Laços de Guerra - 4ª Temporada escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 3
Capítulo 3 - Pão mofado, corujas vivas e decepção




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2 de Agosto de 1997.

Amber acordou bruscamente quando ouviu os gritos de Walburga Black. Olhou por cima do ombro e viu que Oliver também tinha acordado, ele sentou-se com cuidado pensando que ela ainda estava dormindo. Ela levantou a cabeça e viu que nem Fred nem Sarah estavam no quarto.

— Devem ter dado um susto nela — disse Amber, com a voz rouca de sono, passando a mão no olho direito.

— Eles devem ter descido para procurar comida — disse Oliver.

Amber bufou enquanto voltava a deitar a cabeça no travesseiro, tentando tapar a visão do sol que vinha pela janela.

Sarah entrou pelo quarto com Fred logo depois. Sem a comida.

— Não tinha comida — lamentou Fred.

Amber riu entredentes.

— A casa está abandonada há uns dois anos — disse Amber — Se tivesse, estaria estragada.

— E toda empoeirada — disse Fred passando o dedo pela superfície da mesa e mostrando-o para eles.

— Sinceramente, esse elfo é um imprestável — resmungou Sarah, sentando-se na cama ao lado — Nem para limpar a casa presta.

— Sabem como Regulus Black morreu? — perguntou Fred, também se sentando.

Amber bocejou em resposta, enquanto colocava o braço por debaixo do travesseiro. Sarah e Fred se entreolharam.

— Nós não entendemos bem o que eles estavam dizendo — disse Sarah, hesitando.

— Desembucha — disse Oliver.

— Parece que Regulus descobriu um segredo de Voldemort. Um medalhão de Slytherin e ele tentou destruí-lo, mas não conseguiu. Eu não entendi direito! — exclamou Sarah — Pediu pra Kreacher fazê-lo.

— Ai, meu Deus — murmurou Amber, o som abafado pelo travesseiro.

Para os outros ela estava nem um pouco interessada, mas apesar do sono ela conseguiu entender que o medalhão de Slytherin era uma horcrux, Regulus tinha sido morto por ter descoberto o segredo de Voldemort e pediu a Kreacher para destruí-lo, mas Kreacher não conseguiu.

Quando Sarah e Fred deitaram-se para voltar a dormir, Amber sentiu perder todo o sono que tinha, ela sentou-se na cama olhando para eles que ainda estavam acordados.

— O que? — perguntou Sarah, percebendo o seu olhar.

— Ele não conseguiu destruir? Você tem certeza disso? — perguntou a ruiva.

— Foi o que ele disse para Harry — disse Sarah, sem entender a mudança de atitude dela.

— Mas... Ele é um elfo doméstico! Tem poderes completamente diferentes do bruxo em si — disse Amber — Se ele não pôde destruir o medalhão, o que poderia?

— Eu não entendo por que ele queria destruir o medalhão — disse Sarah — Era de Salazar Slytherin. Valor inimaginável e... Ele era da Slytherin. Outra coisa: ele idolatrava Voldemort antes mesmo de entrar para o grupo dos Death Eaters.

— Depois que você recebe a marca, começa a perceber que não é nada daquilo que você pensava — disse Amber, pensando em Draco Malfoy.

— E estando no círculo íntimo, poderia ter descoberto alguns segredos a mais de seu milorde — disse Fred, desistindo de dormir.

— Você sabe o que é esse medalhão, não sabe? — perguntou Sarah.

— Só uma conjectura — disse Amber, vagamente.

Sarah trocou um olhar com Oliver, mas eles decidiram não insistir. Se Amber não queria contar, ela não cederia tão fácil.

A porta abriu-se bruscamente e tanto Amber quanto Fred escorregaram da cama pelo susto, caindo no chão.

— Vingança — disse Sarah, sorrindo para Amber que levantou o dedo de meio para ela.

— Quem são vocês? — perguntou Hermione, apontando a varinha.

— Se nós fossemos Death Eaters não teríamos passado a noite aqui — disse Sarah.

— Teríamos matado vocês, até porque estavam dormindo tão profundo que nem nos ouviram entrando — continuou Fred, levantando uma sobrancelha.

Hermione teve que abaixar a varinha para isso. Tinham sido descuidados. Nem ela nem Harry tinham acordado com o barulho e isso não poderia acontecer.

