Brincando com Segredos escrita por Mondler


Capítulo 18
O Inferno e o seu demônio.


Notas iniciais do capítulo

Ooooi, pessoal! Tudo bem com vocês? Eu, sinceramente, ainda estou arrasado depois de ter assistido A Esperança, mas tudo bem, temos que seguir, certo? sjlahljdhd. Então, aqui está mais um capítulo fresquinho da fic. Sei que tá bem grande, mas acho que isso não será um problema. Tamo chegando na reta final, já tô ficando choroso.
Estão prontos para esse passeio? Acho que vocês sabem de que demônio eu estou falando e onde é o inferno.
Espero que gostem, foi feito com muito amor! Boa leitura!



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Tass

O prédio da delegacia está lotado. Policiais armados transitam de um lado para o outro, desesperados, entrando e saindo de salas minúsculas, atendendo telefonemas, comunicando-se e dando ordens por walkie talkies, carregando pilhas de documentos. A noite passa devagar a cada minuto, e até mesmo beber água acaba se tornando uma tarefa intensa e alarmante.

A internet mostra-se completamente desumana. Nas tags mais usadas mundialmente, temos em primeiríssimo lugar o #SS. Várias pessoas estão se passando pelo assassino ou admirando-se na figura e nos atos terríveis dele. Esse tipo de pessoa não sabe o que faz. Alguns estão espalhando e transformando a história em algo sobrenatural, como se SS fosse o espírito de Adelaide se vingando daqueles que tentaram derrubar o seu – que não era dela – blog. Isso é estúpido.

Imersa ao barulho, consigo escutar trechos de algumas conversas, o que me faz ter certeza de que nessa noite, tudo e todos estão voltados exclusivamente ao caso de SS, que agora havia definitivamente chegado ao pódio da insanidade. O vídeo da garota sendo morta no chuveiro não tinha sido ao vivo. Tina Jordan já estava morta há horas em seu banheiro. A verdade é que SS usou o aplicativo para despistar algo muito maior que ele ou ela deve estar planejando. De qualquer forma, preciso encontrar Emma Thompson.

— Tass Fabray? — A voz firme e segura da investigadora Sam me chama. Levanto-me na mesma hora, seguindo-a até pararmos em uma daquelas salas vazias de interrogatório. Nós duas nos sentamos.

— Eu ainda não consegui falar com a Emma, não sei como ela vai reagir quando souber o que aconteceu com a sua mãe... — Sussurro para a mulher. Talvez Sam não saiba, mas comecei a nutrir um sentimento de amizade e confiança muito grande por ela. Quando fui para a prisão, Sam foi quem ajudou a Emma a me tirar de lá.

— Algumas testemunhas disseram que viram Emma e Dylan saíram da casa um pouco antes dela ir pelos ares. Não achei suspeito por conta da confiança que eu tenho naquela garota, mas eu simplesmente odeio quando ela não me incluiu ou conta o que realmente está acontecendo. — Sam soca a mesa com força, deixando um suspiro demorado escapulir pelos seus lábios. — A Central nos mandou os melhores hackers para tentar rastrear ou resgatar parte do aplicativo excluído de SS. Estamos fazendo tudo certo, mas estou cansada de sempre estar um passo atrás do assassino!

Lembro-me imediatamente da mensagem que recebi em meu celular. Passo o aparelho para Sam, que com uma expressão séria, vai lendo o recado.

— SS quer que o seu trabalho seja visto e reconhecido. — Falo.

— Exatamente. — Ela responde. — Se ele ou ela quer ser encontrado, deixou algumas migalhas para seguirmos os seus caminhos, certo? — A pergunta pareceu mais para si mesma do que para mim. — Emma e mais algumas vítimas estão reunidas em algum lugar. Podem estar em qualquer canto, até fora do estado. — Nesse momento, Sam levanta desesperadamente. Quando retornamos para o salão principal, ela grita, fazendo todos os policias se virarem comportadamente para ela. — Prestem atenção. Quero que o departamento do Bill abra uma linha para vítimas, testemunhas e pedidos de socorro. Coloque todos os seu pessoal lá e me entregue uma lista com a relação das pessoas desaparecidas até agora.

