Mais uma chance escrita por Carcata


Capítulo 2
Não vou desistir de você


Notas iniciais do capítulo

baymax faz sua primeira aparência e o modo "irmão-mais-velho-super-protetor" é ativado ;u;



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Fazendo esforço para abrir os olhos, a visão de Hiro estava embaçada. Então ele fez uma careta e fechou suas pálpebras por causa da luz. Depois tentou de novo e percebeu que estava em um hospital. Sua jaqueta azul fora substituída por um tecido muito mais liso. A cama era macia e quase tudo no quarto era branco.

Então notou que estava usando uma máscara de oxigênio, o que o deixava desconfortável. Virou para seu lado esquerdo e viu Tadashi dormindo calmamente em uma das cadeiras e sua mão estava segurando a de Hiro. O coração do menor se encheu de culpa quando viu as olheiras do irmão.

Ele tentou se sentar sem que acordasse o mais velho, porém fracassou quando uma série de tosses veio. Tadashi acordou na hora e observou seu irmão acordado. Os olhos dos dois se encontraram e Tadashi não conseguiu conter um sorriso.

– Hiro! – O estudante não hesitou em abraçar seu irmão mais novo enquanto as lágrimas escorriam. – Você acordou! Você ta vivo! – Ele ria alegremente.

Hiro ainda estava tentando processar o fato de estar num hospital, mas aceitou o abraço de bom grado.

– Os médicos não tinham certeza se você iria acordar, porque não sabiam o que tinha acontecido com você. – Ele murmurou com a voz aflita e começou a afagar o cabelo de Hiro. – Eu estava tão preocupado...

Depois Tadashi quebrou o abraço e beijou a testa do menor, que começou a ficar preocupado. Nunca tinha visto tanto medo nos olhos de Tadashi.

– Eu pensei que tinha te perdido. – O mais velho começou a chorar de novo e Hiro tentou ignorar o nó na garganta.

– Bem, você não perdeu, nerd. – Ele tentou consolá-lo e notou que sua voz estava mais rouca do que nunca. – Vai ter que me aguentar por mais um tempo.

Tadashi deu uma risada e acariciou o rosto de Hiro com um olhar sereno.

– Eu nunca vou desistir de você.

Hiro engoliu em seco, pois era isso que provavelmente aconteceria se Tadashi tivesse sobrevivido ao acidente. Ele estaria no hospital e o menor estaria chorando de alegria que nem um idiota.

– Ugh, se eu soubesse que você ficaria tão meloso assim nem falaria nada. – Ele tentou deixar a tensão mais leve.

Para irritar Hiro ainda mais Tadashi começou a beijar o rosto de Hiro em vários lugares.

– Ewww! Germes de nerd! – O menor tentava se livrar dos ataques de amor do irmão, mas seus esforços foram inúteis.

O mais velho riu outra vez e percebeu quando Hiro deixou escapar um bocejo.

– Vamos, cabeção, hora de dormir. – Ele esperou o mais novo deitar de novo para cobri-lo com os cobertores. Não muito tempo depois o garoto já estava dormindo e Tadashi pegou a máscara de oxigênio e a posicionou no rosto de Hiro.

–-

Já tinham se passado algumas horas e Hiro ainda estava dormindo calmamente. Tadashi contou para todos que o garoto tinha acordado e tia Cass ficou louca para vê-lo, mesmo que ele não estivesse acordado. A tensão do hospital ficou bem mais leve quando todos souberam que o menino estava bem. Algumas enfermeiras vieram para verificar a saúde de Hiro (que não acordava de jeito nenhum) e concluíram que não havia nada de errado. Tadashi deixou escapar um suspiro de alívio e ficou no quarto com Hiro pelo resto da tarde.

Ao cair da noite o mais velho estava preso em pensamentos e segurava a mão de seu irmãozinho quando começou a ouvir discussões do outro lado da porta. Decidiu ignorar até ouvir a voz de tia Cass. Ele fez uma careta e foi ver o que estava acontecendo, pois Cass não ficava brava por nada.

Quando abriu a porta do quarto e fechou para que seu irmãozinho dorminhoco não acordasse, Tadashi observou sua tia Cass ameaçando um policial com sua bolsa.

– Eu juro que se você não deixar esse hospital agora eu vou-

– Tia Cass! – Tadashi tentou não gritar muito alto.

Ambos viraram na direção do jovem.

