(P.O.V: Fevereiro)

O.K,as coisas naquele dia foram bem confusas. Não tanto quanto em Dezembro,quando quem alugou o quarto e levou um susto com meu rosto maravilhoso foi um casal Colombiano,mas relativamente anormal. Na maioria das vezes,eu só assustava a pessoa o suficiente pra ela sair do hotel chorando que nem no maternal da escola,mas não,claro que não. Dessa vez,eu não só tive a sorte de achar um cara decentemente bonito(Na minha escala que vai de tijolo à eu,ele chegava no nível de um baldinho de plástico.),mas também sem-noção o suficiente pra insistir no quarto. Pelo menos eu,com toda a sanidade mental que ainda me resta,sairia. Só uma ideia.

De qualquer jeito,a gente ficou rindo por um bom tempo,ele porquê sou engraçada pacas,e eu porquê a cara de batata dele era ridícula mesmo(melhor dizendo,fofa que nem um bebê de cara de joelho). Quando a gente parou e meus lados já estavam doendo,eu me joguei de costas na cama:

—Tá,foi muuito divertido,mas agora a gente precisa resolver isso aqui.

—Concordo. —ele disse,e cruzou os braços. Eu fiz que sim com a cabeça.

—O.K,aonde você vai dormir?

—Quê?

—É, —continuei— no tapetinho do banheiro,na jacuzzi lá de fora,na privada..

Ele me olhou feio,e respirou fundo. Me deu até um calafrio,meu Deus,cruz credo. Assustou tanto que eu ri.

—Tá falando sério? —ele perguntou,porque aparentemente eu falava sueco.

—Aham. Eu moro aqui,e aquele armário já tá meio antigo. A cama é minha,vi e falei antes. —eu disse,com um sorriso,e sentei.

—Eu não vou dormir em nenhuma dessas opções,muito obrigado.

—Não faz mal,serve sempre a banheira.

—Você não tá entendendo,né? Eu fico com a cama,e pronto. —ele disse,e eu ri um tanto alto demais,mas acho que ninguém me julgaria por isso agora,e se julgaria,minha importância era tanta que nem existia.

—Hã..não,amor. Eu vi antes. Tipo,muuuito antes.

—E eu com isso? Quem pagou fui eu. —ele respondeu,virando os olhos. Eu mostrei a língua:

—Eu também paguei,e até 'peguei emprestado' uns cartões dos outros hóspedes.

—Correção:roubou uns cartões dos outros hóspedes.

—Elementar,meu caro Watson. —retruquei,cruzando os braços e dando uma risada de leve. —Alguma outra dedução?

—Claro: você vai me deixar ficar com a cama. —ele rebateu,e eu preparei a raquete de tênis.

—Só que nunca,lindeza.

—Quer parar de me chamar disso?! —ele corou,e bufou. Eu cheguei mais perto dele e sussurrei:

—Florzinha linda do meu jardim adorável. —eu disse,e ri de novo,franzindo o nariz. Naquela altura,as bochechas de Nash tinham a cor de um blush de festa-junina. —Nossa,que meiga. Agora tá toda produzida na maquiagem,Jesus,assim meu coração explode. —brinquei.

—QUER PARAR? —ele repetiu,e me encarou feio de novo. Francamente,acho que ele nem desconfiava que isso não funciona comigo.

—Não,mas se quiser deixar recado,talvez considere depois. —eu respondi,sarcástica. Tive que parar aí,por causa do meu lindo problema chamado 'morais'. —O.K,já deu. Parei,você fica com a cama.

—Não quero mais. —ele disse,mal-humorado. Eu ri baixinho e apertei as bochechas dele.

—Aah,o fofinho não quer mais? Que pena,quer que eu ligue pra mamãe? —brinquei,e depois comecei a rir. Nash abriu um sorrisinho involuntário.

—O.K,pode parar aí. —ele disse,e virou os olhos,mantendo o sorriso. Eu fiz que sim com a cabeça. —E eu fico com a cama.

—Nhá..eu queria ela.. —resmunguei,com uma voz um tanto infantil,de propósito,claro.

—Sinto muito,é minha. Perdeu,play..boy? Não,péra,isso ficou ruim. —ele disse,e eu ri de novo.

—O.K,fica pra você então. Mas se eu arrombar a janela à noite e entrar na cama,não questiona.

—Beleza,isso eu vejo todo dia. Junto com as minas de graça em hotéis.

—Nossa,super. E os unicórnios também. —eu respondi. Ele deu um tapa na própria testa.

—Agora vai embora,Fevereiro. —ele disse,e me deu um empurrão de leve. Eu fiz que não com a cabeça. Nash me empurrou de novo.

—Tá bom,tchau então. Mas como eu disse: não estranha se eu arrombar a janela,okay?

—Tá,claro. Só vou questionar sua noção.

—Essa,meu pequeno gafanhoto,já se foi há muitas luas atrás.