Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Galera do meu core! *-*

15 dias sem dá as caras. Eu sei, me desculpem. Mas o bloqueio passou pra dar um "oi" e resolveu reinar por uns dias. :/

Mas assim como o bloqueio, Bru também veio me dar um "oi" e idéias para o capítulo. Muito obrigada, xará!

É isso, espero que curtam o capítulo. O que me fez lembrar que é na visão do Cobra. Andei pensando, e faremos assim: a cada cinco capítulos o teremos um POV do nosso amado peçonhento. :))

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587565/chapter/10

Confusão.

Era assim que eu me sentia naquele momento. Totalmente confuso. Perdido. E ainda assim não fazia a mínima questão de acabar com aquilo. Os lábios dela pareciam atrair os meus, e eu não tinha a mínima intenção de soltá-los. Não tinha a mínima intenção de soltá-la.

Minha língua acariciou seus lábios em um pedido, ela pareceu hesitar, mas logo em seguida cedeu. Contive um sorriso diante daquilo. Uma das minhas mãos encontraram a cintura da garota. A outra por sua vez, estava em sua nuca, em busca de apoio para aprofundar o beijo. Fazia todo o possível para deixá-las apenas ali. Não queria assustá-la, muito menos afastá-la. Sabia que qualquer movimento meu deveria ser extremamente calculado.

Os braços da lutadora de uma maneira tímida, rodearam meu pescoço. E dessa vez, o sorriso escapou de meus lábios antes que eu o controlasse. Karina pareceu querer recuar, mas fui mais rápido a beijando novamente.

Ela que estava treinando, não eu. Não havia razão para o meu corpo está em brasas. Não havia razão para eu estar tão extasiado por isso. Era só um beijo. Só um beijo.

Senti os dedos da loira, puxarem algumas mexas do meu cabelo. E logo em seguida, um gemido rouco escapou de sua boca. Abri os olhos e vi uma careta tomando conta de sua face. Não era desejo, sabia que não.

Dor.

A garota deu alguns passos para trás, agarrando a própria mão. A mão que ela havia machucado há alguns minutos atrás enquanto socava o saco de areia.

— Cê tá bem? — dei um passo até ela, que recuou quase no mesmo instante.

— Tô — seus olhos desviaram dos meus e o rubor tomou conta de sua face.

Fechei os olhos, suspirando pesadamente. Claro que aquilo iria acontecer.

Dei as costas, indo até a porta da academia. Minhas mãos procuraram o grampo no meu bolso, e quando o achei, demorei ao máximo ali. Dando tempo o suficiente para ela organizar pensamentos. Para eu organizar os meus também.

Que porra era aquela? Eu poderia ter evitado toda aquela confusão, mas fiz questão de cagar com tudo. Poderia ter continuado na festa com a Dama. Mas não, uma pirralha de dezesseis anos me fez sair de lá. Me fez abrir a Khan no meio da noite só pelo simples prazer de vê-la treinar. No meio do caos que estava sua vida, era bom vê-la sorrir. E a luta era uma das raras coisas que iluminavam seu rosto, que fazia seus olhos brilharem de uma maneira tão verdadeira.

Fechei os olhos novamente, balançando a cabeça enquanto tentava espantar aqueles pensamentos idiotas.

Me virei lentamente, pronto para ver a rua vazia e nenhum vestígio da loira. Achei que ele fosse fugir. Por isso fiquei surpreso ao vê-la ali.

— Vamos, Cobra — saiu andando — Já está tarde.

— Vamos — foi a única coisa que saiu de meus lábios.

Karina seguiu andando em passos largos. Não me esperou e não se virou uma única vez. Eu poderia imaginar a confusão que ela sentia. E sabia que a lutadora iria evitar tocar no assunto.

Ainda sentia a maciez dos lábios da marrenta sobre os meus. E aquilo mexeu comigo mais do que eu desejava.

No dia em que eu a salvara, lembro sobre a nossa conversa sobre a minha reputação. " Você não entenderia ", foi o que eu disse. Ela não entenderia, porque nem mesmo eu entendia aquilo. Eu me preocupava com a garota, era só isso. Ela era minha única amiga. E eu ainda a queria por perto.

— Não faça comigo o que você vem fazendo com eles — disse após alguns minutos. Karina parou de repente, segui andando até ela. Me aproximando.

— O quê? — pareceu confusa, e seus olhos finalmente encontraram os meus quando cheguei até ela.

— Não fuja — fui mais claro. Os azuis de sua íris, me pareciam um oceano tão profundo, tão profundo que eu me perderia facilmente.

— Eu não vou — deu um passo em minha direção, decidida — Não vou fugir.

—Bom saber — também me aproximei dela, apenas a testando. A última coisa que eu precisava era que ela se afastasse por causa de um beijo — Mas e aí, o que acha de voltar para sua casa?

