Nunca pensei que entraria em uma delegacia, principalmente para soltar o meu ex-namorado.

Estava sentada em uma das cadeiras na sala de espera de uma delegacia. Havia acabado de chegar em casa quando me ligaram dizendo que Bobby havia se metido em uma briga de bar e que precisavam que alguém fosse buscá-lo. E eu sou a única ex-namorada idiota o suficiente para fazer isso.

Alisei os rasguinhos do short jeans e fechei todos os botões do cardigan vermelho que usava.

Eram uma e meia da manhã e eu não poderia estar em um momento pior em minha vida.

Ouvi a porta da delegacia se abrir e uma familiar juba de cabelos cacheados aparecer. Lily também estava aqui.

Ela fixou os olhos em mim, um olhar triste daqueles olhos verdes tão familiares.

– Oi. - falei quando ela se sentou uma cadeira depois de mim.

– Oi. - ela respondeu

Baixei meus olhos para os all stars vermelhos gastos que eu usava. O que Lily estaria fazendo aqui? Ela teria vindo para soltar Bobby também?

– O que você está fazendo aqui? - ela perguntou baixinho.

– Eu vim buscar Bobby. - falei.

– Eu vim buscar Scott.

Olhei para ela assustada, estava começando a entender tudo.

Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi impedida por uma voz grossa do outro lado da sala.

– Scott Rivers e Robert Geller. - um policial carrancudo falou enquanto trazia os dois garotos agarrados pelos braços.

Lily abriu a boca em um "o", sendo acompanhada por mim.

Bobby e Scott estavam em um estado deprimente. Scott tinha o nariz e a boca ensanguentada, alguns cortes e hematomas nas pernas e bochechas, acrescentando uma orelha levemente inchada. Bobby não estava em um estado muito melhor. Ele estava com um olho roxo e inchado, junto com uma bochecha sangrando e alguns cortes nos braços.

Bobby me olhou dos pés a cabeça.

– O que você está fazendo aqui? - sua voz era arrastada e irritada.

– Elas vieram levá-los para casa. - o policial respondeu por mim. - então mais respeito pelas suas namoradas.

– Ela não é minha namorada. - Bobby falou. - se depender de mim, nunca mais será.

Lutei para segurar as lágrimas enquanto recebia um olhar triste de Lily.

– Sinceramente, ela veio aqui te buscar. - o policial resmungou. - então seja um bom garoto e diga " obrigada" a bela menina.

– Tudo bem Carter. - falei.

O policial levantou uma das sobrancelhas morenas para mim.

– Sinceramente se seu pai souber sobre isso vai ficar muito irritado.

– Você me prometeu. - falei com um suspiro.

– Eu não vou contar, sou um bom padrinho afinal de contas...

– Obrigada.

– ... Mas se ele falar mais alguma coisa...

– Tudo bem Carter. - o interrompi.

– A sorte dele foi eu ter visto o seu número como o ultimo que ele ligou no telefone, achei melhor falar com você antes de tudo.

– Te devo uma. - falei com um sorriso triste no rosto.

– Tudo bem.

Ele soltou os braços de ambos e os deixou andaram sozinhos.

– Mande lembranças para Jackson e para sua mãe. - Carter falou.

– Eu vou. - falei.

Ele saiu da sala de espera e voltou para dentro da delegacia.

Passei uma mão nos meus cabelos e olhei para Lily. Seus olhos estavam fixos em Scott que fazia o mesmo em relação aos dela.

– Como nós vamos fazer? - perguntei. - Carter falou que as chaves dos seus carros só seriam entregues amanhã de manhã.

– Nós podemos levá-los para casa. - Lily falou.

– Eu posso ir a pé. - Bobby falou, seus olhos azuis gelados encarando o fundo dos meus olhos.

– Você pode ir com Lily. - Scott falou passando as mãos nos cabelos loiros.

– Claro, vocês dois devem querer algum tempo para mais beijos.

– Ela limpou a nossa barra com a policia. - Scott falou. - você acha certo falar isso para ela?

Bobby abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu me adiantei.

– Tudo bem. - falei tentando abrir um sorriso. - eu vou esperar no carro, vocês podem decidir.

Saí da delegacia a passos rápidos e deixei as lágrimas caírem antes de chegar no carro.

Eu sou uma estúpida. Por que eu sou tão idiota? Por que eu tinha que me apaixonar por ele? Por que eu tinha que vir? Eu só queria me machucar?

Abri a porta do carro e entrei, sentando no banco do motorista. Deitei minha cabeça sobre o volante, deixando os soluços ecoando pelo carro.

Merda.

Eu odiava chorar, mas odiava mais ainda tudo isso. Odeio Bobby por me fazer chorar. Odeio Scott por ter me beijado. Odeio Lily por estar triste. Mas me odeio mais ainda por estar chorando por alguém que nesse momento me odeia.

Ouvi três "tocs" na direção do banco do carona e levantei a cabeça.

Scott estava abaixado ao lado do carro, uma expressão preocupada emoldurando seu rosto.

Abri a porta do carro e ele entrou.

Tentei controlar os soluços e as lágrimas que deixavam minha visão turva.

– Você deve me culpar. - Scott resmungou em tom triste.

– Pelo o quê? - perguntei.

– Por tudo. - ele respondeu. - se eu não tivesse te beijado, nada disso teria acontecido. Bobby ainda estaria babando por você, Lily ainda estaria sorrindo e falando com você... Tudo estaria como antes.

– Sinceramente, a única pessoa que culpo pela minha dor sou eu mesma. - falei.

– Eu não estou entendendo.

– Eu sou uma idiota, estou chorando por uma pessoa que me odeia nesse momento. Uma pessoa que me acha parecida com puta.

Deixei as lágrimas caírem, ainda mais.

– Summer, não fale assim. - Scott parecia nervoso.

– Mas é a verdade, ele falou isso na minha cara.

– Eu o conheço desde criança. Bobby estava com raiva, não sabia o que estava falando, acredite.

Eu não respondi.

– Nunca vi ele agir como agia com você com nenhuma outra garota.

Eu não respondi novamente.

– Summer...

– Está tudo bem. - falei.

– Não, não está. - ele falou. - Bobby te ama, ele falou isso para mim inúmeras vezes.

– Nunca vi um amor que se acaba tão rapidamente.

Ele se calou e permaneceu assim por algum tempo.

– Summer, eu sei que você está magoada, mas você deveria dar tempo a si mesma. Bobby vai perceber o que fez, vai perceber o erro.

Eu suspirei.

– Ai está, quando isso acontecer... Eu não quero estar de braços abertos para ele. Eu não quero que se alguma coisa acontecer novamente ele faça a mesma coisa que fez agora.

– Dê uma chance... Ele vai se arrepender. - Scott falou.

– Como você consegue defender ele, mesmo tendo acontecido tudo o que aconteceu? - perguntei.

– Pode ser o efeito da bebida ou pode ser o simples fato que eu o conheço muito bem e sei o que ele vai sentir quando voltar a si.

Eu sorri tristemente.

– Queria ter tanta fé assim. - falei baixinho.

– Ele te ama, eu sei disso.