Identical Love escrita por Mille Bonnie


Capítulo 27
Sofia versus Pietro


Notas iniciais do capítulo

Tomoyo muito obrigada pela recomendação. Vejo vocês nos comentários.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584121/chapter/27

–Arrumei uma roupa pra você vestir. –Jenni diz me olhando. –Toma banho e depois a gente vai arranjar algo pra você comer.

Jenni e Dora saem do banheiro para que eu pudesse tomar banho, eu ainda estava em estado catatônico, meio que ainda não acreditava que isso tinha acontecido comigo. Tomei banho lentamente e bem quente. Quando sai do banho vesti a roupa que a Jenni arrumou pra mim. Sentei na cama e fiquei esperando as meninas voltarem, tentei procurar meu celular, mas não o achei em nenhum lugar, procurei o notebook e também não o encontrei. Dora e Jenni entram com um monte de comida e sorrindo pra mim.

–Fizemos seu sanduiche favorito. –Dora sorri. –Queijo e salame.

Olho e vejo que ela está segurando uma bandeja com sanduiches e suco de morango.

–Cadê meu celular? –pergunto.

–Sua mãe pegou. –Jenni responde. –Ela achou melhor tirar os aparelhos eletrônicos de perto de você. –ela diz.

–Por quê? –pergunto.

–Ela acha melhor você não ficar vendo aquilo. –Jenni diz.

–Ainda estão me xingando? –pergunto. –Quero ver. Preciso ver. –fico desesperada, preciso ver o que eles estão dizendo sobre mim, preciso ver os comentários, preciso ver se alguém está do meu lado.

–Isa amor. –Jenni olha pra Isadora. –Vai lá pra baixo, Sofi e eu precisamos conversar.

–Tá bom. –Dora assente, coloca a bandeja em cima da mesinha e desce.

–Sofia é melhor não. –Jenni me olha.

–Por que não? Por que não posso ver? –pergunto.

–Pra que você quer ver isso? Pra sofrer mais? Já não basta o que está sentindo? Ainda quer sentir mais? Quer se martirizar mais ainda? –ela pergunta.

–E se eu quiser?

–Não conte comigo pra isso. Enquanto eu estiver aqui você não vai ver aqueles comentários. –ela diz com a cara feia.

Bufo e sento pra comer, só depois de morder o sanduiche eu percebo que estava faminta. Depois de comer eu fico um tempo deitada com a Jenni na cama, não estamos conversando, mas ficar do lado dela mesmo que seja em silencio me faz ficar melhor. Em algum momento eu caio no sono, tive pesadelos horríveis, neles o Pietro mostrava o vídeo para milhares de pessoas na televisão. Acordei assustada e vi que a Jenni já não estava mais do meu lado, com o susto eu acordei chorando, sentei na cama e fechei os olhos. Quando é que esse tormento vai passar? Quando é que vou voltar a me sentir bem novamente? Alguém abre a porta do meu quarto, mas eu não abro os olhos para ver quem foi. Sinto que me abraçam de lado e beijam meus cabelos, a única pessoa que faz isso é o Markus. E eu espero com toda minha vida que seja ele.

– É você Markus? –sussurro, ainda de olhos fechados.

–Sim. –ele responde. Choro mais ainda.

–Me perdoa? –peço.

–Não consigo ficar com raiva de você minha pequena. –ele me abraça mais forte.

–Te amo te amo. –eu o abraço. –Fui muito estupida, não devia ter contado de você pra ele, mas é que eu estava apaixonada e fui idiota e...

–Shiu, sei que você não fez por mal. -ele diz. Abro meus olhos e enxugo as lágrimas. –E isso meio que foi bom.

–Bom? Em que sentido? –pergunto.

–No sentido que agora o meu pai sabe que sou gay. –ele diz. Me afasto dele e o olho espantada. –E ele me expulsou de casa.

–Ai meu Deus! –gemo. –Como foi que ele descobriu?

–A diretora ligou pra ele por causa dos boatos. –ele suspira. –Brigamos feio por causa disso e foi ai que eu gritei pros quatro ventos que sou gay demais da conta.

–Eita. –dei um risinho. –E ele?

–Ficou muito puto e meio que me bateu, consegui desviar uns socos. –Markus ajeita os óculos, vejo que seu rosto está com algumas marcas vermelhas. –Ele me expulsou de casa e só deu tempo de eu pegar aquela mala de prevenção que tinha pronta.

–Pensei que você nunca iria usar essa mala. –digo. Desde que as brigas com o pai aumentaram, Markus e eu arrumamos uma mala de prevenção, nela tinha roupas e caso o pai surtasse demais com ele, ele pegaria a mala e viria para minha casa.

–Eu também, mas parece que o jogo virou não é mesmo? –ele tenta sorrir, mas percebo que ele está triste. –Posso ficar aqui por um tempo? Eu não tenho nenhum lugar pra ficar por enquanto, não consegui falar com a minha avó, ela tá no cruzeiro e só chega daqui duas semanas.