— Certo, desculpem — ela disse, guardando a varinha no bolso do casaco — Eu acho melhor você levantar logo, Amber. Se Harry sonha que vocês dormiram juntos...

— Junto com outras duas pessoas no quarto — retrucou Amber, quando Hermione saiu do quarto.

— Você acha mesmo que Harry vai se lembrar desse fato quando for uma desculpa para matar o seu namorado? — disse Sarah, levantando-se.

Amber suspirou e levantou-se logo depois.

— Mundungus não é fácil de ser capturado — dizia Rony, quando eles entraram na cozinha.

— Olha só quem eu encontrei — disse Hermione, indo se sentar do outro lado da mesa — Eu já conferi. São eles.

Dito isso, Harry levantou-se e abraçou Amber fortemente, Fred e Rony bateram as mãos como cumprimento.

— Estou bem — murmurou Amber.

— Vocês devem ter demorado, já que não chegaram aqui antes de nós ou quando estávamos acordados — disse Hermione, querendo saber o que tinha acontecido.

Amber e Sarah contaram o que tinha acontecido depois que eles partiram. Harry olhou desconfiado para Oliver, fazendo Amber chutá-lo por baixo da mesa.

— Nós aparatamos em Tottenham Court — Hermione começou a contar, depois do relato deles — Trocamos de roupa, eu tinha reunido as nossas coisas caso precisássemos fugir, e entramos em uma cafeteria. Ficamos conversando e do nada apareceram dois Death Eaters. Nós os estuporamos, apagamos suas memórias e viemos para cá.

— Não parece tão emocionante se resumido assim — murmurou Rony.

— E dormiram aonde? — perguntou Harry.

— Em um quarto? — ironizou Sarah.

— Francamente, Harry — reclamou Amber, levantando-se da cadeira.

— Deveríamos procurar comida — disse Fred, mostrando pão mofado do armário.

— E você tem dinheiro? — retrucou Sarah, mal humorada pela fome.

— Não vamos roubar! — protestou Hermione, antes que ele sugerisse.

— Onde está Kreacher? — perguntou Fred, cruzando os braços.

Harry, Rony e Hermione entreolharam-se.

— Ele... Saiu. Nós... Nós pedimos que ele fosse... — Hermione tentou explicar.

— Alguma coisa em relação ao medalhão ou ao meu tio? — perguntou Sarah, equilibrando a cadeira com as pernas de trás.

— Como você...? — começou Hermione.

— Viemos procurar comida e ouvimos um pouco da conversa — explicou Fred.

— Eu não vou comer pão mofado — Sarah fez uma careta.

— Não temos ninguém para pedir ajuda. Nos viram com Oliver e Fred — disse Amber, pacientemente.

— Isso se nos reconheceram — pontuou Oliver — Aparatamos rápido.

— Não rápido o suficiente — retrucou Amber.

A cadeira de Sarah mancou para trás e ela caiu ainda sentada na cadeira. Amber negou com a cabeça, divertida.

— Ai, caramba! — exclamou Oliver, levantando-se.

— O que foi? — perguntou Amber, enquanto Fred ajudava Sarah a se levantar.

— Eu estou sumido desde ontem, é melhor enviar uma mensagem para a minha mãe ou ela vai armar um escândalo — murmurou Oliver, saindo para a sala.

— Não temos corujas — disse Sarah, sentando em cima da mesa.

— Se essa mesa cair, não nos responsabilizamos pelo prejuízo — disse Amber, afastando-se rapidamente da mesa e indo para a sala, atrás de Oliver — Espera, eu tenho uma ideia.

Ela lhe explicou como transmitir uma mensagem pelo patrono para preocupar menos a mãe.

— Ainda temos que resolver o problema da comida — disse Oliver, assim que o pomorim saiu voando pela janela.

Eles voltaram para a cozinha, criando milhares de planos para ver como conseguiriam a comida.

— Não podemos enviar patrono para George nem nenhum dos Weasley — disse Amber — Eles estão vigiados. Muito menos para Remus e Tonks.

— Não podemos chamá-la de Tonks, agora ela também é Lupin — brincou Sarah.

Hermione estava aliviada que eles se esqueceram do assunto do medalhão e Harry estava ansioso, esperando por Kreacher.

— Não tem jeito — disse Hermione, por fim — Vou tentar transfigurar a comida.

Sarah resmungou.

