What If...? escrita por Miss Daydream


Capítulo 6
Capítulo 6 - Representante na berlinda


Notas iniciais do capítulo

Os comentários de vocês me inspiram tanto que eu acabo postando rapidinho hehe
Reconhecem o título? A criadora original dele é a Peggy, quando faz uma piada maldosa sobre o Nathaniel virar matéria no jornal haushausu
Nos vemos lá embaixo



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O que eu não esperava era encontrá-lo por aqui também.

Sinceramente, imagine a coisa mais impossível de todas. Agora multiplique por mil duzentos e quarenta e sete. Multiplicou? Bem, isso não foi nem metade da surpresa e frustração que eu senti ao entrar na boate mal iluminada e encontrar Nathaniel lá dentro.

Nathaniel e Armin. Sério, o que está acontecendo com as pessoas? Daqui a pouco vão começar me encontrar na sala do grêmio.

Eu combinei com Lysandre de ir esfriar a cabeça numa das boates perto da escola. A aula começava mais tarde no dia seguinte, então não achei que ia ter problemas como há alguns dias atrás. Tomei um banho e me troquei, colocando minha preciosa jaqueta de couro e meus fiéis coturnos.

Nathaniel não apareceu desde nossa última conversa no telhado, e confesso que fiquei muito grato por isso. O clima não era um dos melhores, e tudo parecia muito pesado.

Claro que eu só consegui colocar a cabeça no lugar de verdade quando toquei minha amada guitarra vermelha. As notas fluíam naturalmente e a melodia fazia tão bem para meus ouvidos que pensei que isso deveria virar tratamento médico oficial, porque nada funcionava melhor do que aquilo.

Lysandre bateu na porta do quarto e eu abri, pegando somente minha carteira e as chaves.

– Ah, ufa – ele disse meio envergonhado – Achei que ia ter que passar vergonha novamente. O pessoal deste andar deve estar com um pouco de medo de mim, porque vim batendo em todas as portas desde o início do corredor, até achar a sua. Aposto que se me encontrarem amanhã a primeira coisa que pensarão é: “Olhem, o maníaco do bloco de notas!”

Eu ri um pouco e logo nós dois estávamos caminhando silenciosamente ao local.

Encontramos Rosalya e Leigh, o que deixou Lysandre muito surpreso mesmo. Leigh alegou que Rosa gostava da ideia de dançar com ele sob as luzes malucas da boate, e ele aceitou de bom grado, achando que ia fazer bem ao namoro.

Entramos depois de um tempo, porque conseguimos lugar na fila atrás de Rosa e Leigh, que eram os próximos. O local era abafado e escuro, tinha uma banda tocando música ruim e gente suada para todo o lado. Mas eles vendiam bebida alcoólica para menores, então estavam parcialmente perdoados.

Assim que entramos, avistei duas cabeças loiras muito conhecidas no meio da multidão, e suspirei resignado.

– Castiel! – Elizabeth gritou, girando em seus calcanhares e fazendo o vestido preto balançar. Ele usava uma meia calça grossa e o cabelo estava preso em uma trança bagunçada. – Não esperei encontrar você por aqui!

– Nem eu a você – eu confesso – E muito menos ele. – apontei para Nathaniel, que vestia a típica camisa social com a gravata azul, e me olhava com preguiça

– Eu sei! Nem acredito que consegui convencê-lo! – ela deu um tapinha no braço de Nathaniel que riu sem graça – E você nem viu nada! Armin também está aqui.

– Armin?! – exclamei surpreso. Estou acostumado a ver Alexy em lugares como este, mas nunca imaginei que veria seu gêmeo sem um console portátil na mão

– Eu mesmo! – o garoto de cabelos negros bagunçados apareceu sorrindo descontraído – Eu tinha que ver Nathaniel na balada com meus próprios olhos!

– Não fale como se essa fosse minha primeira vez num lugar como esse... – Nathaniel resmungou

– E por acaso não é? – Lizzie riu da cara dele – Olhe só o jeito que você veio vestido!

– Eu ia falar pra ele, mas achei que ia ser mais engraçado ver o contraste que faz com as outras pessoas – Rosa riu também, agarrada a Leigh que olhava para Lysandre num pedido silencioso de socorro

– Pff... Tanto faz – soltei um muxoxo – Bom, divirtam-se aí e eu vou me divertir logo ali...

