Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 3
Sotaque do Texas


Notas iniciais do capítulo

AMOREEEEEEEEES
eu ia postar isso na quinta (hoje é domingo) porém as chuvas de SP (onde moro) me ferraram. Meu PC queimou a fonte e meu modem também queimou, então fico sem internet e computador. To agora na casa da minha tia, mas com sorte nossa, eu passei todos os capítulos já escritos de EV pro meu facebook UM DIA ANTES da chuva queimar tudo. EXTOU CHOUCADA, GRATA A DEUS PELO DESTINO.
Graças a isso, mil desculpas pela demora em responder os comentários. Não foi minha intenção.

Agora, vamos ao capítulo, um que eu AMEI escrever por motivos de Haymitch, Johanna e Katniss dividindo mesmo andar e a relação entre os três, principalmente Haymitch e Katniss. Sem contar que esse é um passo crucial para fic (afinal, da como vcs acham que Haymitch ia estar "crente que sua morte estava próxima" como dita na sinopse, hm? ahahahah )



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— Então Haymitch, você tem uma divida conosco!

Haymitch apenas assentia. Cacete! Pensava. Eu estou morto. Eu vou morrer assim. Que porra de morte. Gritos cada vez mais altos eclodiam em seu pobre apartamento. Eu vou morrer nessa merda, pensava Haymitch. Então aquele cara gigante com jaqueta de couro marrom colocava sua cabeça novamente na banheira com gelo, perguntando em uma língua estrangeira qualquer merda que Haymitch não sabia responder, mas sabia ao que se referia.

Antes tivesse ficado no Texas. Antes tivesse ficado na porcaria daquela merda de Texas!

Barulhos mais altos, gritos soavam no apartamento 123 do 12° andar daquela merda de prédio, quando a porta do apartamento foi chutada e tudo que se poderia ouvir eram gritos femininos urgentes e exasperados.

— Larguem ele! Eu não tô afim de explodir a cabeça de vocês! — Ouve-se dizer a garota de trança lateral e olhos cinzentos com uma Winchester na mão, sabendo muito bem como utiliza-la. Ao seu lado, outra garota de cabelos marrom e vermelhos com franja sobre a testa e com uma barra de ferro levantada estava pronta para o abate.

— Vai ser igualzinho bater em um dos Zombies de The Walking Dead. — Disse a garota. — Larguem esse bêbado desgraçado, e saia do apartamento como se tivesse entregado comida chinesa e recebessem uma bela gorjeta em troca. Agora!!

Os bandidos – ou seja lá o que eles são – estavam desarmados. Claramente, foram visitar Haymitch apenas pra dar uma apavorada. Olharam as duas garotas, e o estado de Haymitch, e viram que era bom o suficiente. Colocaram as mãos para cima diante da arma da garota, e antes de sair do banheiro e do apartamento, o alto da jaqueta marrom fez questão de enfezar:

— Três meses, Haymitch. Três meses ou sua cabeça.

Os três agressores abandonaram o apartamento como se tivessem entregado comida chinesa e recebido uma bela gorjeta em troca.

— Puta merda, Haymitch! — Gritou Johanna, a garota da franja com barra de ferro nas mãos. — Que porra! Ouvimos gritos e corremos pra cá! Que merda você fez, Texas? Você comeu a filha de quem?

Katniss, a garota com Winchester nas mãos, largou a arma próxima à privada e segurou-o pelos braços, carregando-o até a sala. Não pronunciou uma palavra, mas a quantidade de palavrões soltos e repetidos em sua cabeça dava uma ideia do quanto ela estava apavorada e possessa com Haymitch.

— Quem eram aqueles caras? — Perguntou Katniss, jogando-o de qualquer jeito no sofá logo em seguida. — Merda, Haymitch! Podemos ser expulsos desse prédio só por essa gritaria toda! E se pegarem minha Winchester? Caralho Haymitch, você fudeu tudo hoje!

— Calem a boca, por favor... — Resmungava Haymitch, ainda se recuperando do baque. — Por dois... malditos... segundos.

— Quem eram aqueles merdas? — Perguntou Johanna, ao lado de Katniss, frente ao sofá onde Haymitch fora jogado.

— Acho que eles eram um lembrete da máfia cubana. Tenho uma divida com eles.

— Uma divida? — Katniss Arregalou os olhos e elevou a voz, furiosa. — De quanto, Haymitch?

— Talvez... Uns 20 mil dólares, eu nem lembro mais, bebi pra cacete naquele cassino clandestino.

Isso foi o suficiente para Katniss dar um tapa na cara de Haymitch, que o fez ficar atento e submisso as duas garotas a sua frente.

Katniss Everdeen e Johanna Mason eram as únicas vizinhas de Haymitch. Moravam no apartamento da frente, no 124, e não havia mais inquilinos no 12° andar. Talvez, pela fama não muito boa de seus três únicos moradores: Haymitch um professor bêbado e mal humorado, Katniss e Johanna doces como limão e delicadas como coice. Talvez, somente por isso, eram as únicas capazes de lhe dar com Haymitch, e vice e versa. Johanna era natural de Nova York, e fora aluna de Haymitch no ensino médio, mudando-se para seu prédio quando esta completou 18 anos, em uma infeliz coincidência. “Oh não, professor Texas, vou ter que ver sua carinha linda todo santo dia?” Resmungou Johanna, enquanto carregava suas caixas para dentro do apartamento 124. “Cheguei aqui primeiro” foi tudo o que Haymitch respondeu.

