– Seja corajosa, mas não pra tanto, né. Somos seus amigos, poxa. – Valkyon insistia.

– Tudo bem. Mas... O resto sabe do sumiço dele? – Saphyre tentava manter a frieza, mas queria ir atrás de Nevra.

– Eu vou ter que informar para os outros. – Disse Taiga.

– Antes... Eu quero dar uma verificada no quarto dele. Quero saber das pistas. – Disse Saphyre, indo em direção ao quarto de Nevra. Ela abriu a porta aos suspiros de não suportar. Procurava por algumas pistas em cada canto... Mas não conseguia se concentrar. Era algo torturante. Uma forte visão vinha até sua mente, totalmente nítida. Nevra se encontrava nas ruínas. Saphyre ficava tonta com aquela visão, que se apoiava na cômoda, com sua respiração ofegante. Ela se olhava no espelho. Via-se muito pálida.

A que ponto ela havia chegado, era o que ela questionava. Leiftan entrava no quarto, já que a porta estava aberta.

– Está tudo bem? – Questionou muito preocupado com o jeito que ela se encontrava.

– Acho que eu sei onde ele está. Ele está com um pedaço de Cristal. – Saphyre tentava processar o flash que havia em sua mente.

– Quê? – Leiftan não entendia.

– Eu não sei que lugar era aquele, mas eu consigo ir até lá. Ele está com uma peça do nosso Cristal. – Disse Saphyre, aflita.

– O que ele faz com o nosso cristal? – Leiftan questionava.

– Eu acho que ele está sendo usado. – Disse Saphyre, virando-se pra ele.

– Muito difícil de acreditar. Darkmond nunca persuadiu ninguém, e sim comprava as pessoas... – Disse ele, discordando.

– Eu posso sentir que ele não está bem! – Saphyre se estressava, dando um soco na cômoda, surpreendendo Leiftan. – Temos que ajudá-lo. – Completou, saindo do quarto de Nevra, largando Leiftan lá que estava possesso com o jeito que foi tratado.

Valkyon, Taiga, Zark, Kayron, Naoki estavam no Hall do Cristal com Miiko e Kero.

– Como assim ele sumiu, gente? – Miiko questionou muito preocupada e sem entender nada.

– Sim. Ele desapareceu. – Zark parecia que havia repetido isso várias vezes.

– E pegou uma peça do Cristal. – Disse Saphyre, chegando.

– Quê? – Kero ficava sem entender.

– Eu consegui por um momento a imagem de onde ele está. Ele tá com um pedaço do Grande Cristal na mão! – Exclamou. – Ele está sendo usado, vamos! – Saphyre se apressava, era a sua única esperança de salvá-lo... Se for possível.

– Onde ele está? – Perguntou Valkyon.

– Eu não sei que lugar é aquele, mas... Eu consigo até ir lá. Como se eu soubesse. – Respondeu.

– Kero, vamos abrir o portal. – Disse Miiko. Leiftan chegava logo em seguida.

– Saphyre, que imagem você viu? Posso? – Leiftan chegava até a Saphyre, com o propósito de invadir a mente dela. Ela balançou a cabeça positivamente. Ele rapidamente conseguiu as informações. – Ele está nas ruínas! – Leiftan se surpreendeu.

– Quê? – Valkyon ficava surpreso, assim como os demais.

– Vamos agora! – Disse Miiko, revoltada.

Taiga e Saphyre saíam discutindo no corredor. Elas abanavam o rabo, agitadas.

– Eu falei que ele não presta! – Taiga se enfurecia.

– Acho que ele não seja um cara péssimo, poxa. – Saphyre lamentava.

– Imagina se ele fosse então! – Taiga cada vez mais se irritava e afinava ainda mais a sua voz. Elas entravam no Hall do Cristal e viam todos eles entrando no portal.

– Viish.. Que isso? – Saphyre se questionava.

– Devem estar indo atrás daquele idiota! – Resmungou.

[...]

– Que ótimo. – Disse Darkmond ao receber o Cristal de Nevra. – Grande aliado que nós temos agora, Reyd. – Completou.

– Muito melhor do que eu pensava. Mas bem que podia ser uma mulher, né? Homens me sufocam! – Respondeu, sarcástico.

– Ele será útil. Mais que você. – Darkmond atacou, mas de modo sereno, muito tranquilo.

– Depois diz que precisa de mim. – Respondeu, dando de ombros.

– Esta peça acaba com 20 % da capacidade de Eldarya... – Disse ele, ao pegar o Cristal.

– Por que não pegou tudo? - Questionou Reyd.

