O Convidado da Festa escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
Instinto maternal


Notas iniciais do capítulo

Ae, pessoas!
Desculpem a demora, mas, como eu disse, acho que será um capítulo por semana. De qualquer forma, acho que acaba daqui a uns quatro ou cinco capítulos... AHHHHH... rsrs
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590079/chapter/7

HERMIONE

O sexto mês de gestação estava me deixando cada vez mais ansiosa.

Rose ia fazer oito meses de vida.

Oito meses ... fazia oito meses que aquela pequena parte nossa, minha linda filha, havia entrado de modo estarrecedor em nossas vidas.

Ser mãe de uma bebê – e de outra criança a caminho – era um aprendizado que eu adquiria lentamente e maravilhosamente a cada dia. Eu sabia que cuidar de nosso futuro menino provavelmente não seria igual ao que ocorria agora com Rose. Talvez seriam experiências muito diferentes.

Mas de uma coisa eu sabia. Ambas estavam sendo – e seriam – inesquecíveis.

Rose estava ficando cada dia mais esperta. Já conseguia ficar sentada na cama sem apoio, ria sem parar de pequenas bobagens, e decididamente amava a hora do banho, pois abria o berreiro toda vez que a tirava da banheira.

Rony parecia tão encantado com as gracinhas da filha quanto eu. Ele não perdia nenhuma oportunidade de pegá-la no colo, embala-la, conversar com ela ou mesmo ficar ao seu lado.

Em um desses momentos especiais, meu marido estava contando uma história para ela. Rose, deitada no berço, olhava o pai, os olhos azuis fixos no rosto de Rony, prestando atenção ao que ele dizia.

– E então, o cachorro de três cabeças tentou pegar as crianças, e elas saíram correndo. Uma delas prometeu desde então nunca mais sair com as outras duas tapadas que haviam arrastado-a para a salinha.

– Fala sério! – arfei, rindo – é assim que você quer botar minha filha para dormir? Contando nossas encrencas?

Rose gargalhou, sacudindo as perninhas no berço, quando Rony fez uma careta exagerada de exasperação. O som de sua risada mexeu com cada centímetro de minha pele, fazendo meu coração ribombar.

– Primeiro, ela merece ouvir. E segundo, antes do sol nascer, a filha é minha. Deixa-me, mulher.

– Tudo bem – dei de ombros, brincalhona, e afagando minha barriga – já tenho um aqui só pra mim mesmo...

– È o que você pensa – me fazendo rir, Rony ajoelhou no chão e agarrou minha cintura, beijando meu ventre – isso tudo aqui é meu... – ele subiu, enquanto eu guinchava, risonha – e isso aqui – ri ainda mais quando ele mordeu meu pescoço– é meu também.

– Pare com isso, Don Juan – funguei – olha a menina aqui, seu pervertido!

Rony me puxou para a poltrona em que estava sentado minutos atrás, me virando na direção de Rose.

– Seu pai é doido, princesa – beijei Rony, sorrindo – não liga não.

Como se para frisar sua maravilhosa presença, a pequena e gentil pontada com a qual eu vinha em acostumando ecoou novamente dentro de mim. Podia sentir, sem dificuldade, o tamanho e a espessura do pezinho que havia me chutado, tão pequeno quanto uma laranjinha.

Levei a mão àquele ponto, sentindo meus olhos ficarem úmidos. Meu pequeno menino...

Ficamos sentados ali por um tempo, abraçados e assistindo Rose tentar pegar os dragões que rodavam em seu móbile.

Foi uma questão de tempo até nossa pequena florzinha bocejar e, aos poucos, ir fechando os olhos - que, minutos depois, não se abriram mais.

– Dormiu – sussurrei, com um sorriso carinhoso contorcendo meu rosto.

– É – Rony me abraçou, afagando minha abriga com uma expressão fascinada – está tão bonita... você tem ideia de como fica linda grávida?

– Para – bati de leve nele, envergonhada – eu me sinto é gorda.

– Que seja... então é a gorda mais linda que eu já vi.

