Família Dixon escrita por Andhromeda


Capítulo 2
Planos


Notas iniciais do capítulo

Oie de novo!
Estou postando esse cap. para Manuca Ximenes e Giovana Catalani, em agradecimento aos meus primeiros comentários – que adorei profundamente!
Obrigado meninas e espero sinceramente que gostem da continuação.
Ate!



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No segundo dia Judith ficou doente.

Ela tinha uma tosse seca exasperante – o que fazia com que seu corpo miúdo atraísse errantes onde quer que fossem – em um momento a menina estava quente e logo depois fria. E tudo que eles podiam fazer era tentar alimentá-la com tudo que encontraram naquele dia, abraçá-la e – no caso da Beth – agachar-se em um canto e orar por uma melhora.

*

A prisão havia caído a 8 dias – talvez mais, noites, dias e horas estavam começando a se confundir. No início, eles circularam pelos bosques e cidades em torno da prisão, na esperança de encontrar algum vestígio de seu grupo, mas o seu território estava começando a se mover mais para longe, uma vez que o alimento e água iam diminuindo.

Tinham dormido no carro algumas noites, tirando-o da pista principal e cobrindo sua trilha ate a beira da estrada. Mas haviam visto homens carregados com armas automáticas há um dia e decidiram que essa não era mais uma opção segura.

O som da espada de Michonne cortando a espinha de Hershel ainda estava tocando nos ouvidos de Beth.

Judith soltou um gemido lamurioso, Beth se sentou no sofá na pequena sala e mudou a menina de posição.

Eles estavam em uma casa que haviam encontrado no fim da tarde quando passavam pela estrada de terra que cercava a Interestadual – Daryl tinha feito ligação direta em um carro que tinham encontrado na ultima cidade que passaram, e apesar dele estar em condições razoáveis, a gasolina estava quase zerada.

– Precisamos encontrar um lugar pra ficar por um tempo – Beth disse suavemente, quando os gritinhos de Judith aquietaram.

A bebê tinha comido algumas amoras que Daryl encontrou, e agora manchas roxas sujavam seu rostinho redondo e suas roupas destruídas.

O caçador agachou ao lado da porta, abriu uma pequena fresta, inspecionou o lado de fora, fechou a porta e só assim voltou-se para encará-la.

Em algum momento nos últimos dias, eles aprenderam a se comunicar em completo silencio, as palavras de Beth foram as primeiras que tocaram em pelo menos 4 dias.

– Desistiu da idéia de encontrar a Maggie e o Glenn? – ele grunhiu, pressionou as palmas das mãos em seus olhos injetados de sangue por falta de sono e suspirou.

Quando ela não disse nada, Daryl voltou a encarar seus grandes olhos azuis.

Desistiu?

Não, nós vamos encontrá-los – Judith balbuciou e chupou seus pequenos dedos manchados de amora, depois contorceu-se no colo de Beth e estendeu a mão para mais.

Daryl foi ate a sua mochila, pegou um biscoito em um dos seus bolsos – resultado da sua ultima busca – e sem encarar a loira, entregou a guloseima para a menina.

Só não quero dizer a eles que nos ferramos porque eu estava desesperada demais para encontrá-los – engoliu em seco enquanto observava a bebê tentar comer o biscoito ao mesmo tempo em que tentava enfiar os dedos roxos na boca – ela tem que ficar segura, Daryl.

– Ela vai ficar – ele disse as palavras com tal certeza, que ela não ousou duvidar nem por um minuto.

O caçador se aproximou delas no sofá e olhou para a menina – que levantou os braços corajosamente em sua direção – acariciou o rosto da menina com as costas da mão com delicadeza.

Ainda esta quente – ele soltou um som violento, que soava algo entre uma maldição e uma oração, mas então balançou a cabeça – precisamos de paredes mais resistentes, comida e água.

Eu me contentaria com paredes resistentes e saídas fáceis – ela estava tão cansada desse medo constante, o terror de acordar no meio da escuridão e sentir dedos finos e frios na sua pele, ou pior, dentes afiados e famintos – precisamos de remédios para febre, não sabemos o que há de errado com ela – disse com pesar, imagens do quanto uma simples virose havia devastado a prisão vieram a sua mente – se fosse serio ela estaria chorando mais, não é?

Sei lá – preocupação marcava os olhos dele.

Daryl suspirou e começou a andar pela sala daquele jeito inquieto dele – sempre com a besta.

O norte é a nossa melhor aposta, lá faz mais frio, talvez tenha menos errantes – cogitou.

Os dois sabiam que era um tiro no escuro e quanto mais se afastavam menores se tornariam as chances de encontrar alguém do seu grupo.

Porem...

Precisamos de gasolina e leite, tenho racionado, mas não é muito – disse a adolescente tentando convencesse a abandonar a busca pela irmã – só bastante pra 3 mamadeiras, talvez 4.

Vamos pro Norte – Daryl sentenciou. Beth concordou com um gesto de cabeça.

Não tinham opção – não se quisessem sobreviver – ela podia sentir a fraqueza nos ossos e a fome que corroia seu estomago. Se permanecessem no mesmo ritmo, uma hora ou outra um dos dois iria cair – se não ambos – e ninguém protegeria a bebê.

Ele esfregou a mão na nuca, se sentou ao lado das duas e deixou que Judith brincasse com os dedos da sua outra mão.

Ela sorriu e balbuciou para ele, Beth viu os cantos da boca de Daryl se moverem em um sorriso cansado – o primeiro desde que estavam juntos – e percebeu que a garotinha tinha o coração do caçador em suas mãos.

