Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 4
Um Adeus?




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Não foi tão difícil começar uma amizade com David o que me fez muito bem conseguir separar as coisas. Vovó todas as tarde deixava bem claro que eu era a mulher ideal para ele, algumas vezes nos deixava sozinhos a tarde toda com esperança em algo que não poderia existir, o que me rendeu grandes lembranças confesso, nessas tardes David me ensinava como tabelar cada livro, decorar os valores foi o mais difícil.
— Amanhã fará um mês que está aqui?— Perguntou me David enquanto colocava uma pequena etiqueta com o valor em cada livro.
— Correto!— Respondi.
— E nesse tempo todo você não me contou como vai a faculdade.
— Tranquei a matricula. — Respondi cabisbaixa.
— E por que fez isso? — Perguntou ele arqueando a sobrancelha.
Suspirei fundo encostando em uma das prateleiras pensando em meu grande problema.
— Não quer falar sobre isso?
— Me faltou coragem para voltar vou ter problemas com o meu ex e também não estou preparada para aguentar Marcos.
— Por que problemas com o ex? E como assim Marcos? — Perguntou David me encarando como se estivesse com pregos na garganta.
— Eu nunca fui de me envolver com as pessoas já que estou acostumada a ser sozinha, mas o Eduardo não me deixava em paz eu dei uma chance pra ele e só assim descobri a obsessão dele por mim, recebi uma ligação da Luana dois dias depois que sai da cafeteria ela me contou que de alguma forma Marcos conseguiu entrar na faculdade na mesma sala que eu fiquei com receio de voltar então faltei as duas primeiras semana e tranquei a matricula achando que ele iria desistir e ele continua lá esperando que eu volte.
Esperei uma resposta de David que permaneceu calado apenas etiquetando os livros, pensei que talvez ele não tivesse ouvido então me calei e voltei ao meu serviço.
Já estava terminando o dia quando a vovó nos chamou para o café de toda tarde, hoje ela estava mais inspirada havia até pezinhos de assucar na mesa.
— Amanhã vai fazer um mês que tenho você em minha família menina temos que comemorar. — Resmungou a Vovó.
— Imagina Vovó. — Agradeci.
— Pode pedir eu faço o que você quiser.
—Não precisa Vovó.
— Pare de ser ingrata menina — Intrometeu-se David. — Faça tudo que quiser Vovó.
— Se é assim eu vou ali no mercado e já venho é melhor eu começar algumas coisas hoje mesmo. — Respondeu a Vovó animada. — David se eu demorar muito poderia fechar a loja e levar a Ana para casa?
— Minha casa não fica tão longe Vovó.
— Levo sim pode ir tranquila. — Respondeu o neto entregando a bolsa a avó.— Gosto de ver ela feliz. — Comentou ele assim que a velhinha saiu. — Ela gosta muito de você Ana.
— Eu adoro a sua avó, vocês são o mais próximo de uma família que eu tenho.
— Você vive com quem? — Perguntou David enquanto tomava seu delicioso chá.
— Vivo sozinha desde os quinze, meus pais morreram quando eu tinha dez anos— Suspirei era difícil falar dos meus amados pais— Quando aconteceu fui morar com a minha tia que não me suportava então peguei minhas coisas a chave de casa a escritura e tudo mais que ela guardava debaixo da cama e aqui estou eu.
— Sinto muito. — Pediu ele sem me encarar — Eu não imaginava.
— Está tudo bem, já faz onze anos.
— Mas a dor nunca passa. — Respondeu ele entristecido.
— Os seus também se foram não é mesmo?
— Já fazem nove anos e parece que foi ontem eu tinha apenas dezesseis anos á Vovó é tudo que me resta.
— Não fala assim você tem a sua esposa logo sua família vai aumentar. — Respondi sentindo meu coração apertar.
— Annelise é policial, conhecia ela quando me meti em encrenca e acabei na viatura dela, estamos juntos a seis anos, ela é quatro anos mais velha que eu por isso teve vergonha de se casar na igreja organizamos o casamento no civil, mas ela desistiu quando vi já estávamos morando juntos, minha família não vai aumentar, será apenas eu e ela sempre. — David agora respirava e sorria constrangido— Ela não gosta de crianças, me disse que jamais vai estragar seu corpo para carregar uma.
— Uma hora ela muda de ideia, conversa com ela sobre isso. — Tentei animar.
