“A verdadeira família é aquela unida pelo espírito e não pelo sangue.”

– Luiz Gasparetto

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Depois de várias explicações e ataques de fofura vindos de Sophia, Anne e Jane, as quatro finalmente conseguiram sair da casa para ir almoçar. Várias mesas quadradas foram colocadas juntas para formar uma mesa gigante, onde todos poderiam sentar. As quatro sentaram uma do lado da outra, com Sophia em uma das pontas e Anne em outra. Ao lado de Anne sentaram Gabi e Anto, para que nenhuma delas se sentisse incomodada com desconhecidos. Sophia deu um gritinho animado e Jane percebeu que algumas primas de Sophia tinham sentado na frente delas.

– Meninas, - Sophia começou – essas são as filhas da minha dinda. – ela apontou para três garotas que sentaram na frente delas. – Mariana,... - uma garota magra, de longos cabelos cacheados e óculos sorriu para elas. – ... Laura, - a menina do meio levantou os olhos do seu celular e sorriu também, para logo depois voltar a jogar seu joguinho. – ... e a formada da vez, Jaque. – a que parecia ser a mais velha, cumprimentou as desconhecidas com um aperto de mão.

– Vocês devem ser as amigas que a Sophia tanto fala. – Anne bufou e olhou para a amiga.

– Você falou de nós para todos os seus primos? – ela perguntou indignada. – Cadê o elemento surpresa nessa porra?

– Eu só falei para os mais chegados. – ela se defendeu e Jaque riu. – Enfim, Jaquita e o teu namorido? – a outra bufou.

– Ficou em Santa Maria, acredita? Ele disse que tinha uns negócios para resolver e que só ia poder chegar dois dias DEPOIS da minha formatura. – ela fungou. – Acho que ele está me traindo.

– Mas ele só não veio por causa de negócios. – Gabi falou com o cenho franzido.

– Uma semana antes ele entrou de férias. – Jaque explicou e todas ficaram surpresas. Ela suspirou. – Me diz o que mais ele pode estar fazendo?

– Ele pode estar com câncer terminal, mas ele não queria que você soubesse, e curtisse a viagem. Daí quando ele vier ele vai levar você em um jantar, e vocês vão beber estrelas e vocês vão se declarar e vão transar no quarto de hotel. E quando vocês voltarem ele vai morrer. Ok?Ok. – Sophia falou já desabando no choro. Jane tirou uma caixa de papel de algum lugar desconhecido e estendeu para a amiga enquanto as outras só olhavam para Sophia com uma cara do tipo: ‘mas que merda foi essa?’. Decidiram ignorar o que ela tinha falado.

– Nem esquenta com isso, ele deve ter tido algum problema de família ou coisa do gênero, se fosse alguma coisa séria eu acho que o Guilherme criaria uma consciência de adulto e te avisaria. – Antonela resmungou se servindo e as outras riram, deixando Jaque mais aliviada. Aliviada o suficiente para esquecer-se do assunto e se divertir com as amigas da prima. Em algum ponto da conversa a dinda de Sophia chegou.

– DINDA! – Sophia gritou assim que viu a loira mais velha chegando. Sophia abraçou sua dinda e começou a tagarelar. – Ai dinda eu estou tão ansiosa para a formatura e para a bienal e para todo o resto que eu nem me lembro mais. Vai ser tão legal ficar essas três semanas na casa de vocês com as meninas e...

– Não vai dar querida. – a mais velha interrompeu e a outra ficou meio tonta por 1) ter parado de falar e 2) a notícia. – Não tem mais espaço lá em casa já que a Tia Marianne, o Tio Marcos, o Tio Leony e a Tia Valdelice e todos os filhos deles com os netos vão ficar lá também.

– Mas eu e as garotas vamos ficar aonde Fernanda? – quando Sophia ficava nervosa ela chamava todo mundo pelo nome, sem o ‘tio’, ‘tia’ ou dinda. – Na rua? Porque eu duvido muito que algum hotel por aqui tenha vaga de última hora. – a mais velha apoiou as mãos no ombro da mais nova a tranquilizando.

– Não se preocupe à toa. Assim que a sua mãe me ligou eu fiz questão de pagar uma das duas suítes do melhor hotel de São Paulo. A outra já estava ocupada por um grupo de amigos. – ela deu de ombro e checou o relógio. – Aliás, é melhor você pedir para o Lourenço levar você e as gurias logo, o horário de Check-In está acabando. – assim que Sophia processou o que a dinda disse, saiu correndo em direção às amigas e gritou um ‘obrigada’ ao longe. Quando finalmente encontrou as três melhores amigas, as primas e os namorados, puxou os sete em direção ao carro de Lourenço, gritando coisas desconexas até que todos estivessem acomodados no veículo.

– MOTORISTA SIGA AQUELE CARRO! – Sophia gritou assim que se sentou e caiu na gargalhada. Lourenço olhou para frente e depois olhou para a prima da namorada.

– Que carro sua louca? – Sophia fechou a cara e deu um tapa na cabeça do outro. Ela explicou rapidamente o que a dinda havia lhe dito. – Tá, qual o nome do hotel? – perguntou Lourenço se ajeitando no banco do motorista. Sophia empalideceu.

– Puta merda eu esqueci de perguntar. – ao mesmo tempo que ela disse isso, Antonela recebeu uma mensagem.

– Não precisa, a tia me mandou uma mensagem com o endereço. – ela se esticou um pouco e mostrou o endereço para o ‘motorista’ que, em meia hora, já tinha chegado lá.

– Vamos fazer assim, - começou Jane na porta do hotel. – os casais fazem o maravilhoso favor de fazer o Check-In enquanto eu e as gurias vamos nos ajeitando lá na suíte. – Jane nem deu tempo de alguém falar alguma coisa. Ela puxou Izzy, que puxou Anne, que puxou Sophia que puxou o carrinho das malas em direção ao elevador, deixando os outros quatro no saguão. Ao entrar no elevador, Anne solta um grito.

– MEU DEUS O ENCONTRO DE VINERS É AQUI NO HOTEL! – as quatro amigas se amontoaram na frente de um cartaz que estava colado na parede do elevador, uma empurrando a outra, fazendo com que quando o elevador abrisse as quatro caíram de cara no chão.

– Ai suas vadias, eu tenho problema no joelho. – reclamou Sophia chorosa.

– Falou a garota que joga vôlei. – reclamou Izzy saindo de cima de Jane e levantando do chão. – Muito obrigada por ser gorda e amaciar a minha... – Isabelle cortou sua frase no meio e ficou olhando para alguma coisa no meio do corredor. Então foi quando que Anne, Jane e Sophia (ainda no chão) perceberam que tinham três pessoas as observando.

– Puta que deu. – falou Sophia quando percebeu quem eram.

– Vocês estão bem?