— Podemos pegar a capa e ir ao mercado. Vocês têm dinheiro muggle? — sugeriu Amber.

— Não muito — respondeu Hermione, enquanto revirava a bolsa de contas.

— Sarah, onde estão as mochilas que te dei? — perguntou Amber, lembrando-se de repente.

— Na jaqueta que usei ontem, deve estar jogada lá em cima — disse Sarah — Eu vou lá.

Ela saiu rapidamente da cozinha para pegar a jaqueta.

— Peguei um pouco de dinheiro no Gringotts, mas não esperava que tivéssemos que fugir — disse Amber, pensativa — Na verdade, não pensei que isso aconteceria. Foi idiota da minha parte.

— Não esperava que estivessem atrás de você? — perguntou Hermione.

Amber não soube o que responder. Jamais lhe passou pela cabeça estar nessa situação atual. Estava segura com sua madrinha e pensava que ninguém lhe perseguiria, era só a irmã de Harry. Não era uma menina que sobreviveu nem nada. Mas Marlene tinha partido e tanto ela quanto Sarah estavam sendo perseguidas.

— Por que eles estão atrás de mim? — sussurrou.

Harry lhe olhou e depois abaixou o olhar novamente.

— Fora o fato de que você é irmã do Eleito? — ironizou Fred — Não, eles realmente não têm motivos para te sequestrar.

— Seria um plano óbvio te sequestrarem e ameaçarem a Harry — concordou Hermione.

— É só isso, Harry? — insistiu Amber, percebendo que ele evitava o seu olhar.

Sarah chegou com a bolsa antes que Harry respondesse.

— Aqui está — disse, colocando na frente de Amber na mesa e sentando-se ao lado dela.

Amber abriu a bolsa e procurou por dinheiro muggle.

— Dez libras. Não dá para muita coisa — disse Amber — Até porque não tem nenhum microondas aqui.

— Eu vou transfigurar a comida — disse Hermione, levantando-se, desanimada.

Um patrono em forma de uma raposa entrou pela janela e ninguém além de Oliver reconheceu. Ele não falou nada, simplesmente apareceu e depois se dissipou no ar.

— Estranho — disse Fred, depois de um tempo em silêncio.

— É o patrono da minha mãe — disse Oliver, suspirando — Suponho que estejam bem.

Amber apertou a sua mão por baixo da mesa, demonstrando apoio.

— Esqueci de te mostrar uma coisa! — exclamou Harry, levantando-se — Eu encontrei no quarto do Sirius vou lá pegar.

Amber deu um olhar significativo para Oliver e se levantou, seguindo-o. Precisava ficar a sós com o seu irmão. Quando Harry virou-se para sair do quarto de Sirius, encontrou Amber se aproximando para ver o que ele segurava.

— É uma carta da nossa mãe e uma foto... Está rasgada ao meio e a carta também está rasgada — explicou enrolado.

Amber leu a carta mesmo já sabendo mais coisas de sua mãe do que Harry, isso fez o seu estômago afundar levemente.

— Eu posso te contar algumas coisas que Marlene me disse — disse, entregando para ele que deixou onde encontrou — Ela me contou histórias bastante divertidas dos marauders.

— Seria legal — Harry forçou-se para sorrir.

— Harry, não me obrigue a usar Legilimens — disse Amber, cansada.

Harry suspirou e olhou-a nos olhos.

— Eu tive algumas visões sobre Voldemort — contou — Em uma delas, ele procurava Gregorovitch, artesão de varinhas. Na outra que tive, ele procurou Ollivander e o torturou por algo relacionado com a minha varinha e a dele. Não sei se já lhe disse, elas são gêmeas, tem uma conexão...

— Priori Incantatem — murmurou Amber — Vocês não podem se matar ou se ferir enquanto estiverem com as varinhas gêmeas. Te dá certa proteção e por isso ele está procurando outra varinha.

— Mas ele já teria conseguido com dois fabricantes de varinha em seu poder, não? — perguntou Harry.

— Eu não sei, Harry — Amber deu de ombros, virando-se para sair.

— Amber, ele sabe — disse Harry em um ímpeto, tinha que alertar a sua irmã para que se protegesse.

— Ele sabe o que? — perguntou Amber, confusa.

— Sobre as suas capacidades. Ele sabe que você consegue fazer magia sem varinha, quer que você entre nas suas tropas — disse Harry — E está disposto a ameaçar quem for para conseguir isso.