— Nem temos como conversar sempre que ela está em casa as amigas fofoqueiras dela estão junto causando muita discussão.
— Achei que a sua vida fosse perfeita. — Soltei.
— Se fosse eu não teria correspondido o seu beijo. — Atacou ele.
As palavras de David atravessaram meu peito como flechas flamejantes machucando meu coração ainda rasgado, mexer em ferida aberta doí mais que provocar uma.
— Eu preciso embora. — Respondi levantando.
— Desculpe Ana eu não quis dizer isso. — Começou ele seguindo meus passos.
— Está tudo bem. — Respondi tentando passar por ele.
— Não está tudo bem, eu fiz besteira.
— Não fez. — O encarei — Afinal é a verdade, até amanhã.
— Eu te levo.
— Eu prefiro ir sozinha.
— Ana. — Suspirou ele antes que eu fechasse a porta.
Nunca me senti tão livre quanto naquela noite a terceira da primavera, sua brisa refrescante causava me uma sensação de acolhimento como nos dias em que papai e mamãe me levava a beira do lago para caçar vaga-lumes.
Quando cheguei em casa senti falta de minha mãe gritar da cozinha enquanto cozinhava — Já chegou querida? Como foi a aula? — Tudo estava como eles deixaram, eu não troquei quase nenhum dos moveis os que precisavam de reparos mandei restaurar, apenas meu quarto havia sido totalmente modificado para minha idade, eu nem percebi o momento em que comecei a chorar, tentei me acalmar no banho fracassei, eu precisava chorar, deitei me em meu quarto ainda em prantos, meu coração fora partido mais uma vez pelo homem que amo e tudo que eu precisava agora era dos braços de minha mãe.
Saltei da cama destranquei a porta do quarto de meus pais como só fazia para limpar, tudo estava como naquele dia, as roupas todas no guarda roupa, podia sentir o cheiro dela, deitei me na cama pela primeira vez depois de tanto tempo, quase havia me esquecido do cheiro do creme de barbear do papai e foi com essas lembranças que peguei no sono acordando apenas no outro dia assustada com o horário.
Tomei o banho mais rápido de minha vida, quase um banho de gato, entrei em panico ao lembrar da comemoração da vovó e o fato de não ter roupa alguma para vestir para uma ocasião como esta, revirei meu guarda roupa e não encontrei uma peça legal, foram dezessete troca de roupas até me cansar, fechei meus olhos em desespero e lembrei me do vestido que mamãe ganhou do papai em seu aniversario, ele estava no guarda roupa limpo e passado, todo mês eu lavava todas as roupas por causa das traças e o mofo, peguei o vestido vermelho florido em minhas mãos, ela tinha meu corpo quando era viva, experimentei caindo como uma luva suas alcinhas me deixaram pouco confortável fazendo me vestir um leve casaquinho cinza por cima, eu me atrasaria ainda mais se ainda fosse escovar meus longos cabelos que estavam ondulados com um pouco de volume lembrando um leão, corri até a penteadeira da mamãe e encontrei a borboleta de pente que ela havia comprado por causa da Rose do filme Titanic, a coloquei em um lado do cabelo, finalizando tudo com meu batom cereja.
Assim que entrei pela porta da livraria David pareceu ter um ataque com a minha presença, mesmo que quisesse não conseguia desviar os olhos dos meus.
— Que formosura de menina! — Comentou a vovó— Ela não está um pitéu David?
— Pitéu vovó? Ninguém usa mais isso.
— Que seja garoto chato, ela está muito linda como uma boneca não esta meu filho? — Cutucou a vovó mais uma vez.
— Tão linda quanto. — Respondeu ele abaixando a cabeça.
Eu nada respondi apenas sorri como agradecimento.
Durante o dia David me seguia com os olhos por toda livraria, parecia estar hipnotizado, seu olhar me causou um calor interno me forçando a tirar o casaquinho ficando com os ombros expostos.
Meu dia estava sendo perfeito com muitas vendas e parabenizações pelo atendimento, até o momento em que o sininho tocou e Annelise entrou por ela causando um arrepio extremo em minha espinha, a linda mulher negra dos cabelos cor de mel na altura dos ombros em um desfiado impecável, ela me encarou com seus olhos castanhos, seus dentes apareceram em um largo sorriso maquiado de vermelho tomate.
— Você deve ser a Ana — Disse ela se aproximando quase desfilando com seu corpo escultural — David fala tanto de você, fala que você é como uma irmã para ele.