– Ah, Tadashi! – Cass abriu um sorriso. – Como Hiro está?

– Ele está acordado? – O policial perguntou.

– Hiro está... dormindo. – Tadashi fez questão em enfatizar a palavra. – Então sugiro que fiquem quietos.

Ele não se importava se tivesse sido rude com um policial ou tivesse magoado tia Cass. Seu precioso irmãozinho precisava do descanso e se alguém sequer ousar a perturbá-lo iria se ver com ele.

– Preciso fazer algumas perguntas a Hiro Hamada. – O policial ignorou Tadashi e estava prestes a entrar no quarto quando Cass o interrompeu.

– Ele está dormindo, pelo amor de deus! Vou ter que chamar uma enfermeira, é isso?!

– Tia Cass?

A voz quase inaudível de Hiro veio do outro lado da porta e Tadashi limitou um gemido. Hiro quase nunca conseguia dormir direito quando estava em casa por causa da apresentação, e agora nem no hospital conseguia descansar.

– Ótimo, está acordado. – O policial entrou no quarto e Tadashi tentou conter a raiva que estava crescendo dentro dele.

Cass e Tadashi também entraram e viram Hiro sentado na cama bocejando e com seus cabelos mais bagunçados do que antes. Tia Cass estaria apertando suas bochechas por parecer tão fofo se não estivessem em um hospital.

– Vou precisar ficar a sós para começar a interrogação. – O policial declarou.

Cass estava a ponto de protestar quando Tadashi a levou para fora do quarto e fechou a porta. Ele estava com raiva também, mas sabia que era necessário. Felizmente aquilo não demoraria muito e logo estaria com Hiro novamente.

–-

– O que você estava fazendo quando o fogo começou? – O policial começou a anotar algo em seu caderno.

– Procurando minha mochila. – Hiro respondeu tentando não soar incerto. Já estava nesse interrogatório por alguns minutos e tudo o que ele queria agora era ver Tadashi.

O policial arqueou uma sobrancelha.

– Tinha uma coisa importante lá dentro. – Ele voltou a explicar.

– O que tinha lá?

– Meu neuro-transmissor.

Surpreendentemente o policial não perguntou mais nada sobre esse assunto.

– Qual é a única coisa de que você se lembra? – O garoto franziu as sobrancelhas tentando pensar.

– Não muito. Estava tudo embaçado. Só me lembro de correr por algum tempo e depois desmaiando. – Não era verdade. Ele se lembrava muito bem de Callaghan carregando seu neuro-transmissor, mas o policial não precisava saber disso.

– Você tem alguma ideia de como sobreviveu? – Hiro suspirou e balançou a cabeça em negação. Essa era uma das únicas perguntas que conseguiu responder honestamente. Também queria muito saber como conseguiu escapar daquele inferno. Obviamente alguém o salvou.

– Tinha mais alguém com você?

Hiro engoliu em seco.

– Não.

O policial anotou mais alguma coisa e depois guardou o caderno. Em seguida foi até a porta e a abriu.

– O interrogatório acabou.

Quando viu Tadashi e tia Cass entrando no quarto Hiro soltou um fôlego que não sabia que estava segurando. Cass deu um abraço apertado e seu irmão bagunçou seu cabelo. Os três conversaram animadamente até Hiro exclamar que estava com fome, fazendo Cass sair para comprar algo na cantina.

Eram só Hiro e Tadashi agora.

– As enfermeiras disseram que amanhã cedo já pode ir pra casa. – seu irmão disse com um sorriso no rosto. Então Hiro segurou a camisa de Tadashi, chamando a atenção dele.

Hiro o fitou com olhos incertos, fazendo com que Tadashi ativasse seu modo irmão-mais-velho-super-protetor.

– Hiro, o que foi? – Ele perguntou colocando uma mão no ombro do outro.

– Preciso falar com você depois. É assunto sério. – Hiro respondeu com a voz mais firme que conseguiu.

– O que aconteceu? – E então os olhos do mais velho se encheram de fúria. – Aquele policial te machucou?

– Não, não é isso, idiota! – O menor sussurrou aflito. – É algo muito mais importante que isso.

Isso só fez a ansiedade de Tadashi aumentar. O que era mais importante que a segurança de seu irmãozinho?

– É sobre o que então?

Hiro apertou mais forte a camisa do mais velho, ação que não passou despercebida por Tadashi.

– Callaghan.

O maior arregalou os olhos e tentou ignorar o sentimento de dúvida que começava a aparecer.