A decisão em seu olhar se foi rapidamente.

— Não sei, Cobra — balançou a cabeça — Não sei...

— O que aconteceu com o "não vou fugir"? — abri os braços, questionando-a — Qual é, Karina. Você é uma lutadora. Aguenta golpes maiores que esses — garanti — Vai ser nocauteada assim tão fácil? E o pior, por um guitarrista desafinado?

Ela me olhou raivosa por alguns segundos, e quando fez menção de responder, seus olhos se fixaram em algo. E quando olhei para onde a lutadora mirava, percebi que era alguém. A garota andava em passos lentos em nossa direção.

O short rasgado, a blusa xadrez em um roxo escuro de um tamanho maior que a garota, a meia calça também rasgada, uma bota preta cujo o cadarço de uma delas estava solto, as mexas rochas contrastavam perfeitamente com os fios loiros de seu cabelo. E o principal, a guitarra que a loira levava consigo. Depois de analisá-la, foi fácil chegar à uma conclusão.

— Se bem que por uma guitarrista dessa, até eu ia à nocaute — o comentário saiu antes que eu o detesse.

Karina socou meu ombro levemente.

— Fecha a boca, Cobra. Cuidado com o veneno.

Um sorriso escapou de meus lábios ao escutar o que ela havia dito.

— Ei casal, desculpa atrapalhar a DR. É que eu tô perdidaça. Cês podem me ajudar? — pediu.

— Não somos um casal — Karina corrigiu, se afastando um pouco de mim.

— Não foi o que me pareceu — ela riu, e pela cara que fez, não tive dúvidas de que a guria havia visto o beijo.

Karina baixou a cabeça enquanto o rubor subia por sua face. Era lindo ver aquilo. A marrenta envergonhada.

— Meu nome é Lia. Lia Martins — se apresentou — E vocês?

— Sou Cobra, e essa — apontei para a lutadora — é Karina.

— Cobrina — sorriu ao falar — A junção dos nomes. Cobra e Karina, Cobrina. — explicou, ao se dar conta da confusão em que eu me encontrava.

— Então, onde cê quer ir, Lia? — perguntou Karina, tentando encerrar aquele assunto.

— Pera... — tirou o celular do bolso, mexendo nele por alguns segundos — Ribalta!

— Cê vai pra festa do Nando? — perguntei surpreso — Acho que já tá acabando.

— É, eu sei — lamentou — Mas eu preciso pelo menos aparecer por lá. Nando é um grande amigo. Preciso parebenizá-lo.

— Nós vamos te deixar. Né, marrenta? — olhei para a lutadora ao meu lado.

Karina concordou.

— Você a chamou de quê? — Lia se exaltou. O rosto rosado da guitarrista de repente ficou pálido. Os olhos antes eufóricos, agora ameaçavam marejar a qualquer momento.

— Marrenta — respondi incerto — A chamei de "marrenta".

A garota assentiu, fechando os olhos enquanto respirava fundo.

Karina me lançou um olhar preocupado. E quando eu fiz menção de me aproximar da roqueira, Lia saiu andando.

— Vamos?

— Vamos! — Karina e eu respondemos. Ainda confusos pelo que havia acontecido.

O caminho foi silencioso, nenhum de nós abriu a boca. Mas o silêncio não era constrangedor. Lia pareceu não se incomodar. Durante o trajeto a roqueira nos encarava, e lançava olhares indecifráveis. Karina não percebeu, talvez por estar presa nos próprios pensamentos, mas o gesto não passou despercebido por mim.

Agarrei a mão de Karina, a examinando. Meus dedos encontraram os seus e os acariciaram levemente. Ela, para a minha surpresa, não se afastou

— Ainda dói? — perguntei.

— Um pouco — admitiu — Mas vou ficar bem. Uma boa compressa de gelo resolve.

Eu queria entrelaçar minhas mãos nas dela, mas antes que eu me arrependesse, soltei-a levemente.

Era mais de meia noite. A música que antes bombava na Ribalta, agora já não mais se ouvia. A festa chegara ao fim. Algum tempo depois, chegamos à praça e paramos um pouco distante de todos. Ainda precisava deixar Karina na casa do gamer, e seguir dali era melhor.

Poucas pessoas estavam lá.

A Galera da Ribalta estava na porta da Acquazen conversando animadamente. Pedro que parecia fazer alguma palhaçada, parou rapidamente, me lançando um olhar mortal. O encarei da mesma forma, e quando senti Karina se encolheu ao meu lado, tentando se esconder, um sorriso triunfante brincou nos meus lábios.

— O descabelado é seu ex? — Lia perguntou.

Sorri ainda mais ao ouvir o "descabelado" sair de sua boca. A guria era bacana.

