Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 13
Pensamentos.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Antes de tudo peço desculpas por não estar postando mais toda semana, pra mim tá difícil agora que ainda tô sem internet em casa. Porém, mesmo demorando mais eu vou continuar postando, sei que estou pedindo muito, mas não deixem de acompanhar. Eu tô fazendo o que posso pra postar com mais frequência. Obrigada a todos!

E boa leitura!



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Trailer


"O que você quer, eu quero mais.
O que você diz não me distrai,
Mas pode acreditar em mim,
Tudo fica bem mais fácil assim.
Sei que é difícil me arriscar.
Amanhã quem sabe o que será?
Mas pode acreditar em mim,
Porque você tem tanto medo assim?
Delicadamente te levar,
Muito além daqui desse lugar.
Resistir é natural,
Mas tudo se resolve no final."

So Easy - Marjorie Estiano

~*~

Os minutos que passamos lanchando não foram tão descontraídos, Mike me perguntara porque eu escolhera batatas fritas ao invés de hambúrgueres e acabei tendo de lhe contar que era vegetariana, isto o fizera ficar muito impressionado. Ao que parecia, para ele não havia nada melhor do que um bom pedaço de carne. Depois de passado o espanto ele começou a me fazer perguntas sobre minha vida amorosa, e muito constrangida fiz o possível para ignorar suas cantadas sem acabar por ofendê-lo.

Quando por fim havíamos terminado fomos para o balcão acertar a conta e sugeri que escolhêssemos sorvete como sobremesa, já que fazia muito tempo que eu não tomava um. Tentei dizer que podíamos continuar do lado de dentro, mas Mike não quis e no final percebi que novamente estava sendo vítima do medo. Saí com ele para a noite fria, pensando que se algo tivesse de acontecer, aconteceria mesmo que eu tentasse evitar e isto não valia minha preocupação.

Andamos devagar, descendo a avenida na direção do lugar onde havíamos deixado o carro. Ventava e nos encolhemos um pouco, tentando escapar do frio.

– Liese, me explique novamente porque você escolheu justamente sorvete em uma noite dessas! – Seu tom era brincalhão.

– Me desculpe. Me pareceu uma boa idéia quando estávamos na lanchonete debaixo do ar condicionado – fiz um gesto tentando explicar o que dizia e acabei derrubando meu sorvete. – Ah não! – Lamentei olhando a bagunça que agora melecava o chão. – Era o meu preferido! – Choraminguei.

Olhei para Mike que estava vermelho de tanto segurar o riso, algo em minha expressão deve ter sido demais para ele porque quando a viu ele explodiu em uma gargalhada. Fiquei brava a princípio, mas assim que analisei melhor a situação vi que era mesmo hilária e acabamos rindo juntos. Quando a graça foi passando ele me olhou com uma cara esquisita e percebi tarde demais de que se tratava.

Num só movimento ele se aproximou e me beijou, eu fui pega totalmente de surpresa, não tive tempo de desviar. Levantei as mãos querendo empurrá-lo e então um barulho ensurdecedor ecoou muito próximo a nós, assustando-o e fazendo-o se afastar. Eu também olhara, mas estava tão brava que não dei atenção.

– Mike, porque você fez isso?

Ele sequer pareceu me escutar.

– Você viu aquilo? Aquela lata de lixo não estava ali, alguém a jogou com força no muro, você não viu?

– Não me importo com uma droga de lata, por que você me beijou, Mike? Será que é tão difícil sermos apenas amigos? Você não precisava ter feito isso! – Esbravejei irritada.

Ele me olhou ainda sobressaltado.

– Eu pensei que você queria – falou como um pedido patético de desculpas.

– Ah, me poupe Mike! – Grunhi saindo de perto dele a passos rápidos, indo na direção oposta.

– Liese, aonde você vai? – Eu continuei me afastando, decidida. – LIESE!

– ME DEIXE EM PAZ! – Gritei antes de virar a esquina.

Eu estava tão aborrecida, eu pensara que a noite terminaria bem, mas eu estivera sendo tola o tempo todo. Era por isso que Bella evitava ao máximo o encontro com Newton, ele não tinha capacidade para entender que uma garota podia simplesmente não estar a fim dele. Entretanto havia exagerado em minha revolta, eu me afastara muito do lugar em que estávamos e não conhecia esta cidade. Parei, olhando ao redor, mas os comércios já estavam fechados, eu não trouxera meu celular, então não sabia que horas eram, mas tinha certeza de já ser bem tarde. E agora o que eu faria?

