Mais uma chance escrita por Carcata


Capítulo 3
Você não é meu irmão


Notas iniciais do capítulo

olaa hahaha demorei? eu quero agradecer pelos favoritos e comentários, significam mt pra mim e eles fazem o meu dia *bjs*
aviso que nesse cap tem mta choradeira e.e



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– Isso é uma má ideia. Muito, muito ruim. – Tadashi murmurava mais para si mesmo do que para Hiro enquanto ajudava Baymax a sair da janela.

– Você que quis vir, nerd. – Hiro reclamou e foi indo na frente para explorar o local (que na verdade já conhecia muito bem) – Vai embora, então.

Nem pensar. – O outro retrucou – E deixar você sair por aí arranjando encrenca? Ah- Ei! Espera! Não vai fugindo assim!

Tadashi correu para alcançar o irmão, deixando Baymax para inflar de novo. O mais velho estava pronto para repreender Hiro por sair sem ele quando ambos avistaram uma sala pequena com uma tela embaçada. Havia uma máquina dentro trabalhando em algo, e Hiro sabia o que era.

– Fica atrás de mim. – Falou Tadashi, agora sério. Os dois foram se aproximando cuidadosamente tentando não fazer barulho, e Hiro só tinha olhos para os barris que continham milhares de microbôs.

O mais velho colocou as mãos na tela e tentou identificar o que a máquina estava fazendo. Hiro aproveitou o momento e foi na direção dos barris, pegando alguns microbôs em suas mãos e os observando. Não tinha nada incomum neles.

Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo. Hiro tinha a esperança que haveria algo diferente no prédio, mas não estava com sorte. Tirando a morte de Tadashi e o fato de ter sido salvo por Callaghan, tudo tinha ocorrido como nove meses atrás. Será que tinha mesmo voltado no tempo? Então como Baymax se lembrava de tudo?

– HIRO!! – A voz de Tadashi chamou sua atenção e de repente sentiu ser puxado pelas costas antes que os microbôs de Callaghan o atingissem.

Tudo aconteceu tão rápido que Hiro ainda estava confuso.

– Vamos sair daqui, Baymax!! – Tadashi gritou para o robô enquanto puxava o capuz do casaco de Hiro. O pobre garoto tentava acompanhar a correria e os passos largos do seu irmão. Ele olhou para trás e viu ondas de microbôs perseguindo os três.

Porém havia algo diferente neles. Os microbôs pareciam mais... Lentos?

– Anda logo, Hiro! – O mais velho não se importou em esconder o medo na voz. O menor tentou apressar os passos, Baymax logo atrás.

A perseguição não durou muito tempo, já que Hiro conseguia se lembrar da sua rota de fuga que usou da última vez. Tadashi não ousou perguntar como ele sabia disso, aquilo não era hora para perguntas. Eles conseguiram sair pulando pela janela e Baymax os protegeu. Em seguida o trio tentou fugir o mais rápido possível do prédio.

– Você... Você ta bem? – Tadashi perguntou ofegante quando o grupo percebeu que não estavam mais sendo perseguidos pelos microbôs.

– Sim. Você? – Hiro tentava não cair de tanto cansaço. Exercício físico não era seu forte.

– Sim... – O mais velho olhou para o chão e em seguida reinou um silêncio. Hiro não tinha a mínima ideia do que aconteceria daqui para frente. Nem Baymax sabia o que dizer.

Foi aí que Hiro arregalou os olhos quando subitamente sentiu os braços de Tadashi envolverem seu corpo. O abraço era apertado, mas ambos estavam aliviados que tinham saído de lá com vida, especialmente Tadashi.

– Que bom... – Tadashi sussurrou e o menor quase não ouviu. Depois o mais velho começou a soluçar, não conseguindo impedir as lágrimas. – Que bom... Graças a deus...

Hiro, pela vigésima vez, não sabia o que dizer, então simplesmente retribuiu o abraço com o mesmo afinco enquanto Tadashi ainda murmurava palavras de conforto para si mesmo.

– Eu quase te perdi duas vezes. Oh deus...

Baymax abraçou os dois e os três ficaram naquela posição por alguns momentos até Tadashi quebrar o abraço e limpar as lágrimas.

– Temos que avisar a polícia. – Ele exclamou e Hiro fez uma careta. – Eles vão saber o que fazer.

– Acho melhor não. – Avisou o menor, puxando o casaco de Tadashi para que ele não escapasse. – Eles não vão acreditar.

– Como pode saber disso? Eles podem nos ajudar.

