O silêncio reinava na sala, era cortado apenas pelos soluços de Poseidon. Ally pegou uma garrafa de água e deu para o irmão. Percy ainda não conseguia respirar direito, mas mesmo assim parecia feliz. Ele olhou para o pai. Percy sabia que Poseidon se culpava pelo o que tinha acontecido com ele, mas mesmo assim não disse nada. Ele olhou para a frente e viu a mãe e a noiva. Ambas olhavam para ele assustadas. Ele tentou sorrir, mas não deu muito certo. Ele desviou os olhos para a irmã. Ally olhava para a perna dele como se a estudasse. Ela mordia os lábios e virava a cabeça.

Poseidon ainda olhava para o filho. Quando Ally disse para ele que daria um jeito na perna do irmão, ele nunca pensou que ela fazia uma nova, uma perna de magia. Ele sabia como isso era difícil e desgastante. Mas mesmo assim ela fez e ainda assim ela ajudou a lutar e defender o palácio. Ela ficou ao lado de Poseidon nesse momento. O ajudou e limpou suas lagrimas. Sempre deixou claro que estaria ao lado dele. E as coisas estavam cada vez mais pesada para eles.

– Ficou boa, mas está te deixando muito cansado. – ela disse se agachando e quebrando o silêncio. – Acho que posso tentar melhorar. Algumas coisas aqui e alguns ali. Pai, está tudo bem. Eu te disse que cuidaria da perna dele. Levante, lave esse rosto e dê um soco no meu vô. Eu vou limpar as barreiras e venho mais tarde.

Ela saiu da sala depois disso. Poseidon se levantou e foi até o filho. Ele se ajoelhou e olhou para o filho. Eles se olharam por um tempo.

– Ela é incrível. – Percy disse sorrindo para o pai. – Ela disse que vai levar um tempo para me acostumar, mas que assim que isso acontecer, não vou nem sentir a diferencia. Ela também me disse que logo, vou saber tirar e colocar a perna sem problemas.

– Você está bem mesmo? – o deus perguntou olhando ele.

– Sim. Estou ótimo. – ele disse sorrindo. – Oi mãe. Oi Annie.

– Meu filho. – Sally disse se aproximando dele. – O que fizeram com você?

– Arrancaram minha perna. – ele disse dando os ombros. – Mas estou bem.

– Eu vou te tranca no seu quarto assim que você sair daqui. – Sally disse passando a mão no rosto dele.

– Tudo bem. Acho que eu mereço mesmo.

Annabeth se aproximou sem falar nada, apenas se ajoelhou ao lado dele e o abraçou. A filha de Atena começou a chorar. Ela estava surpresa, mas mesmo assim sua preocupação falava mais alto do que a surpresa. Ela apertou o noivo contra si. Percy deu um pequeno sorriso e devolveu o abraço.

– Estou bem, Sabidinha. – ele disse se afastando um pouco dela.

– Estou vendo.

Percy sorriu para ela e a beijou rapidamente.

Ally estava de pé em cima de Stela. Ela olhava para longe. A batalha estava cada vez pior. Ally pegou seu arco em atirou uma flecha certeira. Ela suspirou e atirou outra flecha. Ally ficou olhando para um lado enquanto atirava para o outro. Já tinha se passado do meio dia e ela ainda não tinha comido nada. Ela apenas lutava. Ally sabia que os deuses já tinham ido embora e não se aguentava de curiosidade para saber o que tinha acontecido. Para saber qual tinha sido a decisão de seu pai. Também queria saber como o irmão estava. Ela teria que mudar algumas coisas na perna, mas nada muito importante. Ela viu outro Kraken atacar a barreira. Suspirando ela foi mata-lo.

Percy estava deitado em seu quarto. Annabeth estava deitada ao lado dele. Ela tinha sido a única semideusa que teve permissão para ficar. O resto, Poseidon mandou os outros voltarem para o acampamento. A filha de Atena estava olhando para ele. Ela não falava nada. Na verdade, ela não tinha falado muito desde que chegou. Apenas que queria ficar com ele. Poseidon aceitou e foi para a batalha. Atena não gostou muito da ideia de apenas Annabeth ter tido permissão para ficar, mas não discutiu com o tio.

– Pode falar. – Percy disse depois de um tempo olhando para cima.

– Por que não me disse nada?

– Porque não tinha nada a ser dito. – ele olhou para ela. – Annie, eu estou bem. Ally estava tentando fazer essa perna para mim e as coisas aqui estão feias. Meu pai precisa de mim, ele precisa do meu apoio e da minha ajuda a fazer estratégias e falando com os soldados sempre não tem ninguém aqui para falar para onde eles tem que ir.

– O que aconteceu?

– Um Kraken. – ele disse fechando os olhos e colocando um dos braços atrás da cabeça. – Ele me pegou pela perna quando fui ajudar Tritão. Não sei bem o que aconteceu, não lembro. Ally e Tritão me pegaram e Ally cortou minha perna para salvar minha vida. Depois disse me trouxeram para casa e cuidaram de mim. Ally me contou sobre a perna e estou aqui até então. Essa foi a primeira vez que sair do quarto. Ally estava com medo de pegar alguma coisa na perna e como você pode ver, meu quarto fica muito longe de tudo. Para chegar até a sala principal tenho que passar pela metade do castelo.

– É. Todos os quartos ficam aqui?

– Apenas o meu e dos meus irmãos. – ele disse brincando com o cabelo dela. – Do meu pai, fica um anda acima. Da Ally no subterrâneo.

– Por quê?

– Ela é bem velha e tem muita coisa. Acho que o quarto dela é maior do que o reino todo. Eu andei por lá antes de perde a perna e vi tanta coisa estranha. – ele riu. – Me lembrei do labirinto. Parece que é a mesma magia. Da janela você poderia para qualquer lugar.

– Eu nunca pensei nisso. Que outras coisas podiam ter a mesma magia que o labirinto.

– Ally me contou que conheceu Dédalo. Eles nunca se deram bem. Ela disse que isso era uma coisa dela com os filhos de Atena. – Percy olhou para a noiva.

– Então acho que ela não se dará bem comigo. – Annabeth disse olhando para ele.

– Eu tenho certeza que isso não vai dá certo. – Ally disse entrando no quarto. – Eu odeio sua mãe e todos os filhos dela. Mas isso não quer dizer que vamos brigar. Afinal, temos muito o que conversar.