31 days of February escrita por PlasticHeart


Capítulo 5
5- Lanterninha do Walmart


Notas iniciais do capítulo

Espero muito que gostem,seu bando de gente diva



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Era mais tarde no dia,e eu já tinha partido pra cama. Mesmo com toda a falta de noção que eu tinha,dormir ainda é a melhor parte da vida,então pra Nárnia com a Netflix diária,eu só queria dormir.

Me enrolei nos cobertores como sempre,e abracei o travesseiro,enfiando a cara nele. Tinha um cheiro forte de baunilha,e eu dei uma tossida. Adoro pudim,mas prefiro que meu travesseiro não cheire que nem isso. E assim que fechei meus olhos,foi rápido pegar no sono. Só que não durou tempo nenhum.

Alguém começou a bater com força na porta. Calma aí,Hulk,eu já vou,não precisa esmagar ainda. Eu abri,e como eu esperava,era o Alfredo,unicórnio roxo mágico do Rio Grande do Sul. Ou a Fevereiro. Na minha cabeça com sono,era a mesma coisa.

—Surprise,mãe da foca!—ela disse,e sorriu torto de novo. Sério,precisamos de um dentista.—A gente vai sair,Nash. O porteiro do hotel disse que tudo bem,ou..ele não tá em condições de responder. De qualquer jeito,don't fuck it up.

Eu sabia que já era meia-noite. Sabia que aquilo era loucura. Mas quando uma garota bonita invade seu prédio,nocauteia o porteiro e bate na sua porta referenciando seu seriado favorito,você sabe que precisa dar uma chance. Uma chance levemente suicida,talvez,mas mesmo assim,"We're going places".

—Como assim 'vamos sair'? —perguntei,um pouco atônito. —Você invadiu o prédio 3,né? Sozinha?

—Faixa preta,eu já disse. E tem sempre o fator fofura.

—O.K,você nunca teve esse aí.

—Ah,mesmo? —ela perguntou,e prosseguiu com uma coisa cientificamente inexplicável. Imagine um chihuahua. Fofo,né? Tá,agora adicione uma vozinha de menina de 4 anos,um ursinho de pelúcia,e um bebê,multiplica tudo isso por 30. Tá aí o nível de fofidão daquela cara dela.

—Cara-

—É,isso mesmo,meu pequeno Padawan. Agora 'simbora'.

Eu só fiz que sim com a cabeça,acho que a adoráveldão me deixou meio confuso. Droga,eu devia parecer idiota. E quieto,eu sei que pensou 'mas você é um'.

Antes que eu pudesse tentar raciocinar,Fevereiro agarrou meu braço e partiu correndo,ou melhor,cabritando,por que honestamente aquilo era uma cabra montanhesa versão insana. Ela me puxou o mais rápido que conseguiu pra praia,e só por lá eu fui reparar o que ela estava usando: um vestido azul-ciano,que chegava nos joelhos e não tinha mangas ou alças,e tinha uma flor enorme de cravo laranja no cabelo. Acho que não tinha sapato nenhum. Mesmo assim,nossa que lindo,o cara de pijama de flanela com a garota bonita de roupa de farofeira de praia.

Eventualmente,ela parou de correr,e eu parei de qualquer coisa. A gente parou numa praia grande e larga,mas com um mar calmo e quieto. A lua estava cheia no céu,e lanternas coloridas estavam espalhadas por todos os cantos. Uma banda de improviso bem ruinzinha tocava no canto esquerdo,embaixo das cabanas de bambu,e uma mesa grande ficava perto de lá,com várias comidas no mínimo estranhas. Quer dizer,você comeria uma salada com mini-polvos e um atum inteiro? Pois é,nem eu.

Uns barcos na parte mais longe da praia brilhavam tanto que doía olhar pra eles,cheios das lanternas de papel. Isso parecia um tanto ilegal,mas eu não questionei. Era bonito,então..ninguém se importa.

—E então? —ela perguntou,com um sorriso. Eu fiz que sim com a cabeça.

—É..bem bonito,provavelmente ilegal e no mínimo estranho.

—E isso quer dizer que..?

—Gostei. —respondi,rindo um pouco. Ela riu também,e saiu correndo pra pegar uma lanterna. Era cor-de-rosa e tinha o formato de uma flor.

—Esse troço devia flutuar na água,mas não quer funcionar...

—Hã..talvez seja pesada?

Ela virou os olhos.

—É pesada,mas não dá pra ficar leve,Sherlock. Se eu tirar a vela,não fica acesa,e se eu botar fogo no papel,derrete.

—Sei lá,só..joga pra cima,todo mundo vai fazer isso,né? —ofereci,ainda confuso.

—Claro,boa ideia. Aí seu cabelo pega fogo e você pode cantar Girl on Fire. Brilhante. Algo mais,ou eu posso ter as ideias?

—Vá em frente,Sheldon Cooper. —comentei,e ela sorriu.

—O.k,então..que tal a gente se jogar na areia e ver as lanternas?

—Sim,meu sonho é me tornar à milanesa,bora realizar,né? Não. Não tô a fim de sujar o pijama.

—Não seja por isso,pode tirar.

—QUAL É SEU PROBLEMA?! —peguntei,e minhas bochechas esquentaram. Ótimo,agora eu parecia coberto de Heinz ketchup.

Fevereiro riu e fingiu estar pensativa.

—Todos eles é válido?

—Não.

—Então,shhhhh! Eu quero ver as lanternas.

—Compra uma no Walmart,é bem mais ba-

—SHHHHHHH.

—O.k,só brincando.. —eu respondi,e olhei pro céu também. Tá,eu admito. Lanterninhas do Walmart não eram tão legais. Elas não faziam os olhos de uma mina que ganhei de brinde no hotel brilharem,e não me faziam encará-la de boca aberta.


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Notas finais do capítulo

E QUE O CLIMA COMEÇE NO PRÓXIMO! *-*