Puxei Lysandre comigo, porque não queria ficar sozinho, até o bar e pedi duas doses, as quais bebi rapidamente em um gole só.

– Tem que parar com isso, Castiel. – Lysandre disse em meio a música e eu quase não ouvi a voz dele – Vai acabar bem mal.

– Eu sou resistente ao álcool, você sabe disso – eu disse um pouco mais relaxado – Eu vim aqui para me divertir, não achei que o encontraria.

– É um lugar público – Lysandre disse imparcial

Sei que ele não teve a intenção de ofender, mas acabei ficando mais bravo do que deveria.

Uma garota de cabelos negros e corpo muito bonito veio em nossa direção, e eu sorri pensando que talvez ela me fizesse esquecer os meus problemas...

Que nada! Ela queria falar é com o meu amigo de olhos heterocromáticos!

– Vou indo, preciso de inspiração para minhas músicas – ele me deu um sorriso sacana e saiu com a garota

Sozinho, de novo. Abandonado pelo melhor amigo safado e tentando entender como eu fui acabar desse jeito.

E agora faz um tempo estou aqui, observando a tentativa ridícula de Elizabeth de ensinar Armin a dançar. É até cômico, ela Nathaniel e Armin. Os dois são completamente tímidos e travados, enquanto ela se solta como se pudesse voar.

Observo alguém passar com copos ao lado deles, e vejo Armin e Elizabeth aceitarem, eles fazem sinal para que Nathaniel pegue um também.

De inicio ele nega, mas depois de um tempo acaba aceitando a bebida, e eu encaro a situação com surpresa. Ele vira o copo e ingere o liquido dentro dele, engasgando e rindo logo depois.

A música mudou, e agora a considero até um pouco boa. Não é muito meu estilo, mas é bonita e suportável.

Observo Nathaniel encontrar um garoto de cabelos azuis no meio da multidão, provavelmente o Alexy, e eles se sentam numa mesa cheia de pessoas.

A maioria são garotas, muito bonitas por sinal, e elas olham para o menino loiro como se fossem devorá-lo. Os caras na mesa o cumprimentam, logo percebendo a ameaça eminente que ele é por ser tão bonito. Alexy pega mais um copo e o oferece a Nathaniel, que dessa vez aceita sem pestanejar.

Os dois viram o conteúdo de uma vez e dão risadas.

One, two, three,

One, two, three, drink

E lá se vai outro copo, no ritmo da música.

One, two, three,

One, two, three, drink

Mais um…

One, two, three,

One, two, three, drink

E mais outro.

Percebo suas mãos afrouxando a gravata e vejo sua expressão relaxada. Relaxada até demais, como a de quem já está completamente bêbado. Rio sozinho da fraqueza dele e então ele começa a se soltar no ritmo da música, levando uma das meninas com ele.

Ela sorri e se insinua o tempo todo, mas os olhos débeis de Nathaniel nem percebem isso. Ele mexe a cabeça graciosamente e balança o corpo já meio tonto. Ela se coloca na frente dele, se aproximando predatoriamente e eu o vejo rir.

A garota faz uma careta, e percebo que ela não sabia que ele estava bêbado. Talvez o deixe em paz.

Então ela sorri maliciosamente e o puxa pela gravata, selando os lábios com os dele. Eu observo a cena me sentindo um pouco estranho. Nem sei dizer o porque de minha atenção estar tão presa a ele, e acredito que é pelo fato de eu nunca tê-lo visto beijar alguém daquele jeito.

Eu percebo que ele está bem atrapalhado por causa da embriaguez, mas que sabe bem o que fazer quando a puxa pela cintura. Meu peito aperta e eu desvio o olhar para a mesa em que Alexy está, bem a tempo de ver um brutamontes chegando, se dando conta de algo e olhando ferozmente para Nathaniel e a garota que provavelmente é sua namorada.

Se o cara o pegar, Nathaniel vai apanhar bastante.

Ele poderia até se defender com todo aquele negócio do boxe, mas está tão tonto que percebo que mal se aguenta em pé. Observo-o tentar se desvencilhar da menina, que apenas se agarra mais a ele.

Decido fazer alguma coisa, porque isso pode acabar por me redimir por ter batido nele.

Levanto do banco do bar e ando o mais rápido que consigo por entre a massa de corpos suados e dançantes. Levo quatro ou cinco cotoveladas, mas acabo por avistá-los.

O cara gigante foi mais rápido que eu, e já segura Nathaniel pelo colarinho da camisa.