– O que tem ele?

Antes que Hiro pudesse responder tia Cass apareceu com uma sacola na mão e um sorriso no rosto, e ambos tentaram disfarçar o fato de que não estavam tendo uma conversa super importante. Os irmãos trocaram olhares de vez em quando e Cass não parava de tagarelar.

Algum tempo depois o horário de visitas havia terminado e os dois adultos tiveram que sair do quarto, deixando Hiro sozinho para pensar. Ele estava incerto quanto a contar para Tadashi sobre Callaghan, mas agora que tinha falado aquilo não havia mais volta. Quando seu irmão chegasse amanhã exigiria respostas o mais rápido possível. A questão é: até quanto Hiro poderia contar para ele?

É claro que confessar sobre o que aconteceu no seu “pesadelo” estava fora de questão, então ele decidiu contar somente o que tinha acontecido no prédio.

O que era mais estranho era o fato de Hiro ter sobrevivido. Tadashi disse que ninguém sabia como isso tinha acontecido. Depois que o fogo sumiu os bombeiros o acharam desmaiado em um dos laboratórios. Ele fez milhares de cálculos e hipóteses e concluiu que a única maneira de ter conseguido sair com vida era que Callaghan o tinha salvado.

O que não fazia o menor sentido, pois da última vez que o professor estivera em uma situação daquelas fora com Tadashi, e ele o deixou morrer.

Havia algo errado.

Desde que acordara dias atrás ele tinha a sensação de que tinha voltado no passado, o que fazia sentido, se parasse para pensar. Mas esse pequeno detalhe fez o garoto duvidar de tudo o que tinha certeza. Por que Callaghan não tinha deixado Hiro para morrer, como fez com Tadashi?

–-

Tadashi mal conseguiu dormir devido a curta conversa que teve com seu irmão no hospital. Todos os alunos da faculdade lamentaram a morte de Callaghan, inclusive Tadashi. Mas ele também lamentou a morte de Hiro, e minutos depois ele recebeu uma ligação do hospital explicando que seu irmãozinho estava vivo, o que parecia impossível. Será que tinha acontecido algo parecido com o professor? O que Hiro sabia?

Mesmo desesperado por respostas, ele esperou Hiro decidir contar para ele quando estiver pronto. A última coisa que queria para o garoto era que se sentisse pressionado, então no dia seguinte quando Hiro voltou para casa ele deixou seu irmão descansar em paz e decidiu ir para a escola e dar as boas notícias aos seus amigos.

Hiro encarava o teto pensando no que iria fazer de agora em diante. Ele viveria normalmente como se os nove meses mais significantes de sua vida nunca tivessem acontecido? E quanto à Callaghan? Iria atrás dele como foi da última vez?

Ele gemeu frustrado. Nem sabia se essa realidade era real. E se fosse estivesse vivendo tudo um sonho? Então uma idéia apareceu em sua mente e ele virou para a caixa vermelha onde Baymax estava.

– Ai. – Ele falou alto.

Baymax começou a encher e então saiu da caixa e veio na direção de Hiro.

– Olá, eu sou Baymax. Seu agente pessoal de saúde. – Ele fez um pequeno aceno com sua mão robótica. – Estou detectando emoções negativas vindas de você, Hiro. Qual é o problema?

– Ah, não é nada não, Baymax. Só estou tendo um dia cheio. – Hiro suspirou e formou um punho com sua mão na frente de Baymax. – Bate aí.

Essa seria a última esperança de Hiro. Se tudo isso o que ele passou nos nove meses foi tudo um sonho...

Baymax piscou por alguns segundos e depois bateu no punho de Hiro com o seu.

– Bah-la-la-la-la-la – O robô afastou sua mão e fez o movimento com os dedos. O garoto arregalou os olhos e abriu um sorriso.

– Wow! Isso é demais! Você se lembra! – Ele começou a pular de alegria, e depois parou. – Espera, como você se lembra?

– Minha memória de base não está danificada. – Baymax começou – Porém meu senso de tempo não parece correto.

– C-Como assim?

– Meu chip indica que estamos exatamente nove meses e quinze dias atrasados. Irei consertar isso imediatam-

– Wow, wow, wow! – Hiro agarrou a cabeça do robô para chamar sua atenção. – Não, não faça isso. Sua memória vai apagar. E como assim estamos atrasados? Nós voltamos no passado?

Baymax piscou por mais alguns segundos.

