Hermione acordara tarde demais para o seu próprio bem naquela manhã. A bruxa já devia estar arrumada e saindo de casa, quando se levantou. Entretanto saber que estava atrasada e que tinha milhares de tarefas naquele dia para fazer e problemas estudantis para resolver, não melhorava em nada o seu humor.

Quando finalmente chegou ao banheiro, já que está de 7 meses de gravidez não era nada fácil, ela se olhou no espelho e seu reflexo só fez seu humor azedo piorar ainda mais.

A única alegria matinal era saber que não iria passar mal e vomitar, apesar do enjoo continuar ali no seu estômago, como um aviso de que ainda estava grávida.

Como se ela precisasse. A todo tempo, a cada minuto ela tinha mais e mais consciência do seu estado, de estar grávida, de estar gerando um bebê. É claro que as mudanças corporais e a perseguição desenfreada de Draco Malfoy já eram mais do que suficientes para ela se lembrar.

O maldito bruxo desde que soubera da sua intenção, não a deixara mais em paz. Ele nunca mais a procurou, ou mandou cartas, mas ela estava sendo vigiada constantemente, 24 horas por dia. Sabia bem como era isso, tinha participado de uma guerra bem demais para saber quando era perseguida e então tinha total convicção da loucura de Malfoy.

Depois de sair do banho, ela foi procurar alguma roupa que ainda lhe coubesse. Tinha comprado alguns jeans mais largos e algumas blusas mais surradas, entretanto por mais que alargasse as peças magicamente, não era suficiente. Estavam ficando cada vez mais pequenas e estreitas.

Quando conseguiu alargar mais uma de suas peças, e se arrumar por inteiro, ela foi até a micro cozinha, precisava se alimentar. Seu apetite tinha voltado, e para sua surpresa, sua serenidade também. Agora que ela estava a mais tempo com o bebê em sua barriga, via que não era culpa dele. Afinal ele ou ela, era apenas um bebê. Não tinha culpa alguma de ter nascido e ser filho do odioso Draco Malfoy.

E assim, com tais pensamentos ela simplesmente não podia agradecer mais pelo apelo desesperado de sua mãe ao lhe pedir que não abortasse. Ela não era assassina. E jamais se perdoaria se tivesse feito tal coisa a um bebê inocente que carregava dentro do seu ventre.

Depois de devidamente alimentada ela saiu. Não podia mais aparatar, devido a gravidez, então ela saiu do prédio e foi em direção ao Instituto. Dorín, sua companheira de curso e apartamento, já lhe havia alertado sobre a presença de dois bruxos suspeitos que estavam sempre rondando o lugar. Os dois eram capachos de Draco, ela sabia, muito antes de Dorín ter percebido a presença deles, Hermione já tinha notado e furiosa comentou com os pais sobre a vontade de sair dali.

Entretanto sua mãe, como sempre, lhe trouxe a razão de volta, e disse que era muito melhor e mais fácil ignorar os capangas de Draco e continuar a sua vida.

E era isso que ela estava fazendo, continuando sua vida. Ela tinha um plano e iria seguí-lo, quer Draco Malfoy queira ou não. Ela daria a luz a esse bebê e o entregaria a adoção. Jamais permitiria que Draco Malfoy o criasse. Não porque queria castigá-lo ou vingar-se de tudo que ele fez. Mas porque agora pensava no futuro desse bebê. E ser criado com todo o mimo e pompa como o pai desse bebê foi criado, não era uma boa opção para Hermione.

Ela queria que o menino, ou menina, tivesse um lar. Um lar feliz e aconchegante. Onde fosse amado e respeitado. Onde soubesse que nada iria lhe atingir ou lhe fazer mal. E com certeza esse lar não seria na maldita mansão Malfoy. Lugar onde ela tinha suas piores lembranças. Não. Ela queria uma casa para seu filho, para o bebê. Para o bebê. Que cada dia mais crescia em seu ventre.