– Acredite... – Hiro olhou seu irmão com medo e mordeu o lábio, incerto. – Eu já tentei.

Aquilo chamou a atenção de Tadashi, que agora fitava seu irmãozinho com dúvida nos olhos.

– Hiro. – Baymax interveio, já prevendo as intenções do garoto. – Você tem certeza disso? – Hio fechou os olhos e suspirou. Não adiantava mais esconder a verdade.

– Sim.

Tadashi só conseguiu encarar os dois, desesperado por uma resposta.

–-

– Espera, você tá me dizendo que o seu pesadelo foi real? – Tadashi indagou e massageou sua têmpora. Toda aquela história estava dando dor de cabeça.

Baymax estava carregando do outro lado do quarto, então não era capaz de interferir a conversa dos dois. Tia Cass tinha ido passar a noite na casa de uma amiga, o que deixou os irmãos sozinhos na casa. Hiro passou um bom tempo explicando sobre os nove meses que tinha acontecido depois da apresentação. Ele falou sobre Callaghan, o roubo dos microbôs e como ele e os amigos de Tadashi viraram super-heróis. Só havia um detalhe importante que o garoto ainda não tinha confessado.

– É, e tem... Mais uma coisa... – Hiro encarou seu irmão e preparou-se para dar a notícia. – Você morreu.

Tadashi congelou, tentando absorver tudo. Ele arregalou os olhos e nenhum dos dois falou por um tempo. Depois do que pareceu uma eternidade, Hiro se surpreendeu quando ouviu Tadashi dar uma risadinha.

– Hiro, dá um tempo. – Ele encarava o menor com um olhar cômico. Hiro sabia que Tadashi não iria acreditar de repente, mas ainda sim ele se sentiu traído.

– É verdade! – O garoto começava a ficar com raiva – Você foi naquele prédio em chamas tentando bancar o herói! Você realmente achava que conseguiria salvar Callaghan, e nem se importou em pensar em mim, em o que aconteceria comigo ou tia Cass se nos deixasse! – Lágrimas escorriam pelas suas bochechas porque ele tinha isso guardado em seu peito por tanto tempo e finalmente estava soltando tudo. Os desaforos, as frustrações, a raiva, o desapontamento. – Eu gritei e gritei, mas você me ignorou. No momento em que eu mais precisava de você... Seu estúpido! Tem ideia do quanto eu sofri?! E-E você nem se importou...

Ele murmurou a última parte bem baixinho, mas Tadashi ainda ouviu. O mais velho escutava tudo com o horror expresso no rosto. Ele nunca iria deixar seu irmãozinho para trás, não importa o quê. Mesmo que Callaghan estivesse em apuros, se isso significasse tanto aflito para Hiro, ele não pensaria duas vezes em ir aos braços do seu irmão.

– Hiro, eu nunca iria te deixar assim! – Tadashi se ajoelhou e colocou suas mãos no ombro do menor – Eu nunca vou desistir de você, nunca vou te abandonar.

Hiro só conseguia fitar os olhos escuros do outro e ver mentiras.

– Mentiroso. – O mais novo tirou as mãos de Tadashi de seus ombros e se afastou de seu irmão. – Mentiroso! Mentiroso! Mentiroso!

– Hiro, isso foi um sonho! – Tadashi já estava começando a ficar frustrado e nervoso. Hiro estava o acusando de algo que nunca tinha feito, e, ainda por cima, um sonho! – Nada disso foi real!

Não se atreva! – O garoto cuspia as palavras como se fossem veneno – Não se atreva a me dizer que todo o meu sofrimento não foi real! Que os nove meses que eu passei não foram um inferno!

– Como você quer que eu acredite nisso, Hiro! – Tadashi levantou suas mãos no ar para dar ênfase – Isso é uma baboseira, dá um tempo! Você deveria é estar estudando ou fazendo algo útil com essa cabeça de gênio, não acreditando nesses pesadelos!

Hiro sentiu como se uma faca atravessasse seu peito. Ele explodiu de fúria quando o mais velho disse a última frase e não conseguiu parar de tremer de raiva.

– Para de falar como se fosse o papai ou a mamãe! Por que você não é! Cuida da sua vida!!

O garoto ia gritar mais, porém foi interrompido quando a mão de Tadashi colidiu com uma de suas bochechas. Hiro deu um grito de surpresa e então começou a sentir seu rosto arder no lugar onde Tadashi havia batido.

Alguns segundos depois o menor decidiu olhar para seu irmão, não acreditando no que tinha acontecido. Ele viu Tadashi cobrir a boca com as mãos numa expressão de choque e notou lágrimas ameaçando escapar dos olhos do maior.