– Eu sigo a sua filosofia. Eu gosto das coisas lentas. Torturam mais. – Respondeu.

– Você aprendeu comigo. – Reyd sorriu sádico.

– Parece que temos visitas. Olha só. – Darkmond sentia a presença de mais pessoas. Eram Miiko, Kero, Leiftan, Zark, Kayron, Taiga, Valkyon e Saphyre.

– Vai ter festinha? Espero que eles tenham trazido a comida. – Disse Reyd, muito curioso com a projeção que Darkmond fazia com as suas mãos.

Darkmond abria a porta das ruínas para que todos entrassem. Ele fazia questão e esfregar na cara que Nevra estava com eles.

– Ora Ora.. A quem eu devo? – Darkmond disse irônico.

– Devolva o Cristal, Darkmond. – Miiko estava furiosa.

– Jamais! Querem perder igual ontem? – Darkmond posicionava seus cavalheiros a sua frente.

– Nevra! – Saphyre corria até ele que passava discretamente entre as colunas. Estava totalmente indiferente.

– O que foi? O que faz aqui? – Nevra disse frio, para o espanto dela.

– Vim te buscar. Você não está lúcido. Confie em mim. Por favor. – Saphyre tentava convencê-lo enquanto os cavalheiros de Darkmond travavam uma batalha.

– Eu estou bem. – Disse ele, afastando ela.

– Nevra! Esqueceu-se do que passamos juntos? Como pode.. – Saphyre estava aflita, e foi interrompida.

– Aquela noite foi só meu passatempo. – Nevra dizia friamente.

– Como? Como pode me enganar assim? – Saphyre ameaçava-a. – Você não pode estar falando sério. Você foi usado, Nevra. – Ela tentava criar ilusões em sua cabeça... Porém não havia razão por ele ter mudado de repente.

– Quem foi usada foi você. – Respondeu, deixando Saphyre transtornada.

– Cretino! – Disse, mas ficava confusa. Não sabia se acreditava nele ou se acreditava em que ele está sendo usado.

– Saphyre, não perca mais tempo. – Disse Miiko enquanto atacava os cavalheiros com a chama de seu cajado. Ela acaba sendo atingida por Darkmond, sendo atirada contra a parede daquele lugar. Não havia outro sentimento a não ser a tristeza. Como se ela fosse atirada pelo Nevra.

– Adeus. – Disse Nevra para Saphyre, friamente. E assim ele voltou, entrando em um corredor escuro daquele lugar. Saphyre olhou para Nevra em lágrimas, imóvel, sentindo muita dor pelo impacto, e mais ainda pelo desdém que ele tinha por ela, pois ele não quis nem ajudá-la. Isto fazia crescer uma raiva em querer quebrar qualquer um. Leiftan estava prestes a resgatá-la, mas ela se levanta aos poucos, com ira em seus olhos, que ficavam azuis claros. A raiva liberava os seus poderes, atacando Reyd que estava a sua frente. No fundo sentia que Darkmond era o culpado de tudo.

Enquanto isso, Valkyon derrotava Reyd com a energia de sua espada, enquanto o rival tentava atacá-lo com uma bomba de gás.

– Você é muito fraco mesmo, hein? – Disse Valkyon.

– Você não tem senso de humor. – Disse antes de desmaiar.

– Devolva o Cristal! – Saphyre tentava atacar Darkmond , criando um monstro.

– Como ousa! – Darkmond ficava em desvantagem.

– O que você fez com o Nevra, me fale! – Todos se assustavam por ver a luz azul sair de seus olhos. Saphyre criava redemoinho em volta de Darkmond. Ele se surpreendia com tanta força que ela havia soltado através de seus poderes. Saphyre conseguia atrair o cristal que estava na mão de Darkmond.

– Nããão! – Darkmond tentava pegar o cristal, mas foi totalmente atraído pelo campo magnético de Saphyre. Valkyon achar Nevra.

– Seu vacilão! O que faz aqui? – Ele perguntava agressivamente.

– Me pergunto o que você faz aqui? Vá embora! – Nevra estava indiferente.

– Bem que eu podia imaginar... É uma pena que acreditamos em você! – Se estressou. Saphyre entregava o Cristal para Miiko pelo ar, para que fosse armazenado na gaiola que continha em seu cajado. A exaustão chegava, e ela não conseguia mais parar de dissipar seus poderes.

– Eu não consigo parar! – Saphyre estava fora de controle. Leiftan se prontificava para ajudá-la.

– Relaxe! Limpe a sua mente, Saphyre. Respire fundo! – Disse ele que olhava para cima, onde Saphyre estava. Darkmond desmaia por falta de oxigênio.