Bill cambaleia para o nosso lado, entrega um envelope para Sam e grita alguns comandos para um grupo de mais ou menos vinte policiais. Todos os seguem para dentro do corredor. A mulher, determinada, continua:

— Katy, passei as informações recolhidas até agora para você e quero que transmita-as para a mídia. Preciso que eles emitam um comunicado de emergência, pedindo que as pessoas fiquem em suas casas. — Mais um grupo, ao ouvir a ordem, deixa o salão.

Três rapazes saem do escritório principal, encarando Sam com o olhar atravessado. Noto que ela reparou o afronto.

— Se eu não começar a fazer, pessoas vão morrer! Nós estamos aqui para salvar vidas, então vamos levantando a porcaria dos traseiros das cadeiras, jogar os donuts na casa do capeta e encontrar imediatamente o paradeiro das pessoas desaparecidas! — Com raiva, ela levanta o envelope, esbravejando, dessa vez, até mesmo com os seus superiores.

Durante esse tempo, dou uma olhada em alguns nomes que estão digitados. Entre eles, reconheço quatro: Jenna Springs, Melanie Springs, Brooke O’Brien e Thomas Geller. Emma e Dylan não estão na lista, mas sei perfeitamente que estão envolvidos nessa merda tanto quanto os que estão.

***

Emma

Madison está horrível. Quando ela termina de cortar as amarras que me prendem, aperta rapidamente o meu pulso, claramente desnorteada. Ela tomba ridicularmente ao meu lado, encolhendo-se com a cabeça recostada em meu ombro. Todos os outros nos encaram.

— Então você não fugiu? — Sussurro para a garota, tentando ignorar a raiva que brota em meu peito. Madison havia matado Edward. Estivera, nem que por um minuto, do lado de SS, e isso já me dava motivos suficientes para não confiar nela novamente.

— Você nunca vai entender, e não espero que entenda. — Ela soluça baixinho. — Ele está morto. Tudo que eu fiz, no final, foi em vão.

— Você não poderia ter feito aquilo! Poderia ter atirado em SS! Existiam tantas maneiras, Madison! — A minha voz aumenta consideravelmente, mas a garota, ainda mais irritada, me corta:

— Esse é o tipo de coisa que fazemos pelo amor, Emma! Não me venha com essas suas falas hipócritas! Nós duas já estamos completamente sujas, não é mesmo? — Ela se levanta. Contraio meu corpo contra a parede gelada, evitando a lâmina que a garota tem nas mãos. — Só eu sei o quanto aquilo me feriu, então cale a merda dessa sua boca e pare de bancar a heroína certinha! — Com um berro final, Madison caminha até o lado mais isolado do quarto, ocultando-se na escuridão. Lá se foi o nosso segundo de paz.

Constrangida, olho para os meus pés. Só agora percebo o quão suja de sangue eu estou. Para ser sincera, já perdi a conta de todos os meus ferimentos desde que tudo isso começou. Madison está certa, nós duas entramos no covil da serpente e estamos completamente banhadas pelo seu veneno. Tudo é uma questão de perspectiva.

— Olha, parece que tudo isso é uma merda em que vocês duas estão envolvidas! Eu exijo saber imediatamente o que está acontecendo! — Jenna berra do outro lado, a sua voz carregada por um tom terrível de desespero. — Se for armação do Teddy para me pedir em casamento, não vai rolar, tá me ouvindo? — Ela fala para a câmera de vigilância que nos filma.

— Madison, não é? — Thomas se inclina, estreitando os olhos para o lugar em que a garota está, deixando os seus cabelos escuros para trás. — Poderia cortas as nossas amarras também?

Madison não responde. Tento não virar o rosto para o lado em que as outras pessoas estão, para não manter contato visual com Dylan. De minuto em minuto, escuto o soluço agudo do garoto. Se tirarem as cordas dele, tenho certeza que tentará fazer algo contra mim. Esse é o preço que estou pagando.