— Bingo! Sou eu mesma. — Respondi em tom desafiador.
Eu tinha certeza que ela sentia a minha aproximação de David, afinal era a única explicação ao extinto de leoa que emergia dela.
— Prazer querida me chamo Annelise, pode me chamar de Anne se preferir.
— O prazer é todo meu Anne. — Respondi observando mais um cliente entrar. — Com licença — O homem me olhou dos pés á cabeça assim que me aproximei — Posso te ajudar.
— Claro eu gostaria de dar uma olhada no que você tem a me oferecer. — Respondeu homem sorrindo.
— Venha vou te mostrar nossas novidades. — Chamei o homem que permaneceu sempre atras de mim não mostrando interesse em nenhum dos livros.
— O que tem lá no fundo? — Perguntou ele.
— Conteúdo adulto senhor. — Respondi sentindo meu rosto queimar.
— Poderia me mostrar?
— Claro respondi. — Guiando o homem até os livros eróticos — fique a vontade em folhar.
— Queria que ficasse aqui comigo gosto de coisas reais então gostaria de tirar umas duvidas.
— C- Claro. — Respondi estranhando o cliente.
O homem folhou alguns livros por uns quinze minutos de repente parou com um livro em suas mãos me olhou por cima dele, pude ver seus olhos desenhar meu corpo, ele se aproximou.
— Tenho uma duvida, se eu tocar uma mulher como dia aqui nesse trecho ela vai enlouquecer dessa forma? — Perguntou o homem a capa do livro em meus seios.
Assim que o livro encostou em mim me atrapalhei derrubando o livro das mãos do homem caindo sobre meus pés, o homem sorriu se abaixando próximo as minhas coxas, percebi que o mesmo iria tocar me, antes que eu dissesse qualquer coisa David já estava do lado dele apertando fortemente a mão maliciosa, enquanto a outra pegava o livro em meus pés.
— Se ameaçar tocar nela mais uma vez vou quebrar todos os teus dedos, okay? Agora vá até a senhora lá na frente e compre a merda desse livro. — Respondeu David empurrando o livro ao peito do homem que o obedeceu sem questionar — Você está bem?
—Será que sou culpada dessas coisas acontecerem comigo?
— Não fale besteira Ana.
— Deve haver algo de ruim em mim.
— Você é a vitima. — Respondeu ele tocando meu rosto se aproximando lentamente — Eu não os culpo tanto sua beleza é hipnotizadora— Continuou ele encostando os lábios nos meus sem perder de vista meus olhos.
— Sua esposa — Lembrei.
David recuou voltando a entrada da livraria me deixando sozinha com meus pensamentos loucos.
"Eu quero aquele homem"— Pensei— "Eu o amo".
— Você está bem? — Aproximou Annelise.
— Estou sim.
— Você é a garota da cafeteria não é? Agora de perto consigo ver a pequena cicatriz! — Comentou ela tocando em meu corte ates que recuasse— Ele não tinha me dito que era a mesma garota, mas assim que te olhei nos olhos me lembrei de como ele te segurou quando você estava brigando com o rapaz.
— Anne.
— Acho melhor ficar apenas no Annelise mesmo. — Interrompeu ela antes de se afastar.
Annelise não desgrudou momento algum de David provocando em mim um ciume grande.
— Vamos fechar a loja e aproveitarmos o dia da Ana! — Chamou a vovó.
— É seu aniversario Ana?— Perguntou Annelise — David não me disse nada.
— Hoje completa um mês que ela está em nossa família Annelisa. — Respondeu a velhinha.
— Annelise!— Corrigiu a mulher.
Me espantei com a quantidade de coisas que a vovó havia feito, havia comida para quarenta pessoas, havia quatro fregueses do dia a dia que a vovó havia convidado.
— Querida Ana eu quero agradecer você por ter me ajudado aquele dia, eu estava acostumada a ficar por aqui sozinha meu neto ingrato mal aparecia por aqui — Sorriu a senhora— Desde que perdi minha filha eu me sentia um pouco sozinha e por alguma razão eu ganhei você menina que pretendo ter comigo até o fim dos meus dias — Continuou a vovó ameaçando chorar causando me um nó na garganta — Obrigada por tudo menina, agora vamos dar lugar as palavras de David.
— Como assim minhas palavras Vovó?
— Vai ficar teimoso agora David? — Perguntou a vovó — Trate de falar algo para a menina.