Rony me beijou, acariciando meus cabelos. Desacostumado desde sempre, meu coração ainda se arrepiava com os toques, carícias e carinhos de meu marido. Parecia que aquele êxtase de quando ele me tocava nunca acabaria. E nem aquele amor doentio e avassalador que varria meu corpo.

– Precisamos pensar num nome para nosso garotão – ele comentou, quando se afastou – já tem alguma ideia?

Mordi o lábio. Saco, ainda não tinha ideias.

– Bom... já temos uma filha com R.

Rony riu.

– Sim... tem minha inicial. Então nosso bebê pode ter um nome com a sua.

– Nomes com H? – sugeri, dando uma risadinha – não são muitos...

– Como não? Horton, Harry – ele piscou – Harry, que tal?

– Sei não... – franzi a testa, rindo – acho que Harry não vai gostar de ter que olhar toda hora quem diabos estão chamando, se ele ou o sobrinho... e, nossa, Rony... Horton?

– Verdade – Rony balançou a cabeça – fica fria... vou pensar em alguma coisa – ele me soltou, levantando da poltrona – falando nisso, fui naquele sebo que sua mãe indicou. Trouxe alguns livros trouxas para você ler para Rose. Estão ali no gaveteiro.

– Oh, que gentileza a sua – eu disse, irônica. Rony estreitou os olhos, mas sorriu.

– Se não estivesse grávida, garota... – ele ameaçou, dando uma piscadela brincalhona para mim, antes de sair do quarto de Rose.

Uia. Ameaças de castigo. Fazia tempo que ele não me dava uma.

Revirando os olhos e ainda com um sorriso estampado, me ergui da poltrona. Bambeei um pouco por causa de minha recém novamente enorme barriga, e alonguei as costas. Puxa, aquilo doía um pouquinho.

Fui até a escrivaninha e apanhei os livros que Rony citara, fechando a porta do quarto de Rose e levando-os até o nosso quarto.

Coloquei tudo na cama, tentando fazer o jovial e magro movimento de tentar me içar como uma adolescente no colchão – o que era fácil quando você tinha dezenove anos, um namorado assanhado e uma barriga em vez de uma melancia.

O resultado foi que eu quase caí de borco na cama, feio uma baleia encalhada,

O bebê chutou, protestando.

– Nem reclame, mocinho - falei para meu ventre – a culpa é sua, nanico. Se tivesse vindo junto com sua irmã, isso não tinha acontecido.

Dei-me conta do que havia dito e finalmente ri. Eu devia estar ficando doidinha.

Acariciei onde ele havia chutado.

– Já vi que vai ser encrenqueiro, querido...

Finalmente reerguida, comecei a examinar os títulos dos livros. Eu já tinha lido Paddingtonmilhares de vezes na minha infância, e tinha certeza de que Rose iria adorar. Passei os olhos rapidamente por O Cavalinho Branco, e me peguei dando um largo sorriso quando apanhei Sonho de Uma Noite de Verão.

Um dos livros, porém, não me era familiar.

Devia ser um lançamento recente. Chamava-se A Invenção de Hugo Cabret.

Curiosa, abri o livro, que tinha uma capa muito colorida, e várias ilustrações em preto e branco. Comecei a ler o primeiro capítulo ali mesmo, fascinada e presa pelos misteriosos desenhos.

– Do seu esconderijo atrás do relógio, Hugo podia ver tudo. Esfregava nervosamente os dedos no caderninho em seu bolso e dizia a si mesmo para ter paciência. O velho na loja de brinquedos estava discutindo com a menina...

O bebê chutou de novo, parecendo animado com a história. Sorri.

Passei os olhos pelas imagens do livro. Um menino ousado, tão novinho, mas tão aventureiro, disposto à tudo para decifrar um mistério... ao mesmo tempo, inseguro quanto à própria vida... e decididamente fascinante.

Era praticamente um Rony criança e trouxa.

Senti os chutes vibrarem em meu ventre outra vez.

Apertei o livro em minhas mãos, entusiasmada e decidida.

Parecia que eu finalmente encontrara um nome perfeito para meu pequeno e amado cutucador.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários? Deem a opinião, gentes lindas.
Kissus de Amortentia e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Convidado da Festa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.