Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 3
Amigos?




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Depois de tomar uma chuva em uma tarde tão fria não resultaria em outra coisa á não ser em um resfriado terrível me deixando trancada em casa por quatro dias restando me apenas devorar os livros de David que permaneceram em minha mesa sem coragem para entrega-los ao dono, e foi assim que descobri meu amor por ficção e pós apocalítico.
No sábado eu não tive escolha a não ser levantar me e seguir para o meu trabalho deprimente depois de dias em branco assombrando me com o beijo que não tinha certeza se havia sido real.
— Querida está melhor? — Perguntou me Luana assim que pisei na cozinha do caffé.
— Estou sim!
— Não me parece.
— Fique tranquila eu estou bem. — Respondi enquanto amarrava meu avental.
Não queria contar sobre o ocorrido para Luana ela me questionaria antes de dar uma grande lição de moral.
O período da manhã é sempre tranquilo não atendemos muitas pessoas. Estivemos livre da presença desnecessária de Marcos que infelizmente apareceu durante a tarde.
— Venha precisamos conversar. — Chamou ele.
— Pois não? — Perguntei.
— Vou descontar suas faltas.
— O que? — Perguntei perplexa — Eu te avisei que não estava bem.
— Me trouxesse o atestado medico — Respondeu ele sentando se de frente para mim.
— Você não pediu! — Estourei
— São normas da empresa.
— E por qual motivo você não apresenta atestados todas as vezes que falta como hoje de manhã por exemplo. — Respondi me aproximando enquanto tremia.
— Estamos falando de você.
— Marcos tenho minha faculdade.
— Se precisa tanto de dinheiro vai encontrar algo em que ganhe bem. — Respondeu ele se levantando e se aproximando. — Se preferir tenho um serviço para você agora.
—Serviço pra mim? — Perguntei inocentemente.
— Isso mesmo. — Respondeu-me ele encurralando-me na mesa da gerencia ameaçando me tocar.
— O que pensa que eu sou? — Gritei acertando mais uma vez o rosto de Marcos.
— Posso ser o seu primeiro cliente de muitos que virão.
O ódio tomou conta de mim quando dei por mim já estava estapeando o gerente unhando todo seu rosto.
— Vadia eu vou acabar com você. — Gritou ele enquanto me seguia até a recepção da cafeteria.
— O que está acontecendo? — Perguntou Luana tentando deter minha saída.
— Onde você pensa que vai? — Gritou Marcos ao me ver pegar minhas coisas e caminhar até os clientes. — Fique onde está você ainda trabalha pra mim.
— Não mais! — Gritei sem me importar com os clientes. — Eu me demito!
— Ana. — Suspirou Luana.
— Você sabe o que isso significa? — Cutucou Marcos — Acabou de perder o pouco dinheiro que ainda tinha para pagar a faculdade.
— Eu não quero nada que venha de você. — Respondi olhando fixamente para Marcos sem me importar com as lagrimas cortando minha face.
Voltei a olhar para meu novo trajeto que para minha surpresa encontrei David me olhando assustado pensei que ele viria me proteger, mas encontrei ao seu lado sua amada esposa segurando em sua mão, meu peito se dilacerou ele jamais seria meu, desabei feito uma criança tendo seu doce roubado, rapidamente desviei o olhar e ameacei correr falhei assim que senti David me segurar enquanto me olhava apreensivo, desmanchei me, queria abraça-lo mas não pude assim que vi sua mulher me olhar aterrorizada forçando meu afastamento brusco combinado com meus passos rápidos sem olhar para trás.
Assim que cheguei em casa embrulhei todos os pertences do meu trabalho e joguei na lixeira.
Não demorou muito para que encontrasse os livros em minha mesa eu já havia salvo o numero do dono em minha agenda mas a coragem para ligar jamais chegaria e foi pensando assim que coloquei os três em uma sacola e voltei a biblioteca.
Enquanto não chegava a biblioteca me perdia nos relâmpagos iluminando o céu acinzentado realçando o vazio em meu peito, meus pés continuaram a me guiar mesmo enquanto meus olhos admiravam a grande paixão que era o céu e com esse desvaneio um carro quase me leva para ele.— Saia da rua garota! — Gritou o homem de barba rala. —Não me desculpei se tentasse minha tristeza transbordaria.
Minha mente foi tomada pelas lembranças assim que cheguei a frente da livraria minha vontade era voltar no tempo e viver aquilo outra vez, mas isso jamais aconteceria ele é casado e a chance de ter ele pra mim eram tão inexistentes quanto a importância de um zero a esquerda.
Assim que entrei na livraria pude ouvir o som clássico vindo de uma vitrola contemporânea ao lado do caixa que estava vazio, esperei alguns minutos apenas ouvindo a melodia doce soar pelo ambiente me tranquilizando por completa como se tudo que eu tivesse passado á pouco tempo atrás tivesse sido um sonho. Enquanto eu sonhava acordada um barulho no fundo da livraria me chamou atenção fazendo com que eu corresse mais que depressa ao encontro do som.
— A senhora está bem? — Perguntei ao ver uma senhora caída no meio do corredor com alguns livros caídos ao seu redor.
— Eu não ouvi o sino estou cada vez mais surda. — Respondeu me a senhora se apoiando em meu braço para levantar.
— Não seria melhor ir para o hospital a senhora pode ter fraturado algo.
— Não filha eu estou bem já estou acostumada em alguns tombos durante o dia. — Sorriu a doce velhinha — Eu sempre me desequilibro quando estou limpando o topo das prateleiras.
— A senhora trabalha aqui?
— Somente eu! — Respondeu me ela colocando os óculos redondos — Nunca me trouxeram um curriculum creio que não seja interessante trabalhar em uma livraria sem graça quando se há chance de trabalhar em grandes shoppings na cidade.
