Pray For Love escrita por Lizzie-chan


Capítulo 16
Capítulo 15 - Tédio


Notas iniciais do capítulo

Hoho, mais um capítulo pra vocês, um tantinho feliz, e fica tenso pro final, começo do meu arquinho da felicidade eterna (e não me perguntem onde foi parar a celebração da vida, por favor kkkkk)

Boa leitura!
➢ Dia 20: Tédio - Biquini Cavadão



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591453/chapter/16

— Lucy, não tem nada pra fazer... — reclamou o dragão de fogo. A loira soltou uma pequena risada, secando seus cabelos molhados do banho matinal enquanto entrava no quarto.

Natsu estava deitado no sofá de barriga para cima e encarava a televisão de lacrima com uma expressão não mais do que levemente interessada. Seus olhos estavam entreabertos e as sobrancelhas levantadas, como se encarar ceticamente a reprise dos jogos mágicos que passava no canal setenta e oito fosse espontaneamente resolver todas as questões de sua vida.

Do lado de fora, na sacada do quarto, a chuva de granizo provocava um barulho alto e irritante, atacando sem piedade sua porta de correr de vidro e o piso do terraço. A vedação dos trilhos da porta devia ser muito boa, a julgar pelo fato de que não estava passando água alguma para o interior do quarto, e do lado de fora já devia estar se formando uma piscininha.

Chuva significava que não podiam sair, e que ninguém poderia entrar, o que trazia por conseqüência o jornal do dia anterior sobre a cômoda de frente para a cama, a falta de sinal da televisão, que só estava sintonizando os canais setenta e oito — com a reprise dos jogos mágicos daquele ano — e setenta e nove — com um programa de entrevistas de celebridades — e o tédio crescente do rosado.

— Ah, vamos, os jogos não podem estar tão ruins — brincou a maga estelar, sentando na cama e encarando uma das tediosas batalhas de uma das provas. No fim das contas, ela mesma não sabia como havia tido disposição para assistir todas as competições. É, a necessidade de um emprego sempre falava mais alto que o conforto pessoal, pensou, dando uma risada para si mesma.

— Eles são um saco... — resmungou o Dragneel, franzindo o nariz e pondo as mãos no rosto para murmurar irritado para si mesmo. — Todos eles são um saco, um pior que o outro. Se a Fairy Tail estivesse lá, nós teríamos chutado muitas bundas.

— Sei — zombou a maga estelar, sorrindo para o garoto irritado quando ele retirou as mãos do rosto para olhá-la desconfiado. — Claro que íamos ganhar, mas você sozinho teria acabado com eles, alguém como eu não teria necessidade nem sequer se de mexer — comentou, gesticulando distraidamente, imaginando a cena em sua mente.

— Hm... Talvez seja verdade... — anuiu o rosado, então sorriu largamente, apenas e apenas para ela. — Mas você é muito importante, Luce. Sem você, eu não seria capaz de chutar o traseiro de ninguém.

A loira desviou o olhar, sentindo o rosto esquentar. As bochechas dele estavam coradas e parecia absolutamente sincero e adorável, o que era péssimo para seu auto controle precário. No fundo, estava feliz. Muito feliz.

— Pare de falar sobre chutar algo de outra pessoa, isso é crueldade — repreendeu, ignorando os resmungos que ele deu em seguida e andando até a sacada.

Puxou as cortinas, dessa vez brancas, e tocou com os dedos o vidro embaçado. Aproximou o rosto, ignorando que sua respiração estava dificultando ainda mais a clareza da visão, e estreitou os olhos, tentando enxergar o exterior.

Estava chovendo muito, muito forte. Tomou um pequeno susto quando uma pedrinha de granizo bateu contra o vidro exatamente na direção de seus olhos e deu um pulo para trás, em alarme. Os trovões ecoavam ao fundo, mas o mais assustador era o clarão vez ou outra proveniente dos raios — embora não pudesse vê-los, o fundo embaçado da porta brilhava claramente.

— Luce? Tudo bem? — chamou Natsu, notando os olhos arregalados e as mãos trêmulas da garota, que havia acabado de se afastar da sacada, permitindo que a cortina branca cobrisse o exterior novamente.

— S-sim... — ciciou a Heartfillia, virando devagar para olhá-lo. Ao lado dele, a janela pequena fazia alguns sons tão estranhos quanto os da porta devido à chuva, mas isso não parecia incomodá-lo, a julgar pela pose despojada, um pé pendendo para fora do sofá e os braços largados ao lado do corpo. — Eu só tomei um susto.

