–Annabeth, como vai o trabalho? – Perguntou um homem com mais ou menos 45 anos, olhos azuis, cabelos começando a ganhar um tom grisalho e um pouco gordinho.

–Vai bem pai. – Respondeu a jovem enquanto pegava um pão e passava manteiga nele. – O Percy é um bom chefe apesar de muitas vezes parecer um adolescente.

–Como assim filha? – Perguntou Frederick preocupado.

–Sabe piadinhas sobre a aparência, elogios com uma frequência estranha. – Disse ela franzindo o cenho.

–Realmente ele esta perdendo a mão, mas também, com uma secretária linda desse jeito.

–Elogio seu não vale pai! – Disse ela sorrindo com a indireta do pai, pois, poderia não admitir, mas algo estava acontecendo entre ela e Percy, por mais que ele pudesse não perceber.

–Mas pelo jeito o do chefe vale. – Falou Frederick fazendo a garota ficar vermelha. – Quantos anos você disse que ele tem mesmo filha?

–Parece que 25...

–Não é tão mais velho que você...

–Chega ta bom, to cansada do senhor querer arrumar um namorado pra mim pai! Eu jurei que não ia começar um relacionamento tão cedo! – Disse Annabeth brava enquanto pegava sua bolsa. – Vou indo que hoje não vou trabalhar no escritório.

–Isso sim que é trabalho bom. – Comentou ele sorrindo.

–Porque o senhor não sabe no que estou prestes a me meter. – Ao dizer isso, Annabeth saiu de sua casa indo em direção ao ponto de taxi, afinal, a agência de Octavian era longe de onde morava.

Após 20 minutos de caminhada, ela parou em frente um prédio comercial com cerca de 20 andares e em cada um deles havia duas salas comerciais, foi em direção ao elevador e apertou o numero 10 “é agora ou nunca” pensou ela assustada “tomara que o Percy esteja certo e consigamos descobrir logo quem é o culpado” após esse pensamento, o elevador parou em um corredor com uma porta em cada lado, pegando a da direita, Annabeth se deparou com uma enorme sala, com várias poltronas e fotos de modelo nas paredes, enquanto olhava uma de Piper, percebeu que havia alguém atrás de si.

–Bom dia! – Disse um garoto magro, que media cerca de 1,75, devia ter uns 20 anos no máximo, olhos negros, cabelos encaracolados e escuros como a noite além de sua pele ser extremamente clara. – Em que posso ajudar?

–Eu gostaria de falar com Octavian. – Disse Annabeth com um de seus melhores sorrisos “sei que você vai fazer o que eu quero se não te mato”.

–Ele não esta no momento, mas eu sou Nico, assistente dele. – falou o garoto estendendo a mão. – E você?

–Annabeth – Respondeu ela sorrindo enquanto lembrava de algo que Percy havia dito “Não fale o nome completo, oculte uma das partes, assim, você ficara mais confortável mesmo sabendo que esta mentindo”.

–Então, o que você gostaria de falar com ele?

–Eu soube que algumas das melhores modelos da atualidade surgiram aqui e como é meu sonho desde criança eu queria saber o que eu tenho que fazer pra ter uma chance sabe. – Começou a história que havia ensaiado ontem, além de sobrecarregar um pouco o sotaque. – Como eu cresci no interior nunca tive uma oportunidade dessas e minha mãe sempre dizia que desfilar não enche a barriga, mas quando eu fiz 17 decidi que já estava passando da hora de sair de casa e correr atrás do meu sonho.

–E você fez bem. – Disse Nico olhando-a de forma intimidadora. – Afinal, nem sempre uma garota bonita aparece por aqui pronta pra mostrar seus talentos pro mundo.

–O que você...

–Fica tranquila. – Nico continuou com um sorriso estranho, o qual estava deixando Annabeth assustada. – Não é nada demais, só um teste de rotina pra ver se você é boa em frente às câmeras, me siga.

No momento em que ele começou andar, Annabeth pegou o celular e mandou uma mensagem para Percy, afinal, esse garoto a estava assustando e corria risco de não dar certo esse plano.

–Primeiro. – Disse Nico. – Eu quero que você aja naturalmente, como se ninguém estivesse te observando.

Então uma sessão de fotos foi iniciada, onde a cada nova, ele pedia para que Annabeth fizesse uma pose mais inusitada que a outra e caso ela se negasse, a xingava e dizia que não teria futuro no mundo da moda, pois pra isso acontecer ela devia ser desinibida e não ter medo de aparecer.

–Ótimo, perfeito.. – Dizia ele. – Agora tire a blusa.

–O que? – Perguntou Annabeth incrédula.

–São ordens da casa garota! – Gritou Nico. – Faça o que eu te peço ou vá embora e nunca mais volte atrás de ajuda aqui.

Annabeth estava prestes a responder quando a porta se abriu e um homem magro, que aparentava ter uns quarenta anos, seus olhos castanhos estavam com olheiras e o pouco cabelo que ainda tinha estava desarrumado.

–Nico, quantas vezes eu tenho que falar que as modelos não vão tirar fotos seminuas? – Perguntou ele com calma.

–Desculpa senhor é que...

–Eu sei garoto, volte pra sua sala que eu cuido dessa. – Nico então lançou um olhar raivoso para Annabeth e saiu deixando-a sozinha com Octavian.

–Mais uma que quer tentar a sorte no mundo da moda, estou certo? – Perguntou ele enquanto fitava a garota de cima abaixo.

–Claro senhor. – Respondeu ela nervosa. – Esse é meu maior sonho.

–Quem me indicou? – Perguntou ele curioso.

–Piper McLean. – Disse ela como combinado, vendo a expressão antes segura de Octavian desmoronar. – Antes do que aconteceu claro.

–Você a conhecia?

–Ela era minha prima, por parte de mãe. – Mentiu Annabeth.

–Ela nunca havia comentado que havia primas tão lindas como você! – Falou o homem admirado enquanto olhava principalmente para os olhos da garota. – E mais uma com olhos raros.

–Todo mundo diz isso. – Disse ela fingindo normalidade.

–Os olhos eram umas das coisas que eu mais gostava em sua prima. – Disse ele ao sentar em um sofá que estava mais ao fundo da sala, o que fez com que Annabeth tivesse que se aproximar para ouvi-lo. – Pena que eles foram apagados para o resto da eternidade.

–Mas se eram os olhos que o senhor mais gostava nela. – Começou Annie, o que fez o senhor aceitar que ela se tornasse uma Angel?

–O dinheiro! – Falou ele convicto. – É uma das melhores coisas já criadas pelo homem, e esse contrato faria ela se tornar milionária.

Annabeth sentiu seu celular vibrar, e viu que Percy havia acabado de responder sua mensagem:

“Em 10 minutos estou ai”

Mas como o pior já tinha passado ela retornou dizendo que já havia dado um jeito, então voltou a prestar atenção no que o homem em sua frente dizia.

–...O Nico que arrumou. – Concluiu ele.

–O contrato foi obra do Nico? – Perguntou ela.

–Sim, o garoto é um prodígio no mundo dos negócios, fecha contratos milionários em poucos segundos, pena que como você pode ver, tem uma queda pelas minhas futuras modelos, então, sempre as constrange. – Falou ele sorrindo de maneira triste. – Isso não vai se repetir, pelo menos enquanto eu estiver aqui.

Annabeth continuou conversando com ele, porém poucas informações lhe foram uteis “espero que o Percy saiba o que esta fazendo, porque estou achando isso aqui a maior perda de tempo da minha vida” e com esse pensamento ela voltou ao escritório.