— Mas quem lhe contou? — perguntou Amber, pensativa — Não contei a ninguém fora pessoas de confiança.

— Quem? — insistiu Harry.

— Você, Sarah, Marlene, Rony, Hermione e Oliver — respondeu Amber.

— Alguém pode ter visto — disse Harry, sem sugerir uma traição — Tem certeza que só nós? Mais ninguém?

— Tenho, Harry — confirmou Amber — Nem Fleur sabe, pois eu comecei a desenvolver quando entrei em Hogwarts.

— Mas... Você nunca mostrou sinais disso antes? — perguntou Harry, confuso.

— Eu não precisava praticar. Não tinha um perigo batendo à porta — disse Amber.

— Talvez tenham usado Legilimens em algum de nós em algum momento — disse Harry, procurando uma explicação — Não é como se eu fosse muito bom em Occlumency.

A ideia de que Bellatrix talvez tivesse usado antes de matar a Marlene para conseguir informações fez Amber estremecer. O que mais teria visto na mente de Marlene?

Os dois desceram até a cozinha, onde Hermione estava tentando transfigurar o pão mofado, sem sucesso. Harry puxou-a para um canto, lembrando-se de Kreacher e murmurou rapidamente:

— Regulus roubou o medalhão verdadeiro e entregou a Kreacher. Mundungus roubou e pedimos para Kreacher recuperar.

Amber assentiu com a cabeça, indicando que tinha entendido, e apressou-se para ajudar Hermione a melhorar a aparência do pão e multiplicá-lo. Teve mais sucesso que Hermione, mas não melhorou muito o gosto. Sarah e Rony estavam mal humorados, mas como a barriga reclamou, acabaram comendo a contragosto.

Sarah parecia mexida com a história do seu tio, mas não perdoava a Kreacher. Ele tinha entregado o seu pai, não importasse o que tivesse feito ou como tivesse sido tratado.

5 de Agosto de 1997.

Dois homens encapuzados apareceram na praça em frente ao número 12, sob o olhar de quatro moradores da casa.

— Eles realmente estão indo para todas as casas — disse Amber, olhando pela janela.

— Tivemos o azar deles irem direto para a nossa — Sarah suspirou, correndo a cortina.

— Viram como nos interrogaram em The Burrow — disse Oliver — Provavelmente devem ter feito o mesmo com outros integrantes da Order.

— Mas tem pessoas que não tem relação alguma com Harry — disse Sarah.

— Estão atirando para todos os lados — disse Fred, voltando para a sala.

— Eu juro, devo ter emagrecido uns 3 quilos só comendo pão mofado — reclamou Sarah, indo atrás de Fred.

— É o que tem para comer — disse Amber.

— Você guardou ingredientes para poções na sua mochila, poderíamos encontrar uma utilidade para isso — retrucou Sarah.

— Não vou gastar os últimos frascos de Polyjuice Potion, podemos realmente precisar no futuro. Sem contar que tem os cabelos de Julie Belvie e da desconhecida — disse Amber.

Sarah suspirou frustrada.

— Dá para parar com isso? — gritou Hermione, tentando ler Contos de Beedle, o Bardo, enquanto Rony brincava com o Deluminator.

— Desculpa, desculpa! — disse Rony, reacendendo as luzes — Eu faço isso sem perceber!

— Que tal encontrar algo útil para se ocupar?

Sarah, Fred e Amber se entreolharam entediados. Já iam começar a brigar de novo.

Eles ouviram batidas na janela da cozinha e se assustaram, mas ninguém do Golden Trio percebeu.

Amber e Oliver entraram na cozinha com as varinhas em punho, mas encontraram...

— Rustie! — exclamou Amber, em um sussurro, abrindo a janela e acolhendo a sua coruja — Ai, meu Deus! Você está bem!

Sarah lembrou-se da sua coruja e ficou triste pensando se ela tinha morrido na casa.

— Espera — disse, pegando a mochila e abrindo-a — Ai!

Halo saiu voando de dentro da mochila e torcendo o bico para Sarah.

— Sabia que estava ouvindo barulhos demais — reclamou Sarah, revirando a mochila — Halo! Você acabou com as minhas coisas!

A coruja não pareceu se importar e Sarah bufou, olhando-a tão mal humorada quanto a coruja lhe olhava.