Já com Katniss Everdeen, as coisas foram mais claras. Filha de seu melhor amigo, sendo assim sua afilhada, Katniss saiu de Nebraska para usufruir de sua bolsa de estudos de direito em Columbia, Nova York. Um mês depois de chegar na cidade que nunca dorme, Katniss já havia transferido seus pertences para o apartamento de Johanna, que havia se tornado sua melhor – e provavelmente única – amiga.

E lá estavam as duas defendendo a pele dele e assistindo antecipadamente sua futura morte.

— Oh, Texas. — Lamentou Johanna, que chama Haymitch de Texas sempre que podia. — Você está morto. Mal pagamos o dinheiro dessa porcaria, quanto mais juntaremos vinte mil.

— Mas vamos tentar, não vamos? — Contrapôs Katniss, tentando soar firme. — Nós vamos achar uma saída, Texas. — Haymitch sorriu ao ver a filha de Leroy Everdeen roubando o apelido que apenas Johanna usava.

— Texas é o seu pai, Nebraska. — Respondeu Haymitch, com meio sorriso no canto da boca, usando também o apelido que Johanna dera a Katniss. Tarde demais para tentar fazer uma piada, no entanto. Katniss estava verdadeiramente mal humorada.

— Meu pai era Dallas. — Respondeu, dando ênfase no “Dallas”, pegando a sua arma do banheiro imundo e saindo do apartamento, deixando Johanna cuidando dos ferimentos de socos e cortes que Haymitch tinha no rosto.

— Você a deixou mal. — Sussurrou Johanna, com um pano estocando o sangue do nariz de Haymitch.

— Eu não sabia que ainda existiam pessoas que se importavam comigo.

De fato, era. Não havia pessoas – até aquele momento, além de Katniss e talvez, Johanna – que se importassem ou precisassem verdadeiramente de Haymitch. Johanna nutria um sentimento companheirismo por ele – já vivera até ali com sua insuportável presença e se acostumara. Agora o maldito deixaria um vazio do nada. Já com Katniss, é muito pior. É mais intimo. Mais pessoal.

Seu pai e Haymitch – que na época havia abandonado o colégio – foram para um festival no Kansas que prometia ser a versão Heavy Metal de Woodstock, em pleno final dos anos 80, mais precisamente em 1989. No Kansas, Leroy conheceu Clara e caiu perdidamente por ela. A partir dali, prometeu segui-la para onde fosse, e cumpriu a promessa, mudando-se para o estado da moça, Nebraska. Tiveram Katniss em maio de 1990, que hoje, com 25 anos, é formada em direito e está no momento digerindo a informação que a pessoa mais próxima de seu pai, de seus costumes e Texas está prestes a morrer. “Se você for para Nova York, ligue para Haymitch e peça ajuda. Sei que ele se mudou pra lá e você é minha filha! E se ele não tivesse me arrastado para o Kansas, jamais conheceria sua mãe”. Seu pai lhe disse, crente de que sua filha mais velha seria a melhor advogada do país.

Leroy faleceu dois anos depois, num acidente na fabrica onde trabalhava. Haymitch se recusou a pisar em Nebraska para se despedir do amigo, uma vez que nunca pisara lá para visitá-lo. Foi a pior noticia que ele recebera nos últimos tempos.

O sotaque de Haymitch a lembrava vagamente do sotaque de seu pai.

Seu pai e eu tínhamos 16 anos, e eu já havia abandonado a escola. Mas aquele maluco era o melhor aluno que eu conhecia. Ainda me choca lembrar que ele realmente largou tudo com 17 anos e foi pro Nebraska. Ter você com 18 foi o maior perrengue da vida dele, mas ele te amou e amou Clara e amou Primrose pra caralho”. Foi o que Haymitch disse a Katniss quando ela voltou do enterro em Nebraska para terminar os estudos em Nova York.

Primrose, sua irmã, tinha 13 anos de idade quando perdeu o pai.

Katniss retornou ao apartamento de Haymitch e se postou frente a ele e Johanna, um tanto vermelha e alterada.

— Eu sou uma puta advogada. — Começou a se pronunciar. — Não tenho clientes ainda e trabalho naquela merda de escritório, mas sei que vou arrumar algum politico imbecil ou atleta idiota e defende-los no caso de pensão ou merda assim. Talvez até um assassino. — Ela mirava Johanna e Haymitch intensamente. — Eu só sei que eu vou arrumar a droga de um imbecil que vai me pagar 20 mil dólares em algum caso. Além do mais, eu sou de Nebraska, cacete. Resolvemos as coisas de outro jeito lá. E meu pai? Ele era do Texas. E você, Texas, você só vai se dar ao luxo de morrer se eu for te matar, entendido? Ótimo.

Katniss deu de costas novamente e voltou para seu apartamento, dessa vez, para se trancar lá de vez e não sair até o dia seguinte, já que tinha que trabalhar o dobro pra manter o sotaque do Texas próximo a si.


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Notas finais do capítulo

eai? gostaram? me digam! :D