O emaranhado de vozes começa novamente. Jenna e Melanie, as duas irmãs com os cabelos tingidos horrivelmente de ruivo, são as que mais gritam. Sem sombra de dúvidas, são as patricinhas mais chatas de Oakland. Brooke, com os seus longos cabelos loiros, esbraveja alguns palavrões, chacoalhando a cabeça contra mim. Thomas, por outro lado, continua pedindo calmamente que Madison os libertem. Subitamente, a pequena televisão no topo do cômodo brilha, chamando a atenção de todos.

Sinto uma perda horrível de pressão. SS nos encara pela tela, usando sua habitual e aterrorizante máscara de Serpente. Todo o vídeo é muito simples. Não há nada no fundo e a mensagem, com a voz alterada, começa.

Olá, crianças. Serei breve. Alguns de vocês são peças exclusivamente novas no tabuleiro, então talvez tenham alguma dificuldade em entender como tudo isso funciona. É basicamente assim: Eu faço de tudo para matar vocês, e vocês fazem tudo para sobreviver. Não se preocupem, eu só estou tentando promover a diversão na vida infeliz e sem sentido de vocês. É um espetáculo, entende? Temos que aproveitá-lo antes que os vizinhos chatos venham reclamar da barulheira.

Vocês possuem apenas uma faca. Usem-na quando acharem necessário. Lembram do blog Serpentes Sanguinárias, certo? Estou aqui para brincar individualmente com o segredo mais profundo de cada um.”

Jenna solta um berro, que faz com que todos os outros comecem com as lamentações. Melanie inicia um choro demorado e nada silencioso, enquanto Thomas continua pedindo por explicações. Irritada, grito, tentando encorajá-los.

— Parem agora! Nós precisamos ter calma e concentração. Eu sei que tudo está confuso e o medo não está nos deixando pensar de forma lógica, mas precisamos tentar. Se continuarmos assim, seremos massacrados! — Concluo.

— Desce do salto, garota! Fica aí falando como se fôssemos uma equipe, mas nem para nos desamarrar você levantou esse seu dedo! — Melanie berra, tentado conter as lágrimas. — Você já participou disso antes! Nós vimos o vídeo, vimos você com o assassino! Sua irmã foi morta por ele e todo mundo sempre soube que você tinha vergonha da deficiência dela! Sabe de uma? — Nesse momento, seu corpo ergue-se com dificuldade. Ela levanta a cabeça e me encara nos olhos, mexendo desconfortavelmente o seu nariz perfeitamente reto. — Eu acho tudo isso muito, muito suspeito, Emma...

Já estou pronta para responder quando Thomas me corta.

— Ah, que estranho, Melanie... Eu sinceramente não sei o que é mais suspeito, a Emma e todo esse saco de bosta que ela já passou, ou você sempre mostrar apoio aos joguinhos do SS. — Com um tom de deboche, ele continua: — Todos nós temos twitter, gatinha.

Jenna se contorce de raiva em um canto, segurando a língua para não derramar uma chuva de xingamentos no garoto que acabara de deixar a sua irmã mais nova sem argumentos. Tento conter o riso, mas a vontade, tão estranha e fora de hora, não permite que eu o segure.

— Calem a boca. — Madison fala nas sombras.

Com o silêncio, ouvimos um pequeno ruído vindo do lado de fora do lugar. Uma portinhola de aço se abre no centro da porta maior, dando passagem a uma bandeja com algumas tigelas de sopa fria. Levanto-me depressa, agarro-a e encaro os olhos e as expressões esfomeadas de cada um. Abruptamente, Madison surge do meu lado, sussurrando para que somente eu possa ouvir:

— Vou cortar as amarras das três garotas e a do Thomas. Acho que é melhor para você que o Dylan fique preso. — Concordo imediatamente. Sem demora, ela passa por mim, usando a pequena lâmina para cortar as cordas de cada um. Todos se sentem mais aliviados e agradecem, deixando o clima de libertação cada vez mais estranho. Ela cessa quando chega a vez do garoto isolado. Ele apenas a encara, vira o rosto pra mim e me entrega um longo e medonho sorriso.