–Claro que pode. –digo. –É o mínimo que posso fazer por você.

–Obrigado.

Descemos pra contar pra minha mãe, ela de cara deixou que o Markus dormisse aqui e também ficou muito indignada com a atitude homofóbica do pai dele.

–Arthur apagou o vídeo. –meu irmão diz.

–Graças a Deus! –minha mãe sorri. –Aquele menino é realmente um anjo, diferente do outro.

Para mim, ouvir falar dos gêmeos deixava o meu corpo rígido. Porque foi depois da chegada deles que a minha vida bugou. Foi depois que a família Menezes cruzou o meu caminho que as coisas desandaram. Aposto que eles estão com raiva, mas ninguém sabe como eu estou destruída, porque ninguém está passando o que eu estou.

–Sofi? Você está bem? –Dora pergunta.

Todos na sala olham pra mim com olhares de preocupação. Odeio deixar a minha família assim, odeio ser a coitadinha, odeio ser o centro das atenções.

–Estou. –digo. –Vou para o meu quarto.

Todos assentem e eu subo as escadas, mas não vou para o meu quarto, vou para o quarto dos meus pais. Quero meu celular, eu preciso desesperadamente ver se o vídeo foi mesmo apagado. Procuro nas gavetas da mesinha, mas não acho nada.

–Droga mamãe. –murmuro. –Onde você escondeu?

–O que você está fazendo?

Me assusto e viro e vejo o Brand parado na soleira da porta me olhando.

–N-Nada. –digo.

–Quer seu celular né? –ele pergunta e eu assinto. –Sua mãe o escondeu muito bem, ela acha que não vai te fazer bem ficar com ele. E eu acho que ela está certa.

–Eu estou bem, Brand. –digo.

–Tem certeza Sofia? Foi bem desesperador pra sua mãe o modo com ela te viu hoje. –ele suspira. –Quando ligaram da escola falando sobre o vídeo eu não acreditei e nem sua mãe, mas depois que vimos o vídeo ficamos desesperados. Começamos a procurar você por todos os cantos e não te achamos sua mãe até pensou na hipótese de você ter se matado. –ele vem andando até mim. –E quando te achamos meio que desmaiada naquele banheiro, naquela posição fetal... Eu nunca tive tanto medo de perder alguém, Sofia. –os olhos dele estavam marejando. –Sei que não sou seu pai biológico, mas eu te amo como se fosse, você se tornou minha filha desde o momento que te vi. Aquela garotinha banguela de cinco anos, já te amei desde aquele momento, tanto você quanto seu irmão. –ele já estava chorando e eu também. –Eu estou furioso com esse garoto, quero mata-lo. Quero bater nele por ter difamado você, quero matar ele por ter machucado o coração da minha filha.

Eu não conseguia falar... Eu nunca imaginei ouvir o Brand me dizer tudo aquilo, ele me considerava filha dele... Eu sou tão egoísta... Pensando que só eu estou sofrendo...

–B-Brand. –tento dizer algo, mas só consigo chorar mais ainda. Brand me abraça.

–Te amo, Sosô. –ele diz.

–Te amo, pai. –digo com sinceridade, eu amo o Brand e ele é o pai que nunca tive.

–Obrigado por dizer isso. –ele me agradece.

–Obrigada por ser meu pai. –sussurro.

Depois de conversar com o Brand eu realmente fui para o meu quarto. Isadora estava sentada na cama e o Markus estava ensinando para ela como diferenciar os integrantes de grupos de K-pop.

–Mas Markus eles tem todos as mesmas caras. –minha irmã reclama.

–Você acabou mesmo de dizer que o Mark e o Onew tem a mesma cara? –Markus faz cara de ofendido. –Só vou tolerar essa blasfêmia porque você é uma criança. E crianças não sabem o que dizem sobre K-pop.

–Não sou criança. Sou uma mulher em fase crescimento. –Dora franze a testa.

–Isso quer dizer que você é uma criança. –Markus ri.

Eu estava achando bem engraçadinha a discussão dos dois, mas a mamãe veio me chamar e disse que tinha umas pessoas querendo conversar comigo. Desci as escadas e dei de cara com toda a família Menezes (inclusive o Pietro) sentada no sofá da minha sala. Meu coração acelerou, e minhas mãos gelaram. O que eles queriam aqui?

–Mamãe o que eles querem comigo? –pergunto pra minha mãe.

–Se desculpar. –ela responde me puxando escada abaixo até onde eles estavam. Mille estava sentada do lado do Arthur que estava sentado do lado da mãe, Pietro estava entre ela e o pai. Mille estava com as bochechas extremamente vermelhas e inchadas parecia ter chorado muito, Clarice estava exatamente igual à filha, Pedro estava sério, Arthur me encarava com preocupação e Pietro estava com a cara mais lavada do mundo.