O barulho de um carro acelerando começou a surgir ao longe e achei melhor voltar, era tolice deixar que minha raiva me impedisse de ir embora com Mike, eu o faria me levar em segurança para casa e o estrangularia depois.

O veículo que ouvira há pouco me alcançou e desacelerou parando ao chegar perto de mim. Fiquei aflita, pensando que pudesse ser algum maluco, mas quando notei o modelo do carro minha aflição se tornou surpresa. E fiquei mais surpresa ainda ao ver Edward Cullen saindo do carro e vindo até mim.

– O que você está fazendo aqui? – Eu estava embaralhada demais para soar educada.

– Onde está seu amigo?

– Está falando de Mike? Eu estava indo ao encontro dele agora.

Edward fez um ruído de desdém.

– Perde seu tempo, ele já foi embora.

– O quê? Como você sabe?

Ele não respondeu e comecei a desconfiar de algo.

– Edward, você estava nos seguindo? Foi você que eu vi na lanchonete, não foi? Porque você está fazendo isso?

Ele não parecia muito feliz, mas não discordou de minhas conjecturações e tive certeza de estarem corretas, embora não fizessem sentido.

– Você devia escolher melhor seus amigos, o imbecil do Newton já deve estar muito longe, é esse o tipo de pessoa que quer perto de você? É muito inconseqüente, sabe o quanto é perigoso estar sozinha há esta hora?

– Bem, eu não estou sozinha não é?

Edward riu friamente.

– Acho que eu deveria deixá-la por conta própria e ver como se sai.

Semicerrei os olhos.

– Eu não estava me referindo a você e sim aos motoristas de táxi – blefei. Eu realmente pensara em pedir por sua ajuda, mas Edward era tão incrivelmente arrogante que eu não quis lhe dar mais motivo para fazer pouco de mim.

– Não vai encontrar nenhum de confiança agora – replicou sorrindo com malícia.

– Olha, eu imaginei que você pudesse ter oscilações de humor, mas nunca pensei que chegassem a este nível.

Ele não se abalou.

– O xerife sabe dessas suas aventuras? Acredito que não aprovaria tal comportamento.

Eu o olhei perplexa. Ele só podia estar brincando! Se Charlie soubesse que eu fugira de Mike, não haveria justificativa que me livrasse de ser punida desta vez.

– Você não ousaria...

– Seria divertido vê-la se livrar disso sozinha.

Eu trinquei o maxilar, ele estava achando divertido me irritar, fez menção a ultima vez em que tive problemas, porque fora ele quem me salvara deles. Eu não acreditava que ele pudesse ser assim.

– Olhe, eu já lhe agradeci pelo que fez, está bem? E sim, eu me livraria disso sozinha, sem sua ajuda, porque realmente não preciso de você! E de verdade, Edward, eu não entendo porque você perde seu tempo, quando está claro o quanto me odeia.

Seu sorriso desapareceu, quando falou não tive dúvidas de que havia ficado bravo.

– Acha que eu a odeio? Devo me surpreender que você tenha uma boa concepção sobre Mike Newton enquanto pensa as piores coisas sobre minha família quando procuramos ajudá-la?

– Mike Newton não ameaçou acabar com minha vida, um beijo roubado não se compara em nada ao que sua querida irmã quis fazer comigo – respondi seca.

Edward me olhou de cima.

– Imagino que não se compare mesmo. E vejo que já o perdoou por ser um canalha. É uma ótima escolha, serão muito felizes juntos.

Mas o que ele queria dizer com isso, eu não perdoara Mike, ainda estava zangada com ele, porque ele continuava falando sobre aquele beijo idiota? Então... Fora Edward quem jogara aquela lixeira na parede? Ele estava com ciúmes de mim? Não era possível!

– É melhor irmos embora, o xerife não dormirá até saber que você está bem.

Ele começou a convergir de volta para o Volvo, mas eu não o segui. Eu tinha coisas demais em que pensar e da última vez que estivera no mesmo veículo que ele acabara em apuros, não estava disposta a acabar repetindo a experiência.