– Ah, é? – ele grita para um Nathaniel bem irritado – Então posso saber porque você agarrou a minha garota?!

– Eu não agarrei ninguém – ele retruca com a voz arrastada – Ela quem me agarrou.

– Que grande mentira! – a garota grita em resposta, fazendo cara de choro – Este troglodita me agarrou enquanto eu dançava!

– O único troglodita aqui é esse merda do seu namoradinho – Nathaniel nem parece pensar no que fala – Porque não fala pra ele me largar, já que foi você quem fez a besteira de traí-lo? Poxa, se você tivesse ao menos me avisado, eu teria tido um pouco de pena de te ajudar a colocar mais um chifre na cabeça desse esquentadinho.

O Nathaniel vai acabar cavando a própria cova, juro por Deus!

– Seu bastardo. Não fale com ela deste jeito! – o cara o levanta um pouquinho do chão – Me responda o que deu em você para agarrá-la contra a vontade dela!

O loiro ri divertido e sarcástico.

– Contra a vontade dela? – ele diz olhando maldosamente para o outro garoto – Se foi ela quem me agarrou, acho que não foi contra a vontade dela...

– Escute aqui, seu...

– Ok, ok já chega – eu me meto no meio, percebendo o que está prestes a acontecer – Escute, vamos conversar...

– Não se meta, você! – o brutamontes rosna – A conversa é entre eu e esse otário!

– Otário? – Nathaniel ri desajeitado – Cada coisa que eu tenho que ouvir... Pelo menos o Castiel é criativo.

Ele olha meio tonto em minha direção e sorri.

– Castiel! – ele diz percebendo minha presença só agora – Eu estava bem falando de você agora há pouco...

– Então, Castiel – o cara diz, me olhando com raiva – Saia daqui antes que sobre pra você. Seu amiguinho fez merda e vai ter que pagar as consequências.

– Não é culpa minha se você não sabe se garantir – Nathaniel ri da própria piada e a cara do garoto fica mais vermelha do que já estava

– Seu...

Eu me coloco entre dos dois, segurando Nathaniel pelo braço.

– Escute, ele está bêbado, não sabe o que fala e não pode se defender. – eu tento argumentar

– Devia ter pensado nisso antes de agarrar a namorada dos outros – o cara grita em resposta, avançando um pouco sobre mim

– Agarrar? – eu rio – Acho que foi um pouco ao contrário, ein? Escute, eu vi tudo e a sua garota estava se insinuando para ele de uma forma impressionante. Quem o agarrou foi ela, então não o culpe pelo fato de sua própria namorada não ter respeito nenhum a você, a culpa é completamente dela.

– Tirou as palavras da minha boca, Castiel! – Nate se apóia em mim e ri de leve

– Que absurdo este garoto está dizendo, Klaus! – a garota me olhou com raiva – Não vai me defender?!

– O que ele está dizendo é verdade...? – Klaus pergunta, perdendo um pouco a compostura – Me responde porra!

– O-o que? – ela sorri amarelo, indo na direção dele – O que te faz acreditar em uma mentira como essa?

Enquanto ela se coloca entre nós, indo conversar com o tal Klaus, eu percebo a oportunidade.

– Escute – eu falo perto do ouvido dele, para que ele consiga em ouvir acima da música – Essa é a nossa deixa. Se apóie em mim e vamos sair daqui de fininho...

– Ah! Esse é um ótimo plano Castiel! – ele me abraça pelo pescoço e fala gritando – Você tem ótimas ideias!

– Xiiu – eu digo tampando a boca dele com a mão livre – Fique quieto e nós saíremos daqui rapidinho...

– Certo! – ele diz, movimentando a boca na minha mão, sua voz saindo abafada

Seguro a cintura dele e o braço que se apóia em mim, andando o mais rápido que consigo com os passos em falso dele.

Não encontramos nenhum dos nossos amigos no caminho para fora do lugar, o que não deixa de ser um alivio, porque a situação é um pouco constrangedora.

Nathaniel sorri para todo mundo e responde a todas as provocações de meninas que recebe com uma piscadinha e um movimento de mão. Isso está me irritando tanto que piso no pé dele.

– Ai! – ele grita e olha irritado para mim – Ei, porque você fez isso?

– Cale a boca!

– Porque você sempre me trata desse jeito? – ele pergunta meio magoado. Ótimo, passamos da fase da inconsequência para a da sensibilidade... Como pode piorar?!