— Você teve sorte que tinha deixado comida ou ela poderia ter morrido de fome — retrucou Amber.

— Espera aí! Vocês ouviram isso? — perguntou Fred.

Eles ficaram em silêncio e não ouviram nada.

— Ou eles se mataram ou estão se agarrando — disse Sarah.

— Ou aconteceu alguma coisa — disse Amber, dando um pouco de comida para Rustie e indo para a sala com a varinha em punho.

Ela não viu ninguém na sala e ficou nervosa, mas ouviu vozes no corredor e se dirigiu para lá.

— Nenhum sinal de Severus? — ela ouviu a voz de Remus.

— Não — disse Harry — O que está acontecendo? Estão todos bem?

Amber voltou para a cozinha para acalmar aos outros.

— É só Remus — disse entrando na cozinha, enquanto via divertida como Sarah discutia com Halo que batia as asas ameaçadoramente — Parem de brigar vocês duas.

Rustie também parecia olhar repreensora para Halo.

— Rustie, tente não chamar muita atenção — disse Amber, acariciando a coruja com o dedo — Hedwig morreu e Harry está meio sensível com isso.

Rustie deu um pio como se compreendendo e tanto Halo quanto Sarah se acalmaram.

Eles ouviram passos descendo para a cozinha e Amber dirigiu seu olhar para Sarah.

— Ah, por favor! — implorou Sarah.

— Para quem parecia estar se matando agora a pouco — resmungou Fred.

Amber percebeu que a janela ainda estava aberta e fechou-a rapidamente enquanto Rustie saiu voando pela porta aberta para procurar por ratos.

— Mas o que...? — disse Hermione, olhando para trás — O que foi isso?

— Uma coruja — respondeu Sarah, como se fosse óbvio, enquanto Fred olhava com medo para ela e Halo.

— E como ela entrou? E desde quando Halo está com você? — perguntou Rony.

— Halo estava presa na mochila — respondeu Amber.

— Sarah! Coitada! — bronqueou Hermione, aproximando-se da coruja que parecia se gabar para Sarah.

— Coruja safada — murmurou Sarah, cruzando os braços.

— Era Rustie? — perguntou Harry, entrando com Remus.

— Tio Moony! — exclamou Sarah, indo abraçá-lo.

— Não me pergunte como ela nos encontrou — respondeu Amber, levantando as duas mãos — Estava batendo na janela enquanto esses dois discutiam.

— Você não fica curiosa para saber por que Dumbledore te deu esse medalhão? — perguntou Rony.

Remus olhou fixamente para Oliver, enquanto todos se acomodavam.

— Faria sentido se tivessem memórias dentro, mas Scrimgeour parecia estar esperando isso — disse Amber, dando de ombros — Tiveram sorte com os seus?

— A função do Deluminator é clara — disse Rony.

— Me irritar — murmurou Hermione, enquanto acendia a lareira, mas Rony pareceu não ter ouvido.

— Hermione ainda está lendo o livro e na Snitch apareceram palavras — disse Harry.

— Que palavras? — perguntou Amber, enquanto fuzilava Remus com o olhar, fazendo-o desviar o olhar de Oliver.

Open at the close — respondeu Hermione.

Amber analisou por um momento e depois negou com a cabeça.

— Vocês sabem como Dumbledore era. Isso pode ter milhares de sentidos — disse Amber.

Depois dessa curta conversa, Remus deixou algumas butterbeers em cima da mesa enquanto contava o que tinha acontecido. Ele disse que tinha sido perseguido, se não teria chegado há três dias.

Amber e Sarah entreolharam-se, percebendo que tinha algo de estranho. Ele tinha ficado três dias seguidos tentando chegar ao Grimmauld Place? E Tonks?

Harry contou o que aconteceu com ele, Rony e Hermione depois do casamento.

— Mas como eles encontraram vocês tão rapidamente? — perguntou Remus, horrorizado — É impossível rastrear alguém que esteja aparatando, a não ser que você consiga segurá-lo enquanto desaparecer!

Amber, que não tinha pensado nessa parte, prestou atenção na conversa.

— E não parece provável que eles estivessem simplesmente passeando pela Tottenham Court naquele momento, parece? — disse Harry.

— É próximo do Leaky Cauldron, na London muggle — disse Sarah, dando de ombros — Nunca se sabe.