– Afirmativo.

Hiro podia jurar que suas pernas viraram geléia.

– Isso não faz sentido! – Ele tentava se apoiar em Baymax para não desmaiar – Então quer dizer que eu estou mais novo? Minhas células rejuvenesceram?

– Afirmativo.

Hiro tentou controlar a respiração.

– Nós... Nós temos que voltar. – Ele murmurou mais para si mesmo. Porém não sabia se era isso o que realmente queria. Ele tinha Tadashi vivo nessa realidade, mas tudo não parecia certo. Ele não pertencia a esse mundo. Ele era um gênio pré-adolescente de San Fransokyo que já tinha tolerado a morte de seu irmão.

Encarado com uma situação como essa que não sabia resolver, Hiro fez a única coisa que conseguia. Ele começou a ter um ataque de pânico.

– Não, isso não pode estar acontecendo! – Ele andava pelo quarto com a mão nos cabelos e lágrimas nos olhos – O que eu vou fazer, o que eu vou fazer?!

– Hiro, acalme-se. Você está tendo um ataque de pânico.

– Não to nem aí! – Ele gritou e começou a respirar pesadamente – Eu tô tão ferrado...

Baymax virou para abraçar o corpo trêmulo de Hiro e afobou sua cabeça.

– Acalme-se.

Depois de um tempo Hiro limpou as lágrimas e agradeceu o robô.

– N-Não conte isso pro Tadashi, por favor.

– Como quiser.

–-

– Tadashi.

O jovem olhou por cima do seu livro para encontrar seu irmão aflito encarando o chão.

– O que foi? – Ele perguntou preocupado e deixou o livro na escrivaninha ao lado.

– Você... Sabe se ainda temos algum microbô? – Tadashi arqueou uma sobrancelha e abriu uma das gavetas da escrivaninha. Em seguida ele pegou um microbô e jogou para Hiro, que conseguiu pegá-lo.

– Por que a pergunta? – O mais velho quis saber e observou seu irmão colocar o robô em uma placa de petri.

– Bem que eu imaginei... – Ele ouviu Hiro murmurar para si mesmo.

– Ei, cabeção. – Tadashi foi em direção ao seu irmão e estalou os dedos na frente dele para chamar sua atenção. – O que você ta murmurando aí?

– N-Nada não. – Ele evitou os olhos do mais velho e este percebeu o microbô se mexendo dentro do vidro.

– O que é isso? – Tadashi pegou a placa de petri e observou o mini robô tentando ir a algum lugar.

– Deve tá quebrado. – Hiro tomou a placa da mão dele.

– Não. – Seu irmão corrigiu – Parece que ta querendo ir a algum lugar. – E então Tadashi notou o rosto de Hiro ficar pálido.

– Ei, o que foi, Hiro? – Ele colocou a mão no queixo do mais novo para que prestasse atenção em Tadashi – Você tá estranho desde que chegou em casa.

Hiro encarou Tadashi com o olhar mais frio que conseguiu.

– Não é nada. – Ele tirou a mão de Tadashi em seu queixo – Me deixa em paz.

E com isso ele virou-se para pegar sua jaqueta azul, tentando ignorar o olhar aflito do irmão.

– Você vai aonde? – Tadashi perguntou desconfiado.

– Sair.

– Com o microbô?

– Sim.

– Eu vou com você.

– Não vai não. – Ele se virou e encontrou Tadashi atrás dele, com um olhar determinado no rosto.

– Vou sim. – O mais velho insistiu e pegou o microbô que Hiro estava segurando. – Você quer descobrir onde esse microbô quer ir, não é? Eu te ajudo. Vou buscar o Baymax.

– Tadashi, você não vai comigo. – Hiro falou tentando esconder o medo da sua voz. Ele tinha acabado de salvar Tadashi do incêndio, ele não iria correr perigo outra vez. O garoto se lembrava do que tinha acontecido naquele prédio abandonado e não foi muito divertido.

– Hiro, eu não vou deixar você sair sozinho, não depois do que aconteceu no Instituto. – Tadashi declarou sério e o menor mordeu os lábios. – E você não vai me impedir.

Hiro suspirou.

– Tá bem.


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Notas finais do capítulo

não sei quando eu vou postar de novo, provavelmente semana que vem, então vai demorar. Mas não pretendo abandonar a fic e.e
Se tiver algum erro me avise plz
comentários são bem vindos ;u;



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