— Tomem. — Separo as sopas, distribuindo-as para que cada um possa se alimentar. Thomas pega a de Dylan e vai até ele, evitando que eu tenha que fazer isso.

Depois de alguns minutos, agora com a barriga cheia, Brooke faz o questionamento que eu fizera mentalmente para mim antes de virar a tigela em minha boca.

— E se ele colocou algo na sopa? Sei lá, algum veneno?

— Se não comêssemos, morreríamos de fome. Se tiver algo na sopa, morreremos envenenados. De qualquer forma, nós morremos. Mas não deveríamos nos preocupar... — Digo ao ver o rosto de Madison ficar verde de medo. — SS gosta de diversão e adrenalina, só havia frango velho e água nessa gororoba. — Em parte, eu estava incrivelmente certa, em outra, estava extremamente enganada.

Aos poucos, inconscientemente, o efeito do que quer que seja, começa a surgir no olhar, cada vez mais sonolento, de cada um. Sabemos o que está acontecendo, mas ninguém, inclusive eu, luta contra a vontade enorme de ser levada para a mais profunda escuridão. Quando tudo está apagado, sinto que finalmente consigo retomar o fôlego e descansar.

***

Acordo com o barulho estrondoso de uma sirene. Meu corpo pula do chão com um desejo inexplicável de correr, mas não tenho espaço. Estou em uma cela apertada, com uma cama e um vaso sanitário despedaçado. Diante de mim, grades, como a de uma prisão, prendem-me. Nas laterais, mais grades se estendem, agora me separando de outras celas, onde os outros estão. Cada um, em sua cela, vai despertando por conta do barulho.

Estou entre os quartos de Madison e Dylan. Corro imediatamente até as grades a minha direita e estendo a mão para a garota, puxando-a para perto de mim.

— Você está bem? — Pergunto imediatamente, procurando por algum ferimento em seu corpo. Assustada, ela balança a cabeça. Solto-a depressa, atravesso o meu cubículo, grudando os braços na grade a minha esquerda, tentando, dessa vez, achar algum ferimento em Dylan.

Perturbado com a minha presença, ele salta, berrando com ferocidade, usando as unhas para me empurrar.

— Saia! Como você tem a coragem de se aproximar de mim? Estúpida! — Ele grita, perdendo ainda mais o ar de garoto doce e gentil que tinha.

Recuo imediatamente, evitando um dos socos que passa entre os quadrados da minha grade. Respiro com dificuldade e sinto a tontura voltando. Talvez seja o efeito da porcaria que havia na sopa. Quando melhoro, fito as outras celas, que seguem lado a lado, compondo uma parede inteira de ponta a ponta. Em frente aos nossos pequenos quadrados, percebo a presença de algo estranho, que faz meu coração bater mais forte.

A parede contrária está completamente coberta por grandes – muito, muito grandes -, pregos enferrujados, virados com a parte pontiaguda apontada ameaçadoramente para o nosso lado. Entre cada prego, um longo e grosso fio vai cruzando e descendo pela parede, usando a base não afiada do material como base para formar uma trilha até finalmente chegar ao que parece ser um gerador, não muito longe de mim. Horrorizada, demoro em perceber a existência de um celular amarrado na ponta do prego mais distante do chão, quase colado com o teto.

De repente, as luzes comuns se apagam e lâmpadas vermelhas se acendem, dando uma atmosférica caótica ao recinto. Permaneço alerta enquanto o barulho da sirene vai reduzindo coincidentemente ao mesmo tempo em que as batidas do meu coração aumentam, parecendo machucar o meu peito como um bastão em um tambor. Estou nervosa e com medo. Odeio me sentir assim.

Sofisticadamente, um portão se abre, revelando um SS contente e animado com o seu primeiro jogo. A máscara de Serpente está perfeitamente limpa, brilhando sem qualquer mancha de sangue ou rachadura. A roupa, agora com um capuz negro, desce-lhe até os pés com uma capa verde-escura, as luvas e o sapato de couro preto, o facão longo e afiado, pronto para ser banhado de sangue.