– Vou de táxi – informei às suas costas.

Ele se virou e se aproximou novamente, chegando mais perto desta vez.

– Aneliese, não seja teimosa, já lhe disse que é perigoso ficar sozinha estando tão tarde. Eu a levarei para casa em segurança.

– Sei que levará – falei francamente, sem ironias. – Apenas acho que não é muito aconselhável ficarmos tão próximos.

Eu queria muito ir com ele, mas a conversa enérgica havia colocado minhas atitudes em evidência, eu prometera ficar longe de Edward e não estava cumprindo a promessa.

Ele, entretanto sequer imaginava minhas razões e visivelmente irritado me deixou, acelerando ruidosamente pela pista, pensando Deus sabe lá o quê a respeito de mim.

Meus ombros caíram um pouquinho com a culpa, mas logo me aprumei. Eu fazia o que era certo, além disso, por mais que procurasse ser compreensiva com Edward era muito difícil, ele estava mostrando ser muito diferente do que eu imaginava e percebi que ainda o via pelos olhos de uma fã descontrolada, e não igualmente como estudantes da mesma escola.

Recomecei a caminhar, cruzando os braços no peito na tentativa de me livrar do frio que aumentara com o avanço da noite. Tentei na pensar que estava por minha própria conta em um lugar que não conhecia, disse a mim mesma que a imagem de vampiros nômades atacando ao escurecer estava equivocada, que não combinava com a cena, mas fiquei arrepiada mesmo assim. Meu consolo foi pensar que Edward devia se importar comigo o suficiente para não me abandonar se desconfiasse que havia perigo. Irônico dizer isto, tendo em vista que o perigo inicial fora ele.

Enquanto andava rapidamente olhava ao redor da avenida em que estava, mas não havia sequer sinal de meios de transporte alternativos. Nem táxi, nem nada. Pensei apenas de um pequeno minuto para chegar a conclusão que o melhor a fazer era ligar pra Charlie, mas como eu não trouxera comigo meu celular eu teria de encontrar um que funcionasse.

Procurei pelas ruas adjacentes por um tempo, mas não havia nem sinal de telefones públicos, e os pouquíssimos estabelecimentos com pessoas na frente tratavam-se de bares suspeitos dos quais eu achei melhor manter distância. Suspirei enquanto refazia meu caminho, eu estava ansiosa por resolver logo este problema e ir pra casa. Pensei outra vez na lanchonete em que estivera há pouco e não tendo nada a perder me encaminhei para lá; eu não o fizera antes, pois já passava das dez horas da noite e eu imaginava que já estivesse fechada.

Andei por quase quinze minutos, surpresa com o quanto me afastara, cheguei a uma rua e olhei de cima a baixo procurando semelhanças, já que eu sequer notara os nomes dos lugares. Alguns metros de onde eu me encontrava, na outra calçada estava a lixeira de lata, jazia no chão esparramando sujeira, totalmente amassada como se tivesse sido comprimida. Sacudi a cabeça sem querer pensar novamente no que isto significava e me direcionei para a outra direção. Virei a esquina e avistei meu destino, subitamente surpresa ao ver que funcionava normalmente e que continuava movimentada.

Alcancei a porta e entrei, sentindo de imediato a diferença na temperatura, aqui estava tão quente que não tive vontade de voltar para a rua. Pensei e concluí que o melhor a fazer seria tentar utilizar o telefone do estabelecimento, acreditaria que seria mais fácil do que apelar para a gentileza dos clientes. Me direcionei ao balcão e esperei enquanto um casal fazia seu pedido. O burburinho era alto, quase todos os presentes eram jovens que eu julgaria novos demais para estarem sem a supervisão dos pais.

Próximo a mim um grupo de garotas cochichava e ria entre si. O tom que usavam devia parecer baixo apenas para elas, porque eu conseguia ouvir quase tudo o que diziam.

– Vocês já tinham visto ele aqui?

– Não, quem me dera!

– E porque está sozinho? Será que está esperando alguém?

– Acho que não... Já viram há quanto tempo está sentado ali?

– Gente, eu vou lá falar com ele.

– Não Gabriella, você está louca?