— Não existem coincidências no mundo da magia — disse Amber — A maioria ou estava no Ministério terminando o serviço ou procurando por Harry.

— Nós nos perguntamos se Harry poderia ainda ter o Rastro — disse Hermione, insegura.

— Impossível — disse Remus — Além de tudo, se Harry ainda estivesse com o Rastro, eles sem dúvida saberiam que ele está aqui, não acham? Mas não consigo compreender como eles podem ter seguido vocês até Tottenham Court, isso é muito preocupante.

— Mas a casa está protegida com Fidelius, não está? — interrompeu Amber — Isso a torna, de certa forma, impossível de rastrear. Sarah tem feito magia e até agora não chegou uma notificação do Ministério por magia por menores de idade.

— Pode ser — considerou Remus — Mas eles estão mais preocupados em procurar Harry do que cuidar de um caso de magia por menores.

— Bellatrix vai fazer de tudo para acabar com a última da linhagem Black — insistiu Amber — Não é uma menor qualquer e o Ministério identifica quem faz a magia.

Remus tomou um gole da butterbeer, refletindo no que ela disse. Isso fazia sentido, o Fidelius era um feitiço muito poderoso, mas poderia passar em branco pelo Ministério?

— Saberiam que estou fazendo magia nessa área, mas não saberiam que é exatamente nessa casa e nem como entrar — murmurou Sarah, concordando com a cabeça.

— Conte-nos o que aconteceu depois que saímos, não ouvimos nada desde que o pai de Rony nos contou que a família estava a salvo — pediu Harry, mesmo que já tivesse ouvido a versão de Amber, ele queria saber como estava o resto (os convidados, pessoas da Order).

Remus contou basicamente o que Sarah e Amber contaram, adicionando algumas informações como que Scrimgeour protegeu a Harry antes de morrer também contou que os Death Eaters queimaram a casa de Dedalus Diggle, que estava em missão com Héstia para proteger os Dursley, e torturaram os pais de Tonks.

— Os Death Eaters agora têm todo o poder do Ministério a seu favor — continuou Remus — Eles têm poder para realizar alguns feitiços terríveis sem medo de serem identificados ou presos. Eles conseguiram penetrar todos os feitiços que havíamos lançado para nos proteger deles e, uma vez dentro, eles foram bastante diretos sobre a razão de estarem ali.

— E eles estão preocupados em dar alguma desculpa para torturarem as pessoas em busca de informação sobre o Harry? — perguntou Hermione, exasperada.

— Bem — disse Remus, puxando um jornal do casaco e hesitou antes de jogar na mesa — Aqui, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma. Esse é o pretexto deles para perseguir você.

A manchete do Daily Prophet dizia: “Procurado para interrogatório acerca da morte de Albus Dumbledore”.

Rony e Hermione rugiram, Harry empurrou o jornal, Amber arfou e Sarah levantou-se tentando não bater na mesa.

— Filhos da puta! — exclamaram Sarah — Isso é culpa da Skeeter quem divulgou essa informação naquele livro idiota dela!

— Sinto muito, Harry — disse Remus, enquanto Fred acalmava a Sarah e a fazia voltar a se sentar.

— Então os Death Eaters tomaram o Daily Prophet também? — perguntou Hermione, furiosa.

— O Daily Prophet sempre foi do Ministério, basicamente. Ou se esqueceu das calúnias a Harry e Dumbledore no 4º ano? — disse Sarah, esfregando o pulso como se tivesse se livrado de algemas.

— O golpe foi suave e virtualmente silencioso — disse Remus, olhando preocupado e meio repreensor para Sarah — A versão oficial do assassinato de Scrimgeour é que ele renunciou, ele foi substituído por Pius Thicknesse, que está sob a Maldição Imperius.

Remus explicou o que estava acontecendo no Ministério e Amber entendeu o porquê tinha sido tão silencioso o golpe. Thicknesse era a marionete de Voldemort, deixando-o sob o controle do Ministério, mas podendo expandir os seus domínios. Sem contar que essa incerteza impedia rebeliões abertas.

Remus pegou o jornal novamente e mostrou a página dois, um artigo sobre o registro dos nascidos muggles. Também contou sobre o que Voldemort planejava para Hogwarts.

— Isso é... Isso é... — Harry tentou encontrar palavras para descrever.