– Eu estou te ajudando, não estou? – falo para ele, sem olhar em seu rosto – Vamos andando para o quarto, preciso que você se concentre.

– Eu estou concentrado.

– Então para de fazer gracinha. – eu replico irritado, apertando a mão dele

– Você é tão careta...

Que ironia! Sinceramente? Eu poderia socar a cara dele agora mesmo se não estivesse tão concentrado em dívidas passadas.

Nós andamos cambaleando por dois quarteirões e logo avisto a escola. Nathaniel fica deitando a cabeça dele no meu ombro, e os cabelos loiros bagunçados fazem cócegas no meu pescoço. Toda a vez que eu começo a me sentir estranho, dou um solavanco com o ombro, fazendo-o erguer a cabeça e rir sem motivo nenhum.

Quando chegamos à entrada da escola, eu o sento no chão e olho diretamente nos olhos dele.

– Ei, olhe para mim – dou um tapinha no seu rosto risonho e vermelho – Agora é a parte mais difícil. Preciso que você use toda a sua força de vontade para ficar quietinho e andar em linha reta, sei que você consegue.

– Eu não acho... – ele diz meio débil, parece estar começando a voltar ao estado quase normal – Não acho que vou conseguir...

– Vai sim, confie em mim. – eu coloco o braço dele sobre meu ombro de novo

– Eu confio – ele diz cansado e dá impulso para se levantar

Vamos andando calados e em passos silenciosos até o dormitório. Se a diretora nos encontrar desse jeito, estaremos miseravelmente fudidos, por isso tento ser o mais discreto possível.

Apesar dos esforços, Nathaniel tropeça nos próprios pés o tempo todo e acaba rindo da própria sombra. Francamente, se aguentá-lo sóbrio já é um saco, imagine bêbado? Nada pior poderia ter acontecido...

Quando finalmente chegamos à porta do nosso quarto, eu quase ergo as mãos aos céus e agradeço. Apoiando-o sobre meu corpo, tento alcançar a chave no meu bolso de trás, falhando tão ridiculamente que tenho vontade de gritar. Se eu tentar pegá-la, vou deixar Nathaniel cair, e erguer ele vai ser uma tarefa impossível. Então lembro-me de uma coisa.

– Ei, Nathaniel – eu chamo e ele resmunga algo inteligível – Onde está a sua chave?

– Chave? – ele pergunta me olhando confuso, as pálpebras quase se fechando

– É, a chave do nosso quarto. – tento ser o mais paciente possível

– Ah, a chave! – ele ri – Está no meu bolso. Porque você a quer?

– Para entrar no quarto. – respondo olhando-o – Em qual bolso?

– No da minha camisa – ele apóia a cabeça no meu ombro de novo, caindo um pouco para a frente

Enquanto tento apoiá-lo com só uma mão e meu ombro cansado, tento encontrar o bolso da camisa dele sem olhar para baixo. Coloco a mão esquerda em seu pescoço, encontrando a gravata frouxa e a percorro mais ou menos até a metade com os dedos. Deslizo minha mão para o lado direito do peito dele, encontrando apenas o tecido macio da camisa e o ouço suspirar um pouco irritado. Percorro o caminho de volta, e dessa vez desvio minha mão para o lado esquerdo, e ela para acima do bolso. Não sei porque, mas a deixo um pouquinho lá assim que sinto as batidas tranquilas do coração dele, tão diferente do meu, que bate descompassado.

Enfio a mão dentro do bolso e encontro a pequena chave, tirando-a de lá e a segurando com firmeza. Abraço Nathaniel com força pela cintura e ele vira um pouco o rosto, de forma que sinto seu nariz roçar na curva do meu pescoço. Meu corpo se arrepia em resposta a isso e a todas as respirações dele.

Quando finalmente encaixo a chave, giro-a uma vez e giro a maçaneta. Mal percebo que o corpo de Nathaniel estava parcialmente apoiado à porta e ele cai para a frente, mas consigo segurá-lo enquanto bato a porta, fechando-a atrás de nós.

– Chegamos. – eu suspiro aliviado, e movo a chave do interruptor para cima, mas as luzes não se acendem – Nathaniel, você não falou com a direção sobre a lâmpada queimada?!

– Eu ia fazer isso, mas você decidiu desaparecer – ele resmunga contra o meu pescoço e eu sinto como se um choque percorresse o local

Pare com isso, Nathaniel!