Olhei para o teto com impaciência, eu não simpatizava muito com esse tipo de comportamento, sabia que já agira assim e que por vezes ainda agia, mas valorizava muito o decoro. Porque será que este bendito casal demora tanto pra escolher?

– Gente, gente, gente, ele está olhando pra cá! – Uma das meninas falou esganiçada.

Houve um conjunto de risadas e mais sussurros até que uma delas falou algo que mereceu minha atenção.

– Não garotas, ele não está olhando pra gente, está olhando pra ela.

Eu sabia que não era da minha conta e que não devia me meter, mas por minha visão periférica parecia muito que a pessoa de quem falava era eu. Acabei olhando para o lado e confirmando minha suspeita, os olhares delas estavam em mim, medindo-me de cima a baixo. Isto inflamou minha curiosidade e me virei para o outro canto da lanchonete, perscrutando.

Meu coração deu um salto quando descobri o motivo do alvoroço: Edward. Sentava-se em uma mesa ao fundo parecendo perfeitamente à vontade e eu até poderia fingir que não estava ali por minha causa, não fosse o simples fato dele não ter nenhuma razão para estar em um estabelecimento alimentício.

Se eu ainda tivesse dúvidas, seu olhar fixo em mim deveria ser o bastante para a certeza.

Quando o vi ele sorriu presunçoso. Sem rodeios caminhei até ele, sem paciência para mais joguinhos.

– Está causando comoção entre as garotas.

Seu sorriso assumiu um ar provocativo e eu procurei manter minha exaltação controlada. Ele sabia muito bem o efeito que causava e estava me olhando assim de propósito, eu tentei não demonstrar nada, mas podia sentir minhas bochechas ficando quentes.

– Imaginei que fosse voltar para cá – deu de ombros.

Semicerrei os olhos.

– Eu não tive muitas escolhas, não é?

Seu sorriso se alargou.

– Parece que não. E então, pronta para irmos?

Prendi os lábios, contrafeita. Como era possível que ele sempre conseguisse me transtornar assim? Não podia acreditar que ele não fora embora, pareceu muito... Gentil. Sim, esta era a palavra, Edward ficara ali aguardando que eu aparecesse somente para garantir que eu tivesse um meio de voltar pra casa. Isto não condizia com o jeito que ele me tratara nos últimos dias, eu pensei que estivesse claro que ficaríamos distantes, então porque ele insistia em me seguir?

– Quer saber? Não estou com tanta pressa assim. – Sentei-me a frente dele no banco em formato de U. – Se não se importa gostaria de algumas explicações primeiro.

Ele riu, mas assentiu concordando. Notei que havia uma garrafa de água aberta a sua frente, estava quase cheia, mas ele devia ter tido que tomar ao menos um gole querendo aparentar ser uma pessoa comum. Me pareceu engraçado, mas não ri.

– O xerife deve estar preocupado, não acha melhor partirmos?

– Pensei que tivesse ficado bravo com o que falei, claramente entendeu que tenho meus motivos para me manter distante de você. – Comecei, fingindo não ouvir o que ele dissera.

Ele já não sorria, mas não parecia aborrecido, na verdade era completamente o contrário, aparentava muita calma enquanto olhava pra mim, como se estivesse gostando de nossa conversa. Eu já reparara que ele estava excepcionalmente bonito esta noite, usava uma camisa branca e um casaco cinza de linho e os cabelos desalinhados completavam seu visual, tornando extremamente difícil não olhar pra ele. Pobres garotas, eu não as culpava por serem vítimas disso.

– Devo aceitar que você simplesmente é péssima para escolher suas amizades e ficar feliz com isso?

Revirei os olhos a nova menção que ele fez de mim e Mike Newton.

– Não é isso. Se o problema fosse só escolher quem é melhor pra mim, mas não é só isso.

Ele me olhou com atenção.

– Porque tenho a impressão de que tem tantos segredos que quer manter escondidos quanto eu?

– Talvez não seja só impressão – sorri sem ânimo. Eu não me preocupava de estar sendo sincera com ele, Edward jamais saberia o que eu escondia e mesmo que um dia soubesse eu duvidava que fosse acreditar.

– Essa sua feição permanente de preocupação... Não combina com você. Sinto que seja grande parte da razão de você mantê-la.