— Vou te trazer o meu — Sorri— Eu adoro lugares assim.
— A moça está procurando emprego? Por isso veio até aqui? — Perguntou a senhora com seus olhos brilhantes e azuis como o mar.
— Acho melhor eu procurar um se quiser continuar pagando minha faculdade — Confessei.
— Declare-se contratada meu corpo já não aguenta mais esse serviço não me aposentei para cuidar da loja sozinha meu neto está certo sobre isso.
— A senhora está falando serio?! Eu nem sei como agradecer. — Abracei a senhora aliviada.
— Era para estar alegre por que está triste? — Perguntou me a senhora parecendo enxergar meu interior. — Não se assuste minha filha eu já tive a sua idade e me cansei de reconhecer essas expressões em minha filha.
— Onde eu trabalhava tive muitos problemas o gerente acabou me humilhando. — Respondi.
— Filha não minta para você mesma. — Alertou me ela — Essa expressão de dor se chama amor você está sofrendo de amor por a caso seria pelo gerente?
— Amor?! Não o Marcos jamais me provocaria esse sentimento! — Respirei fundo lembrando me dos olhos da esposa de David — Tem pessoas que não devemos amar.
— O Amor não aparece sem ter um por que. — Respondeu a senhora — Olha veja acabei machucando meu braço. — Continuou a Senhora olhando um pequeno corte em seu braço enrugado — Debaixo do balcão tem um kit de primeiros socorros você poderia pegar fazendo um grande favor.
Rapidamente corri para debaixo do balcão que se encontrava um pouco empoeirado imagino que a humilde senhora não conseguia limpar lugares tão baixos. — Aqui está!— Levantei me rapidamente com o kit em minhas mãos quase infartando ao ver David analisando o braço da senhora.
— Ande me de isso logo. — Pediu ele irritado. — Está esperando que? Minha avó se esvair em sangue?
— Avó! — Paralisei.
— Me de isso!— Disse ele tomando o kit de minhas mãos. — O que houve vovó?
— Minhas caídas do dia a dia! — Respondeu ela sorrindo enquanto me olhava enquanto eu permanecia no mesmo lugar com meu coração enlouquecendo — Cumprimente a nova funcionaria — Continuou a Avó levantando de sua cadeira — Como se chama mesmo menina?
Eu não conseguiria responder estava em choque mais uma vez David havia pisado em meu caminho.
"Por que?!"— Perguntei mentalmente a Deus.
— Ana! — Respondeu David percebendo minha reação fazendo com que meus olhos trasbordassem.
— Oh menina não me diga que... — Descobriu a Senhora— David eu vou lá em cima fazer um chá você vai ficar por aqui hoje?
— Se a senhora quiser.
— Eu vou subir assim que terminar trago para vocês.
— Vou subir com a senhora. — Respondeu David seguindo avó até a pequena porta atrás de mim.
— Faça companhia a Ana. — Ordenou a avó.
— Vovó...
— David você não é teimoso vai começar a ser? — Sorriu a senhora — Pois bem, fique aqui.
Assim que a senhora fechou novamente a porta meus movimentos despertaram, continuei sem olhar para David, tentei andar mais rápido, meu cérebro estava lento para mandar o recado, meu coração gemeu assim que passei por ele, assim como na cafeteria David agarrou meu braço puxando-me para sua frente —Oque faz aqui?— Eu não conseguia responder a dor estava me sufocando não conseguia encara-lo com medo de sua expressão fria.
— Seus livros estão no balcão. — Soltei sem impedir as lagrimas me consumirem.
— Por que está nesse estado? O que aconteceu essa manhã no Caffé? — David forçou um contato visual segurando fortemente meu rosto enquanto eu apertava seu braço para que me soltasse — O que ele fez Ana?
Eu não saberia responder afinal eu estava acostumada com a forma que Marcos me tratava a humilhação foi grande, mas não a ponto de me provocar uma reação tão forte, fechando os olhos eu consigo ver a esposa e isso me provocava mais lagrimas.
Quem eu queria enganar, minha tortura era sobre o que estava sentindo a respeito do rapaz a minha frente, o rapaz que nunca poderia ser meu e se nos envolvêssemos eu não seria diferente da mulher que Marcos disse que eu era.
— O que ele te fez? — Perguntou ele mais uma vez.
— Me chamou de prostituta, o problema é que eu estou apaixonada por um cara que é casado isso significa que minha consciência está me punindo.
— Co - Como poderia estar apaixonada por mim se nem me conhece Ana?
Espantei me, não imaginava uma pergunta tão ignorante da parte dele.
— Você está certo David eu não conheço você, devo estar louca, agora como nas comédias românticas você vai pedir que eu me afaste, vai seguir sua vida com a sua esposa e eu que me ferre. — Respondi me soltando de David voltando a caminhar até a porta.
— Ana espere! — Chamou ele sem que eu lhe desse ouvidos — Pedi que esperasse! — Agarrou me ele colocando me contra porta prendendo meu corpo com o seu — Eu não quero que se afaste, eu não sei por que. — Sussurrou ele com medo que o escutassem — Não posso ficar com você por que sou casado, mas isso não significa que eu não te deseje, eu não vou fazer isso com você, mas podemos ser amigos não podemos?
Eu sei que deveria ter mandado ele pros quintos, mas não consegui resposta alguma apenas abraça-lo.
— Amigos então? — Perguntou ele assim que parei de chorar.
— Eu não quero ser sua amiga, mas não tenho outra alternativa tenho?
— Infelizmente não.
— Não tenho escolha então, só te peço uma coisa, tenha cuida com suas ações elas podem me magoar.
— Eu não vou magoar você Ana! — Respondeu ele beijando minha testa.

"Amigos?"


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