— Não que seja da sua conta — começou Karina de maneira grossa. Lia pareceu querer rebater, mas não o fez — Mas sim, ele é meu namo — ela pausou ao se dar conta do que falava — Meu ex. Meu ex namorado.

— É, tá na cara!

A roqueira acenou e sorriu para Nando que já havia notado sua presença. Fez sinal para que ele esperasse e se voltou para nós.

— É isso, gente boa. Obrigada por me acharem.

— Foi um prazer te encontrar, gata! Fica perdida qualquer dia desses de novo. O prazer vai ser ainda maior — lancei meu melhor sorriso à ela.

Lia revirou os olhos e sorriu docemente para Karina. Deu as costas e seguiu andando, mas algo a fez virar de repente.

— Cobra! — chamou de uma maneira autoritária.

— Quê?

— Não a traia — sua voz era tão fraca, e seus olhos transbordavam dor — Não a abandone em hipótese alguma. Não vá embora. Não a deixe sozinha. Não a troque por ninguém. Não minta pra ela — uma lágrima deixou seus olhos, depois de uma longa pausa ela continuou — Ela é marrenta, mas é tão fraca quanto qualquer um.

Lia agora se fora, sem mas. Nos deixando ali, totalmente confusos.

— Karina! — a voz do Mestre me fez entrar em alerta.

O olhei rapidamente, e naquele instante eu soube: eu iria morrer.

— Pai! — Karina me pareceu tão calma.

— O que cê tá fazendo aqui, Karina? — sabia que ele estava tentando se manter calmo assim como ela, mas ele não conseguiria por muito tempo — E com esse marginal?

— Eu vim pra casa — ela disse simplesmente me lançando um meio sorriso. E a raiva que antes tomava conta do Mestre, fora substituída por uma imensa felicidade — E o Cobra — deu ênfase em meu nome — veio me acompanhar. Né?

Apenas assenti. Gael não poderia sonhar que eu havia levado a marrenta até a Khan.

— Ai, Karina, que bom que você voltou! — abraçou a filha. K sorriu, e se afastou gentilmente.

— Vamos? — ela perguntou à ele.

— Vai na frente — pediu — Vou ter uma conversa com o Cobra — engoli em seco, temendo o rumo que aquela conversa poderia tomar.

— Pai... — Karina repreendeu.

— Vou ser rápido, minha filha.

— Eu sei que vai ser rápido — ela concordou — Pra você o quebrar no meio não demora dez segundos.

Ela, definitivamente, não estava ajudando.

— Pode ir — disse com uma convicção que eu não sabia de onde havia surgido — Eu vou ficar bem.

Ela me sorriu indecisa, e deu as costas.

— Mestre... — comecei incerto sobre o que falar.

— Eu não sei o quê, ou como você faz isso — Gael começou. Balançou a cabeça em negação, como se pensasse se o que ele iria dizer realmente valia a pena. Depois de alguns segundos, finalmente falou — Mas obrigado — e depois daquilo, foi a minha vez de ficar estático. Não acreditando no que ele acabara de dizer — Obrigado por trazer ela de volta.

— Não me agradeça — pedi — Ela voltou porque quis.

— Nós dois sabemos que não — passou a mão no cabelo — Você deve ter dito algo à ela. Algo que mexeu com aquela cabeça dura.

Me lembrei do pequeno confronto que tivemos naquela noite, antes de Lia aparecer. Eu a pressionando para voltar para casa.

— Talvez eu tenha dito algo... — foi a única coisa que consegui soltar.

— Cê tem visita, Cobreloa — seus olhos pairaram sobre o QG — E ela está muito brava.

Olhei para o estabelecimento e me arrependi no mesmo instante.

— Eu vou indo, Mestre. Boa noite.

— Cobra — chamou. Me virei para olhá-lo, mas aconteceu mais rápido que imaginei. Gael havia me prendido em um mata leão, antes que eu pensasse em qualquer movimento de defesa — Não suma mais com a minha filha, moleque — senti um aperto ainda maior no meu pescoço — Decorou? — sibilou entre os dentes.

Apenas assenti com dificuldade. Gael me soltou e foi embora, sem me olhar uma única vez.

Respirei profundamente.

Não por causa do ar que eu havia perdido devido ao golpe que eu havia levado. A verdade era que eu precisaria de ar e muita paciência para encarar a bailarina furiosa que me esperava na porta do QG.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?

Tivemos participação especial da digníssima Lia Martins, que saiu da Malhação Intensa diretamente pra cá. Kkkkkk Espero que tenham curtido.
Eu shippava LiDinho e fiquei muito brava ao vê-lo ir embora. Ao ver que ele havia feito. Então trouxe um pouco das minhas mágoas para a fic. Kkkk
Enfim, qualquer dúvida podem perguntar, ok?

Comentem, galera, e me façam feliz! Beijos e até o próximo!