– Ela tá muito poderosa! – Taiga disse para Valkyon que voltava.

– Isso se chama ira. – Valkyon respondeu, apreensivo com a cena.

– Ela vai matar o Darkmond! – Disse Zark, espantado. Saphyre chegava ao seu limite e para, caindo. Leiftan corria para pegá-la, com sucesso.

– É.. Acho que vencemos fácil esta guerra. – Disse Taiga, que nem suada estava.

– Por que não tínhamos vencido assim ontem? – Questionou Zark.

– Saphyre precisa de mais fúrias dessas! – Respondeu Kayron.

– Nevra, você não vem? – Miiko perguntou, enquanto abria o portal. Ele estava inexpressível. Todos olhavam para ele, esperando uma resposta. Ele virou de costas e decidiu ficar com Darkmond e Reyd, para a surpresa coletiva.

Todos iam embora, tristes e felizes ao mesmo tempo. Nevra era deixado para trás e este era o motivo. Parecia decidido que ficaria nas ruínas com Darkmond e Reyd. Era algo que todos teriam que suportar. Era como se fosse uma derrota, no fim de tudo que havia acontecido.

Eles chegavam através do portal com olhares tristes por saber que Nevra havia largado tudo, ao mesmo tempo felizes por terem recuperado a peça de Cristal.

– Mas que luta foi aquela? – Zark tentava entender.

– Eu não consegui entender bem. Parecia que ele lutou sem vontade. – Valkyon murmurou cabisbaixo.

– É pra exibir o novo troféu dele: Nevra. – Taiga explicava.

– Quer saber? Está é a pior derrota. Darkmond não queria o Cristal de fato, e sim chamar atenção. Não sei... Ele queria esfregar na nossa cara que Nevra está com eles. – Miiko disse muito triste com tudo que ocorreu.

– Me pergunto como vai ser a vida da Saphyre sem ele... – Kero disse, demonstrando tristeza.

– Infelizmente... Confiamos em quem não mereceu. – Concluiu Miiko.

Enquanto isso, Leiftan cuidava de Saphyre. Ele a colocou na cama com muita delicadeza. Ela acordava aos poucos, parando nos olhos verdes de Leiftan. Eles ficaram em silêncio por um momento, até Saphyre tentar dizer algo.

– Nossa. – Murmurou se sentindo fraca.

– Você nos surpreendeu com a tamanha força. Totalmente diferente de ontem. – Disse, sentando-se na beira da cama.

– É a raiva que eu tenho. Eu... – Saphyre estava arrasada.

– Nós também estamos. Ele foi um canalha. – Disse, sem cautela.

– Me pergunto se isso tudo não é alguma armação... Não dá pra engolir que ele me usou, fez de tudo... Isto tá muito mal contado. – Desabafou, derrubando lágrimas.

– Nevra já foi pior. – Confessou.

– Por que nunca me contaram antes? – Saphyre questionava de uma maneira agressiva. – Agora eu sofro! – Derrubava muitas lágrimas, fazendo ele se sentir mal. Ele não sabia reagir com o seu amor secreto sofrendo por outro homem. Taiga chegava para saber se estava tudo bem.

– Está tudo bem? – Perguntou vendo-a chorar.

– Péssima. – Disse ele, cabisbaixo.

– Podem me deixar sozinha? – Saphyre se levantava, sentando-se na cama.

– Deixa ela comigo, Leiftan. – Taiga se prontificava para ampará-la. Leiftan se levantava desanimado.

– Tudo bem. – Saiu. Taiga chegava aos poucos.

– Ele te enganou, né? Desabafa comigo, vai. É melhor do que desabafar com homens. Vem cá. – Taiga surpreendia Saphyre, por de repente ser uma pessoa amigável.

– Me entrego de corpo e alma para ele me abandonar? – Disse com voz embargada, chorando mais ainda.

– Vai passar, você vai ver. – Taiga abraçava-a. Talvez aquele amparo não fosse o suficiente. Era uma ferida profunda, um rasgo em seu coração. Como se fosse acordar de um sonho e encarar a realidade cruel. Ela tentava se confortar com a ideia de que ele esteja sendo usado por Darkmond... Isto estava longe de ser descoberto. Aquele pesadelo estava longe de acabar...

“You don't even know the meaning of the words I'm sorry

You said you would love me until you die

As far as I know you're still alive

Baby

You don't even know the meaning of the words I'm sorry

I'm starting to believe it should be illegal to deceive a woman's

Heart” – Shakira – Illegal


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