– Sim você é grande parte. Mas acho que não o culpo por isto – admiti.

Ele inclinou um pouco a cabeça para o lado, esperando. Eu suspirei. O que eu estava fazendo? Conversando com ele como se fôssemos amigos... Mas imaginei que conversar não fosse assim tão prejudicial. Ou talvez eu só quisesse fingir que não era.

– Sei que não agiu mal de propósito. Não o culpo por ter sido rude comigo, sabe? Eu conheço bem o fardo que carrega, é normal que se sinta ameaçado de ser exposto. Você e sua família passaram muito tempo criando uma fachada perfeita, deve ser muito ruim imaginar que alguém possa vir e simplesmente acabar com ela. Por isso pensou em me matar, não é?

Seu rosto endureceu, eu acabara falando demais, mas não estava arrependida, eram apenas verdades.

– Essa foi uma das razões.

O olhei com surpresa. Ele falava sobre o cheiro de meu sangue... Será que era hora de lhe dizer que sabia disto também? Achei melhor não, eu queria deixá-lo seguro, mas a cada parte de seu segredo que revelava ter ciência ele parecia ficar apreensivo.

– Está com fome? – Estava claro que assim como eu ele preferia mudar de assunto.

– Não, obrigada. Comi bem durante o tempo em que estive aqui, é da sobremesa que sinto falta – ri me lembrando do sorvete desperdiçado.

Edward empurrou para mim o cardápio que estava a um canto da mesa.

– Escolha o que quiser. Me ajude a aperfeiçoar a fachada: pessoas comuns comem em lanchonetes.

– Mas eu sou uma pessoa comum, ninguém sequer ousaria em dizer o contrário. Pra despertar suspeita eu deveria ser no mínimo tão linda quanto você – tagarelei.

Edward baixou um pouco o olhar e riu, eu levei uma fração de segundo para me dar conta do que dissera e imediatamente quis poder sumir.

– Me desculpe – pedi, morta de vergonha. Eu tinha que controlar minha língua. – Acho que vou escolher outro sorvete de morango – completei querendo desesperadamente fazer o momento embaraçoso passar.

Edward foi até o balcão e voltou poucos minutos depois com meu pedido, em outro momento eu teria recusado sua gentileza, mas aproveitei o tempo que fiquei sozinha para respirar fundo e dizer a mim mesma para manter o controle. Dei graças aos céus por ele não poder desvendar o que eu pensava a respeito dele hoje.

– Estou curiosa sobre uma coisa – falei quando o silêncio entre nós começou a ficar incômodo. – Você consegue mesmo saber o que cada uma destas pessoas está pensando?

Edward não respondeu a principio, com certeza pesava se valia a pena me dizer mais sobre algo tão pessoal. Aparentemente optou pelo ‘sim’.

– Às vezes mais do que gostaria.

Franzi o cenho.

– Deve ser desconcertante. Quero dizer, saber tudo o que há na cabeça das pessoas, eu não sei se gostaria de ter este papel.

– É melhor que você não o tenha. A bondade se vai de você aos poucos quando começa a descobrir o quão hipócritas e maldosos são os que conhece. Não desejo isto a você, não desejaria a ninguém.

– Mas com certeza não deve ser tão mau assim.

Ele sorriu de leve.

– O pensamento mais gentil no momento é de um rapaz sentado perto do balcão, no canto a esquerda, inocentemente comendo batatas fritas com sua namorada.

Edward nem mesmo desviou os olhos de mim para afirmar isto. A pessoa a que se referia devia estar no outro extremo do estabelecimento, longe de meu olhar, porque ao procurar não pude ver nada.

– E vai me revelar qual é a reflexão premiada?

– Ele pensa se devia comprar flores para a garota que gosta, pois quer impressioná-la.

– Que bonito!

– Imaginei que fosse achar isto, mas creio que devo lhe informar que a garota em que o rapaz pensa é Alicia e o nome de sua namorada é Paula.

– Ah.

Eu não soube o que dizer. Aquilo era bem desanimador, ouvir de alguém que conhecia intimamente as intenções dos seres humanos que a humanidade não passava de um bando de gente malvada. Meu sorvete de repente não pareceu mais ser tão doce assim.


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