Ando um pouco da porta até a cama dele, mas ele tropeça nos próprios pés e começa a desabar.

– Ei Nathaniel, calma! – eu digo alto, tentando acordá-lo – Nate, calma!

– Hm?

Minha jaqueta prendeu a um dos botões da camisa dele, e seu peso morto está começando a me vencer.

– Nathaniel vai com calma! – eu grito meio desesperado – Minha jaqueta... Nós vamos...!

Ele tropeça na cama dele, caindo sobre o colchão e me levando junto. Caio em cima dele sobre a cama, e bato meu queixo contra a parte superior da cabeça dele, seu rosto ainda escondido no meu pescoço.

– Ai! – protesto quando a dor invade meu rosto – Nathaniel, olha só o que você fez!

– Você caiu – ele ri sacudindo o corpo e eu me apoio nos meus cotovelos para enxergar o rosto dele

– Você também caiu – eu sorrio com a cena cômica. Ele me lembra uma criança que sabe que está fazendo algo errado, e sorri adoravelmente para mim, como se soubesse que eu não conseguiria não perdoá-lo.

Ele me olha de um jeito estranho e eu sinto minhas bochechas ficarem quentes. A sorte é que o quarto está escuro, tirando a pouca iluminação vinda da janela, e ele não pode me ver claramente.

– Porque você disse que foi ela quem me agarrou para aquele cara? – ele pergunta repentinamente, olhando para mim

– Eu não disse isso. – retruco tentando soltar o casaco

– Disse sim – ele ri – Disse que viu tudo – ele olha para o lado e então parece ter sido iluminado pela luz do reconhecimento, voltando a olhar para mim com os olhos arregalados – Você estava me espiando!

– Claro que não! – vou acabar arrancando este botão idiota...

– Estava sim – ele dá uma gargalhada que quase me faz rir também – Porque estava de olho em mim? Acha que não sei me cuidar?

– Eu não estava de olho em você, Nathaniel – eu digo olhando para a parede

Seu olhar recai sobre o meu pescoço e ele puxa a minha corrente prateada, segurando-a entre os dedos.

– Eu gosto tanto dessa corrente – diz meio perdido – Ela é tão legal...

– Ah é? – eu tento não me importar com o que está acontecendo

– É. – ele boceja e eu sinto seu hálito com cheiro de bebida – Eu estou tão cansado...

– Durma então, toma um banho gelado amanhã de manhã – eu tento não me perder no olhar dele, mas é uma tarefa meio impossível

– E eu posso fazer isso? – pergunta inocentemente, começando a fechar os olhos

– Pode – eu rio fraco e recomeço a tentar soltar minha jaqueta da camisa dele

– Obrigado Cassi... – ele fecha os olhos por completo e solta minha corrente aos poucos, adormecendo instantaneamente

Todo o meu corpo entra em choque quando ele usa esse apelido. Era como ele me chamava antes de... Antes de tudo. Sinto algo apertar no meu peito e volto a tentar me concentrar em soltar a jaqueta.

Ah, céus, porque diabos ele tinha que ser tão inconsequente? Logo ele, que falava tanto disso para os outros? O mundo parece muito irônico agora.

Depois de um tempo tentando soltar a jaqueta, finalmente consigo e saio com cuidado de cima de Nathaniel, com meu coração aos pulos. Acho que a adrenalina do que tivemos que fazer finalmente começou a abandonar meu corpo, deixando apenas cansaço e uma sensação estranha.

Ele se mexe um pouco e vira para o lado, logo depois de eu conseguir me levantar. Resmunga algumas coisas e franze o cenho, se encolhendo por causa da falta de calor. Pego um edredom que encontrei em cima de sua cama e o cubro com cuidado, para não acordá-lo.

Decido que preciso de um banho, já que não posso ficar fedendo a bebida do jeito que estou.

Mal me lembro da água quente caindo, ou de ter me secado e saído do banheiro. E também não me lembro de ter colocado o pijama e de ter deitado com os cabelos ainda molhados em cima do travesseiro.

Só me lembro que adormeci instantaneamente, sorrindo ao ouvir os resmungos de Nathaniel.


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Notas finais do capítulo

EITA NATHANIEL PINGUÇO EU EIN UAHSUAHS
E aí? O que acharam? Continuo?
Fantasminhas e leitores novos se manifestem! Comentários me fazem feliz!
Beijoos



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