Não era bem verdade. Lucy nunca havia gostado de chuva. Embora muitas pessoas achassem esse fenômeno maravilhoso — podia se lembrar claramente de Levy dizendo como o som a fazia se sentir calma, e adorava quando chovia em seus livros prediletos —, para a loira sempre fora algo essencialmente dispensável e felizmente efêmero.

Quando pequena, sempre dormia com sua mãe quando chovia, e aqueles cabelos dourados e mãos gentis podiam protegê-la de todo e qualquer mal. Elas dividiam algum doce, Layla contava uma história — se eram reais ou inventadas, a filha nunca saberia — e então iriam dormir antes de seu pai terminar o serviço, já que ele sempre continuava até tarde.

Sua mãe morreu num dia de chuva, e mesmo que o pai ainda estivesse vivo, não havia mais ninguém para protegê-la com doces e sorrisos.

— Ah, entendo... — concordou Natsu, fazendo uma careta. — Pelo menos isso deve ser mais legal que todo esse tédio!

E voltou a resmungar para si mesmo, cortando a linha de pensamentos da garota.

— Para alguém entediado, até que você está fazendo bastante drama — comentou, balançando as mãos para zombar do garoto enquanto voltava à cama. — Pessoas entediadas normalmente bocejam e não dizem nada.

—Eu não estou fazendo drama — defendeu-se o caçador de dragões, cruzando os braços, ainda deitado.

Lucy pegou a toalha que usara para secar os cabelos e começou a dobrá-la. Se a deixasse na cama, molharia aquela colcha dourada tão bonita, e isso seria horrível. Enquanto fazia seu trabalho distraída, repentinamente duas mãos seguraram seus pulsos, empurrando-os para suas costas e jogando-a para trás contra o colchão.

— Ei! — reclamou, franzindo as sobrancelhas para um Natsu sorridente.

— Eu não estava fazendo drama, e graças a você, já sei o que fazer pra me livrar desse tédio horrível! — Ela estava prestes a sugerir ironicamente que se jogasse da janela, mas não teve tempo de verbalizar os pensamentos, tão logo ele juntou seus pulsos para prendê-los com uma mão e começou a usar a outra para descaradamente fazer cócegas nela!

A maga estelar tentou grunhir, mas tudo o que saiu de sua boca foram risadas enquanto ele passava os dedos quentes levemente por suas axilas e pescoço, dando um sorriso largo no processo de observá-la sofrer sob seus cuidados. Aquela armadilha infame! Aquele maldito dragão trapaceiro estava fazendo isso, mesmo que ela já tivesse dito a ele que odiava cócegas.

Ah, isso havia sido mais de um ano antes... Ele devia ter esquecido.

— Natsu! E-ei! — exclamou, a voz entrecortada pelos risos, e começou a espernear, sem sucesso em se separar daquelas mãos travessas.

— Luce, você está fazendo uma cara muito engraçada — elogiou o mago de fogo, descendo os dedos para a barriga da maga, não tendo pudor algum ao subir alguns centímetros a regata branca que ela usava.

Lucy arregalou os olhos, alarmada, e fez a única coisa em que pôde pensar naquele momento: levantou a cabeça o máximo que pode, batendo a testa contra a do rosado, que grunhiu e afrouxou o aperto em suas mãos, além de cessar a sessão de cócegas. Aproveitando-se da fraqueza momentânea do Dragneel, a loira soltou as mãos da dele e usou-as para empurrá-lo para fora de sua cama.

Desorientado, ao perceber que estava caindo, Natsu segurou a única coisa sólida ao alcance imediato — os ombros da maga estelar.

O som de sua queda não foi tão alto quanto Lucy esperava. Na verdade, o barulho mais alto foram os grunhidos dela e dele quando as costas do dragão de fogo tocaram o chão e seu peito serviu de apoio para a garota.

A Heartfillia respirou rápido, meio sem fôlego devido ao ataque de cócegas, e podia sentir seu corpo subir e descer quando o mago sob si fazia o mesmo. Suas mãos seguravam a camisa preta dele, enquanto os dedos masculinos estavam cravados em seus braços, na altura do bíceps, moendo sem perdão o músculo com sua força.

Gemendo baixinho, ela levantou um pouco o rosto para poder olhá-lo. Natsu imediatamente captou sua atenção e logo ela estava inundada por aqueles grandes olhos verde-musgo, que pareciam mais castanhos à leve sombra.

— Você pode me soltar? Está me machucando — sussurrou.

Ele apenas continuou a encará-la, sem diminuir nem sequer um pouco o aperto em seus braços. Os lábios estavam entreabertos, os olhos não estavam mais semicerrados e as sobrancelhas também não estava de pé — ao invés, eram apenas linhas finas próximas aos olhos escurecidos e que pareciam se dilatar lentamente, mesmo à sombra. A franja jogada para trás expunha sua testa lisa, que por qualquer motivo ela sentia uma vontade insana de tocar.