– Hiro, eu- me desculpa!- oh meu deus! – Ele levantou uma mão para tocar no rosto do seu irmãozinho quando Hiro tirou rapidamente a mão de Tadashi.

– Você não é meu irmão. – Ele falou rispidamente, mandando um olhar frio na direção de Tadashi, que não conseguiu arranjar palavras para responder. – Sai daqui.

– Hiro, eu-

– Sai daqui!!

Sabendo muito bem que Hiro era daqueles que guardava rancor por algum tempo, decidiu deixá-lo sozinho e fechou a porta de seu quarto. Ele desceu as escadas e pegou um cupcake da cafeteria. Tia Cass nem iria perceber.

Tadashi sentou em uma cadeira e começou a pensar no que tinha acontecido nos últimos trinta minutos. A história do pesadelo de Hiro, a sua morte, Callaghan ter roubado os microbôs. E se tudo fosse verdade? Não, ele balançou a cabeça. Isso não era possível. Tadashi estava aqui em carne e osso, e Callaghan tinha morrido no incêndio. Então ele se lembrou da sua briga com Hiro e toda a sua raiva desapareceu. Seu irmãozinho parecia tão frustrado, desesperado para ter alguém que o ouvisse, e o que Tadashi fez? Bateu em seu rosto, foi isso que ele fez.

O jovem sentiu um nó na garganta e nem se importou em impedir as lágrimas. Que ótimo irmão ele era. Ele prometeu aos seus pais que cuidaria de Hiro o melhor possível e que daria todo o seu amor, mas ele não conseguiu cumprir a promessa.

O que importa agora? , uma voz no fundo da mente de Tadashi sussurrava para ele, eles estão todos mortos. Mãe, Pai, Professor Callagh-

– Não... Não é verdade. – Ele murmurava por entre soluços e escondeu seu rosto em suas mãos, deixando toda a mágoa que estava trancada sair. Foi aí que ele ouviu outra voz em sua cabeça, uma bem mais sombria.

Você não é mais meu irmão.

Tadashi começou a chorar mais intensamente e agarrou sua camisa, tentando sem sucesso amenizar a dor no seu coração.

–-

Passado alguns minutos, Hiro limpou as lágrimas, sentindo-se muito mais aliviado. É claro que seria difícil contar para Tadashi sobre o que tinha acontecido em seu “pesadelo”, mas nunca iria prever que acabaria assim. E deus, por que diabos ele teve que falar de seus pais daquele jeito, justo quando sabia que era um assunto delicado para Tadashi? Ele com certeza deveria ter esperado esse tapa.

Hiro passou a mão na sua bochecha esquerda e fez uma careta. A ardência ainda estava lá, mas não tão intensa quanto antes. Apesar de sua mágoa ter ido embora, Hiro ainda estava irritado. Tadashi não acreditou nele, porém não precisava usar aquele tom, como se estivesse caçoando do menor.

Não, não era uma impressão. Tadashi estava caçoando de Hiro.

Ignorando outro nó na garganta (porque ele não ia chorar de novo, nem pensar), o garoto virou sua cabeça e viu seu Megabot sentado na mesa com sua cara amarela feliz, esperando para ser pego. Hiro pensou um pouco e depois deu de ombros.

Por que não?

–-

– Tadashi.

O jovem quase pulou quando ouviu a voz de Baymax atrás dele e virou-se para encarar seu robô.

– Baymax, o Hiro te ativou? – Tadashi suspirou e passou a mão pelos cabelos.

– Não. Eu vim por conta própria.

O maior franziu as sobrancelhas.

– Por conta própria? Desde quando você consegue fazer isso?

– Desde quando Hiro me reconstruiu cinco meses atrás.

– Quê? Como assim ele-

– Tadashi. – Aquilo fez com que o outro calasse a boca. Baymax nunca interrompia seus pacientes. Qualquer coisa que ele quisesse contar a Tadashi, deveria ser importante. – Hiro te contou sobre o que aconteceu nove meses atrás?

– Se você quer dizer sobre o pesadelo... Então sim. – O jovem respondeu incerto.

– E eu presumo que você não acreditou. – Tadashi balançou a cabeça em negação. – Por favor assista a uma gravação que tenho para lhe mostrar.

Antes que Tadashi perguntasse mais alguma coisa, uma imagem de seu quarto apareceu na barriga de Baymax e o homem decidiu assistir sem comentar nada.

– Tadashi – A voz do vídeo era de Baymax.

Alguns segundos se passaram e a voz de Hiro pôde ser ouvida.