— Eu sei — disse Remus e hesitou antes de continuar — Eu vou entender se você não puder confirmar isso, Harry, mas a Order tem a impressão de que Dumbledore deixou uma missão para você.

— Sim, ele deixou e Rony e Hermione sabem disso, e vão comigo — disse Harry, fazendo Amber bufar.

— Você pode me dizer do que se trata essa missão? — insistiu Remus.

— Não posso, Remus, sinto muito. Se Dumbledore não contou, não acho que eu possa fazê-lo — disse Harry.

— Imaginei que você fosse dizer isso — disse Remus, desapontado — Mas eu poderia ser útil para vocês. Vocês sabem quem eu sou, e sabem o que posso fazer. Eu poderia ir com vocês e dar proteção, não seria necessário me contar exatamente o que pretendem.

Sarah levantou-se lentamente, olhando estranhamente para Remus.

— Mas e Tonks? — perguntou Hermione.

— O que tem Tonks? — disse Remus, aparentemente calmo.

— Bem... Você está casado! Como ela se sente sobre você vir conosco? — disse Hermione, franzindo o cenho.

— Tonks vai estar perfeitamente segura. Ela vai ficar na casa de seus pais — disse Remus, quase friamente.

— Remus — disse Hermione, cautelosamente — Está tudo bem... Você sabe... Entre você e-

— Está tudo muito bem, obrigado — respondeu Remus rapidamente.

Houve um silêncio no cômodo enquanto Amber e Sarah ficaram mortalmente sérias, entreolhando-se. Tinham uma ideia do que estava acontecendo ali.

— Tonks vai ter um bebê — ele revelou, incômodo.

Harry, Rony e Hermione desataram a dar os parabéns, mas isso só serviu para confirmar o que Amber e Sarah temiam.

PAFT!

Remus caiu da cadeira e tanto Hermione quanto os outros, menos Amber, olharam chocados para Sarah quem tinha acabado de lhe dar um tapa na cara.

— Seu covarde! — gritou Sarah, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas — Vai abandoná-la? É isso? Vai fugir da responsabilidade? De novo com essas idiotices de ser um lobisomem? Pensei que quando tivesse se casado com ela, tivesse mudado de atitude. Depois de tudo o que a minha mãe disse! Mas vejo que não mudou em nada.

— Você não entende! — gritou Remus, descontrolado, levantando-se — Eu não deveria ter me casado com Tonks! Eu a converti em uma pária! E essa criança... Provavelmente será como eu!

— Eu não tenho que ficar aqui ouvindo essas justificativas de um homem covarde! Não tenho palavras para descrever a decepção que sinto de você! Nunca mais me dirija a palavra! — gritou Sarah, sentindo as lágrimas descerem pelo rosto.

Antes que Remus pudesse fazer algo do qual se arrependesse, Sarah saiu correndo da cozinha e Fred foi atrás dela. Remus voltou o olhar para os outros e quase desejou não tê-lo feito. Amber também se levantou lentamente.

Não disse nada, mas os seus olhos diziam tudo o que desejava, ela negou com a cabeça, fez com que Halo subisse no seu ombro e pegou a mochila de Sarah, saindo da cozinha. Oliver, desconfortável, levantou-se e foi atrás dela.

Sarah começou a chorar no quarto de cima, abraçada a Fred enquanto ouviam os gritos vindos da cozinha e os gritos de Walburga Black ao ser acordada. Amber entrou no quarto com Oliver, tentando não ser dominada pela raiva que sentia.

Logo depois, os gritos pararam pontuados pela batida da porta da frente.

— Esse é o meu padrinho — sussurrou Amber, no silêncio, olhando para o nada enquanto jogava a mochila na cama e Halo voava para consolar a dona.

— Eu sinto muito — disse Oliver, sem saber o que dizer.

Amber colocou a mão em cima dos olhos, escondendo o rosto enquanto as lágrimas desciam.

Aquele não era o homem que elas conheceram.

Oliver passou o braço pelos ombros dela, abraçando-a de lado até que Amber aproximou-se mais, abraçando-o completamente.

Com o silêncio do quarto, cortado apenas pelos soluços e respirações entrecortadas, elas ouviram o som indistinguível de aparatação.

— Acho que Kreacher voltou — observou Fred.

Ouviram-se gritos lá embaixo e som de panelas caindo no chão.

— E com Mundungus — completou Oliver.


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