Sentaram-se no silencio que se seguiu, dava para ouvir os grilos lá fora, também havia errantes gemendo não muito longe, por isso Daryl se levantou e foi verificar do lado de fora.

Beth também levantou, trocando a bebê de posição – colocou-a enganchada em sua cintura – e foi ate as suas coisas – que se resumiam a sacolas, com tudo de útil que conseguiram encontrar pelo caminho – misturou um pouco de formula em uma garrafa de água mineral e balançou.

A garrafa ficou pela metade, a mistura muito rala e a mamadeira improvisada tinha todo um problema na logística, mas seria o suficiente para Judith dormir por algumas horas.

Mantendo os olhos na porta – o coração batendo de ansiedade – ela voltou a sentar-se e rezou para que a menina não chorasse.

A ultima vez que ela havia chorado Beth teve que segurar sua mão sobre a pequena boca e para tentar acalmá-la, a forma como Judith havia choramingado e lutado contra ela tinha feito a adolescente sentir como se acido fervesse em seu estomago e lagrimas piscarem entre seus cílios.

Não hoje, não é querida – sussurrou para a bebê.

Deus enfim pareceu ouvir suas preces, por que o único som que se ouvia era o de Judith se alimentando.

Daryl voltou enquanto ela embalava Judith suavemente, que sugava o leite fraco desesperadamente. Ambos observavam a forma como a menina segurava a mão de Beth na tentativa de encontrar um lugar para se estabelecer.

O caçador deixou sua besta ao lado da porta e estendeu o braço para Judith.

Ele havia feito a ultima ronda, então agora era a vez de Beth.

Vamos lá, Bravinha – disse quando pegou a bebê nos braços, com uma suavidade que surpreendeu a Grenne – hora de puxar um ronco, hein?

Beth pegou sua besta enquanto ele deitava no sofá empoeirado, curvando-se em torno do bebê, de costas para a porta, protegendo-a de um eventual ataque com seu corpo. Coração e corpo pesado, Beth encostou seu ombro na parede e manteve seu olhar do lado de fora da janela.

Mais tarde ela andou lentamente pela casa para verificar suas barricadas nas saídas. Seu turno não teve problemas, e foi embalada pela trilha sonora do ronco suave de Daryl – quebrado apenas duas vezes por lamentações de Judith, mas ele apenas a acalmou e logo depois voltou a dormir. No inicio era diferente, ele costumava acordar uma vez a cada hora – às vezes ate mais – para se certificar que Beth estava bem, mas agora o caçador dormia pesado e duro; seja porque tinha aprendido a confiar nela para guardar seu sono, ou porque a insônia tinha finalmente tomado seu pedágio sobre ele, ela não sabia.

Quando a lua atingiu seu ponto mais alto no céu, Beth voltou da sua ultima ronda pela casa para acordá-lo para o seu turno.

Daryl tinha Judith aconchegada dentro da proteção de seu colete de couro, um braço protetor a cercando, as pequenas mãos da menina seguravam em sua camisa e suas baforadas de respiração moviam o cabelo em seu peito. Sua outra mão repousava sobre a faca em sua cintura, um dos pés estava no braço do sofá e o outro no chão, como se tivesse pronto para escapar a qualquer momento – ainda usava suas botas. Seu cabelo escuro estava caindo em seus olhos e ele parecia tão maldito jovem que fez Beth recuperar o fôlego. Ela mordeu o lábio quando ele fungou, enfiou o queixo sobre a cabeça de Judith, que resmungou pelos lábios sonolenta antes de se estabelecer novamente.

Beth deixou-os dormir por mais um pouco.

**

Daryl acordou quase uma hora depois, resmungou e esticou o pescoço por cima do ombro para encará-la. Beth estava sentada na borda do parapeito da janela, uma mão em sua faca e outra mantendo sua besta para não deslizar do seu lugar em sua coxa, onde a estava apoiando – a coisa parecia pesar mais a cada segundo que passava.

Oi – murmurou.

Quanto tempo dormi? – rosnou, sua voz grossa por causa do sono – merda, porque não me acordou? – se levantou e sentou-se cuidadosamente, trazendo o bebê com ele.

Bom dia pra você também, Sr. Dixon – disse com sarcasmo.

Ele era sempre tão... cretino! Havia feito uma gentileza, qualquer outra pessoa teria agradecido, mas não Daryl Dixon, o estilo dele é mais rosnar e intimidar...

Cretino.

Mas seu coração se suavizou um pouco quando o viu colocando Judith contra o seu peito e com um dos braços, enrolou seu colete de couro no pequeno corpo e cuidadosamente a deitou novamente no sofá.

A bebê tossiu fracamente e reclamou um pouco, mas ele deu pequenas batidinhas em seu bumbum ate que ela caiu no sono.

– Eu não queria te acordar – Beth disse em um tom cordial – estou bem de qualquer forma.

Era mentira, seus olhos ardiam e era muito difícil mate-los abertos, mas preferia cortar a língua a admitir.

Mal consegue ficar com os olhos abertos, não pode escapar dos malditos se não os vê chegando – ele rosnou e pegou sua besta – agora vá dormir, vou manter a sua maldita bunda segura.

Olhos azuis a olharam ate que ela concordou com um gesto de cabeça e se arrastou ate o sofá.

Judith choramingou, perturbada pelo escasso peso de Beth quando ela mergulhou para as almofadas, mas logo se acalmou.

A garota dormiu antes mesmo que sua cabeça tivesse encostado no descanso do braço do sofá.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Ate!