David relutou um pouco, parecia confuso, seu rosto tomou um tom avermelhado enquanto passava a mão nos cabelos dourados, respirou um pouco e só então olhou para mim.
— Você aumentou oitenta porcento das vendas. — Começou ele causando risos das pessoas presentes —Você é perfeita obrigado por cuidar da vovó, as vezes te acho um pouco cabeça dura, espero que saiba que pretendo mudar isso em você, você é tudo que eu queria — Atrapalhou se ele — Tudo que eu queria para trabalhar aqui e é só isso vamos comer.
— Vamos entregar antes umas lembrancinhas pra Ana meu filho. — Lembrou a avó.
— Achei que não era aniversario dela. — Acusou Annelise.
— São apenas lembrancinhas Anne. — Respondeu David.
— Só acho exagerado é só um mês imagine se ela completar um ano aqui sua Avó vai fazer um baile.
— Se eu puder farei sim, agora pare de ser chata Anne e pegue essa câmera e tire umas fotos nossas com a Ana, venha David quero q saia nas fotos. — Pediu a senhora chegando do meu lado — Do lado da Ana David— Ordenou a avó antes de baterem o flash— Pois bem, os dois continuem aqui, Anne me de a câmera aqui— Pediu a avó — David se aproxime um pouco mais da Ana ela é muito baixa.
David virou fantoche da vovó que o obrigou a ficar atras de mim me abraçando enquanto eu podia ver o ciume nos alhos de Anne que estava constrangida.
— Ótimo Vó já deu não é?
— Claro querido vamos entregar os presentes agora certo? Começando por você!
— Não vou discutir vovó — Concordou David pegando em minhas mãos — A vovó já me contou o que vai te dar então procurei algo que combinasse e achei esse pequeno anel — Respondeu ele abrindo uma pequena caixinha preta de veludo contendo um anel dourado em forma de aliança com três relevos onde havia três pequenas pedras azuis da cor dos olhos de David e da Avó — Espero que goste.
— Oh meu Deus David isso deve ter sido muito caro. — Suspirei.
— Você merece Ana.
— Muito obrigada eu amei, é o anel mais lindo que eu já vi.
— É uma aliança entre eu você e a Vovó.
— Eu nem sei como agradecer.
— Não precisa. — Respondeu ele beijando meu rosto lentamente — Acho que agora é a sua vez vovó.
Assim que a vovó se aproximou percebi que ela estava emocionada mais que o normal.
— Querida conversei muito com David e tomamos a conclusão que ele tem que ser seu. — Começo a senhora me entregando uma caixa grande de veludo preto, me surpreendendo com um lindo colar dourado com um pequeno pingente azul como o anel, era o colar mais lindo que eu já vi em toda minha vida — Ele era da minha saudosa filha, meu falecido marido mandou restaurar ele para o casamento da minha menina, assim ela pode usar ele do mesmo modo que eu, minha mãe, minha avó e a mãe dela usamos ele um dia, e agora estou passando ele para você.
— Vovó ele merece ficar na família a senhora não acha? — Perguntei olhando para Annelise que não esboçava expressão alguma.
— Se diz isso por mim Ana fique tranquila eu já me casei com David e como ele disse você é uma irma pra ele.
— Independente disso Ana se ele permanecer com você ele estará em nossa família. — Atacou a vovó em ação.
— Eu nem sei o que dizer.
— Agradecer já é o suficiente— Respondeu a Vovó — David eu não consigo enxergar será que poderia colocar o colar na Ana?
— Claro!
— Obrigada mesmo. — Agradeci enquanto erguia o cabelo na lateral.
Meu corpo tremeu quando senti a respiração de David em minhas nunca enquanto o mesmo tinha dificuldades com o fecho do colar.
— Eu vou para casa minha ronda começa em breve. — Intromete-se Annelise.
— Espere eu te levo. — Chamou David.
Meus olhos procuraram David bem atras de mim, ele não estava prestando atenção em mim, nem ao menos se despediu antes de sair de mãos dadas com Annelise.
— Ele vai ser seu querida. — Resmungou Vovó.
— Isso não vai acontecer, a senhora sabe que ele ama a esposa.
— Ana escute bem o que essa velha tem a te dizer, uma mulher consegue o homem que sonha, basta se empenhar em conquista-lo.
— Vovó ele ama a esposa, eu não quero ser a outra, tenho medo dele estar apenas brincando comigo.