— Deixe-nos em paz! — A voz de Brooke rompe o temido silêncio, chamando a atenção do assassino. Os olhos vermelhos da máscara se focam nela, mas logo se deslocam para uma sela antes da de Madison, e eu sei que quem está lá é Melanie Springs.

SS caminha até o pequeno cubículo, puxa uma chave e invade o quarto, puxando a garota pelos cabelos até o centro da sala, onde a arremessa no chão. Consigo escutar Jenna chorando baixinho pela irmã, vendo-a ser atacada sem poder fazer nada. Além do medo, sou possuída por um sentimento indesejado e duradouro de impotência.

— Por favor, não mate a minha irmã, é a única coisa que eu te peço, por favor! — Melanie se ajoelha diante de SS, agarrando-se aos seus pés, enquanto seu rosto fica cada vez mais vermelho de tanto chorar.

O rosto de SS balança sadicamente de um lado para o outro. Pacientemente, o assassino desliza até uma cadeira estofada no centro da sala. Com uma pose de soberania e poder, ele se senta, fitando a garota caída e os grandes pregos na parede. Quando ele começa a falar, não consigo conter o nó em minha garganta, pronto para se desfazer em lágrimas.

— Querida, eu sempre gostei da forma com que você me idolatrou. — A voz perfeitamente alterada serpenteia pelo lugar, carregada por um ar cômico. — Eu gosto das redes sociais. Elas falam muito sobre as pessoas, sobre o que elas gostam, sobre as suas vidinhas. Estava vagando pela internet quando achei o seu perfil no twitter. Você sempre disse que me achava criativo, espontâneo e intrigante. Me diga, Melanie, ainda acredita nos meus mistérios?

A garota começa a gaguejar, se complicando inteiramente. Seu rosto se contrai em mais um agudo soluço, enquanto Thomas, não muito distante, tenta acalmar Jenna.

— Você me entedia, garota! Odeio isso nas pessoas. Agora vamos ao que interessa. Você está vendo aquele celular no topo? — A garota se vira para poder observá-lo. — O que eu quero que você faça é algo simples. Escale os pregos, tomando muitíssimo cuidado para não ser perfurada ou receber um choque dos fios, pegue o celular e aperte o botão “parar” antes que minha contagem aqui... — Ele tira um pequeno aparelho celular da capa, ergue-o e continua. — chegue em cinco minutos. Entendeu ou eu vou precisar te matar antes de vê-la fazendo todo esse percurso?

Melanie balança a cabeça várias vezes, levantando-se finalmente para poder analisar os pregos e a escalada que deverá fazer. Olha uma última vez para a sua irmã, sussurrando um identificável “eu te amo”. SS ri um pouco da atitude e levanta o celular com ânimo.

— Pronta, docinho de merda? — E quando ela responde tristemente que sim, a contagem começa.

Vejo a garota por os pés no primeiro prego. Ela passa a mão pra cima de um segundo, tentando não roçar o braço ou a perna em pontas próximas. Puxa o próprio corpo com dificuldade para cima, enquanto SS bate palmas e grita frases encorajadoras. Continua assim por um bom tempo, como se estivesse naqueles muros de escalada que os professores de educação física obrigam os seus alunos a realizar.

Melanie tropeça e bate o ombro em uma lâmina, que a corta rapidamente. Sem parar para observar ou sentir o ferimento, a garota passa por mais pregos, encolhendo a barriga para não encostar nos fios. Dessa forma, com o sangue escorrendo pelos dedos, ela vai seguindo até metade do caminho sem muitos problemas, puxando o corpo para cima e apoiando os pés nas bases não cortantes. Quando alcança uma altura considerável, um dos pregos em que está em pé desgruda do concreto e desaba, fazendo-a ficar pendurada.