– Quê?

– Tadashi. – Baymax repetiu.

– Ele foi embora. – Hiro apareceu no campo de visão do robô andando em direção ao quarto do irmão.

– E quando ele volta? – O garoto fechou a placa que separava os dois quartos.

– Ele morreu, Baymax. – Ele murmurou, sua voz carregada de tristeza.

Tadashi ficou em choque, não se atrevendo a desgrudar os olhos da tela. Foi isso o que aconteceu no pesadelo de Hiro? Foi tudo real?

– Tadashi estava bem de saúde. – Baymax comentou – Com alimentação e exercícios, deveria ter uma vida longa.

– É. – O garoto respondeu e apoiou sua mão no encosto da sua cadeira. – Sei disso. Mas teve um incêndio... E ele morreu.

O irmão mais velho queria abraçar o Hiro da tela e dizer que não, ele não tinha morrido, estava tudo bem. Seu irmãozinho não deveria estar com essa cara, não por causa dele.

– Tadashi está aqui. – O robô manifestou-se, mas logo foi cortado por Hiro.

– Não. – Ele virou para a máquina – Todo mundo vem com esse papo furado. Que ele tá vivo na lembrança...

Hiro sentou-se na cadeira e qualquer um perceberia o grande cansaço que ele estava sentindo, tanto fisicamente quanto emocionalmente.

– Dói muito... – Ele murmurou.

O vídeo parou com a cara desanimada de Hiro na imagem, e Tadashi colocou a mão na tela, querendo acariciar o rosto de seu irmãozinho. Tudo o que ele queria agora era beijar todos os cantos de seu rosto e pedir o máximo número de desculpas.

Mesmo com todas as perguntas que corriam em sua mente (Aquilo era real? Tinha acontecido mesmo? Como Baymax sabia daquilo?), Tadashi só pôde perguntar:

– Tem mais?

Baymax virou sua cabeça para o lado e piscou, como se estivesse perguntando o que ele queria dizer.

– Tem mais vídeos assim? – Tadashi explicou e encarou o robô.

– Afirmativo. – Ele respondeu – Mas não posso mostrar mais do que isso.

– Quê? Como assim? – O jovem segurou os braços de Baymax – Baymax, me mostre mais. Eu quero saber o que aconteceu-

– Hiro me proibiu de mostrar quaisquer gravações que aconteceram durante os nove meses. – Baymax interrompeu, e Tadashi sentiu vontade de gritar.

– Baymax, você tem que me mostrar. – Ele balançou o corpo do robô para enfatizar sua frase – Isso é uma ordem.

– Hiro é o meu principal paciente. – Baymax encarou o homem – Minha prioridade. Desculpe, Tadashi.

Tadashi gemeu frustrado. Ele considerou por um momento retirar o chip de Baymax, mas este não iria permitir.

De repente a cabeça do robô ergueu subitamente, como se alguma coisa o tivesse chamado a atenção.

– Oh.

– Baymax? O que foi? – Tadashi tentava focar a atenção da máquina em si. – O que aconteceu?

– Meus sensores indicam que Hiro não está mais presente.

Tadashi sentiu seu sangue congelar.

– O que isso quer dizer?

– Hiro não está mais aqui.

–-

Megabot era carregado pela pequena mão de Hiro, que andava pelas ruas vazias de San Fransokyo. A primeira intenção do garoto era dar um passeio para esquecer sobre o que tinha acontecido, porém não pôde ignorar quando foi informado de outra robô-luta acontecendo naquele exato momento.

Dizer que Hiro gostava de se meter em encrencas era uma compreensão.

Não demorou muito para os idiotas caírem no olhar inocente do garoto e aproveitar a oportunidade para “enganar” Hiro. Entretanto, é claro, o menino arrasou com seu Megabot, o que resultou em muita grana para Hiro e três grandalhões nervosos na sua cola.

– Ei, pessoal... – Ele tentava conversar com os brigões para tentar ganhar tempo. Agora seria a hora perfeita para Tadashi aparecer, ele pensou. Mas infelizmente, aquilo não iria acontecer. Não dessa vez. – Vamos conversar um pouco... Esquecer isso...

Hiro calou a boca quando recebeu um soco de um dos grandalhões e caiu no chão por causa do impacto. Ele passou a palma da mão na boca e viu sangue. O garoto olhou para cima e observava assustado enquanto mais homens o encurralavam.

Aquela ia ser uma longa noite.


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Notas finais do capítulo

oh god o que eu fiz... pobre tadashi ;--;
escreva um comentário e ganhe um biscoito (* --*)/