— Ele está encantado por ela, mas como o meu David vai ser feliz com uma mulher que se recusa em fazer uma família? Ele não vai aguentar por muito tempo, confie em mim Ana ele vai correr atrás de você é só você ser você mesma, trate o como o amigo que ele diz tanto querer ser, vamos ver o que ele realmente quer de você.
— Será mesmo?
— Confie em mim, eu já vivi o suficiente entender como as coisas funcionam — Sorriu a velhinha.
A escuridão da noite já havia tomado toda a cidade, os convidados se foram aos poucos, a avó de David deitou se para descansar e acabou pegando no sono, apaguei as luzes da loja e da casa deixando apenas a luz da cozinha acesa onde comecei a enxugar a louça que já havia lavado quando de repente ouvi o sino da porta da loja soar, estremeci, não conseguia me lembrar de ter trancado a porta.
Assim que meu corpo obedeceu os comandos do meu cérebro peguei uma faca e apaguei a luz, não foi difícil escutar sons vindo da sala, caminhei até ela, a luz da lua entrava por entre as cortinas me permitindo ver um corpo vagar pela sala mexendo nas gavetas dos moveis, fiquei apavorada, pensei na vovó e novamente meu cérebro mandou o recado, pé por pé me aproximei sem fazer som algum, o corpo não se moveu, a adrenalina me forçou a esfaqueá-lo, mas em segundos a pessoa se virou apertando meu pulso até que o mesmo derrubasse a faca, a outra mão estava em meu pescoço empurrando me fortemente para o chão enquanto eu tentava me soltar, a luz conseguiu iluminar a face de meu agressor que me prendi com o peso do seu corpo.
— David? — Assustei me.
David aliviou os dedos sobre meu pescoço enquanto me olhava assustado, não tenho duvida que ele não havia me reconhecido antes.
Estávamos ali ao chão como no dia em que nos beijamos, David permaneceu calado apenas me olhando enquanto desenhava meu rosto com a ponta dos dedos, eu deveria ter feito o que a vovó havia dito, mas não consegui, minhas mãos novamente encontraram os cabelos dourados, aproximei meu rosto lentamente imaginando se ele recuaria, não recuou, David queria aquilo mais do que eu, fechei meus olhos e ele conduziu nossos lábios mais uma vez, era como se me colocassem um cabo de energia em meu corpo, nem percebi o momento em que levantamos, logo já estávamos no sofá, ofegantes, David estava louco queria mais do que aquilo, eu também, mas me lembrava das palavras da vovó, tentei recuar, David me tomava em seus braços mais uma vez, não precisava usar a força para me manter ali, eu amava aquele homem, mas não poderia ser assim.
— Você é casado! — Respondi começando a chorar.
— Desculpe. — Pediu ele se afastando de cabeça baixa.
— Eu amo um cara casado, meu Deus eu sou uma vadia. — Afoguei me — Você é casado e eu sou a amante.
— Pare de falar besteiras Ana. — Respondeu ele buscando meu rosto — Você não tem culpa de nada, eu estou confuso é só isso.
— Eu estou te deixando assim, eu sou mesmo uma vadia cobiçando o homem de outra mulher.
— Minha vida está uma merda Ana, não me deito com Annelise a um bom tempo — Respondeu ele sentando se ao meu lado. — Você é uma garota muito bonita acabou mexendo de alguma forma comigo, não sei explicar.
— Mesmo assim não posso me aproveitar da sua carência David, precisamos parar com isso, o que eu sinto é real, eu amo você David, mas não posso tentar te tirar da vida que já tens — Menti — Acabou aqui!
— Acabar o que nem começou Ana?
— Pra mim começou no dia em que você me defendeu na cafeteria, começou nesse maldito beco aqui do lado.
— Eu sinto muito.
— Não sinta, foi bom, foi, mas não será novamente. — Respondi — Estou indo para casa nos vemos amanhã.
— Eu te levo já é tarde.
— Vou cortar caminho, ninguém vai me ver.
— Prefiro te levar mesmo assim!
— Eu não quero — Respondi pegando minhas coisas e caminhando até a porta — Até amanha David.
Nunca foi tão difícil chegar em casa, assim que entrei joguei me no sofá refletindo, eu deveria estar triste me afogando em lagrimas, mas eu estava sorrindo, por algum motivo eu estava feliz por abrir mão do único homem que amei em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Será o fim do romance de Ana e David?



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