Luce, eu não estou mais entediado — ele murmurou, e seu tom rouco de voz a fez sentir arrepios. O rosado usou as mãos que a tocavam para puxá-la para perto, ao alcance de seus lábios, e logo eles já estavam se beijando.

Do mesmo jeito do dia anterior. Ou mais intensamente que no dia anterior, ela não sabia dizer.

Estava instantaneamente inebriada pelo gosto de calor e de lar de Natsu, e o calor das mãos dele lentamente acariciando seus braços a fazia sentir calafrios subindo e descendo pela espinha como que na velocidade da luz. Por que o corpo dele era tão mais quente? Não era apenas para testar os limites da loira, era?

Luce... — murmurou seu nome, deixando seus braços e descendo as mãos por suas costas, chegando à base nua da cintura. Ao levantar sua camiseta antes, a queda não a havia feito abaixar, mas sim a manteve na mesma posição, expondo para o toque quente sua espinha e umbigo e parte do estômago.

Natsu não teve qualquer pudor ao testar a pele macia com as pontas dos dedos, sentindo-a estremecer levemente durante o movimento. Passou pela lateral de seu corpo, subindo novamente e levantando um pouco mais a regata durante o processo.

Natsu. — O nome passou involuntariamente por seus lábios quando as mãos dele chegaram perigosamente perto do fecho de seu sutiã. Ele provavelmente nem sequer sabia disso, mas mesmo assim a garota prendeu o fôlego, numa expectativa silenciosa.

Repreendeu-se pelos pensamentos. Ah, não era o que deviam estar fazendo agora, e definitivamente não devia esperar nada. Quando era mais nova, sempre havia dito a si mesma que guardaria as suas primeiras vezes para o homem com quem se casaria, mas perdera o primeiro beijo com um estranho pouco antes de conhecer Natsu, o que não era nada muito anormal, considerando que tinha dezessete anos.

Posicionou as mãos no peito masculino, preparada para se afastar, mas antes que pudesse fazê-lo, uma batida agitada soou na porta, alta e inquisitiva. Natsu grunhiu contra seus lábios e parecia decidido a ignorar, a julgar pelo modo como continuou a beijá-la apaixonadamente.

— N-natsu... — chamou, fazendo pressão contra seu peito com os dedos. Ele grunhiu novamente antes de se afastar, tomando o ar em lufadas.

Franziu um pouco o nariz na direção da porta, afastando a garota delicadamente para se levantar. Lucy sentou no chão de madeira, a mente anuviada rodando incrivelmente rápida, repassando os últimos acontecimentos de modo vago. Sensações eram tão difíceis de lembrar, argh!

Levantou devagar, tendo um vislumbre dos cabelos brancos de Lisanna à porta com a visão periférica. Esticou-se assim que estava sobre os próprios pés novamente, ainda se sentindo quente por dentro, como se o exterior estivesse gelado demais em comparação ao calor que Natsu podia lhe proporcionar.

Ao se aproximar da porta, ainda teve tempo de ver Natsu ficar lívido conforme Lisanna falava:

— Foi o Romeo.

— Hã? Romeo? — perguntou a loira, parando ao lado do mago. Passou os olhos por ele rapidamente, notando suas mãos trêmulas e os olhos arregalados, não mais dilatados, a boca entreaberta, como se quisesse dizer algo, mas não pudesse.

— Sim, Romeo — concordou Lisanna, ganhando novamente a atenção da maga estelar, que a observou levemente desnorteada. Estava séria, ereta, os cabelos parecendo tão frios quanto gelo, os olhos duros e as sobrancelhas franzidas, como se estivesse controlando seus sentimentos para manter o semblante impassível.

— O Romeo o quê? — questionou, meio receosa da resposta.

— O mago de fogo que morreu alguns dias atrás, nesta cidade. — contou a albina, a voz tão dura quanto seus olhos, quanto sua expressão, mas com um pequeno silvo de dor ao fundo, que não parecia ser proposital. — Esse mago era o Romeo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehe, aaaacabamos. Eaê, quem está tenso? Deixei alguém tenso? Tinham pensado nessa possibilidade é? ;D
Estou correndo aqui, então não vou ficar me estendendo. Obrigada a todos que estão lendo, comentando, favoritando e etc, enfim, tornando meu trabalho mais prazeroso e satisfatório. Conto com vocês agora, na reta final ;D

Beijitinhooooooooooooooooos
PS: Hoho, Natsu inventando jeitos do mal de se livrar do tédio. E vocês, como se livram? ;D Não me digam que fazem como ele kkkkkkk