–Sofia. –Pedro se levantou. –Estamos aqui para nos desculparmos com você e sua família pelas atitudes imaturas e irresponsáveis do meu filho.

Olhei pra mamãe e ela estava do lado do Brand encarando o Pietro com a cara feia, meu irmão estava na soleira da porta da cozinha apertando os punhos, Jenni estava do seu lado e me olhava com compaixão.

–Sabemos que sua família não tem culpa das atitudes do Pietro. –Brand responde. –Não estamos com raiva de vocês. Acho que quem deveria se desculpar é o rapazinho ai. –ele aponta pro Pietro que está fingindo que não está ouvindo a conversa. –O que ele fez pra Sofia foi muito grave.

–Nós sabemos... –Clarice suspira, ela parece estar com vontade de chorar.

Eu quero conversar com o Pietro sozinha, quero confronta-lo e perguntar o porquê dele ter feito isso comigo.

–P-Posso conversar com o Pietro a sós? –pergunto e todos na sala me olham com cara de espanto.

–Tem certeza disso filha? –minha mãe pergunta.

–Sim.

–Vamos para a cozinha e deixa-los a sós. –minha mãe diz e todos vão para a cozinha. O clima fica tenso quando só ficamos o Pietro e eu na sala. Ele me encara e ajeita os cabelos... Tão frio.

–Por que fez isso comigo? –pergunto. –Por que acabou com a minha vida?

Ele me olha novamente e levanta do sofá, vejo que tem uma marca avermelhada de mão no rosto dele.

–Porque eu quis. –ele sorri de canto. –Você era tão bobinha e ingênua... Alguém tinha que te ensinar algo da vida.

–Isso é sério? –pergunto.

–Talvez sim, talvez não. –ele vem andando até mim. –O importante é que eu já fiz o que eu queria com você... Já acabei com a sua vida, já fiz você chorar e ainda acabei com a sua imagem.

–O que eu fiz pra você? –pergunto, sentindo meus olhos marejarem.

–Olha só pra você... Uma pobre garotinha indefesa e boba. –ele ri. –Idiota que se entregou pro primeiro garoto que foi legal com você.

Eu só vi o vulto e depois o Pietro cambalear e cair no sofá, meu irmão estava em cima dele. Estavam brigando.

–Seu idiota. –meu irmão grunhiu. –Nunca mais você vai falar essas coisas pra minha irmã. –ele socou a boca do Pietro e começou a jorrar sangue.

–Tadeu para. –alguém grita. Eu não consigo me mexer, só olhar. Brand tira o Tadeu de cima do Pietro e a cara dele está toda acabada.

–Deixa eu matar esse babaca. –Tadeu grita.

–Não! –minha mãe grita. –Desculpa Clarice...

–Tudo bem, temos que ir... Acho que foi uma péssima ideia vir aqui. –Clarice ajeita os cabelos. –Mas pensamos que o Pietro quisesse se desculpar por tudo que fez antes de ir embora.

–Ir embora? –pergunto.

–Vamos manda-lo para o colégio militar do avô dele no interior. –Pedro responde. –Acho que meu pai pode dar um jeito nele.

Olho pra Mille e ela está chorando no colo do Arthur.

–Desculpa por tudo Ly e Brand. –Clarice se desculpa. –E eu sinto muitíssimo de verdade Sofia.

E eles saem, mas antes de sair o Pietro me olha com a cara toda ensanguentada e sorri, não foi o melhor sorriso que já ganhei.

–Se pudesse... Eu faria tudo de novo. Porque você merece sofrer, pra aprender a parar de ser idiota.

E eles saem e eu me sinto mil vezes pior do que eu estava me sentindo antes. Eu não mereço sofrer. Eu não vou mais sofrer.

–Sofia? –alguém me chama, mas eu subo correndo pro meu quarto. Eu não quero mais ser a garotinha chorona e idiota. Não quero mais ser ingênua e ser deixada levar por qualquer sorriso bonito. Eu vou ser diferente. Eu quero ser diferente.

–Dora você pode descer e chamar a Jenni pra mim?

–Posso. –ela desce correndo.

–O que houve lá embaixo? –Markus pergunta.

–Revolução. –respondo e entro no banheiro e pego a tesoura que eu usava pra cortar a franja da Isadora e entrego pro Markus.

–Pra que isso?

–Vamos matar a Sofi bobinha. –digo. –A nova Sofi quer nascer.

–Tem certeza?

–Absoluta.

–O que você está fazendo? –Jenni pergunta.

–Matando a Sofi bobinha. –Markus responde. –A nova Sofi quer nascer.

–Como assim? –ela pergunta arqueando a sobrancelha.

–Espere e verá amiga loira. –Markus sorri e começa a cortar os meus longos cabelos.

Nunca mais alguém vai me fazer sentir humilhada e amedrontada. NUNCA MAIS.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!