SS se joga para o lado na hora exata em que o material cai por cima de sua cadeira, quebrando-a. Rindo, o assassino aponta freneticamente para a garota no alto, os pés balançando no ar. A ponta do prego em que ela está segurando vai descascando a pele da palma de sua mão, derramando o próprio sangue em seu rosto. Ela grita de dor.

Em minha cela, tento continuar olhando. Com a outra mão, Melanie faz força até conseguir colocar os pés em um prego distante. Equilibra-se perfeitamente na outra base, seguindo agora para o conjunto de fileiras de pregos mais altos. Seus dedos triscam o aparelho celular amarrado, mas não conseguem firmá-lo. Ela precisa subir pelo menos mais um prego.

— Tick, tock. — SS repete o barulhinho diversas vezes, pulando alegremente. — O tempo está acabando, querida.

Ela salta confiantemente, encaixa o pé em um prego e ergue a mão para o seguinte, pronta para agarrar o celular, porém quando troca de prego mais uma vez, acaba apertando erroneamente o fio grosso. Como um rato preso na ratoeira, Melanie guincha, chacoalhando sem aguentar a carga elétrica. O choque é tão poderoso que ela é obrigada a se soltar, esfumaçando. Jenna e Brooke berram. SS solta uma gargalhada poderosa e doentia e eu colo o meu corpo na grade, chocada.

O corpo da garota despenca, prendendo-se e soltando-se várias vezes nas pontas de vários pregos. A perna se rasga e uma quantidade exorbitante de sangue escorre pelas paredes até o chão. O corpo rola para o lado, gruda no fio mais uma vez e desprende-se, tombando de barriga para baixo no prego que outrora havia se desgrudado e destruído a cadeira de SS.

Em meio aos gritos, sinto que cambaleio assustadoramente para fora da cela. O portão corre facilmente, fazendo-me cair diante do prego onde o corpo da garota estava preso. Olho para o cubículo em que eu estava. Merda, o portão estava aberto esse tempo todo.

Quando SS percebe, para de rir e me encara.

— Você finalmente percebeu que a garota sortuda é você, Emma. Aliás, se você tivesse feito isso antes, as chances de salvar a sua amiguinha seriam muito maiores, não? — Com rapidez, ele dribla o grande prego, avançando contra o mim. Madison solta um grito, olho-a de relance e consigo agarrar a pequena faca que ela lança.

Ergo a lâmina no ar, acertando verticalmente a máscara de Serpente. Meu corpo inteiro vai para trás, impactado pelo cabo do facão de SS. No chão, rolo para o lado direito, sentindo a força do aço acertando o piso ao meu lado. Com a iluminação vermelha, tenho dificuldade para encontrar algo que me ajude a levantar. Uma dor estoura em minhas costas. Não como perder uma unha ou partir o queixo, mas algo que faz com que você pense que está morto. A faca sai com dificuldade da minha carne, rasgando-me ainda mais. Caio de joelhos, pedindo para que a dor passe.

Meus olhos se abrem lentamente e eu vejo SS erguer a arma contra mim mais uma vez. Reúno todas as minhas forças, tudo o que me resta, a esperança, o desejo de sobreviver. Meus pés se arrancam do chão, meu joelho dobra e chuto a barriga do filho da puta com uma violência e instinto enorme. Ergo a cabeça em tempo de ver SS se chocar contra o gerador, escorregar para o lado e cair sobre um dos fios.

Um barulho estrondoso explode em meu ouvido, vindo diretamente do gerador. Faíscas pipocam em minha direção, enquanto os fios se soltam dos pregos na parede e caem em todo o salão. Meu corpo rasteja, em meio ao caos, sendo constantemente acertado por ondas elétricas. A luz vermelha, a risada de SS, os gritos de Madison.

A máquina ligada aos fios começa a queimar, cuspindo faíscas contra o meu corpo estatelado. Perco a noção do que está acontecendo. Não sei mais de onde vem as explosões ou os berros. As luzes vermelhas se apagam. A escuridão e o silêncio finalmente chegam.


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Notas finais do capítulo

Tchurururu! Até o próximo capítulooo!



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